O emocionante discurso de Glenn Close em homenagem a sua mãe
A sociedade espera que sejamos mães, esposas ou companheiras perfeitas. No entanto, as mulheres precisam de mais. Nós temos o direito de lutar pelos nossos sonhos. A mensagem de Glenn Close na premiação do Globo de Ouro continua sendo inesquecível.
“Quando minha mãe completou 80 anos, me disse que tinha a sensação de não ter conquistado nada na vida”. Esta foi uma das frases contundentes e emocionantes que Glenn Close compartilhou com o público em seu discurso quando ganhou o Globo de Ouro pela atuação no filme A Esposa. Ao agradecer pelo prêmio, ela fez uma profunda reflexão sobre a maternidade e a necessidade de realizar os sonhos pessoais.
Poderíamos dizer que esta atriz é, nos dias de hoje, uma das mais admiradas pelo público. É uma verdadeira dama de mil caras, que encarnou mulheres de todos os tipos nas telonas.
Ela despertou em nós, por exemplo, uma mistura de terror absoluto e fascínio com seu papel em Atração Fatal. Aquela necessidade de matar Michael Douglas, um homem casado com quem teve uma relação e que acabou deixando-a, se tornou parte da história do cinema.
Ela também foi inesquecível em O Mundo Segundo Garp, um de seus primeiros papéis em que interpretou uma feminista de convicções firmes. Nos encantou em Albert Nobbs, quando teve que se vestir de homem. Também foram memoráveis seus trabalhos como Cruella de Vil e seu papel em O Reencontro (1984).
Dramas, comédias, aventuras, ficção científica e suspenses: Glenn Close assume qualquer personagem com a paixão e a excelência dos grandes artistas. Adota cada um dos seus papéis a partir da profundidade das emoções, daquele local privilegiado que só está presente nos grandes artistas. Além disso, as suas mensagens se destacam, como a que estava presente no seu discurso no Globo de Ouro.
“Toda forma de arte provém de um sentimento de profunda indignação”. - Glenn Close -
A esposa, a mulher escondida por trás do homem
A Esposa começa nos apresentando uma personagem vivaz com um enorme potencial. Em sua juventude, a mulher interpretada por Glenn Close é ambiciosa e cheia de talento, vive na costa leste dos Estados Unidos e deseja ser escritora.
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A terra tem que ser mesmo plana para justificar a profundidade dessa gente rasa e banal
Por Kakay
“A vida é luta renhida: viver é lutar. A vida é combate que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só faz exaltar.” - Gonçalves Dias -
Quando nos últimos dias resolvi falar sobre o resgaste das nossas cores e até dos nossos símbolos, eu me senti, num 1º momento, meio piegas. Como um norte-americano do interior do Texas. Mas, aos poucos, eu vi que esses gestos simples definem hoje, em parte, um ato de resistência. Ao sair de verde e amarelo na manifestação de 29 de maio, nada mais fiz do que dizer um basta, uma demonstração de cansaço e de indignação a esta mediocridade que nos domina.
É difícil manter a sanidade com 500 mil mortos nos fazendo companhia. Com as gravíssimas restrições ao dia a dia, com uma tristeza que se instalou nas pessoas e, ainda, com uma profunda ignorância ao nosso redor. Constato que quase tão grave quanto a morte física é o domínio absoluto das trevas e do obscurantismo.
Não é mais possível conviver com um país que não parece real. Estes bárbaros, repito, criaram um mundo imaginário e a partir dele comandam a narrativa do caos. Nós viramos o irreal, somos o ponto fora da curva. Pensar virou um gesto perigoso e revolucionário. Recorro-me a Miguel Torga, em “Auto-Retrato”:
“É por trás do espelho que me vejo.Numa espécie de quadro em negativo.Sinais fundos e certos de que vivo.Mas sem a nitidez que todos me atribuem.”
Para que uma discussão se realize, é necessário que os envolvidos estejam à disposição para trocar ideias, para mudar de posicionamento e para refletir. Este bando que se apoderou do Brasil não funciona com racionalidade. No mundo imaginário e livre das amarras da consciência, a mentira é o motor que impulsiona as principais ações. Mas não são mentiras desconectadas, elas são estruturadas como uma estratégia de dominação.
O próprio presidente da República se sujeita a criar factoides para alimentar a sua rede insana de fake news sem nenhum resquício de constrangimento, e domina a arte de desviar as atenções dos problemas reais que interessam à nação.
Como enfrentar uma CPI no Senado Federal que, com alguns poderes inerentes ao Poder Judiciário, poderia chegar a desnudar e revelar os inúmeros crimes cometidos durante a crise sanitária? Com o uso desavergonhando, não só das mentiras, mas da afirmação e reafirmação deste mundo irreal, no qual habitam estes seres estranhos.
Como parte do país acredita na narrativa criada por eles, os depoimentos, muitas vezes, não têm nenhum compromisso com a verdade. E a força da fantasia se impõe. Lembro-me do velho Leão de Formosa:
"Foi um professor de silêncioque um dia me disse:a palavra é uma tolice.Fica mudo e ficarás imenso.”
O presidente da República tem o desplante e a ousadia de citar um documento que sabe não existir, sabe ser falso, no intuito de alimentar a sua rede de robôs e de fanáticos. E faz isso em plena 3ª onda do vírus e de um número crescente de mortes. Para criar uma enorme nuvem de fumaça e desviar as atenções, ele simplesmente afirma que há uma informação do TCU de que metade das mortes contabilizadas como sendo pela covid, na verdade, foram forjadas. Não é uma mentira qualquer. É uma falsidade que envolve o Tribunal de Contas da União.
E os objetivos foram alcançados: o gado infame repercute como verdade, a imprensa dá grande destaque e as mortes reais parecem estar em segundo plano. O TCU desmente, mas a presidente da principal comissão da Câmara dos Deputados avisa no Twitter que a crise acabou, pois as mortes são falsas. É a mentira virando verdade no mundo virtual. Enfim, o mundo imaginário é alçado a algo real e palpável. Nós somos a irrealidade, os fantasmas. As nossas preocupações são a prova de que o universo verdadeiro é tão cruel que não existe. O que existe é a fantasia desses senhores da mentira, que dominaram e manipularam a história. A terra tem que ser mesmo plana para justificar a profundidade dessa gente rasa e banal.
E o show de horror é cuidadosamente dirigido como um espetáculo, no qual um ato se destaca a cada momento. Como um teatro mambembe, só que com atores profissionais. O texto é que é pobre. Tiram da cartola uma Copa América no meio da pandemia. Às favas as preocupações com a aglomeração e com o crescimento da contaminação. Para quem já mandou às favas os escrúpulos da consciência ao implantar a ditadura, torna-se insignificante bancar o circo que alimenta o mundo criado para a fantasia. E todos nós somos alimentados nesse embate. Até o Supremo Tribunal é chamado a se manifestar sobre a possibilidade de ter ou não os jogos da Copa. Nós perdemos o foco. Eles dirigem o espetáculo e nós somos meros espectadores.
E, nesse teatro de marionetes, os fios vão comandando o show, cuidadosamente manipulado. As Forças Armadas são subjugadas e os poderes constituídos olham apenas de soslaio. Os militares ocupam a cena política sem maiores constrangimentos. Enquanto nós ficamos a discutir se é correto ou não ocupar as ruas para demonstrar nossa revolta e perplexidade. A nossa consciência parece ser parte da estratégia do jogo jogado por aqueles que sabem tratá-la como um entrave. Difícil enfrentar a barbárie só com argumentos, mas é o que nos resta.
É necessário aprofundar nossas frentes de resistência. O debate tem que ser sobre a necessidade imperiosa do impeachment, os crimes de responsabilidade se acumulam e até ficam vulgares. Importante também enfrentar a hipótese de uma ação criminal subsidiária, na inércia do PGR, para responsabilizar o presidente e seu grupo. Se ficarmos apostando no desgaste do governo, à espera das eleições, estaremos exatamente participando do jogo que só interessa a eles. Fazendo o jogo da banca. Talvez seja essa a única hipótese de sermos parte do mundo ilusório criado por esse grupo. Eles dão as cartas, e a nós resta o papel de figurantes. Eles continuam blefando e nós não teremos mais como enfrentá-los, pois eles dirigem o espetáculo.
Resta-nos Pessoa:
“É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido pela alcunha de Kakay, é advogado criminalista brasileiro.
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