Diagnosticando o “ médico bolsonarista ”
Wilson Gomes
Dos tipos políticos mais extravagantes encontrados no fundo desse abismo em que nos encontramos, o “médico bolsonarista” é um dos mais intrigantes. O enigma começa com as duas palavras que o designam: ele é médico por substantivo, quer dizer que exerce um ofício considerado nobre em qualquer sociedade, que consiste em curar e salvar vidas; mas é também bolsonarista, por adjetivo, portanto filiado a uma atitude política que, como sobejamente demonstrado a este ponto da nossa odisseia pandêmica, coloca a identidade tribal e o fanatismo em um lugar infinitamente superior ao apreço por vidas humanas e à missão de cuidar e curar. A tensão entre o substantivo e o adjetivo parece indicar um paradoxo. Na verdade, trata-se de um oximoro, como em “claro enigma”, “som do silêncio” ou “instante eterno”. Também neste caso, o adjetivo devora, anula ou contradiz o substantivo. O “médico bolsonarista” é, portanto, uma contradição ambulante, que só a singularidade da fauna dos abismos poderia comportar.
Nós dissemos adeus . . .
Adriana Helena
Existem canções que não saem da nossa memória... Algumas são inesquecíveis como a doce lembrança de olhar o mar pela primeira vez. Aposto que você se recorda da canção "We Said Goodbye." Pelo nome talvez não, mas se ouvir a introdução e os acordes se lembrará! Venha comigo apreciar o quanto é lindo o mar em um belo fundo musical...
Primeiramente narrarei um fato curioso. Apesar de Dave Maclean, o intérprete de "Nós Dissemos Adeus" parecer ser um cantor americano, é brasileiro! Sim, brasileiro da gema! Dave Maclean é o nome artístico de José Carlos Gonzales e ele é cantor e compositor, cujo repertório cantado em inglês fez muito sucesso na década de 1970.
Bastante talentoso, ele começou a cantar e tocar aos cinco anos de idade. A carreira profissional entretanto, só teve realmente início quando fundou no ABC/São Paulo, um conjunto de bailes chamado The Buttons (Os Botões), em 1969.
A miséria humana de um reality show em meio a um genocídio
Gustavo Conde
Um tanto chocado com as pessoas supostamente 'progressistas' assistindo o BBB.
É uma solidão muito grande.
Assistir sociologicamente é uma coisa. Fazer isso com o Jornal Nacional, por exemplo, me parece digno. Mas torcer publicamente por um reality show subdesenvolvido? Elogiar? Sofrer?
É um mico muito grande, me desculpem os que assistem.
Alguns, a gente entende.
Por exemplo, Felipe Neto. É muito contrato de publicidade. É muita grana envolvida. E é um ganha-ganha danado. Neto promove o programa e atiça as redes com engajamento (que a Globo não tem) e a Globo devolve a Neto o tráfego digital conquistado com o milionário marketing do programa.
"Jornalistas-subestrelas-de-redes" que transitam no meio-fio da história também oferecem sua cota de colaboração para o sucesso financeiro do produto global. Pablo Vilaça, Leandro Demori e mais uns tantos parecem viver para o BBB. Torcem, se emocionam, gritam, se animam, comemoram.
Enquanto isso, mais 4 mil pessoas morrem no país.
"Ah, mas que chatice ficar pegando no pé dessas pessoas legais!"
Eu não vivo num concurso de beleza, caras-pálidas. Tenho até medo de agradar - porque se eu "agradar", num país como esse, é porque alguma coisa estará errada comigo.
Para completar a miséria do momento, o engajamento anônimo pelo BBB invade as raias do constrangimento cognitivo.
O usuário de rede vai lá e comenta sobre o programa como se fosse uma subcelebridade do subjornalismo digital. É como tentar participar de uma festa para a qual você nunca foi e nunca será convidado.
"Fulano foi eliminado, yes!". "Que aula de cidadania do Leifert!". "Fulana vai ganhar um milhão, viva!"
É uma incomensurabilidade de clichês.
E para quê tudo isso, do ponto de vista psiquiátrico - com todo o respeito? Para se obter um sentimento de "pertença", para se sentir importante comentando uma coisa que todo mundo comenta porque todo mundo comenta.
Comentar BBB nas redes sociais é o processo cognitivo mais degradante e asqueroso que a tristeza e o azar do testemunho trágico podem oferecer neste momento. É pior que ser bolsonarista.
"Ah, mas você está comentando".
Sim, eu desci ao esgoto para manifestar minha repulsa a esse teatro dos horrores e a toda engrenagem que o permite subsistir.
O programa fetichiza (não "denuncia") todas as chagas contemporâneas da desumanização aplicada: racismo, homofobia, misoginia, machismo e todas as demais fobias trágicas de um tempo trágico.
O BBB é a expressão máxima do bolsonarismo. É um dos vetores midiáticos que permitiu a ascensão de Bolsonaro. É a matriz do cancelamento, a fonte da breguice, a arena das bestialidades, do ódio, da dissimulação.
Muito intelectual nesse país vibra com o BBB - eis a chave para entender porque temos duas cepas de intelectuais: uns que produzem a melhor ciência e a melhor crítica do mundo (pergunte se Miguel Nicolelis assiste ao BBB) e outros que são pura fachada (em geral, os colunistas da Folha, que participam de um clube privê de publicações e favores).
O Brasil já está massacrado demais por essa elite branca da Rede Globo e por esse governo catastrófico de Bolsonaro. O estrago cognitivo que já é imenso, com o BBB ganha ares de dramaticidade tenebrosa.
Seria demais pedir que as pessoas verdadeiramente progressistas largassem um pouco a Globo e olhassem mais para o próprio umbigo e para o próprio país?
Enfim, pedir não custa nada.
Nota
O querido Gustavo Conde, apenas, externou toda a indignação e revolta que, também, nós estamos sentindo com as 340 mil vidas perdidas e a volta da fome, consequências diretas do governo Bolsonaro. A globo e programas como o bbb levam à desinformação, à alienação e às fake news, que resultaram na eleição desta " pessoa " que é presidente do país. ( Rosa Maria - editora do blog )
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