A Terra Prometida e a identidade perdida da "América"





A história é bem conhecida em praticamente todos os cantos do mundo hoje. Funcionários de uma grande corporação são enviados a uma pequena cidade do interior, de base agrícola e em decadência econômica, para fazer uma proposta aparentemente irrecusável.

No caso do filme “A Terra Prometida” (Promised Land, EUA, 2012), dirigido por Gus van Sant, ela se passa no interior dos Estados Unidos.

Steve Butler e Sue Thomason (interpretados, respectivamente, por Matt Damon e Frances McDormand) são funcionários de uma grande corporação da área de energia e desembarcam em McKinley, uma pequena cidade rural dos grotões dos EUA, para tentar negociar com os moradores os direitos de perfuração de suas propriedades para a exploração de gás natural. Esse é o ponto de partida do filme.


A salvação oferecida pela grande corporação está baseada, porém, em um polêmico processo de extração de gás natural: a fratura hidráulica (“fracking”), processo que consiste na utilização de água sob altíssima pressão com produtos químicos para extração de gás xisto.

Esse método de extração de gás vem sendo muito combatido nos Estados Unidos por ambientalistas.

Um estudo divulgado em agosto deste ano pelo Serviço Geológico dos EUA e do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA adverte que fluidos derramados no meio ambiente por esse processo estão causando a morte de diversas espécies aquáticas na região de Acorn Fork, no estado de Kentucky. 

Esses resíduos, segundo o estudo, estariam provocando lesões nas guelras, fígado e baço dos peixes. Além disso, fizeram o pH da água cair de 7,5 para 5,6, tornando-a mais ácida.

Esse é o pano de fundo para Gus Van Sant falar de vários temas: as fontes energéticas e seus impactos ambientais, a relação de fidelidade dos vendedores com as suas empresas e a ausência de limites da manipulação corporativa.

Mas, na avaliação do diretor, o tema central do filme está ligado à identidade norte-americana e à progressiva dissolução de um modo de vida comunitária que ajudou a construir o país. 

As pequenas comunidades rurais empobrecidas são convidadas a ingressar no paraíso do capitalismo corporativo, que oferece ganhos milionários e uma nova vida. Mesmo assim, há quem resista e desconfie de propostas tão generosas. 

No filme, o personagem vivido por Matt Damon carrega consigo a experiência de ter saído de uma dessas comunidades empobrecidas e assume a postura do novo rico que luta desesperadamente contra seu passado.

Já Sue Thomason, interpretada pela extraordinária Frances McDormand, procura fazer seu trabalho do modo mais rápido e eficiente possível, e mostra um olhar que mistura cinismo e melancolia sobre os personagens da cidade, seu colega de trabalho e ela mesma. 

Ela está ali para cumprir uma missão e não economizará nenhum meio para isso, inclusive tentar corromper os adversários do projeto com alguma propina. Entre o idealismo corporativo de Steve e o cinismo melancólico de Sue, aparece um terceiro personagem que desempenhará um papel fundamental no filme.

Além da resistência de membros da comunidade, o projeto para a exploração de gás encontra a oposição de um militante ambientalista que desembarca na cidade com esse único propósito. 

Assim como as promessas de prosperidade da corporação não são o que parecem, outras fachadas da história terminarão desabando até o fim.

Ao apresentar o filme, no início deste ano, no Festival Internacional de Cinema de Berlim, Gus van Sant disse que o tema central da história é a identidade dos Estados Unidos e de sua população. A problemática ambiental, em si mesma, é secundária. “Quis fazer um filme sobre a identidade americana. Quis mostrar como podemos tomar decisões difíceis em determinadas alturas e como os Estados Unidos estão se afastando de um tradicional sentido de comunidade”. 

A destruição de modos e formas de vida e de economia comunitária pelo avanço do capitalismo global e seus empreendimentos não chega a ser novidade. A destruição ambiental que muitas vezes acompanha esse processo também não. Mas o filme não parece interessado em contar novidades, e sim colocar uma lupa sobre uma pequena comunidade para tentar ver com mais clareza como se dá essa dissolução de identidades.

Uma dissolução marcada por um paradoxo significativo: na terra do capitalismo, o desaparecimento de formas de vida comunitárias, próximas da natureza e adeptas de um modo de vida mais simples, é apresentado como uma ameaça à própria ideia de uma “América” como terra da liberdade e da felicidade. 

Em um determinado momento do filme, o personagem de Matt Damon faz um discurso irritado em um bar para moradores locais que estavam provocando-o. Diz o quanto eles são estúpidos e atrasados por não quererem ganhar muito dinheiro com o negócio da exploração do gás. Recebe como resposta um soco na cara.

O encontro da “América decadente” com a “América corporativa” coloca a perspectiva da Terra Prometida como um projeto a ser resgatado contra o capitalismo.

O que é a Terra Prometida, afinal de contas? É o aceno de uma nova vida, com dinheiro, feito pela grande corporação da área de energia? Ou é a terra que já se perdeu pelo modo de desenvolvimento do próprio capitalismo que não concede lugar para formas de vida idílicas e comunitárias, especialmente se elas estiverem assentadas sobre alguma grande fonte de energia.

Como assinala Gus van Sant, o debate ambiental aí é secundário, não no sentido de ser menos importante, mas sim no de ser derivado de uma premissa anterior, a qual estabelece uma relação direta entre modo de vida e escolhas econômicas. 

A vida nos bosques, experimentada por Thoreau, há algum tempo soa inocente, ingênua e impraticável aos olhos da máquina ideológica do capitalismo que funciona 24 horas por dia.

Co-autor do roteiro, Matt Damon reserva um final generoso para o seu personagem que vive um processo catártico em relação ao seu próprio passado de morador de uma dessas comunidades que ele queria agora destruir. 

Há uma paixão no meio que o ajuda nesta travessia de rompimento com a lógica corporativa e o reaproxima da terra prometida, uma ideia que está presente na “América” desde a chegada dos primeiros peregrinos vindos da Europa. É sintomático que ela ainda tenha força e seja confrontada com o atual estágio do capitalismo norte-americano.

Visões idílicas de comunidades vivendo em harmonia com a natureza são cada vez mais incompatíveis com esse capitalismo hegemônico hoje em todo o planeta. 

Por outro lado, quando o modo de vida engendrado por esse modelo começa a se tornar incompatível com a sobrevivência do próprio planeta, a ideia de uma terra prometida parece ganhar atualidade em um duplo sentido: em um sentido negativo, pelas promessas não realizadas do capitalismo, e em um sentido positivo como a necessidade de libertação de um sistema opressor e inimigo da vida.



Postado no site Carta Maior em 13/10/2013
Ilustrações anexadas ao texto por mim
Trecho do texto grifado por mim





Uma história do homem, do neandertal ao neoliberal


Arando a terra, pintura de Sennedjem. Tumba egípcia, c. 1200 a.C., Tebas
A humanidade de hoje é predominantemente descendente dos grupos que inovaram a agricultura

Uma análise da evolução do planeta observa que as decisões políticas em benefício de uma elite não são inexoráveis. Sempre há, como agora, possibilidades que levem em conta a vida das maiorias.


Renato Pompeu

Até hoje, apesar de a globalização e de o entrelaçamento de todos os povos do mundo numa interdependência recíproca já datarem de décadas, a história do mundo, ou história geral, na maioria das escolas e universidades e na quase totalidade dos livros, é narrada e interpretada como se a Europa Ocidental tivesse sido sempre o centro mais importante do mundo, com destaque para Grécia, Roma, a Idade Média e a Revolução Industrial. 

Só nos últimos poucos anos é que têm surgido no Ocidente livros de história de um ponto de vista mais global, que mostram notadamente que, diante de impérios como a China, a Índia e a Pérsia e da expansão do Islã, a Europa Ocidental foi na maior parte dos séculos e milênios uma península isolada e atrasada.

Agora que a Ásia está ressurgindo como protagonista mundial, podemos ver mais claramente que o período de ascendência do Ocidente sobre o mundo durou pouco mais de um século, desde os fins do século 18 até recentemente. Fora desse período, a China e a Índia foram sempre muito mais ricas e muito mais poderosas. 

Até mesmo os melhores pensadores europeus, como Hegel, Marx e Engels, foram dominados pelo eurocentrismo, embora procurassem se informar sobre outros povos.

Essa tradição ocidentocêntrica continuou entre os historiadores marxistas – por exemplo, o famoso livro do marxista americano Leo Huberman, História da Riqueza do Homem, mal menciona regiões­ não ocidentais.

Agora, porém, surgiu na Inglaterra e nos Estados Unidos a primeira história globalizada do mundo escrita por um marxista. Trata-se de A Marxist History of the World: From Neanderthals to Neoliberals, do arqueólogo e historiador inglês Neil Faulkner, autor anteriormente de estudos sobre sítios arqueológicos britânicos, as Olimpíadas gregas e a Roma antiga. 

A obra foi editada pela Pluto Press e o título pode ser traduzido por “Uma história marxista do mundo, dos neandertais aos neoliberais”, numa manifestação do típico humor sarcástico inglês.

Questão de escolha

Como obra marxista, a de Faulkner restabelece a visão de processo dinâmico cultivada mais por Marx que por Engels e pelos marxistas tradicionais. 

Não defende teses de que os desenvolvimentos históricos estiveram sempre predeterminados por estruturas econômicas que aprisionam o destino humano em rumos inexoráveis. 

Ele tenta mostrar, a cada passo, como as estruturas econômicas permitiam uma série de saídas e de evoluções, e não apenas as que efetivamente ocorreram, procura estabelecer que, em cada situação histórica, os seres humanos sempre podem escolher que saída adotar.

Como obra de história, a de Faulkner se destaca por não parar no tempo. 

A maior parte dos livros contemporâneos de história do mundo se detém num ponto do passado, em geral a Segunda Guerra Mundial ou, na melhor das hipóteses, o colapso dos países socialistas.

Mas o autor chega até os dias de hoje, e isso é particularmente importante porque ele considera a atual crise estrutural do capitalismo mundial o maior desafio que a humanidade teve de enfrentar em todos os tempos.

Faulkner reforça sua tese de que nosso destino não está traçado inexoravelmente pelas estruturas econômicas vigentes, pois dentro dessas estruturas há forças que permitem diferentes saídas, das que beneficiem uma elite da população às que beneficiem a maioria.

Como bom marxista não ortodoxo, defende a tese de que nada está predeterminado, tudo depende da luta, tudo depende do empenho de cada um e de todos em mudar o seu destino.

Não era obrigatório, por exemplo, que os antigos primatas hominídeos se transformassem em seres humanos socialmente cooperativos, nem era inevitável que no Paleolítico Superior houvesse uma revolução tecnológica no uso de instrumentos de pedra. Tudo isso foi objeto de escolhas conscientes.

Já no Neolítico, havia pelo menos duas saídas para alimentar a crescente população de sociedades comunísticas: ou a guerra global por recursos escassos, ou a intensificação da agricultura.

Na verdade, conforme a região, as duas situações ocorreram, sendo a humanidade de hoje predominantemente descendente dos grupos que inovaram na agricultura, na proteção militar, no controle da irrigação, na coleta de impostos, no controle da distribuição da produção, enquanto a maioria continuava no cultivo. 

Tudo isso decorreu da criatividade humana, do mesmo modo que a saída da crise atual vai depender da criatividade de bilhões de pessoas.

No Egito e no Grande Zimbábue (na África), na Suméria (na Ásia) e no México (na América do Norte), a intensificação da agricultura permitiu que houvesse um superávit alimentar que sustentava enormes populações de governantes, soldados e sacerdotes, que não precisavam produzir a própria comida. 

Que isso foi objeto de escolhas conscientes, e não de reflexos sociais inexoráveis a partir das condições econômicas, fica provado pelas enormes diferenças estruturais, sociais e culturais entre as sociedades egípcia, zimbabuana, suméria e mexicana. A única coisa em comum são seus artefatos de cobre.

Quando se adotam instrumentos de bronze, se sucedem, principalmente na Mesopotâmia e no Egito, impérios que nascem, ascendem, chegam ao auge, decaem e desaparecem, sempre em meio a crises e guerras, num processo que se replica várias vezes.

Aqui Faulkner, que está longe de ser um historiador “objetivo” e sempre toma partido da maioria, se insurge como um profeta bíblico contra as vitórias das minorias, que segundo ele transformaram a Idade do Bronze numa sucessão de desperdício de recursos e de violências e guerras intermináveis.

Ele vai notar, mais adiante, que hoje estamos diante de escolhas semelhantes.

O próximo grande passo da história não foi dado no Egito, no Grande Zimbábue, na Suméria ou no México, mas em pontos periféricos (na época), como a Pérsia, onde se passou a adotar instrumentos agrícolas e de artesanato e armas de ferro, não mais de bronze.

O excedente de alimentos aumentou enormemente em relação à Idade do Bronze: a Idade do Ferro se consolidou mais ou menos 1.300 anos antes de Cristo.

Surgem os impérios Indiano e Chinês. Aqui Faulkner vai observar que, com a instauração da propriedade privada, as mulheres passaram a perder seu papel central e crucial na sociedade para ficar em posições subordinadas.

Em outro capítulo bem interessante, demonstrará que o advento do judaísmo, do cristianismo e do islamismo foi em grande parte produzido pelos mitos vigentes entre as camadas oprimidas e pelas suas aspirações.

A globalização triunfa de novo no livro do arqueólogo com a descrição dos esplendores dos impérios Bizantino, Islâmico, Indiano e Chinês, enquanto a Europa sofria a invasão dos bárbaros e permanecia em isolamento atrasado até o início das grandes navegações e até começar a se consolidar o capitalismo, a partir da exploração das colônias. Embora o autor não deixe de mencionar as civilizações da África, da Mesoamérica e dos Andes, aqui já estamos caminhando em terrenos mais familiares.

Mas Faulkner inova mais uma vez no final: ele chega até 2012.

Diz que a crise financeira de 2008 representa a passagem de “uma bolha para um buraco negro” e que, quatro anos depois, a elite neoliberal está emaranhada nas contradições que seu próprio domínio envolve.

E adverte: a saída dessa situação não está de modo algum predeterminada pelas condições econômicas; depende da ação consciente de todos os seres humanos em relação às situações concretas em que nos encontramos. 

Trata-se de um apelo à luta em favor das maiorias oprimidas.





Seja uma grande pessoa...




Hoje, quero provocar você a pensar sobre ser uma grande pessoa. Não precisa ser nada heroico. E, você já vai entender o que quero dizer com isso!

Ser uma grande pessoa quer dizer, que você pode ou deve, manter o seu modo de pensar independentemente da opinião dos outros.

Que você é uma pessoa tranquila, calma, paciente, não grita e nem se desespera com as situações.

Uma pessoa grande procura sempre pensar com clareza, falar com inteligência, viver com simplicidade.

Não despreza nenhum ser humano.

Como não anda em busca do aplauso a qualquer custo jamais se ofende.

Possui sempre mais do que julga merecer e por isso compartilha, tem compaixão.

Está sempre disposta a aprender, mesmo com uma criança.

Para grandes pessoas, não importam: posses, posição social. Importa sim quem você é na essência.

Ah, lembrando que mesmo tendo opinião própria, ela despreza sua opinião  tão depressa verifica que está errada.

Se ainda não se conhece, está em constante busca do autoconhecimento.

O que você acha desta ideia ?
Eu acredito que não é difícil ser uma grande pessoa.

Pense Nisso...

Sigmar Sabin
Professor e Aprendiz da vida


Realmente precisamos tomar dois litros de água por dia?



Chris van Tulleken*

Você já viu anúncios afirmando que uma pequena queda na hidratação pode afetar muito a performance e, por isso, você tem que se manter hidratado com aquele marca de bebida isotônica especial que eles estão vendendo?

Eles parecem muito científicos. Homens em aventais, atletas com eletrodos presos ao corpo e muito mais. E não é algo difícil de se vender, pois beber líquidos faz a pessoa se sentir bem – então se você está com calor e suando, repor os fluidos deve ser benéfico.

Mais cedo neste ano, cientistas australianos fizeram uma experiência que não havia sido realizada antes e que foi descrita na edição de setembro da revista especializada British Journal of Sports Medicine.

O grupo de pesquisadores queria descobrir o que acontece com a performance depois da desidratação. Eles pegaram um grupo de ciclistas e os submeteram a exercícios até que eles perdessem 3% de seu peso total em suor.

O desempenho deles então foi medido após três formas de reidratação: 1) nenhuma, 2) líquido suficiente para voltar ao nível de 2% da perda de peso ou 3) reidratação total.

Até aí nada de mais. A diferença em relação a estudos anteriores é que os ciclistas aqui não eram capazes de saber seu grau de reidratação, pois o fluido foi recebido de maneira intravenosa.

Isso era vital porque todos nós, e especialmente os atletas, temos uma relação psicológica íntima com o consumo de água.

O resultado foi a inexistência de qualquer diferença na performance dos ciclistas completamente reidratados daqueles que não receberam nenhum líquido.

Esse estudo fez parte de um movimento crescente conhecido como “beba quando tiver sede”, que espera persuadir atletas para não se hidratar de forma exagerada para evitar o risco de diluir seu nível de sódio.

Sem surpresas

Talvez o resultado não devesse ser tão surpreendente. O ser humano evoluiu fazendo exercícios em ambientes de extremo calor e baixa umidade.

Somos capazes de tolerar a perda de água relativamente bem, mas a hidratação demasiada pode ser muito mais perigosa. Em termos simples: ter água em excesso no corpo é tão ruim como o oposto.

Mas e como fica o resto de nós que não estamos andando de bicicleta em um deserto na Austrália?

Há uma ideia muito bem aceita de que devemos beber cerca de oito copos de água por dia (dois ou três litros) além da comida e das outras bebidas que já consumimos normalmente.

Estamos inundados com mensagens positivas sobre as propriedades de cura da água e como ela é boa para praticamente todas as partes do corpo, desde o cérebro até os intestinos.

Daí a pensar que uma falta de água é ruim para você não é nada mais que um passo lógico – assim como a ideia de que a hidratação deve ser boa, purificando, limpando seus órgãos, desintoxicando. 

Ela certamente melhora sua pele, te ajuda a pensar, reduz o disco de desenvolvimento de pedras nos rins, torna sua urina com cor límpida de champanhe se comparada à calda cor de laranja fétida que produzimos em um longo dia, quando não foi possível tomar uma quantidade suficiente de líquido.

Então eu encontrei um artigo dizendo tudo isso e muito mais. Foi escrito por um grupo de médicos respeitados de hospitais americanos e franceses e apoia claramente a crença de que você deve beber dois a três litros de água por dia.

Afirma que as pessoas com um elevado volume urinário têm uma menor taxa pedra nos rins, que a ação de lavagem da água pode reduzir o risco de infecção do trato urinário (especialmente em mulheres após o sexo).

Talvez o mais importante, os autores fazem referência a um estudo surpreendente que mostrou que, paradoxalmente, o aumento da ingestão de água eleva o risco de câncer de bexiga. Mas só se for água da torneira. Mas há um porém ainda mais importante.

Uma nota de rodapé no final do artigo explica que o que você pensou que era um texto científico em uma revista científica é na verdade um suplemento patrocinado por um grande fabricante de água mineral. Todos os autores receberam honorários desta empresa, que também prestou assistência teórica. Portanto, esta não é uma pesquisa, mas uma peça de marketing.

E essa é uma das razões pelas quais nós ainda estamos discutindo isso – porque cada vez mais a água potável não vem gratuitamente de nossas torneiras. É vendida pelas mesmas pessoas inteligentes que nos vendem iogurtes com bactérias que provavelmente não nos fazem tão bem assim. E estas empresas são bastante consistentes em recomendar dois a três litros de água por dia.

Origem do número

Então, de onde é que esse número vem e qual a razão para pensar que é correto?

Bem, o grão de verdade é que as pessoas que vivem em climas temperados e que não estão fazendo exercício físico precisam de cerca de seis a oito copos por dia, que podem estar contidos nos alimentos, bebidas alcoólicas ou bebidas com cafeína.

Sim, cerveja e café não desidratam em qualquer medida visível (há uma boa pesquisa na qual alguns estudantes de medicina beberam um monte de cerveja e depois tiveram sua urina estudada). 

Não há provas de que a adição de oito copos de água a tudo o que você bebe vai fazer algum bem.

Mas a grande vantagem é que, assim como um atleta de alto nível, você não precisa se preocupar com essa exigência sobre o total de água diário, porque seu corpo vai resolver tudo isso por você.

Se você beber demais, vai fazer xixi demais. Se você beber muito pouco, vai ficar com sede e urinar menos. É tudo extraordinariamente bem controlado, da mesma forma que o consumo de oxigênio é bem controlado.

Dizer que você deve beber mais água do que seu corpo pede é como dizer que você deve conscientemente respirar mais frequentemente do que você respira naturalmente, porque se um pouco de oxigênio é bom, então, mais deve ser melhor.

Como a maioria das coisas na vida há um ponto de equilíbrio, uma quantidade não muito pequena nem muito grande.

* Médico britânico


Postado no blog Cidadão do Mundo em 13/10/2013




Sorrir faz bem !


Dia das Crianças

Dia das crianças moderno

Dia das crianças

Erro Médico

Dieta Forçada

Nerds Descolados

Poluição no Interior!



A destruição da biodiversidade segue crescendo. E nós com isso?



Os alertas e advertências sobre a destruição da biodiversidade se sucedem. A indiferença da maioria da sociedade e dos governos também. Um desejo mórbido de extinção?



Marco Weissheimer


Os filmes-catástrofe trazem uma situação recorrente: em algum momento, um cientista considerado meio maluco ou alguma outra pessoa (um policial, jornalista, bombeiro, etc) alerta para um perigo iminente.


O alerta inicial é ignorado e, muitas vezes, rechaçado por argumentos que, na maioria dos casos, tem uma base econômica. Os fatos se sucedem, as ameaças tornam-se realidade e aqueles que desprezaram o alerta inicial muitas vezes acabam vitimados na tela.

Na vida real, não são só os vilões irresponsáveis que morrem. As tragédias abatem-se democraticamente sobre todos. O cinema não inventou essa lógica do nada, mas a retirou da vida real, onde ela segue hegemônica.

Os crescentes e repetidos alertas sobre a destruição ambiental no planeta seguem sendo subjugados por argumentos de natureza econômica.

Todo mundo hoje, em tese, se preocupa com o meio ambiente, desde é claro, que ele não se torne um “entrave” para o desenvolvimento, como se viu, mais uma vez, no debate sobre as propostas de mudanças no Código Florestal brasileiro.

O policial está na beira da praia alertando o prefeito para que mantenha a interdição da mesma porque tem tubarão na área. O prefeito não quer nem saber da ideia, pois a interdição atingiria em cheio o turismo, principal fonte de renda da comunidade. O geólogo pede a evacuação imediata de uma cidade em função da ameaça de um vulcão. Mais uma vez, o turismo ergue-se reivindicando seu espaço. Uma jornalista denuncia o risco de acidente em uma usina nuclear. A bancada ruralista é universal e está sempre pronta a bloquear “alertas catastrofistas” e outras formas de entraves ao desenvolvimento. E assim vamos.

Nos últimos anos, repetem-se os alertas sobre a destruição da diversidade biológica no planeta Terra. Algumas das informações mais recentes de órgãos ligados às Nações Unidas e a centros de pesquisa apontam o seguinte quadro no planeta:

Apenas no século XX, graças à ação humana, sumiram do planeta metade das áreas pantanosas, 40% das florestas e 30% dos manguezais.

Desde a Rio 92, o mundo teve uma perda de biodiversidade de 12% e emitiu 40% mais gases poluentes. Somente entre os anos de 2000 e 2010, perdemos 13 milhões de hectares de florestas.

Cerca da metade das reservas de pescas mundiais estão esgotadas;

Um terço dos ecossistemas marítimos mais importantes foi destruído;

O lixo plástico segue matando a vida marinha e criando áreas de águas litorâneas quase sem oxigênio.

Há uma década, o mundo tinha um total de 11 mil espécies ameaçadas de extinção. A ONU estabeleceu então a meta de reduzir significativamente esse número. Não deu certo. Ele aumentou.

Em 2002, os países signatários do Convênio sobre a Diversidade Biológica acordaram que deveriam obter essa redução no ritmo da perda de biodiversidade em 2010, Ano Internacional da Diversidade Biológica.

A avaliação dessa meta foi coordenada pelo Centro de Monitoramento para a Conservação Mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Ela baseou-se em uma série de indicadores, tais como a apropriação de recursos naturais, o número de espécies ameaçadas, a cobertura de áreas protegidas, a extensão de bosques tropicais e manguezais e o estado dos arrecifes de coral.

Os resultados foram conclusivos: a biodiversidade vem caindo nas últimas quatro décadas. Caindo significa: extinção de espécies, redução da extensão de bosques e manguezais e, deterioração de zonas com arrecifes de coral. 

Além disso, a avaliação mostrou que ambientes naturais estão se fragmentando, com destruição de flora e fauna. A Mata Atlântica brasileira seria um exemplo disso. No passado, o segundo bosque mais extenso da América do Sul, hoje se conservam aproximadamente 10%, numa área fragmentada em parcelas diminutas.

A situação dos oceanos também é motivo de crescente preocupação. 

A Convenção sobre a Diversidade Biológica da Organização das Nações Unidas lançou em 2012 o livro “Um oceano: muitos mundos de vida”. A obra destaca a importância dos oceanos, que cobrem cerca de 70% do planeta, e alguns dos principais problemas que os afetam hoje, como o aumento da acidez causado pela poluição, a destruição de reservas marinhas e a crescente pressão econômica pela exploração de seus recursos naturais. Ao todo, estão ameaçadas pelo menos 250 mil espécies, conforme o censo marinho realizado entre 2000 e 2010 por 2.700 cientistas de mais de 80 países.

Há um aparente paradoxo cercando essa profusão de alertas e advertências sobre o estado ambiental do mundo. 

Nunca houve tanta informação disponível e tanta manifestação de preocupação com a degradação física do planeta, inclusive por parte das autoridades governamentais. 

No entanto, os números da destruição vêm aumentando e a crise econômica em escala internacional pressiona os países a empurrar esse debate com a barriga para um futuro incerto. 

Há vários níveis de ignorância e incompreensão neste debate. 

A extinção de uma espécie de bromélia no interior do Rio Grande do Sul ou de uma espécie de besouro no leste da Tanzânia são tratadas quase que como excentricidades. Isoladamente até poderiam ser.

O “detalhe” é que, em se tratando de vida e ecossistemas, nunca são acontecimentos isolados, resultando de uma mesma lógica destrutiva hegemônica em escala planetária.

O cientista maluco, a jornalista sensacionalista e o policial paranoico seguem fazendo seus alertas e divulgando seus números. 

O imaginário da humanidade, porém, como vem antecipando o cinema há algumas décadas, parece ter uma atração irresistível pela destruição e pela morte.


Postado no site Sul21 em 09/10/2013



Retrofâmicos : Rock and Roll !
















Da esquerda para a direita : Renan (17 anos), Fran (18 anos), Thomé (18 anos)
e Michel (17 anos)


A Banda Retrofâmicos foi criada em 2008.

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil 








Então pessoal, gostaram? 

Eles estão começando o período de pré produção do primeiro EP... 

Novidades estão por vir e não deixem de acompanhar!

Contatos

Facebook : Retrofâmicos
Email : michelfmarcelino@hotmail.com






Para Frei Betto, infância é prejudicada por 'robotização' provocada pela TV


crianças

Na semana do Dia da Criança, no próximo sábado (12), o colunista da Rádio Brasil Atual, Frei Betto, alerta para o que chama de "robotização da infância" e critica o consumismo que cerca a data, criada pelo comércio para alavancar vendas de brinquedos, roupas infantis e demais produtos criados para esse público.

Para o religioso e ativista, as crianças das gerações atuais não são mais criadoras das fantasias que vivenciam, mas as recebem da televisão e da internet, num processo que praticamente elimina o contato e a convivência com amigos e impedem aos pequenos “se educar nos códigos da sociabilidade, como saber admitir seus próprios limites e reconhecer o direito dos outros”.

Em sua coluna semanal, Frei Betto lembra que o universo onírico, dos sonhos e das brincadeiras, é essencial para a saúde psíquica da criança. 

Por meio da fantasia, ela consegue transportar o mundo adulto à sua vivência infantil, de forma criativa. “Embora bonecas não bebam suco, nem cachorros possam estabelecer diálogo com uma criança, a criança atribui à boneca ou ao animal estados que são próprios de seres humanos”, esclarece.

“A diferença em relação às gerações passadas é que agora o protagonista da fantasia não é a criança, é a animação daquilo que aparece na telinha, seja do computador, seja da TV. A criança é relegada à condição de mera espectadora.”
Vivenciar o período da infância com atividades lúdicas e interação com amigos tornou-se tarefa complicada. “A rua é um lugar perigoso, ameaçado pela violência e pelo trânsito”. 

Com isso, a maioria das crianças permanece em casa, tendo como divertimento a televisão e a internet, acentuando o medo do real e a dependência familiar.

Ouça o comentário completo:


Postado no site Rede Brasil Atual em 07/10/2013

Quem ofende os sentimentos de um povo não ama o povo


chavez

Fernando Brito


Nada foi mais agradável que começar o dia lendo o que eu gostaria de ter escrito e não pude, pela falta de tempo e de condições.

Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, porém, lavou-me a alma com o desagravo feito a memória política de Hugo Chavez e aos sentimentos do povo venezuelano depois que Marina Silva apelou para uma referência ao “chavismo” como forma de criticar o PT.

Se ela quer criticar os petistas, tem todo o direito. Vai criticá-los por outras razões, diferentes dos que aquelas que os nacionalistas e trabalhistas como eu o fazem, mas é seu direito.

O “chavismo”, porém, como o “getulismo” foi há mais de 60 anos, não é uma política, mas um sentimento popular e, nos dois casos, provocado na população por ter visto, pela primeira vez e assombrada, um governante se preocupar com ela. 

Ao criticá-los, dessa forma, pelo “ismo” que criaram, Marina critica o que de melhor estes sentimentos produziram, que vai além dos homens e sobrevive à sua morte, como sobreviveu aqui e lá: a ideia de que o povo tem direitos e que o governo do país pode e deve ser ocupado por quem se preocupe com eles.

E aqui me permito falar pessoalmente, por isso.

Meu avô era um trabalhador humilde, pintor de paredes. Sabia assinar seu nome e ler os jornais. O suficiente para ser um homem esclarecido, como muitos que habitavam Realengo, um subúrbio operário, nos anos 40 e 50.

Portanto, sabia perfeitamente quem foi o governante que lhe possibilitou sair de uma “casa de cômodos”, como eram conhecidos os cortiços na época, para uma boa casa ali, num conjunto de IAPI, no tempo em que os conjuntos habitacionais não “enlatavam” seus moradores.

Também sabia quem lhe tinha proporcionado, como trabalhador, ter uma carteira que lhe assegurava horário de trabalho, descanso semanal e férias e a aposentadoria, que ele adiou o quanto pôde, para não deixar de ser o que sempre foi: um trabalhador.

Igual tinha consciência de quem começou a massificar a escola pública e que fez com que seus filhos pudessem estudar. Minha mãe – que dorme aqui ao lado, no hospital, lutando para viver – tornou-se uma professora primária e pôde educar-me, aliás também numa escola de Getúlio, a Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca, hoje Cefet.

Somos, ela e eu, filha e neto da escola pública, do acesso do povo aos direitos sociais, e, em última análise, também do governante que inaugurou a ideia de que o povo era titular do país e não, como na república Velha, “um caso de polícia”.

Nem meu avô, nem minha mãe, nem eu somos ingratos ao ponto de usar o nome de alguém assim como ofensa e, sobretudo, para designar os sentimentos que isto provoca no povo como algo pejorativo. Meu avô pode, na sua simplicidade, ensinar-me muitas coisas: como segurar um martelo pela ponta do cabo, como usar corretamente um serrote e como ser um homem de bem só depende de nossas decisões e de nosso respeito ao próximo.

São coisas que me permitiram respeitar o trabalho e as pessoas.

Aliás, as incompreensões sobre Getúlio acabam sendo esclarecidas por duas palavras: país e povo. Quem os ama, acaba entendendo o que ele representou. Quem despreza o Brasil e os brasileiros, acaba por odiá-lo, como fez Fernando Henrique ao dizer que sepultaria a Era Vargas, sem contar que o espírito barbudo – um daqueles que, mesmo sem saber, virou herdeiro dos direitos sociais que Getúlio promoveu – de um operário viria enterrar sua vanglória.

Se Marina quer usar chavismo no lugar de lulismo, para não ficar evidente sua ingratidão com o movimento político que a tirou das brenhas do Acre para lhe dar os holofotes de que dispõe hoje, que o faça diretamente.

E se sujeite a carregar o estigma de Caim.


Posto, abaixo, o artigo de Paulo Nogueira.


Que Marina quis, exatamente, dizer com “chavismo”?

Paulo Nogueira

Bem, coisa boa não foi. Chávez foi usado por ela mais ou menos como Zé Dirceu por Serra num debate com Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo.

“Você é amigo do Dirceu, não é?”, perguntou Serra, uma, duas vezes. Ele parecia achar que o eleitor de São Paulo é um fundamentalista cujo Corão é a Veja. Deu no que deu a estratégia de Serra para derrubar Haddad à base de uma amizade.

Marina demonizar Hugo Chávez é algo que diminui não a ele, que já entrou na história como um homem que não se conformou em ver seu país ser tratado como quintal pelos Estados Unidos e mudou isso com coragem, abnegação, sacrifícios e colossal integridade.

Diminui a ela, porque mostra – se não oportunismo baixo, como foi o caso de Serra – falta de compreensão histórica.

A Venezuela era boa, até Chávez, para uma minúscula elite que vivia em Miami. O petróleo venezuelano acabava fazendo coisas como asfaltar Nova York e inflar a fortuna de uns poucos nativos — pouquíssimos, é mais apropriado.

Os chamados 99% — no caso venezuelano, 99,99% — eram desprezados e mantidos numa pobreza abjeta comparável à das periferias brasileiras.

Chávez acabou com isso.

Colocou os pobres no topo das prioridades quando chegou ao poder, pelas urnas. Os recursos do petróleo passaram a ser canalizados para os próprios venezuelanos, o que valeu a ele um ódio sem limites – e golpista – da parte dos Estados Unidos.

Chávez chegou a ser vítima de um golpe orquestrado pelos americanos e mais a plutocracia contrariada venezuelana, mas dois dias depois voltou ao poder por pressão popular.

Chávez pôs foco na educação e na saúde pública. Deu petróleo a Cuba, e em troca médicos cubanos não apenas foram atender venezuelanos pobres que jamais tinham visto um consultório como também passaram a lecionar em escolas de Medicina.

As urnas consagraram Chávez repetidas vezes. Foi tamanho o impacto de Chávez na Venezuela que Caprilles, o principal líder da oposição, assegurou que manteria os programas sociais chavistas caso vencesse as eleições presidenciais.

No ano passado, uma pesquisa sobre os países mais felizes do mundo colocou os venezuelanos no topo na América do Sul. Chávez elevou a auto-estima de um povo que era invisível para seus governantes.

Um esplêndido documentário mostra o que foi o chavismo: “A revolução não será televisionada”. Recomendo vivamente que seja visto. Ele está no pé deste artigo.

As cenas de devoção e tristeza do povo pobre da Venezuela em sua morte foram extraordinariamente tocantes. Jornalistas de todo o mundo se perguntavam: onde se veria tal comoção na morte de um líder? Na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos?

Pausa para rir.

No Brasil, Chávez foi submetido a um linchamento criminoso e incessante por uma mídia que temia acima de tudo que Lula combatesse privilégios – a começar pelos dela, mídia – com a intensidade de Chávez.

O chavismo é um marco fundamental na nova atitude dos líderes sul-americanos diante da predação centenária dos Estados Unidos.

Se Marina não sabe disso, é ignorante. Se sabe, é uma oportunista que está em busca dos afagos da mídia como os políticos dos quais ela diz ser diferente. Fora dessas duas hipóteses, existe a possibilidade de que ela seja uma mistura de ambas as coisas.




Postado no blog Tijolaço em 08/10/2013