A escravidão moderna que fingimos não ver


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Projeto fotográfico tocante registra a escravidão moderna que fingimos não ver. (Todas as fotos por Lisa Kristine)


Jaque Barbosa, Hypeness

Facilmente caímos na tentação de pensar que a nossa liberdade e direitos são coisa garantida, esquecendo que há pessoas para quem isso não passa de um sonho. Lisa Kristine pôs o dedo na ferida de forma extraordinária: documentando a escravidão moderna, aquela que fingimos não saber que existe.

A ativista está há 28 anos retratando culturas indígenas ao redor do mundo, mas foi em 2009 que ‘acordou’ para o problema da escravidão dos nossos dias. A estimativa de que existem mais de 27 milhões de pessoas escravizadas e a sua falta de conhecimento sobre o tema a envergonhavam.

Assim começou sua jornada, que acabou em Modern Day Slavery, uma série cativante e ao mesmo tempo dolorosa. Seja um mineiro no Congo ou um trabalhador de olaria no Nepal, a escravidão existe e tem rostos. Lisa foi conhecê-los.




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Professor ontem e hoje



Juremir Machado da Silva

Dia do professor. Eu sou um deles. Professor universitário. Adoro o que faço. Fico impressionado com a renovação de nossas energias. A cada semestre, tudo recomeça. Patinamos um pouco. E lá vamos nós. Depois de algum tempo de férias, bate a saudade dos alunos, das aulas, da rotina escolar.

Há muitos mitos em torno da vida de professor.

É certo que ser professor de universidade e ser professor de ensino fundamental ou médio, principalmente em certos lugares, é muito diferente.

O primeiro mito é que os alunos de antes eram melhores.

Em quê?

Em alguns matérias, com certeza. Em latim? Em cultura geral? O aluno de hoje tem acesso a uma carga de informações jamais vista. Em 1980, uns dez por cento dos alunos chegavam a curso de jornalismo falando inglês. Essa proporção hoje é muito maior. Durante muito tempo, a universidade esteve restrita às elites. Havia um saber padrão trazido de casa.

Hoje o ensino está mais democrático. Isso abre espaço para alunos com formação de base mais deficiente. Em contrapartida, as tecnologias da informação despejam todo tipo de conteúdo em cima de todos e suprem lacunas como nunca antes.

Mudaram os métodos e certos conteúdos. O que se precisa saber?

O ensino de antigamente era baseado na decoreba.

Inteligente era quem tinha uma excelente memória.

Quem falava três línguas era considerado gênio.

Quem sabia a lista dos imperadores romanos era um “cabeção”.

Não funciona mais assim. A memória artificial acabou com a importância da memória natural. Importante é ter boa cultura e saber procurar.

Outro mito se refere à suposta falta de respeito dos alunos.

No popular, aluno bate em professor.

Antigamente professor batia em aluno.

A sala de aula era o reduto de um mestre autoritário, despótico, ditador, um tirano que punia com palmatória e, depois dela, com castigos e humilhações: colocava atrás da porta, de joelhos, em cima do grão de milho, expulsava da sala de aula, usava palavras duras, insultava, berrava, pisoteava.

Eu vi isso em sala de aula. Eu fui para trás da porta. Eu vi meus colegas de joelhos no canto da sala. Eu vi um colega no grão de milho. Eu vi um aluno com chapéu de burro. Na semana da pátria, aluno desfilava como soldado. Não podia errar o passo. Marchava como um soldadinho da ditadura.

O aluno era adestrado por professores tirânicos.

Exagero? Foi na pré-história? Não. Há menos de 50 anos quase tudo isso ainda existia. O professor não podia ser questionado. É possível que, em certas situações atuais, o aluno não possa ser questionado e humilhe o professor.

Estamos em busca do equilíbrio.

Na minha experiência de professor só tenho encontrado alegria: alunos carinhosos, afetivos, gentis, inteligentes, questionadores e amigos.

Sempre pode ter algum diferente. São jovens, na flor da idade, cheios de energias, de dúvidas, de tantas coisas para ver e fazer. Eu os entendo.

O mundo mudou.

O professor de antigamente não era um tirano por querer. Refletia o seu tempo. A família também era assim. O pai era o chefe autoritário da família. Articulava carinho com despotismo. Impunha-se como um rei furioso.

Eu vi um pai obrigar o namorado a casar com a sua filha, com um revólver na cabeça do rapaz, por ter descoberto que eles andavam tendo relações sexuais.

Muitos sentem saudades desse tempo idílico do autoritarismo e de violência. É mais difícil ser pai e professor nestes tempos atuais de negociação e de limites à autoridade. O respeito agora deve ser recíproco. O diálogo se impõe.

Um professor hoje só se faz respeitar pela competência, pela capacidade de dialogar, pela arte de transmitir saber e por ser capaz de ouvir e discutir.

Pela disciplina autoritária ninguém mais se faz admirar ou respeitar.

Só vale a hierarquia do convencimento, do envolvimento, da competência.

Aprender não é sofrer. É sentir prazer. Nem tudo pode ser divertido. Mas nada precisa ser feito na base dos castigo e das reprimendas raivosas.

Impor limites é, antes de tudo, limitar o poder da disciplina arbitrária.

Ser professor é maravilhoso. Um desafio que se renova com o tempo.

Nossas escolas foram durante a maior do tempo excludentes. Só agora os não brancos começam a entrar realmente em certos cursos antes reservados, sob a suposta cobertura do mérito, para os filhos dos donos do poder. Era a reprodução da desigualdade por meio da meritocracia dissimulada. Não havia igualdade de preparação. Em consequência, não havia igualdade de disputa.

E, grosso modo, ainda não há.

Mas uma fresta se abriu com as cotas.

O mundo universitário está ficando mais colorido.

O universo escolar está mais complexo.

Só os simplistas juram que o passado era melhor.

Melhor para quem?

O melhor presente para os heroicos professores é salário melhor.

Quem diz que o salário não é o principal, manipula, mente, falseia. O professor é tudo. É a base de todas as outras profissões baseadas em educação formal. Os salários no ensino fundamental e médio continuam ínfimos.

Não dá para pagar mais?

Dá. Mas para isso a sociedade precisa redefinir as suas prioridades.

Postado no blog Juremir Machado da Silva em 14/10/2013


Tendências dos sapatos femininos para verão 2014


Desejo imediato: Huaraches da Esdra






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Documentários que podem mudar sua vida




Jaque Barbosa



Na vida, há sempre situações/pessoas/coisas que nos dão “cliques” sobre alguma realidade que, até então, desconhecíamos.

Quando captamos aquele conhecimento, um véu parece sair da frente dos nossos olhos, e então passamos a enxergar coisas com mais clareza.

Por isso, decidimos fazer uma seleção de alguns documentários que cumprem muito bem essa função: abrir a nossa cabeça sobre os mais diversos temas, nos mostrar novos pontos de vista, e nos ajudar a chegar em algumas respostas que, sozinhos, demoraríamos muito mais tempo para descobrir. 

Se o conhecimento liberta, segue agora os documentários que tem um potencial de te deixar mais livre:



Paradise or Oblivion (Paraíso ou Esquecimento)



O que seria de uma sociedade em que não houvesse escassez, onde comida, vestuário, diversão, tecnologia fossem disponíveis para todos os habitantes, onde o dinheiro, o lucro e a economia não valessem nada? 


São esses questionamentos que o excelente documentário Paradise or Oblivion (desenvolvido pelo Projeto Vênus, de Jacque Fresco) levanta. 

O documentário explica a necessidade de superar os métodos ultrapassados ​​e ineficientes de política, direito, negócios, ou qualquer outra “noção estabelecida” de relações humanas, e usar os métodos da ciência combinados com alta tecnologia para suprir as necessidades de todas as pessoas do mundo, criando um ambiente de abundância para todas as pessoas. 

Essa alternativa eliminaria a necessidade de um ambiente controlado pelo dinheiro e programado desde sempre para a escassez, dando espaço para uma realidade onde humanos, tecnologia e a natureza coexistem por um longo tempo em equilíbrio.



Food Matters (O alimento é importante)

Você sabia que 70% dos pacientes de qualquer estágio de câncer tratados com quimioterapia, radiação ou cirurgia morrem em menos de 5 anos? E que mais da metade dos pacientes em estado avançado de câncer tratados com vitaminas e com alimentação baseadas muitos vegetais crus sobrevivem?

Altamente indicado para os pacientes de câncer, depressão e outras doenças crônicas, assim como para qualquer pessoa que queira ter uma vida saudável, esse documentário confronta a medicina tradicional com a medicina baseada na nutrição e mostra o quão equivocada está a nossa maneira de tratar as doenças.


Nessa história, os únicos que ganham são as indústrias químicas e farmacêuticas, que lucram com a desinformação da sociedade.




Cortina de Fumaça

“O modelo atual de política de repressão às drogas está firmemente arraigado em preconceitos, temores e visões ideológicas. O tema se transformou em um tabu que inibe o debate público por sua identificação com o crime, bloqueia a informação e confina os consumidores de drogas em círculos fechados, onde se tornam ainda mais vulneráveis à ação do crime organizado”. (Relatório da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia (2009).

A questão da política das drogas no Brasil ainda causa muita polêmica e carrega conceitos antigos que precisam ser revistos. O documentário Cortina de Fumaça levanta esse debate, baseado na proibição de determinadas práticas relacionadas a algumas substâncias que precisam ser repensadas porque muitas de suas conseqüências diretas, como a violência e a corrupção por exemplo, atingiram níveis inaceitáveis.



Jiro Dreams of Sushi

Documentário sobre o mais aclamado sushi de Tóquio, que é vendido numa portinha, em uma estação de metro. O responsável, Jiro Ono, é um sushiman que, aos 85 anos, segue imbatível – a ponto das pessoas terem que fazer reserva com meses de antecedência e ainda pagar 400 dólares por pessoa. Ótimo para debater escolha e dedicação total a uma profissão e acreditar e amar aquilo que faz.



Religulous


“Religulous” é uma junção das palavras religião (religion) e ridículo (ridiculous), é uma obra que vem com a proposta de tirar um sarro da fé desmedida e mostrar como o fanatismo teísta pode prejudicar de maneira catastrófica o discernimento das pessoas entre realidade e fantasia.




The Corporation (A corporação)

Esse excelente documentário mostra que quem controla o mundo hoje não são os governos, mas sim as corporações, através de instrumentos como a mídia, as instituições e os políticos, facilmente comprados. 

Mostra até que ponto pode chegar uma instituição para obter grandes lucros, destacando seus pontos psicológicos como a ganância, a falta de ética, a mentira e a frieza, dentre outros.





Muito Além do Peso

Já falamos desse ótimo documentário brasileiro aqui no Hypeness, e voltamos a recomendá-lo. Os pais acham que estão mantendo os filhos seguros ao se certificar que não há traficantes em volta da escola ou que a criança não conversa com estranhos. 

Acontece que há um outro vilão, muitas vezes mascarado, que vem tomando as vidas das crianças bem de frente aos olhos dos pais. É a indústria alimentícia. Ela foca suas estratégias maléficas nas crianças porque, uma vez que as conquistam, a pessoa adquire maus hábitos para a vida toda e se torna refém dela. 


Esse tema absolutamente assustador é o assunto principal tratado no documentário Muito Além do Peso, da diretora Estela Renner.






Comprar, Jogar Fora, Comprar – Obsolência Programada

Documentário produzido pela TVE espanhola que trata da obsolescência programada, uma estratégia que visa fazer com que a vida de um produto tenha sua durabilidade limitada para que sempre o consumidor se veja obrigado a comprar novamente.

A Obsolescência Programada começou primeiramente com as lâmpadas, que antes duravam décadas trabalhando ininterruptamente (como a lampada que está acesa há mais de cem anos num posto dos bombeiros dos EUA) mas, depois de uma reunião com o cartel dos fabricantes, passaram a fazê-las para durar apenas 1.000 horas.


Essa prática tem gerado montanhas de resíduos, transformando algumas cidades de países de terceiro mundo em verdadeiros depósitos, sem falar na matéria prima, energia e tempo humano desperdiçados.




Ilha das Flores

Considerado pela crítica européia como um dos 100 mais importantes curtas-metragens do século.

Divertido, irônico e ácido, Ilha das Flores trata de uma forma simples e didática a maneira que funciona o ciclo de consumo dos bens numa sociedade desigual.


Mostra toda a trajetória de um tomate, saindo do supermercado até chegar ao lixo. Um clássico do cinema de curta metragem nacional produzido em 1989.






Postado no site Hypeness 


Procura-se beijos que satisfaçam!




Rosana Braga 

A impressão que tenho é de que estamos todos tentando satisfazer um mesmo desejo, porém, de maneira tão individualista e ansiosa que percebemos a noção do que realmente importa. 

Assim, a carência afetiva tem se transformado numa verdadeira epidemia. 

Vivemos num mundo onde tudo o que fazemos nos induz a ter cada vez mais. Um celular novo, um sapato de outra cor, uma jaqueta diferente, uma viagem em suaves prestações...

E enquanto isso, nos sentimos cada vez mais vazios. Nossa voz interna faz um eco que chega a doer; e tudo o que poderia nos fazer sentir melhores seria apenas um pouco de carinho.

A carência é tão grande, a sensação de solidão é tão forte que nos dispomos a pagar por companhia, por uma remota possibilidade de conseguir um pouco de carinho.

Talvez você argumente: de forma alguma, eu nunca saí com uma garota ou um garoto de programa; jamais pagaria para ter carinho! 

Pois é, mas não é de dinheiro que estou falando. Estou falando das escolhas que fazemos, indiscriminadamente, em busca de afeto; das relações sexuais fáceis e fugazes, da liberação desenfreada de intimidade, da cama que chega às relações muito antes de uma apresentação de corações...

Expomos nossos corpos, mas escondemos nossos sentimentos de qualquer maneira!

Ou, ao contrário de tudo isso, estou falando da amargura e do mau-humor que toma conta daqueles que não fazem nada disso, que se fecham feito ostras, criticando e maldizendo quem se entrega, quem transa, quem sai em busca de afeto a qualquer preço... 

Enfim, os extremos demonstram exatamente o quanto pagamos. De uma forma ou de outra, estamos pagando pelo carinho que não damos e pelo carinho que, muitas vezes, não nos permitimos receber.

Ou seja, se sexo realmente fosse tão bom, poderoso e suficiente quanto prometem as revistas femininas, as cenas equivocadamente exageradas das novelas ou os sites eróticos, estaríamos satisfeitos, não é? Mas não estamos, definitivamente não estamos!

Sabe por quê? Porque falta conteúdo nestas atitudes, nestes encontros. Não se trata de julgamento de valor nem de pudor hipócrita. Não se trata de contar quantas vezes já esteve com alguém para saber se já pode transar sem ser chamado de ‘fácil’...

Trata-se de disponibilidade para dar e receber afeto de verdade, sem contabilizar, sem morrer de medo de parecer tolo; sem ser, de fato, pegajoso ou insensível... apenas encontrar a sua medida, o seu verdadeiro desejo de compartilhar o seu melhor!

Muito mais do que orgasmos múltiplos, precisamos urgentemente de um abraço que encosta coração com coração, de um simples deslizar de mãos em nosso rosto, de um encontro de corpos que desejam, sobretudo, fazer o outro se sentir querido, vivo. 

Tocar o outro é acordar as suas células, é revivescer seus poros, é oferecer um alento, uma esperança, um pouco de humanidade, tão escassa em nossas relações.

Talvez você pense: mas eu não tenho ninguém que esteja disposto a fazer isso comigo, a me dar este presente. Pois é. Esta é a matemática mais enganosa e catastrófica sob a qual temos vivido. 

Quem disse que você precisa ficar à espera de alguém que faça isso por você?

Não! Você não precisa, acredite! De pessoas à espera de soluções o mundo está farto! Precisamos daqueles que estão dispostos a serem a solução!

Portanto, se você quer vivenciar o amor, torne-se o próprio amor, o próprio carinho, a própria carícia. Torne-se a diferença na vida daqueles com quem você se relaciona, para quem você se disponibiliza.

A partir de hoje, ao invés de sair por aí dizendo que vai beijar muito, concentre-se na sua capacidade de dar afeto e surpreenda-se com o resultado.

Beije sim, sem se preocupar se é muito ou pouco. Beijar é bom, muito bom, sem dúvida; mas empenhe-se antes em trocar afeto, em se relacionar exercitando o respeito pelo outro, o respeito por si mesmo... e estou certa de que os encontros valerão muito mais a pena! 


Postado no site Somos Todos Um








O valioso tempo dos maduros




Contei meus anos e descobri que terei (quase)
menos tempo para viver daqui para a frente 
do que já vivi até agora.

Terei muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.

As primeiras, ele comeu displicente mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles
admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa…

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana;

que sabe rir de seus tropeços,
não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora, 
não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade 


Postado no blog Cidadão do Mundo em 23/10/2013

Mobilidade urbana: os chineses pensam num novo veículo



O projeto tem o nome de Land Air Bus e utiliza de painéis solares e elétricos para se locomover, o que gera uma economia de até 860 toneladas de combustível ao ano e resulta em uma redução de 2640 toneladas de emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. 

O ônibus alcança uma velocidade de 60 km/h, e conforme informações dos criadores do projeto, o veículo comporta 1200 pessoas em quatro vagões. 

A criação possui seis metros de largura e quatro metros de altura, ocupa duas pistas e o custo para implementá-lo chega a ser até 10% mais barato do que a construção de metrôs. 

Até o momento ainda não existe a confirmação de que será implantado na China, mas o projeto é apresentado como o futuro das cidades.





A inovação da solidão


doenças uso internet

“Eu compartilho. Portanto eu existo”. 
Esse é o enfoque da brilhante animação intitulada The Innovation of Loneliness (A Inovação da Solidão, em tradução livre).

Inspirado no livro da psicóloga Sherry Turkle: Alone Together, onde ela analisa como os nossos dispositivos e personalidades on-line estão redefinindo a conexão humana e a comunicação, e nos convida pensar profundamente sobre os novos tipos de conexão que queremos.





Jornal argentino diz o que aqui não querem ver: Libra é o Brasil se afastando dos EUA



Fernando Brito 

Graças à dica no comentário do “Companheiro Luís”, aqui no blog, posso trazer a matéria publicada hoje pelo jornal argentino Pagina 12, assinada por Dario Pignotti, que diz aquilo que a mídia brasileira está vendo também, mas não tem coragem, por seu subalternismo, de publicar.

Diz que, amanhã, o noticiário eletrônico do Wall Street Journal e do Financial Times terão um dia agitado com as notícias sobre o leilão de Libra.

“Mas, debaixo das notícias em tempo real que nos sufocarão nesta segunda-feira, à base de índices de ações e de corretores com seus pontos de vista de curto prazo , encontra-se uma história se passou nos últimos anos , cujo recordar ajuda entender o que está em jogo : um rearranjo de forças na geopolítica do petróleo”.

E qual é a história que Pignotti narra?

Conta que, em julho de 2008, Celso Amorim, nosso ministro das Relações Exteriores, recebeu um telefonema da chefe do Departamento de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, pedindo que fosse recebida sem preocupações a notícia da reativação da Quarta Frota e sua passagem pelo Atlântico Sul. Fazia poucos meses da descoberta, em 2007, de grandes reservas de petróleo nas bacias de Campos e Santos, localizadas nas costas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

“Nem o chanceler Amorim, nem seu chefe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acreditaram na retórica suave do George W. Bush. Muito pelo contrário , houve alarme no Palácio do Planalto. Lula , Amorim e a então ministra Dilma Rousseff , que estava emergindo como um candidata presidencial, perceberam que a passagem da Marinha os EUA pela costa carioca seria uma demonstração de poderio militar sobre os mais de 50 bilhões de barris de óleo de boa qualidade guardados a mais de cinco mil metros de profundidade, numa área geológica conhecida como pré- sal”.

Além de ir aos fóruns internacionais, diz o jornal argentino, era pouco o que o Brasil poderia fazer para, de imediato, ”enfrentar a supremacia militar dos Estados Unidos e sua decisão que a Quarta Frota , o braço armado das petroleiras de bandeira americana Exxon e Chevron no Hemisfério, apontasse sua proa para o Sul.”

“Lula e sua conselheira para Energia, Dilma , foram confrontados com um dilema: ou adotar uma saída mexicana - como o atual presidente Enrique Peña Nieto , que mostrou uma vontade de privatizar a Pemex , embora o termo usado seja “modernização” – ou injetar dinheiro para fortalecer a mística nacionalista Petrobras, para tê-la como vetor de uma estratégia para salvaguardar a soberania energética. Finalmente, o governo do Partido dos Trabalhadores ( PT) escolheu o segundo caminho e implementado um conjunto de medidas abrangentes”.

Quais?

“Capitalizou Petrobras para reverter o esvaziamento econômico herdado de (…)Fernando Henrique Cardoso e conseguiu aprovar, no final de 2010 una lei de petróleo “estatizante e intervencionista”,segundo a interpretação dada por políticos neoliberais e o lobby britânico-estadounidense, opinião amplificada por las empresas de noticias locais”.

Além disso, prossegue o Pagina 12, reativou os planos de construção, com os franceses, de um submarino nuclear (“que avançou menos que o previsto”) e pleiteou nas organizações internacionais a extensão da plataforma offshore , a fim de que não se dispute a posse das bacias de petróleo, “além de promover a criação do Conselho de Defesa da Unasul , apoiado pela Argentina e Venezuela e sob a indiferença da Colômbia”. Firmou, também, contratos de financiamento com a China para a Petrobras.

Diz o jornal que, enquanto isso era feito, a National Security Agency americana “roubava informações estratégicas do Ministério de Minas e Energia e diplomatas (dos EUA) em Brasília enviavam telegramas secretos a Washington classificando o chanceler Amorim como diplomata “antiamericano”.

Garante o Pagina 12 que até três meses atrás,surgiram as primeiras notícias das manobras da NSA , a presidente queria evitar a ” radicalização ” da situação , “porque eu acreditava em uma reconciliação com os Estados Unidos, onde ele planejou viajar para uma visita oficial em 23 de outubro” . Mas a posição de Dilma “tornou-se irredutível em setembro ao saber que os espiões haviam violado as comunicações da Petrobras”.

Apenas transcrevo o final da reportagem:

“A decisão de suspender a visita a Washington, apesar de Barack Obama ter renovado pessoalmente seu convite, não não deve ser entendida como um simples gesto , porque suas consequências afetaram decisões vitais.

O fato e não haver petroleiras norte-americana amanhã, no leilão do megacampo de Libra e sim de três poderosas companhias chinesas , dos quais dois são estatais, indica que a colisão diplomática teve um impacto prático.

Fontes próximas ao governo terem deixado conhecer a formação de um consórcio entre a Petrobras e alguma empresa chinesa, revela que a geopolítica petroleira de Brasília se inclina em direção a Pequim, que é também o seu maior parceiro comercial. 

E se isso não fosse o suficiente para descrever a distância estratégica entre o Planalto e a Casa Branca, na semana passada indigesto ( para Washington ), ministro Celso Amorim, agora no comando da Defesa, iniciou conversações com a Rússia para discutir a compra de caças Sukhoi .

Foi apenas uma sondagem , mas se essa compra é formalizada será um revés considerável para a corporação militar – industrial dos EUA imaginado vender caças SuperHornet ao Brasil, durante a visita que Dilma não vai fazer.”

Que povo imaginativo, o argentino, não é?


Parabenizo o Fernando Brito do blog Tijolaço pelos esclarecimentos sobre o leilão de Libra.

O horizonte de Libra, agora, é visível para todos

19 de outubro de 2013 | 20:26
Reproduzo, com muito orgulho, trecho do editorial escrito por Saul Leblon para a Carta Maior sobre o leilão de Libra, com a mesma alegria que vi ser reproduzido aqui o artigo de Paulo Nogueira sobre o quanto é positivo numa parceria entre Brasil e China nesta imensa e desafiadora empreitada de explorar o pré-sal.

Vejo as posições serem tomadas e me comprazo em, agora, ser apenas mais um a proclamar o momento histórico que isso representa para o país.

Seria falso se não dissesse aos amigos que me sinto realizado por ter levantado este tema , talvez sem brilho, mas com pioneirismo. E isso cobra um preço em incompreensões, suspeitas e até, de alguns poucos, injustiças.

Felizmente, a verdade é a realidade e a realidade é uma força que sempre se impõe. Já não há quase “inesperados” mas, salvo se alguns deles reaparecer do além, segunda feira, a esta hora, estaremos comemorando a vitória de nossa grande Petrobras e uma participação fortíssima do Estado Brasileiro nos resultados da exploração daquela jazida imensa.

E então, daqui a um ou dois anos, nossos estaleiros estejam abarrotados de navios, nossas universidades de alunos na área naval e de petróleo, nossas fábricas de encomendas e que nossa gente esteja trabalhando, produzindo, progredindo e tendo acesso a tudo que precisa para viver melhor a cada dia.

Libra não é só petróleo*

Saul Leblon

A mega-reserva do pré-sal, capaz de conter acumulações equivalentes a até 13 bilhões de barris de petróleo e gás, deve ser leiloada na próxima 2ª feira (21). Democratas e nacionalistas sinceros divergem. Petroleiros vão à greve.

Defende-se que a Petrobrás assuma sozinha a tarefa de extrair uma riqueza guardada no fundo do oceano que pode conter até 100 bilhões de barris.

A Petrobras tem o domínio da tecnologia para fazê-lo. É quem foi mais longe nessa expertise em todo o mundo.

Mas não dispõe dos recursos financeiros para acionar esse trunfo na escala e no tempo imperativo. Paradoxalmente, em boa parte, porque cumpriu seu papel de estatal na luta pelo desenvolvimento. Os preços dos combustíveis no Brasil foram congelados pelo governo como instrumento de controle da inflação. Durante anos. Sob protesto da república dos acionistas , cuja pátria é o dividendo. E nada mais.

Secundariamente, o leilão será feito porque o governo necessita também de recursos para mitigar a conta fiscal de 2013. Ademais do peso dos juros no orçamento federal – exaustivamente criticado por Carta Maior – o Estado, de fato, realizou pesados dispêndios este ano e nos anteriores.

Em ações contracíclicas para impedir a internalização da crise mundial no Brasil. O conservadorismo reprova acidamente essas escolhas. Solertes entreguistas, súbito, pintam-se de verde-amarelo em defesa da estatal criada por Vargas. A emissão conservadora alveja o que chama de ‘ uso político da Petrobras e da receita pública’ para financiar ‘ações populistas’ , que não corrigem as questões estruturais do país. A alternativa martelada é a ‘purga’ saneadora.

Contra a inflação, choque de juros (muito superior ao que se assiste). Contra o desequilíbrio fiscal, cortes impiedosos na ‘gastança’. Qual? Qualquer gasto público destinado a fomentar o desenvolvimento, financiar a demanda, reduzir a pobreza e combater a desigualdade. O ponto é: sem agir a contrapelo dos interditos conservadores, desde 2008, o Brasil teria hoje um governo progressista?
Subsistiria ao cerco de 2010 contra Lula e Dilma? Ou da terra ‘semeada’ pela recessão e o desemprego emergiria a colheita devastadora? José Serra, que, ato contínuo, reverteria a regulação soberana do pré-sal, como, aliás, prometera à Chevron. O governo fez a escolha oposta. O resto é a história dos dias que correm.

Ao decidir pelo leilão de Libra está dobrando a aposta. Qual seja: mais importante que adiar Libra para um futuro de hipotética autossuficiência exploratória, é aceitar a participação de terceiros, mas preservar e colher, antes, o essencial. O essencial são os impulsos industrializantes embutidos na regulação soberana das maiores reservas descobertas neste século em todo o planeta.

Um exemplo resume todos os demais. O Brasil hospeda a maior concentração de plataformas submarinas do mundo. Uma em cada cinco unidades existentes está a serviço da Petrobrás. Em dez anos, essa proporção vai dobrar. Assim como dobra a produção prevista de petróleo em sete anos: dos atuais 2 milhões de barris/dia para 4,5 milhões b/d.

Entre uma ponta e outra repousa a chance de a industrialização brasileira engatar um salto tecnológico e de escala, ancorado nas encomendas e encadeamentos do pré-sal. Emprego, produtividade, salários e direitos sociais estão em jogo nesse salto. A convergência sonhada entre a democracia política, a democracia social e a democracia econômica depende, em parte, do êxito desse aggiornamento industrializante da economia brasileira.

O leilão do dia 21 é um pedaço dessa aposta. Que tem a torcida adversa daqueles que não enxergam nenhuma outra urgência no horizonte do desenvolvimento brasileiro, em plena agonia da ordem neoliberal. Exceto recitar mantras do defunto. Na esperança de ganhar tempo para que o desalento faça o serviço sujo: desmoralizar a política e interceptar o salto histórico do discernimento social brasileiro.

Uma retração econômica redentora cuidaria do resto, injetando disciplina nas contas fiscais e ordem no xadrez político. Para, enfim, providenciar aquilo que as urnas sonegam: devolver a hegemonia do país a quem sabe dar ao ‘progresso’ o sentido excludente e genuflexo que ele sempre teve por aqui.

* Trecho. Aqui, na íntegra.

Por: Fernando Brito 
LINK COM A POSTAGEM DO TIJOLAÇO: http://tijolaco.com.br/index.php/o-horizonte-de-libra-agora-e-visivel-para-todos/


Postado no blog  ContrapontoPig  e no blog Tijolaço em 20/10/2013