Quando a Globo defende a "Liberdade de Expressão" devemos entender sempre liberdade " dela " e de mais ninguém ! Isso pode ser comprovado, mais uma vez, com o processo ganho por diretor do Jornal Nacional contra o jornalista Luis Nassif !


Jornalista Luis Nassif



 O atentado à liberdade de opinião nas ações contra blogs


Luis Nassif

Não vou discutir sentença judicial através do Blog. Digo isso a propósito da condenação que me foi imposta pela justiça do Rio de Janeiro em ação movida pelo jornalista Ali Kamel, das Organizações Globo.

Mas é evidente que a série de ações de grupos de mídia contra jornalistas blogueiros são não apenas um atentado à liberdade de expressão, como um profundo fator de desequilíbrio em um dos pilares da democracia brasileira: o mercado de opinião.

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Em uma democracia, um dos pressupostos básicos são os freios e contrapesos – o sistema de equilíbrio que impede o exercício do poder absoluto.

Quando, a partir de 2005, os grupos de mídia resolveram atuar em forma de cartel no mercado de opinião, acabaram criando um poder quase absoluto de construir ou destruir reputações.

Não se trata de um poder trivial. No mercado de opinião movem-se todos os agentes sociais, políticos e econômicos. É nele que se constroem ou destroem-se reputações. E é também o palco para embates corporativos, para grandes disputas empresariais. Todos são afetados positiva ou negativamente por ele, juízes, ministros, políticos, celebridades, médicos, líderes populares. E os grupos de mídia reinam de forma absoluta nele.

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Ora, grupos de mídia são empresas com interesses próprios, nem sempre transparentes. E com prerrogativas constitucionais de atuação garantidas pelos princípios da liberdade de imprensa – frequentemente confundido com garantias constitucionais, como liberdade de expressão e direito à informação.

Na maioria das vezes esses interesses se escondem por trás de reportagens enviesadas, de escândalos fabricados, de fatos banais transformados em grandes escândalos, quase todos imperceptíveis a quem não seja do meio jornalístico.

Em um ambiente competitivo, espera-se que funcionem mecanismos de auto regulação. Quando os grupos montaram a cartelização, esse controle deixou de existir. E o resultado foram abusos de toda espécie. Basta conferir “O Caso de Veja” onde descrevo vários episódios da revista.

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Nos últimos anos o único contraponto existente foi o da blogosfera e das redes sociais, mesmo com todos os abusos de um sistema difuso e não controlável.

Foi a blogosfera que primeiro acudiu em defesa da juíza Márcia Cunha, alvo de um crime de imprensa, uma tentativa de assassinato de reputação, do ex-Ministro do STJ Edson Vidigal, ambos os assassinatos a serviço dos interesses do banqueiro Daniel Dantas.

Se não fosse a Blogosfera, a Abril teria esmagado um concorrente no mercado de cursos apostilados; a Globo e a Editora Santillana (que controla o jornal El Pais) teriam liquidado com editoras nacionais independentes, que concorriam em áreas de seu interesse (http://tinyurl.com/n6h97rd).

Dessa falta de limites não escaparam presidentes de Tribunais de Justiça, Ministros do Supremo, como Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. E levaram o então presidente do TRF3,Newton de Lucca, a pregar um “habeas mídia, justamente para evitar o poder absurdo e as interferências das notícias plantadas.

O conforto trazido pela cartelização levou grupos de mídia a se associarem até a organizações criminosas, como foi o caso da revista Veja com Carlinhos Cachoeira.

Antes, sem o contraponto das redes sociais, a maioria dos grandes grupos de mídia logrou acordos espúrios com governos de plantão, que os livraram de condenações fiscais, renegociaram débitos com bancos públicos em condições vantajosas, blindaram grandes anunciantes, esconderam mazelas de aliados.

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Mesmo com exageros de uma luta radicalizada, foi a ascensão da blogosfera e das redes sociais que permitiu o contraponto, o freio necessário para impor limites às ações abusivas dos grupos de mídia.

A possibilidade de contrapontos ampliou o direito do público à informação, à liberdade de expressão, permitiu ao leitor confrontar opiniões, bater informações para chegar às suas próprias conclusões.

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A tentativa de generalizar, tratando todos os críticos como “chapa branca”, é manobra ilusionista, para não explicitar a razão do verdadeiro incômodo: os limites impostos às jogadas comerciais, às guerras empresariais, aos assassinatos de reputação.

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) criou um grupo de trabalho para impedir ações judiciais danosas contra grupos de mídia; o mesmo fez a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), cujo atual presidente foi vítima de ataques vis de jornais.

Seria importante que se abrisse o debate sobre os atentados à liberdade de expressão e ao direito à informação por parte dessa massa de ações judiciais impondo montantes elevados nas condenações.


Postado no site Luis Nassif Online em 14/01/2015


Veja no vídeo, a defesa à Luis Nassif feita pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog  Conversa Afiada 





Mais make verão !


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Postado no site Juliana Goes em 09/01/2015


Rumo a uma nova cruzada ?




Manlio Dinucci, no Il Manifesto | Tradução: Antonio Martins

Movem-se e disparam como verdadeiros comandos. Nada de rajadas, para não desperdiçar munição. Apenas um ou dois disparos em cada vítima, como o policial já ferido e liquidado no chão, com um só tiro, pelo assassino que passa a seu lado, volta ao carro e, antes de subir, recolhe com toda calma um tênis – que poderia servir de prova, por meio de análise do DNA.

No entanto, quando estes mesmos indivíduos, depois de darem mostra de uma preparação digna de um comando de forças especiais, mudam de veículo, “esquecem” no primeiro auto – segundo a versão da polícia – um documento de identidade. E assim, assinam oficialmente o atentado. 

Em poucas horas, o mundo inteiro conhecerá seus nomes e suas biografias: “dois delinquentes de pouca envergadura, radicalizados, conhecidos pela polícia e serviços de inteligência franceses”.

Diante dos fatos que estão sendo definidos como “o 11 de Setembro da França”, não é possível deixar de recordar o sucedido no 11 de Setembro norte -americano, quando – apenas algumas horas após o atentado contra as Torres Gêmeas – circularam os nomes e biografias das pessoas designadas como autores do atentado e integrantes da Al Qaeda. 

Também nos Estados Unidos, quando o presidente Kennedy foi assassinato, o suposto assassino foi descoberto de imediato. E algo idêntico ocorreu na Itália, no massacre da Piazza Fontana. É perfeitamente legítima, portanto, a suspeita de que, por trás do atentado ocorrido na França, possa estar o longo braço dos serviços secretos.

Os dois supostos autores da matança de Paris, se são precisas suas biografias, pertencem ao mundo subterrâneo criado pelos serviços secretos ocidentais – inclusive os da França –, que em 2011 financiaram, treinaram e armaram, na Líbia, diversos grupos islâmicos, pouco antes qualificados de terroristas.

Entre estes grupos, encontravam-se precisamente os primeiros núcleos do futuro Emirado Islâmico (ISIS). 

Segundo uma investigação do New York Times publicada em março de 2013, os serviços secretos ocidentais ofereceram-lhes armamento através de uma rede organizada pela CIA. 

Depois de haverem participado da derrubada de Muamar Kadhafi, foram enviados à Síria, para tentar derrocar o presidente Assad e posteriormente para atacar o Iraque, no momento exato em que o governo de Al-Maliki afastava-se do Ocidente e se aproximava de Pequim e Moscou.

O Emirado Islâmico, nascido em 2013, recebe financiamento da Arábia Saudita, Qatar, Kuwait e Turquia, países que além disso facilitam – junto com a Jordânia – o trânsito do grupo através de seus territórios. 

E não se deve esquecer que os países mencionados são, todos, aliados muito próximos dos Estados Unidos e demais potências ocidentais, incluindo a França. 

Isso não significa que a massa dos membros dos grupos islamitas, que frequentemente provêm de distintos países ocidentais, tenham consciência desta cumplicidade. 

De qualquer maneira, é altamente provável que se escondam, atrás dos terroristas, agentes secretos ocidentais e árabes, especialmente treinados na realização deste tipo de operações.

Enquanto se esperam novos elementos capazes de esclarecer a verdadeira origem do massacre perpetrado na França, parece lógico perguntarmos: Quem se beneficia com tudo isso?

A resposta pode ser deduzida do que declarou Nicolas Sarkozy, o mesmo que – quando presidente da França – foi um dos principais artífices do respaldo aos grupos islâmicos que participara na guerra de agressão à Líbia. 

Sarkozy qualificou o atentado de Paris como uma “guerra declarada contra a civilização, que tem a responsabilidade de se defender”.

Busca-se assim convencer a opinião pública de que o Ocidente está em guerra contra aqueles que querem destruir a “civilização”. 

Implica que o Ocidente representa a “civilização” e, por isso, precisa defender-se, ampliando suas forças militares e enviando-as a todos os lugares onde surja esta “ameaça”.

Trata-se, assim, de converter a dor das massas pelas vítimas do massacre em mobilização a favor da guerra. 

O Davi, coberto em Florença com um véu negro, em sinal de luto, está chamado agora a empunhar a espada na nova Santa Cruzada.


Postado no site Outras Palavras em 13/01/2015


Caio Fernando Abreu ...


Eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo o que eu ganhei com o tempo e que vento nenhum leva. Guardo as memórias que me trazem riso, as pessoas que tocaram minha alma e que, de alguma forma, me mudaram pra melhor. Guardo também a infância toda tingida de giz. Tinha jeito de arco-íris a minha.
O silencio responde até mesmo aquilo que não foi perguntado.
Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força. Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga. E a gente lembra. E já não dói mais. Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

O que vale a pena possuir, vale a pena esperar.

Um café e um Amor, quentes, por favor! Pra ter calma nos dias frios. Pra dar colo, quando as coisas estiverem por um fio.
Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz.

Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo.
Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro...
Existem pessoas que de uma certa forma mágica permanece em nosso coração apesar da distância e também das circunstâncias.
 
Bonito mesmo é esta coisa da vida: um dia quando menos se espera a gente se supera e chega mais perto de ser... Quem na verdade a gente é...


Procura-se alma séria para um relacionamento divertido !



André J. Gomes

“Em um relacionamento sério.” Nada contra. Fico alegre por quem assim esteja. Faço votos de felicidade ao casal e, confesso, tenho até uma certa inveja de quem se encontra e se ajeita a ponto de querer contar ao mundo que vive um caso amoroso e que ele é sério.

Não é despeito, não. Juro. Eu admiro e respeito a seriedade do amor de cada um. Mas acho que quem se ajeita “em um relacionamento sério” anda menos para o calor dos romances que para a frieza dos tratos comerciais, a obrigação dos contratos de compra e venda, a burocracia das operações bancárias e a apatia dos casais ranzinzas, circunspectos, fechados para as brincadeiras de um amor sadio em sua graça e sua leveza. 

É que eu prefiro as terminologias mais afetuosas, sabe? Estar “em um caso sério de amor insano”, “em estado de graça”, “em caminhada pelas nuvens ao lado de fulana ou sicrano”. Quem sabe “em construção do amor na companhia de…”. A mim faz bem imaginar o amor como o pesado ofício da leveza, o trabalho braçal dos amantes, uma obra inacabada que precisa ser reconstruída e reformada para sempre. 

Você há de me explicar o quanto estar “em um relacionamento sério” é tão só e simplesmente um jeito de valorizar aquele ou aquela ao lado de quem se está caminhando. E que, ora bolas, são só palavras! Quem liga para isso? 

Eu ligo. Tenho a impressão de que assim classificado o amor vira outra coisa. Carimbado e despachado ao dia a dia como “um relacionamento sério”, ganha a dimensão limitada e triste de um termo de compromisso. E será mesmo que o amor pode se cobrar e registrar de acordo com as nomenclaturas e tabelas cartoriais? 

Então vem alguém perfeito e me acusa de não ser sério, de arranjar desculpas para fugir das convenções da vida adulta, me julga, incrimina, desclassifica. E eu só lamento que tudo tenha de ser assim, tão superficialmente classificável. 

Será que o amor não é outra coisa, não? Não será um negócio sem forma e categoria que simplesmente é e, assim sendo, acontece e se fortalece em seu tempo a partir de nossas intenções e ações e essas coisas de quem quer o bem do outro tanto quanto o seu próprio? Sem amarras e cercas e advertências, sem pregar uma placa no portão avisando: “Cuidado. Cachorro Bravo!” ou “Afaste-se! Estamos em um relacionamento sério!” 

Vai aqui o meu respeito a quem pensa diferente de mim. Mas, de minha parte, melhor seria estar “em um relacionamento divertido”. Seriamente brincalhão. Daqueles construídos de encontros profundos, em que as almas se encantem e se transbordem sinceramente. Que tragam suas coisas de antes e as dividam com franqueza. Suas dores e perdas, seus escuros pavorosos, seus instantes de grandeza. Que tudo isso se apresente em solidária confraternização de amor. 

E que de cada encontro resulte uma história divertida, diversa, que gire na direção oposta da maioria dos casais sisudos, amarrados um ao outro em sofrida provação. Que o caminho seja leve e cada um ali esteja em franca entrega. Celebrando a vida porque isso é o mínimo que se espera de quem está vivo: viver como quem recebe uma graça, agradece de joelhos e se levanta para dividi-la com o mundo. 

Eu quero tudo isso, sim. Mas também quero rir, sabe? Rir dos meus tropeços e minhas topadas, da minha desgraça, das minhas alegrias breves e minhas mesquinharias, da minha cara feia no espelho. Quero rir e gritar sem culpa “EU TE AMO, VOCÊ AÍ!” Quem sabe isso me acorde e me melhore. 

Meu amor há de ser tão simples e bonito quanto o pão feito em casa. Divertido como os animais domésticos que brincam de morder um ao outro. Despretensioso como quem sonha com as viagens espaciais e com um mundo em paz, em que os estúpidos desistam de seu galope rumo à burrice completa, em que nas escolas as crianças aprendam a ver beleza nas operações básicas de somar, subtrair, multiplicar, dividir e respeitar a si mesmas e ao outro, em que os eloquentes aceitem que “liberdade de expressão” também vale para aqueles que expressam opiniões contrárias às suas. 

E que tudo isso seja muito divertido. Sempre. 

Será preciso coragem. E coragem é atributo das almas sérias, envolvidas por seus propósitos, tomadas de bravura para tocar a vida em frente a despeito de seus medos e imperfeições, plenas de ânimo para aceitar seus defeitos e corrigi-los como se pode. Afinal, amar e respeitar compreendem um estado de coisas que ficam para muito além de estar “em um relacionamento sério”. 

Faço fé que por aí há de caminhar uma alma grave à espera da minha risada. Ansiando pela leveza das nossas conversas e a graça do nosso jeito de lidar com as coisas importantes. Juntos, vamos construir uma casa antiga no meio de uma avenida de prédios comerciais modernos e alimentar hábitos simples. Comprar pão de manhã, plantar hortelã e manjericão em vasinhos de barro, cultivar delicadeza em feitios gentis. Seremos nós e os nossos filhos, nossos sonhos e o nosso desvario de ternura. Eu faço fé. 

Em nossa estranheza sagrada de amantes honestos, daremos de brincar com a comida, sonhar com o impossível, acordar enquanto o mundo dorme e sair pela cidade à procura de um chafariz onde entraremos de roupa e tudo. 

E quando uma alma desavisada e triste nos questionar indignada, o dedo em riste, “vocês estão loucos, vadios imbecis? Tomando banho no chafariz?”, responderemos em coro sem prender o riso:

“Não, senhora. Nós estamos em um relacionamento divertido!”


Postado no site Revista Bula







Pets fofos que só faltam falar ...
























Meu cartaz diria assim : Sim, eu sou a humanidade !



Washington Araújo

Os franceses tiveram no último dia 7 de janeiro o seu 11 de setembro.

Mas são dois episódios muito distintos:

O 11/9/2001 atingiu duas torres-símbolos do sistema financeiro norte-americano, aniquilando 3.278 vidas humanas.

O 7/1/2015 atingiu a redação de um jornal parisiense, o Charlie Hebdo, conhecido por sua irreverência e paixão pela polêmica fácil e quase sempre de mau gosto.

O 11/9 foi em si o auge da espetacularização do terrorismo seguido por comoção mundial que respaldou e buscou legitimar ações armadas contra o terror no Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria.

O 7/1 teve em seu auge imediata comoção mundial seguida por breve caçada dos assassinos, sua morte menos de 48 horas do atentado e uma breve expansão do atentado atingindo supermercado judaico e elevando o número de mortes a 17.

O 11/9 matou pessoas aleatoriamente, tanto poderiam ser pessoas comuns fazendo compras em um dos metas shoppings centers de New York quanto milhares de pessoas circulando em sua mais movimentada estação de metrô.

O 7/1 matou pessoas escolhidas a dedo - todas relacionadas com a atividade jornalística, todas envolvidas com a publicação de charges e desenhos ofensivos ao fundador da religião islâmica, o profeta Muhammad, sendo muitas dessas charges claramente obscenas e para além de qualquer respeito à ideia que devemos ter concernentes à crença religiosa.

O 11/9 motivou imediata resposta midiática do então presidente George Bush deixando claro que o governo que representava distinguia claramente o ataque terrorista feito por extremistas muçulmanos de todo o conjunto de milhões de muçulmanos, ou seja, o inimigo não era o Islã, mas sim uma pequena porção de seguidores radicais, mas na sequência os fatos soterraram as alegadas boas intenções: teve início a guerra no Iraque em busca de armas químicas em poder do regime de Saddam Hussein com saldo de milhares de vítimas fatais e muçulmanos passaram a ser discriminados com muito maior rigor, não apenas nos Estados Unidos, mas também por toda a Europa.

O 7/1 também motivou enfática declaração do presidente francês François Hollande no sentido de separar os dois autores do atentado ao Charlie Hebdo mortos da inteira comunidade islâmica do país.

No campo das ideias reina o bom senso: que país ou que governo seria capaz de incriminar como autores dos dois atentados - 11/9 e 7/1 - nada menos que 1 bilhão e 900 milhões de adeptos da religião do Islã?

Resta saber o que irá prevalecer no campo das ações: aumentará a já imensa islamofobia que assola a Europa e que tem na França um de seus maiores bastiões?

A islamofobia não é o iceberg inteiro, mas apenas uma de suas pontas. Não é o ódio aos muçulmanos que está engolfando a Europa.

É o horror, o desprezo e a repulsa a todos os que não são naturais do velho continente, milhões de imigrantes e refugiados, desempregados e subempregados que vieram à Europa fugindo de perseguições políticas, étnicas, religiosas e econômicas, largos contingentes populacionais que migraram de países árabes, asiáticos, africanos e latino-americanos.

É a velha xenofobia, doença antiga que enferma colonizadores e nações com aspirações imperialistas, e que lhes garantem a crença na falácia que são povos superiores, membros de uma espécie de gênero humano Classe A.

O que o mundo vive neste momento é mais um vigoroso testemunho que não existem integrantes de uma 'humanidade especial' - estamos todos nós, e isso significa a inteira população planetária que abarca mais que 7 bilhões de seres humanos, em uma mesma travessia - a travessia de um mundo debilitado e em estágio terminal, carcomido pela gangrena que reúne a uma só vez os males letais do racismo, nacionalismo e materialismo para o mundo possível com que as pessoas de boa vontade ao longo dos milênios sempre sonharam e esperaram viver, um outro mundo onde ideias como paz mundial e fraternidade humana ultrapassam os limites flexíveis da retórica vã e vazia e fincam raízes profundas no imaginário de uma só e mesma espécie - a espécie humana.

Sim, digamos em alto e bom som, com aquele rosto crispado de sincera indignação:
"Toda forma de terror é abominável, execrável, inaceitável sob qualquer ponto de vista e, por isso mesmo, precisa ser combatido! Todos os povos têm o direito de viver em um ambiente onde se respeitem as liberdades individuais e se possa buscar a felicidade com o sentimento real de segurança!"
Sim, digamos também em alto e bom som, e com o mesmo semblante ainda transtornado pelas cores da mais legítima indignação: 
"Nenhuma liberdade é absoluta! Não se pode amparar na marquise das liberdades humanas essa forma bastarda que entende o desrespeito abusivamente repetido as crenças religiosas de outrem como sendo o direito à liberdade de expressão! Nenhuma liberdade que se preze pode ousar incitar o racismo, a xenofobia, pois quando assim se manifesta estamos apenas a poucos passos do estágio de barbárie!"
Eu jamais poderia me imaginar portando um cartaz com os dizeres "Eu sou Charlie - Je suis Charlie!".

Porque em minha mais tenra imaginação não consigo me ver desrespeitando não apenas o Islã, como também não me vejo como agressor contumaz do Cristianismo, Judaísmo, Budismo, pessoas de origem africana, ciganos, minorias étnicas, migrantes e refugiados em geral.

E se tivesse que marchar com um cartaz nas mãos, teria que ser algo que refletisse o meu mundo interior, que abarca a imensa diversidade humana, com seus credos, suas cores e etnias, seus pensamentos, suas visões de mundo.

Meu cartaz diria, então, estas palavras: "Sim, eu sou a humanidade!"

Provavelmente estaria em franca minoria na marcha de mais de 1 milhão de pessoas que em sua grande maioria portavam o equivocado "Je suis Charlie!" nas ruas de Paris na tarde deste domingo, 11 de janeiro.

Mas, pensando bem, quem disse que uma ideia errada conduzida nos braços de milhões de pessoas a tornaria menos errada?


Postado no site Brasil 247 em 12/01/2015


Menina de 9 anos canta Ave Maria ... Emociona !


Menina Holandesa canta Ave Maria de forma fantástica


Amira Willighagen de 9 anos arrasa cantando Ave Maria !

No Got Talent holandês.





Menino de 10 anos canta My Way ... Emociona !




Alex Pirvu é cego, e tem uma voz de ouro ! 

Confira ele cantando My Way !

O Reality se chama Next Star, é um reality canadense.