Como FHC enganou o país. Por Palmério Dória


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Palmério Dória no Brasil 247

Muito antes das expressões "bullying" ou "assédio moral" se tornarem corriqueiras, pude comprová-las na pele. Inicialmente na forma de sutis consultas, telefonemas despretensiosos, convites para almoços ou cafés.

Eu, o saudoso Sérgio de Souza, o grande editor de Caros Amigos, e todos os colegas envolvidos na apuração da histórica matéria que revelaria ao Brasil a proteção da imprensa a Fernando Henrique Cardoso no caso de seu filho de 8 anos com Miriam Dutra, jornalista da Rede Globo.

Era o verão de 2000. Entre a definição da pauta, em fevereiro, e a publicação da reportagem que entrou para a história do jornalismo independente em nosso país, em abril, meu caráter foi submetido a leilão. Reportagem, aliás, classificada pelo jornalista Ricardo Setti ainda outro dia no Roda Viva como "irresponsável", sem qualquer contestação dos colegas ali reunidos.



Instalado, durante todo o mês de março, num hotel de luxo dos Jardins, o lobista Fernando Lemos ofereceu dinheiro, empregos, sinecuras e distribuiu ameaças. Tudo para que a tal reportagem não fosse publicada.

Eu (ou meus companheiros de Caros Amigos) poderia ter ficado rico, me tornado alto funcionário da Petrobras (como propuseram, e hoje "defendem" a Petrobras), resolvido os crônicos problemas de caixa de Caros Amigos ou o que pedisse. Tudo me foi oferecido, sem rodeios.

Contei tudo isso em detalhes no livro "O Príncipe da Privataria" com Mylton Severiano, outro mestre soberano (Geração Editorial, várias edições), responsabilizei o lobista Fernando Lemos, cunhado de Miriam Dutra e "operador" de FHC, em inúmeras matérias aqui e acolá. Uma delas, em 27 de junho de 2011, no Brasil 247, sob o título A Última Exilada, com o qual Miriam Dutra hoje se apresenta.

Nem Lemos (morto em 2012), nem FHC, nem Miriam me processaram. Fernando Lemos morreu biliardário e não se deu ao trabalho de gastar um mísero centavo para tentar provar que seu comportamento, por mim relatado, não havia sido nefasto e corruptor. Enfim, faz 16 anos e estou sentado, na cadeira de balanço, debaixo da jaqueira, na curva do rio e sequer uma interpelação judicial.

Com um atraso de exatos 15 anos e 10 meses, Miriam Dutra resolve contar o que revelamos no outono de 2000. Antes tarde do que nunca.

Hoje, nas páginas da Folha – que à época, em discreta nota na coluna Painel justificou seu tumular silêncio, apelando para a surrada tese de que seria uma questão relativa à vida pessoal de FHC e de sua ex-amante - explode a entrevista bombástica de Miriam. Está tudo lá. Um repeteco ampliado e pormenorizado do que há 16 verões publicamos diante do silêncio indecente da grande imprensa.

E há acréscimos importantes:

aparece uma das tais empresas nas Ilhas Cayman que arrepiam as penas do tucanato;

o nome da Brasif, empresa detentora do negócio bilionário dos Free-shop nos aeroportos fazendo favor financeiro ao presidente da República (imaginem se fosse o Lula);

as contas recheadas de FHC em bancos no exterior;

a bolsa família paga com dinheiro arrecadado pelo lobista entre empresários que tinham relação promíscua com o governo de FHC;

a relação lodosa com o filho que ele teria reconhecido e não teria reconhecido;

um apartamento de milhares de euros na cara Barcelona presenteado ao filho que é filho e não é filho;

a grave declaração de Miriam de que houve fraude no exame de DNA (quem comprou um Congresso Nacional para se reeleger não compraria um funcionário de laboratório?);

entra na dança Mario Sergio Conti, aquele que entrevistou o sósia do Felipão como se fosse o próprio treinador em plena Copa do Mundo, que em 2000 me brindou com impropérios pelo telefone. Agora como o jornalista que usou sua condição de diretor de redação de Veja para lançar um cortina de fumaça sobre a gravidez da jornalista, em conluio com Fernando Henrique, além engavetador-geral de matérias.

Resta uma pergunta à própria imprensa, aos justiceiros do Ministério Público, aos irrequietos delegados da Polícia Federal, aos plutocratas de São Paulo que viajam em seus jatinhos até Nova York e vestem seus smokings cheirando naftalina em regabofes cafonas organizados pelo João Dória (pausa para sonora e gostosa gargalhada) para louvar o presidente que quebrou o Brasil três vezes, às "senhoras" de Higienópolis, aos Marinho, aos Frias, aos Saad e aos falidos Civita e Mesquita, além dos patéticos paneleiros de todo o Brasil:
Vocês não se envergonham de dizer que não sabiam de tudo isso?
Lembra aquela foto do FHC pedante, imperioso, deslumbrado. "Umbigo delirante" (licença, Millôr). Retrato em branco e preto de alguém que não amadureceu. Apodreceu. Muito longe do cicerone de Sartre no Brasil dos anos 50, ou do exilado no Chile, ou do aplicado professor auxiliar do mestre Florestan Fernandes.

Não se pode negar que FHC enfim caiu na boca do povo. Não enganou só Dona Ruth. Nem só a amante, por ele abandonada. Ele enganou todo um país.



Palmério Doria é jornalista e escritor, autor do livro “O Príncipe da Privataria”





" Retrato em branco e preto de alguém que não amadureceu. Apodreceu "





 






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FHC e Globo se tornaram um único escândalo




Da revista Fórum


Baseada em apurações feitas pela mídia livre – com o silêncio da imprensa tradicional diante das recentes informações que envolvem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua ex-amante Mirian Dutra, a mansão da família Marinho em Paraty e a Brasif, empresa de Jonas Barcellos – a Fórum montou um passo a passo das últimas descobertas desse assunto e de como elas se relacionam entre si.

- No dia 11 de fevereiro, o Diário do Centro do Mundo publica uma reportagem sobre o triplex da família Marinho em Paraty e aponta que este imóvel foi construído em área de preservação ambiental. Ao mesmo tempo informa que a casa estava em nome da Agropecuária Veine.

- No mesmo dia, na Revista Fórum é publicada a matéria revelando que a nova esposa de FHC comprou um imóvel de R$ 950 mil reais e que, no mercado imobiliário, dizia-se que ele havia sido um presente do ex-presidente.

- A Rede Brasil Atual publica uma reportagem onde explica que a casa dos Marinho em Paraty estava em nome de uma offshore do Panamá, a MF Corporate Servic, empresa do Grupo Mossack Fonseca.

- O Tijolaço mostra que o helicóptero utilizado pelos Marinho era operado, até dezembro do ano passado, pelo Consórcio Veine – Santa Amália.

- O Viomundo apresenta documentos de que o registro da Veine, na Anac, foi tranferido para a Vattne Administração, companhia que funciona na mesma sala da Cia Bracif Consórcio Empreendimento Luziania, empresa da Brasif.

- O Tijolaço informa que a a Santa Amália, empresa que fazia consórcio com a Veine na operação do helicóptero dos Marinho, tem sede na fazenda do dono da Brasif, Jonas Barcelos.

- Jonas Barcellos é pecuarista e dono da Brasif, multinacional que atua em setores diversos como venda de máquinas pesadas, biotecnologia animal e varejo de roupas.

- Mirian Dutra dá uma entrevista no jornal digital Brazil com Z na Espanha e fala, entre outras coisas, que se ‘autoexilou’ para não atrapalhar a reeleição de FHC e que teria sido forçada a dizer em entrevista que o filho Tomás não era dele, mas de um biólogo.

- No dia seguinte ela fala com Natuza Nery e Mônica Bergamo, ambas da Folha de S. Paulo e conta que recebia de FHC, por intermédio da Brasif, uma mesada de 3 mil dólares por mês.

- FHC dá respostas contraditórias. Primeiro ele diz, a Natuza Nery, que nunca enviou recursos por empresas para Mirian Dutra. No dia seguinte, com a matéria de Mônica Bergamo, ele afirma que isso foi há 13 anos e que vai esperar a empresa, a mesma Brasif de Jonas Barcelos, em que está registrado o helicóptero da Globo, se manifestar.

- Brasif: anote este nome. Ela é a ligação entre FHC, a Globo, o helicóptero da Globo, o triplex dos Marinho e o mesadão de 3 mil dólares de Mirian Dutra.








A herança de Lula





Pedro Maciel


Assisti novamente essa semana ao documentário Capitalism: A Love Story, do diretor Michel Moore. A falta de regulação do Estado foi o que possibilitou que as operações do sistema financeiro se tornassem muito complexas e foi ela que deu carta branca para as grandes corporações, especialmente os bancos, lucrassem à custa do interesse público e da boa-fé o povo americano. Todos aqueles que defendem o "Estado mínimo" e "marcos regulatórios simples e flexíveis" deveriam assistir, pois estão na realidade defendendo interesses corporativos, os quais colidem com qualquer projeto de desenvolvimento econômico e humano com características de sustentabilidade.

Depois de assistir ao documentário, tive certeza do grande significado das vitórias de Lula, pois apesar da "carta aos brasileiros" e da incapacidade de seus governos romperem com práticas que deveriam ter denunciado no primeiro dia de governo em 2003, foi graças à esquerda que muita coisa boa, algumas excepcionais, aconteceram nesses anos. Hoje quero escrever sobre Lula, sobre a vitória do mito e seu trabalho na presidência.


A vitória do migrante nordestino, torneiro mecânico, líder sindical, militante de esquerda e fundador do PT Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, foi um marco na história recente do mundo, com consequências inéditas, mediatas e imediatas para o Brasil e para todos os países do hemisfério sul, sua eleição, decisão soberana do povo brasileiro inaugurou um novo ciclo político, econômico e social no país.

A partir de 2003 foram colocados no centro do poder forças democráticas e progressistas. E a primeira grande tarefa foi reverter a decadência nacional, obra do neoliberalismo representado no país pelos herdeiros da UDN e da ARENA, não sem antes firmar um pacto com o mercado, a "carta aos brasileiros".

Houve acirrada batalha política, mas a democracia venceu, não sem baixas e mártires, a soberania nacional foi restabelecida, o povo obteve conquistas e um novo projeto de desenvolvimento passou a ser implantado.

O governo teve de superar a grave crise econômica que herdou, venceu também e livrou o país do projeto neocolonizador da ALCA e pôs fim à tutela do FMI, o que não é pouco.

Com Lula foi possível tomar posições que permitiu ao país retomar o desenvolvimento através de investimentos diretos, ainda com limitações é verdade, mas sempre voltado para a manutenção da soberania, ampliação da democracia, distribuição de renda e integração da América do Sul.

Dos oito anos de um governo, que não foi apenas do PT, comprometido com o Brasil podemos destacar a redução da inflação, que caiu de 12,5% a.a. em 2002 para 5,7% a.a. já em 2005; aumento real do salário mínimo; quitação da divida externa; redução dos juros básicos; aumento das exportações; aumento e manutenção do superávit comercial (até 2006, por exemplo, ultrapassou os US$ 102 bilhões, sendo que nos oito anos do governo FHC tivemos um déficit comercial acumulado de US$ 8,7 bilhões); diminuição da concentração de renda; até 2006 o superávit em transações correntes acumulava US$ 29,5 bilhões, contra um déficit de US$ 186 bilhões nos oito anos dos tempos das falácias neoliberais; a produção industrial aumentou cerca de 11%; a taxa de desemprego caiu de 12,2% em novembro de 2003 para pouco mais de 5% em 2010; foi criado o ProUni, que está permitindo que centenas de milhares de jovens carentes possam frequentar uma Faculdade; o crescimento do PIB em 2010 foi de 7,5%, o maior em décadas; a relação dívida/PIB (que mostra se o país está numa situação financeira boa ou ruim) caiu de 57,5% para 35%; a redução da carga tributária incidente sobre às micro e pequenas empresas, as quais tiveram o limite para enquadramento Simples aumentado em 100%; nunca é demais lembrar que o IGP-M fechou 2005 com menor taxa da história (apenas 1,21%).

Nos oito anos de era Lula, o ensino superior foi uma das áreas que ganhou destaque no balanço de ações do governo entre 2003 e 2010. O agora ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gosta de dizer que foi ele - um metalúrgico - quem mais construiu universidades e escolas técnicas no país. Mas qual é o legado que ele deixa para a presidente Dilma Rousseff e para a nação?

Para a professora Elizabeth Balbachevsky, da Universidade de São Paulo (USP), um dos principais avanços do governo Lula foi trazer para o debate a questão da inclusão e da ampliação do acesso ao ensino superior, envolvendo as instituições públicas e privadas. Dados divulgados pelo MEC mostram que as matrículas no ensino superior passaram de 3,94 milhões em 2003 para 5,95 milhões já em 2009 - um aumento de 66%, e isso não pode ser ignorado ou mitigado, especialmente porque "O setor público, em particular, sempre foi muito impermeável a esse debate", aponta a especialista.

Apesar da expansão que as universidades federais viveram durante o governo Lula, as vagas dobraram até o fim de 2010 em comparação a 2003, elas ainda não seriam capazes de absorver toda a demanda (e provavelmente nunca serão), por isso foi criado o Programa Universidade para Todos (ProUni). Ideia do então ministro Fernando Haddad, foi lançado sob fortes críticas, mas hoje se mostra uma política bem-sucedida de inclusão. A partir dele, o setor privado passou a ser um parceiro do governo federal na garantia do direito à educação.

Mas para mim a retomada da capacidade de investimento do Estado é a herança maior que o governo Lula deixou, além da criação de um mercado interno forte que nos salvou da grande crise financeira internacional de 2008. Aliás, depois de 30 anos, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro voltou a figurar entre os maiores do mundo. Numa lista de 16 países, o avanço de 7,5%, observado no ano passado, só foi inferior ao alcançado por chineses e indianos - 10,3% e 8,6%, respectivamente.

Com um PIB de R$ 3,675 trilhões em 2010, corresponde a US$ 2,089 trilhões, o Brasil ultrapassou a Itália no ranking do FMI, que registrou um PIB de US$ 2,037 trilhões, e tornou-se a sétima economia do mundo e na contramão da economia brasileira, países desenvolvidos como os Estados Unidos, registravam avanço de apenas 2,9% naquele 2010 e os países da União Europeia tiveram um desempenho ainda pior. E esse sucesso do governo Lula não pode ser creditado ao acaso ou apenas à sorte como insistem os neoliberais herdeiros da UDN.

Apesar disso tudo um promotorzinho egocêntrico (e que já levou pito de seus chefes) quer investigar se o maior estadista da História do Brasil é dono de um apartamento no litoral Paulista (E não vou nem falar do Juiz Moro e dos Bad Boys do MPF paranaense).

Investigar não é o problema, ninguém está acima da lei, o problema é que a investigação nasceu como espetáculo midiático, nasceu com o promotor procurando a revista Veja, panfleto que se opõe a Lula e que o persegue. E, cá entre nós, não se trata de investigação séria, trata-se de movimento tático que cria conteúdo negativo para uso e abuso da oposição udenista.

Acredito também que o grande desafio, na atualidade, seja conduzir o processo político a um patamar mais promissor, afastando a "Judicialização da Política" do nosso cotidiano, pois o Brasil precisa e tem condições de efetivar fazer debates dessa natureza na arena Política e com efetiva participação da sociedade para, a partir daí, superar a condição de nação subjugada, "periférica" ideia que a elite colonizada e incautos de todo gênero insistem e nos impingir, ideia que Lula jamais aceitou.


Postado no Brasil 247 em 19/02/2016



Nota


Poderia criticar os governos do PT no sentido " micro ", pois prejudicaram-me, enquanto Servidora Pública Federal, não dando todas as reposições salariais anuais e de acordo com a inflação, dando apenas reposições bem abaixo da inflação e uma vez ou outra.

Mas, também, não esqueço que nos governos Collor e FHC, os servidores públicos federais perderam muitos direitos e nossos salários ficaram congelados todo o tempo. Além de serem governos de Direita e governaram para os mais ricos. 

Procuro me abstrair da análise " micro " e fazer uma análise " macro ", no sentido de Brasil e povo brasileiro. 

Então Lula fez o melhor governo da história deste país ! Por tudo que o texto acima detalha.

Dilma fez um primeiro mandato muito bom até 2014. Agora, só não está melhor pelo boicote que sofre dia e noite da mídia corporativa e totalmente tendenciosa, do Congresso com a oposição mais corrupta que já houve, da Justiça Federal, da Polícia Federal e Ministério Público, todos do Paraná e São Paulo, totalmente aparelhados pelo PSDB, que criaram a operação Lava Jato para " fazer de conta " que combate a corrupção, mas que comete arbitrariedades absurdas e paralisa o Brasil e as grandes obras na construção civil, nos estaleiros, na Petrobras, na aeronáutica, na energia nuclear, gerando milhares de desempregados. Além de não combater a corrupção de todos os partidos, inclusive do PSDB, é claro.

Sabemos bem que todos estes boicotes são feitos com a única finalidade de impedir a volta de Lula em 2018. 

O povo, na Argentina, está indo às ruas contra o governo Macri e seu Neoliberalismo. Ele está fazendo um governo de direita, o mesmo que Aécio Neves faria aqui.

O povo está sofrendo com 700% de aumento na luz, apagões de luz escalonados, a cada dia para 400 mil residências, corte de benefícios criados pelo governo de esquerda da ex-presidente Cristina, entre muitas outras perdas. Sem falar na volta do domínio dos interesses dos Estados Unidos sobre decisões do governo.

O povo argentino está nas ruas, mas a nossa mídia não mostra, pois não interessa à Direita brasileira, que nosso povo veja o que é um governo de direita.

E além de boicotar o Governo de Dilma, a mídia inventa, mente, vaza sem provar nada, manipula para que pessoas suscetíveis repassem estas informações que não refletem a verdade dos fatos.

Estas pessoas são chamadas de “ midiotas “, termo criado pelo escritor Juremir Machado da Silva, sem querer ofender, apenas designar as pessoas manipuláveis pela mídia, assim como o termo “ Homer Simpson “ , que também designa estas pessoas, termo este, aliás, muito usado por William Boner, editor do Jornal Nacional, nas reuniões internas para determinar quais as notícias e pautas que irão ao ar, quais as que não irão, ou quais as notícias que devem ser " manipuladas ", conforme depoimentos de jornalistas que já participaram destas reuniões.

Quanto à corrupção, sempre houve, em escala muito maior em outros governos, inclusive todos os corruptos presos foram nomeados por FHC, nenhum por Lula ou por Dilma, a qual, inclusive, demitiu alguns já em 2012. Quanto ao mensalão do PT, todos os grandes juristas brasileiros, profissionais do Direito e pessoas bem informadas sabem que foi uma farsa criada em 2006, por alguns procuradores e juízes do STF e que militam pelo PSDB, para que Lula não se reelegesse. 

As denúncias de corrupção nos governos anteriores aos governos do PT eram engavetadas e a mídia, que apoiava estes governos, escondia tudo. Como, aliás, continua fazendo com políticos da oposição, principalmente, se forem do PSDB.

Nenhum governo criou tantos instrumentos, nem deu tantos recursos para o combate à corrupção como este governo da Presidente Dilma. 

Pena que estes recursos estão sendo usados para as arbitrariedades e estripulias da Operação Lava Jato, que foi criada, única e exclusivamente, para paralisar o Governo Dilma e difamar a imagem de Lula, e não está combatendo a corrupção, pelo contrário, está blindando os mesmos de sempre, para que voltem ao poder em 2018 para voltarem a roubar e governarem, novamente, só para os ricos e para os interesses dos Estados Unidos e do Capital Internacional.



Rosa Maria 


Amizade em poesia




Amigo Aprendiz


Quero ser o teu amigo.

Nem demais e nem de menos.

Nem tão longe e nem tão perto.

Na medida mais precisa que eu puder.

Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.

Sem forçar tua vontade.

Sem falar, quando for hora de calar.

E sem calar, quando for hora de falar.

Nem ausente, nem presente por demais.

Simplesmente, calmamente, ser-te paz.

É bonito ser amigo, mas confesso: é tão difícil aprender !

E por isso eu te suplico paciência.

Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo de acertar nossas distâncias.


Fernando Pessoa



Não faça drama. Faça dar certo




André J. Gomes

Liga não. Essas caras de fúria, esses olhos arrogantes fuzilando quem está perto, essa gente que não responde quando você diz “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, esses carros acelerando no farol vermelho contra as faixas de pedestre, nenhum deles vai mudar se você explodir. Respira, se apruma, segue em frente. Deixa-os lá atrás.

Não, o fato de tomar distância de quem lhe faz mal não torna você pessoa conformista. Faz de você alguém no exercício de sua inteligência e de sua liberdade. Ser livre é poder largar mão de quando em vez. E eu tenho a impressão de que não se pode mudar um canalha, um esnobe ou um criminoso jogando na cara dele o quanto ele está enganado. Quase sempre, só vai ajudá-lo a se tornar pior. Melhor se afastar.

Postar-se de pé no meio da rua para frear um ônibus que vem acelerando, e cujo motorista não vai parar no ponto por pura maldade, não vai fazer de você um herói. Vai transformá-lo em suicida. Reagir a um assalto explicando ao ladrão que o que ele deseja fazer é uma sacanagem só vai piorar as coisas. Os mais velhos davam a isso o nome de “murro em ponta de faca”. Não adianta. Melhor é sair da frente do touro, correr até um lugar seguro e pensar com seus botões: “mas por que raio esse touro está tão bravo?”.

Saia de perto e pronto. Tomar distância de quem o desagrada não é covardia, não. É um gesto de coragem. Também não é a solução para todos os males, é só uma estratégia: ao se afastar de quem lhe faz mal, você se aproxima daqueles a quem ainda pode fazer uma coisa boa. Pequenas e importantes atitudes de bondade alimentadas todos os dias, a qualquer hora. Gestos simples e boas ações a quem quer que seja. Caminhando, você vai saber quem são essas pessoas e o que fazer de bom a elas.

Aos poucos, com o trabalho árduo de cada um, a bondade, a gentileza, a educação, o respeito e as intenções amorosas serão mais fortes, maiores, irrebatíveis, incontornáveis. Então a sanha dos seres com motivações maldosas vai morrer à míngua, aos poucos, até se tornar tão insignificante que na prática deixará de existir.

Olha, fácil não há de ser. A vida não é videogame. Pena, mas a gente não escolhe entre os modos easy, médium, hard. A gente encara o que vem. Trabalha, cuida, se esforça, planeja, pratica, cai, levanta, espera, vai em frente. E por mais que a gente aprenda tem sempre um enrosco desconhecido ali na frente, nos obrigando a aprender de novo depois de um ou um milhão de erros.

Tentemos. Tentemos com teimosia e esforço. Não ajuda fazer drama. É preciso fazer dar certo. É o único jeito. Para fazer dar certo o amor, a amizade, a família e a vida é preciso trabalhar. Tem de acreditar e pôr em prática. Bom dia, boa tarde, boa noite, por favor, obrigado, com licença, pois não, você primeiro. Vamos que há tanto trabalho à espera e um mundo inteiro para fazer dar certo. Mãos à obra!


 André J. Gomes  André J. Gomes é jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.


Postado no Conti Outra



Chorar vale mais que uma boa dose de tranquilizantes





Quando anoitece e a razão escurece, ascende clara a ferida. São dias em que a alma sente dor, uma dor tamanha que é impossível ignorar. Então a gente chora. Chora sim. 

A gente se socorre no choro, enquanto tenta fazer escorrer em lágrimas o que precisa sair, descer ou desfazer. O choro é chuva que varre a dor, é uma atrevida tentativa de fazer a tristeza fugir do olhar. Enquanto escorre, a lágrima faz curva na angústia, faz o instante condoer-se em dilúvio. 

Chorar é fazer as palavras caírem dos nossos olhos. É dizer o que, em certos momentos, se encontra indizível.

A gente chora também porque se despede, porque se lamenta, porque se comove, porque o filme era lindo. 

Choramingamos baixinho, dentro de um quarto em solidão ou por detrás de um abraço de despedida no aeroporto. Soluçamos pela lembrança que dói ou que alimenta. Ao reviver em memória o último beijo, o irrevogável tempo de infância, a conversa que não terminamos, o abraço sobrante no braço, a família que está longe, aquele que se foi. 

Choramos como pedido de ajuda ou como estratégia para sermos olhados — quando o mundo parece ocupado demais para prestar-nos atenção. 

Choramos porque nos sentimos sozinhos, quando todos se divertem em viver, e nós naquele instante, não.

Choramos de medo dos monstros que dormem em nossos quintais a nos assombrar. Choramos de raiva porque tudo deu errado naquele dia. Choramos por solidariedade ao mais fraco, por empatia ao que sofre. Porque nos reconhecemos nos olhos dos pedintes, esmolando além do pão, um trocado de misericórdia. 

Choramos porque amamos intensamente e desejamos ser amados, e nem sempre somos. Alguns choram em segredo, quando a única opção é ser forte. A alma plange, soluça na intimidade recolhida do escuro. É, existe dor que é sigilo. 

No entanto, existe choro que regozija, onde a alegria que não cabe mais por dentro há de sair pelo transbordamento.

De todo modo, choro é alívio pra alma. É a gente colocando a mão por dentro da garganta a desatar o nó. 

Shakespeare diria que chorar é diminuir a profundidade da dor. Acho mesmo que é dar a palavra ao que se encontra sem nome dentro de nós. 

O choro é a vertigem da palavra, ela entontece e fica trancada — escassa — e o sentimento só consegue sair em rio, quando a comporta se abre. E desce, escorregando na face, deixando na cara lavada a nossa humanidade.

Há quem diga que homem não chora. Ora, os homens não têm olhos e tempestades por dentro? E ainda ouvimos: Pare de chorar a-go-ra! Engole o choro! 

Pra mim, pranto engolido transmuta em fome demasiada, em angústia, em ferida, vira gastrite, vira enfermidade pra alma. Choro contido vira gelo, empedra as entranhas, nos enrijece enquanto criatura humana. Seca a gente por dentro, enxuga as nascentes dos rios que nos habitam. O pranto é um resto de mar que cura. 

Os que se retraem a chorar rasgam palavras, se livram de comunicar aquilo que o indizível não deu conta de representar. E por qual calçada vai descer essa torrente, já que não descai pelos olhos? 

Os que não choram se colocam mais perto de adoecer, por isso, chorar pode valer mais do que uma boa dose de tranquilizantes.

Se eu tiver que chorar, choro hoje, choro agora. E à vida digo, eu devo dizer: sim, eu vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar. 

Amanhã, bem cedinho, me costuro. E rio. Eu sei me navegar.



Ruth Borges



Postado no Bula






O falso moralismo dos " sem moral " !









Postado no Conversa Afiada em 15/02/2016