Livro : Um Defeito de Cor



Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens, Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves, é um belo romance histórico, de leitura voraz, que prende a atenção do leitor da primeira à última página. Uma saga brasileira que poderia ser comparada ao clássico norte-americano sobre a escravidão, Raízes.

Publicado em 2006, pautado em intensa pesquisa documental, Um defeito de cor é um retrato original e pungente da exploração e da luta de africanos na diáspora e de seus descendentes, durante oito décadas da formação da sociedade brasileira.





Disponível em papel, pdf gratuito, online e ebook. 


O amor te dá asas e rebeldia na canção de Jimmy Cliff





Adriana Helena

Nos momentos de nostalgia procuramos canções que trazem boas lembranças. Eu duvido que alguém não conheça "Rebel in Me" do talentoso Jimmy Cliff que alegrou o Brasil nas décadas de 80/90. Tenho muita história para contar hoje por aqui!

Mas primeiramente, nada melhor do que começar a semana com um texto da Letícia Thompson que tocou-me profundamente neste momento de fragilidade que estou vivenciando. É importante que saibamos que somos importantes, seja para nós mesmos ou para alguém que precise da gente...
"Valemos mais que todas as belezas da terra juntas. Todas essas maravilhas que nos encantam, nos deixam extasiados e sem palavras, não receberam a forma e semelhança do próprio Deus. Nós sim.

A nada foi dado o presente da eternidade. Todas as coisas passarão, mas nós, mesmo quando essa forma que nos encobre nos abandona, ainda continuamos e somos recebidos pelos braços abertos do Deus-Pai, que nos ama acima de todas as coisas.

Então, por que essa ansiedade que nos impede de bem viver? Por que as horas perdidas no meio da noite pensando em como será amanhã ou depois, se as horas que matamos só nos trazem cansaço e desânimo?

Se valemos mais que toda a criação é que Deus tem também um cuidado todo especial para conosco.

A calma, o repouso da alma, o descanso é algo que se cultiva devagarinho.

À medida que a fé aumenta, a ansiedade vai desaparecendo e quando chegamos ao ponto de dormir tranqüilos mesmo quando a tempestade agita nosso barco, é que temos a plena confiança nAquele que o dirige.

A ansiedade nos conduz ao desespero que, por sua vez, nos faz tomar atitudes precipitadas e com freqüência erradas. A fé e a confiança ao contrário, nos dão segurança e nos trazem a paz, tão necessária à nossa saúde física e espiritual.

Pessoas tranqüilas suportam mais facilmente a dor e as adversidades da vida, elas vivem melhor e são companhias mais agradáveis para os outros. São, na verdade, as flores que encantam as abelhas por causa do seu mel e sua doçura.

E mesmo se não possuímos a princípio esse dom da calma, esse fruto do Espírito que reflete em nós a luz de Cristo, ainda assim podemos aprender. É questão de exercício, disciplina, oração. Um pouquinho mais a cada dia, até que seja alcançada a plenitude.

Deus nunca nos abandona! Ele vela nosso sono e guia nossos caminhos. Nos dá sabedoria e orienta nossas decisões. Quem crê nisso, jamais se desespera.

Não andeis ansiosos! Valemos mais que os lírios e todas as flores do campo! E Deus tem sempre cuidado de nós!"

 

Valemos mais que todos os lírios e as flores do campo

Sobre Jimmy Cliff e sua trajetória musical de sucesso

Jimmy Cliff, é um músico jamaicano de reggae e ska que só tem músicas envolventes.

Seu talento foi percebido desde a infância, quando Jimmy participava de feiras e mostras culturais cantando. Aos 14 anos, mudou-se para Kingston para dedicar-se à carreira artística.

Na capital, conheceu Leslie Kong, que cuidou de sua carreira.Nesse período, gravou dois singles que não fizeram sucesso. Seu primeiro sucesso ocorreu com o single Hurricane Hattie.

Seus sucessos locais seguintes incluíram "King of Kings", "Dearest Beverley", "Miss Jamaica", e "Pride and Passion".

Em 1964, Cliff foi escolhido como um dos representantes da Jamaica na Feira Mundial de Nova Iorque de 1964-65.

Em 1964, mudou-se para a Inglaterra após assinar contrato com a Island Records, que tentou vender o reggae para o público do rock sem sucesso.

Seu primeiro disco internacional, Hard Road to Travel, lançado em 1967, fez sua carreira dar um salto. A canção Waterfall se tornou hit no Brasil, onde ganhou o Festival Internacional da Canção em 1969. Nesse mesmo ano, a canção Wonderful World, Beautiful People chega ao Top 30 nos Estados Unidos, tornando-se um dos primeiros reggaes conhecidos fora da Jamaica.

Em 1970, Jimmy lançou o sucesso "Vietnam", que Bob Dylan considera ser a melhor canção de protesto que ele já ouvira na vida.

Cartaz do filme estrelado por Jimmy Cliff em 1972

Em 1972, estrelou o filme The Harder They Come, dirigido por Perry Henzell, que conta a história de um cantor de reggae que, em busca do sucesso, se associa a produtores musicais corruptos e traficantes de drogas. A trilha sonora do filme alcançou sucesso mundial, conferindo, ao reggae, uma projeção inédita.

Em 1975, Cliff cantou no episódio doze da primeira temporada do programa Saturday Night Live. Depois de uma série de álbuns, Cliff tirou férias e viajou à África. Em seguida, se converteu ao islamismo, mudando seu nome para El Hadj Naïm Bachir.

Participação no Brasil nos anos 80/90 e melhores momentos da carreira

Em 1980, excursionando com Gilberto Gil, lotou todos os auditórios onde pisou. Quatro anos depois, ele repetiu a façanha sozinho, em um ginásio em São Paulo e no programa de televisão Cassino do Chacrinha.

Em 1985, o álbum Cliff Hanger ganhou o Grammy Award para o melhor álbum de Reggae. Também em 1985, Cliff contribuiu para a canção Sun City, uma canção de protesto escrita e composta por Steven Van Zandt e gravada pelos Artists United Against Apartheid, um grupo de artistas que trabalharam em conjunto para transmitir suas ideias de oposição à política sul africana de apartheid.

Em 1990 participou do Rock in Rio. Ainda em 1990, Cliff participou do primeiro CD do Cidade Negra, na canção Mensagem, feita por Ras Bernardo.

Em 1991, gravou, na Bahia em Salvador o CD Breakout, lançado em 1992.. O disco contou com as participações de Olodum na canção Samba Reggae e Araketu nas canções Breakout e War a Africa.

Em 1995, lançou o single Hakuna Matata, que fez parte da trilha sonora do filme O Rei Leão.

Diferente dos outros artistas de reggae jamaicanos, Jimmy não é da religião rastafári, o que lhe causou preconceito em seu país. Sua religião é a muçulmana, após a sua conversão ao islamismo, mudou de nome para El Hadj Bachir Naim.

Rebel In Me de Jimmy Cliff é uma das canções mais lindas do reggae

"Rebel In Me" e sua harmonia rebelde

A música 'Rebel In Me' de Jimmy Cliff é uma expressão lírica que celebra a conexão e a liberdade que podem surgir quando as pessoas se reconhecem mutuamente em suas essências rebeldes e amorosas.

A letra sugere que dentro de cada um de nós existe um rebelde e um amante, e que o encontro dessas duas forças pode levar a uma harmonia poderosa e libertadora.

Jimmy Cliff, conhecido por suas contribuições ao reggae e por letras que frequentemente abordam temas de resistência e amor, utiliza a repetição para enfatizar a importância da reciprocidade e do compartilhamento dessas qualidades intrínsecas.

O encontro das forças rebelde e amante leva a uma harmonia poderosa

A rebelião mencionada na canção pode ser interpretada como uma metáfora para a luta contra as injustiças ou o status quo, enquanto o amor representa a compaixão e a conexão humana que podem transcender as barreiras sociais e pessoais.

A música também destaca a profundidade e a necessidade de devoção no amor, sugerindo que o amor verdadeiro é um oceano profundo que requer dedicação e cuidado. A ideia de que o amor e a rebeldia podem coexistir e se reforçar mutuamente é um chamado para que as pessoas reconheçam e abracem essas facetas de si mesmas, criando assim um mundo mais harmonioso e amoroso. Tomara que aprecie a edição da semana!



Referências e Pesquisa





Outras lindas canções de Jimmy Cliff








Saber esperar não é fraqueza, mas coragem

 


Saber esperar… Esperar o tempo necessário para as sementes germinarem, para que os sentimentos apareçam e os fatos forneçam sinais. Tudo tem o seu tempo, os seus próprios ritmos, mesmo que nos recusemos a aceitar.
Se fizermos uma pausa e olharmos ao nosso redor, perceberemos que tudo está em movimento de uma forma ou de outra. É o fluxo da vida, o impulso criativo da mudança, aquilo que se alimenta de tudo o que acontece para cultivar resultados.

A espera é a hora do tédio, da preguiça, da impaciência; mas é também a sala de espera que nos abriga, a arte da paciência e o caminho do aprendizado. Muitas vezes voluntário e às vezes quase impensável.

Podemos até dizer que a espera é o tempo de duração daquele desejo que esperamos que germine, dê frutos, mas com a força da calma em vez da aceleração.
“Um homem que é um mestre da paciência é o mestre de todo o resto”.  – George Savile –
O caos de "viver acelerado"

Byung-Chul Hal, filosófico especialista em estudos culturais e professor na Universidade das Artes em Berlim, diz em seu livro ‘A Sociedade da Fadiga’ que a sociedade do século 21 não é mais uma sociedade de disciplina, mas sim de rendimento, na qual se destaca o poder fazer sem limites.

Atualmente, todos nós queremos fazer mais em menos tempo. Vivemos acelerados e pressionados em um mundo de excesso de estímulos, mais preocupados com os resultados do que com o caminho.

O problema é que ignorar os passos que damos e a forma como caminhamos nos leva ao esgotamento físico, mental e ocupacional.

Além disso, a nossa percepção está fragmentada por tanto estímulo. Agora somos multitarefa, fazemos tudo e nada ao mesmo tempo.

De acordo com Byung-Chul Hal, a multitarefa não é progresso, mas sim uma regressão, porque impede a contemplação e a atenção profunda. Vivemos acima, na ponta dos pés, sem nos submergirmos nas experiências e com um ritmo de vida desenfreado.


Não gostamos mais de esperar, é difícil ter paciência porque queremos tudo instantaneamente, de forma imediata e impulsiva, sem estarmos atentos às consequências…

Estresse, ansiedade, depressão, tédio ou até mesmo viver incomodado no tempo de descanso. Estamos desconfortáveis por não termos nada para fazer, porque nos enfrentamos e não estamos preparados para isso.

O tédio é um inimigo e imediatamente procuramos uma tarefa, algo que ocupe o nosso tempo. E em meio a esse tumulto, esquecemos que a agitação pura não gera nada de novo e, por sua vez, perdemos o ‘dom de ouvir’, como afirma o filósofo Walter Benjamin.

Em suma, nos perdemos em uma espiral de hiperatividade, estresse e inquietação.

O prazer da espera

O que aconteceria se parássemos? Descobriríamos algo se desacelerássemos a nossa marcha? Como nos sentiríamos? Parar e interromper a nossa agitação, a princípio, nos assusta. Nós não podemos negar isso. Pode até doer, já que estamos acostumados ao imediatismo.

A paciência é uma arte que deve ser aprendida com base no treinamento e na tolerância em relação à ignorância e à incerteza. Entramos em pânico, achamos insuportável não saber o que acontecerá e pensamos que as coisas vão escapar do nosso controle.

Mas é claro que, em certos momentos, é impossível evitar isso. Não nos esqueçamos de que a paciência tem a ver com o ser, e o seu oposto, a impaciência, com o ter.

Pense por um momento em como você se sente quando está em uma situação que não está sob a sua responsabilidade, mas que o incomoda. Reflita sobre os momentos em que você discutiu com alguém que ama. É desconfortável, não? Como você se sente quando alguém te faz esperar no trabalho, na vida amorosa ou familiar?

Esperar é um desafio… E mais ainda se tivermos em mente que ser paciente é visto como uma fraqueza, já que na maioria das vezes é confundido com resignação ou ser apático.

No entanto, a paciência com consciência não tem nada a ver com isso, é mais coragem e valentia, esperança e visão de longo prazo. É rebelar-se contra a dificuldade, mas de uma forma com a qual não estamos acostumados.


Saber esperar

Saber esperar é se proteger da eventualidade do imediato e ser capaz de passar por situações adversas sem desmoronar. Quem tem a paciência como amiga conhece bem as armadilhas da impulsividade e as suas consequências. Dessa forma, domará as suas paixões, a sua tendência para a busca incessante de prazer e a necessidade imediata.

A espera nos ensina que ter tudo sob controle é impossível e perigoso. Refletir para entender e priorizar são atitudes importantes, assim como dedicar um tempo a nós mesmos, indagar o que queremos e para onde vamos, observar o caminho em perspectiva.

Isso só é possível através da prática da paciência, essa capacidade de avaliar com cuidado, estar calmo e não ser obscurecido pelo barulho da necessidade e do prazeroso.

Ser paciente não é se deixar levar pelas circunstâncias, mas saber agir no momento certo, escolher e renunciar com calma, e aprender através do ritmo da vida.

“A velocidade é a forma de êxtase que a revolução técnica deu ao homem […] Por que o prazer da morosidade desapareceu?”– Kundera –

Bibliografia

Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.

Byung-Chul Han. (2012) La sociedad del cansancio. Barcelona: Herder.

Kundera, Milan (2001). La lentitud. Barcelona: Tustquets.

Schweizer, Harold (2010). La espera. Melodías de la duración. Madrid: Sequitur.

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.






Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra

 


@gabrielchalita_

No dia da consciência negra vamos refletir com Martin Luther King e bell hooks sobre “o viver como irmãos” e sobre o amor como “compromisso ético”.

♬ Frequência de Motivação - Felippe Zanotto

 


@satisfaction_ai Cute dancer💃🎶😍 #tik_tok #videoviral #bébéstiktok #BébéDanseur #FYP #foryou #kidsoftiktok ♬ I'm Alive - Céline Dion

Looks Natal 2024 e Réveillon 2025 : feminino e masculino

 





Psicologia das cores : significado e curiosidades de cada cor



Que efeitos as cores têm em nossos comportamentos e emoções? Que significado elas têm? Se você quiser saber mais sobre o mundo das cores, continue lendo!

A psicologia das cores é um recurso poderoso para diferentes indústrias, pois influencia a percepção e as emoções das pessoas. Ao longo da história, as cores foram analisadas e interpretadas de diversas maneiras.

Neste artigo, vamos nos aprofundar na psicologia das cores e aprender como cada tonalidade tem o potencial de evocar diferentes sensações. Além disso, entenderemos como o marketing as utiliza para gerar impacto nos consumidores.

Emoções e cores

Falar sobre a psicologia das cores é falar sobre emoções. É um tipo de linguagem capaz de evocar sensações de prazer, bem-estar, inquietação ou vitalidade. É um universo que vai além do mundo do marketing e que muitas vezes tem as suas raízes nas experiências pessoais, na nossa infância e num simbolismo psicológico que a ciência sempre tentou desvendar.

Claude Monet dizia que o mundo das cores era a sua obsessão diária, a sua alegria e também o seu tormento. Se não é fácil para um artista conseguir captar a sutileza de cada tom e de cada combinação, é ainda mais difícil conseguir definir como cada tonalidade impacta o ser humano e seu comportamento.
“O que é o ser antes da cor do mundo? A cor do mundo é maior que o sentimento do homem.” ― Juan Ramón Jiménez ―
Tanto é verdade que há quem a veja quase como uma pseudociência e, de certa forma, há nela uma pequena parte de verdade. Se há uma coisa que está clara é que a cor tem muito a ver com as nossas preferências pessoais, as nossas experiências, a educação e até as nossas diferenças culturais. Porém, e aí vem talvez o mais interessante de tudo, é que temos um grande número de estudos que explicam como as pessoas reagem a determinadas cores ou quais são, em média, as mais apreciadas.

Assim, um dos livros mais interessantes sobre o assunto é A Psicologia das Cores: Como as Cores Afetam a Emoção e a Razão, da psicóloga, socióloga e professora de teoria da comunicação Eva Heller. Esse interessante trabalho é o resultado de anos de pesquisas, levantamentos e observações onde se concluiu com dados verdadeiramente interessantes, que, por sua vez, coincidem com muitos que foram realizados antes e depois.

A título de curiosidade, podemos adiantar um único fato: a cor mais apreciada em média é o azul.

Qual é o propósito da psicologia das cores?

A cor estimula nosso cérebro de maneiras muito diferentes. Tanto é verdade que, no passado, egípcios e chineses utilizavam o efeito da cor para curar e promover estados de consciência.

A arte antiga também cuidou muito bem da escolha das cores. Assim, o vermelho era para os egípcios o reflexo da vida, da terra, da vitória e também da raiva ou fúria de deuses hostis como Seth ou Apófis.

A cor, em essência, é muito mais que um fenômeno óptico. Todos eles têm um significado próprio, todos criam um certo impacto no nosso cérebro. Por isso, a psicologia das cores é hoje uma ferramenta básica e essencial para o neuromarketing atual.

Compreender como o consumidor reage a determinados estímulos de cores pode aumentar a taxa de compra. Embora seu efeito nem sempre seja 100% infalível, são observados padrões de reação semelhantes que sugerem que, de fato, a psicologia das cores tem sua utilidade.

Da mesma forma, não podemos esquecer o efeito que a cor tem no mundo da arte e do cinema. David Lynch, por exemplo, é um dos diretores mais obcecados em escapar do mundo da lógica para mergulhar no sutil caleidoscópio das emoções, por isso, em suas produções, ele sempre utiliza aqueles contrastes entre preto e branco porque, segundo ele, simbolizam a fuga do mundo real em direção ao onírico.
“A cor é um meio de influenciar diretamente a alma: a cor é o tecido, o olho é o martelo e a alma é o piano com as suas cordas”  ― Wassily Kandiski ―
Van Gogh também escolheu deliberadamente certos tons para expressar seus estados emocionais, sempre permitindo que os tons mais brilhantes, como o amarelo e o azul, moldassem seus campos e noites estreladas.

Os efeitos psicológicos da cor

Quais efeitos as cores podem ter em nosso corpo e mente? Embora as percepções das cores sejam um tanto subjetivas, existem alguns efeitos de cores que têm um significado universal.

As cores na área vermelha do espectro de cores são conhecidas como cores quentes e incluem vermelho, laranja e amarelo. Essas cores quentes evocam emoções que vão desde sentimentos de calor e conforto até sentimentos de raiva e hostilidade.

As cores no lado azul do espectro são conhecidas como cores frias e incluem azul, roxo e verde. Essas cores são frequentemente descritas como calmas, mas também podem trazer à mente sentimentos de tristeza ou indiferença.

Significado e curiosidades de cada cor

Para mergulhar neste universo psicológico de cada cor, seguiremos os estudos realizados pela Dra. Eva Heller em seu livro.

O azul

É uma cor encontrada com muita frequência na natureza. É por esta razão que as pessoas a descrevem como calma e serena. No entanto, por ser uma cor fria, o azul às vezes pode parecer gelado ou distante.É o mais utilizado nas empresas por ser produtiva e não invasiva.

É uma cor que sugere sensação de segurança e confiança numa marca.

Suprime o apetite, por isso é evitado na promoção de alimentos.

É a cor da harmonia, da fidelidade e da simpatia.

É a cor mais fria, mas ainda está ligada ao conceito de espiritualidade e fantasia.

Existem 111 tons de azul.

É uma cor primária e, para os pintores, o tom de azul mais apreciado era o “azul ultramarino”. Era o mais caro, mas o que deu às pinturas uma vivacidade excepcional.

O vermelho

É a cor mais quente e contraditória de todas. Esse tom ígneo tem mais associações emocionais opostas do que qualquer outra cor: o vermelho está relacionado à paixão e ao amor, bem como ao poder e à raiva.O vermelho também é um dos mais utilizados no marketing: se destaca em relação ao restante da gama de cores, é mais chamativo, servindo para chamar a atenção.

Aumenta a frequência cardíaca e cria uma necessidade de urgência, perigo ou imediatismo.

É usado para estimular o apetite e incentivar compras por impulso.

Representa o amor, mas também o ódio.

É a cor dos reis, da alegria e do perigo.

Representa sangue e vida.

É uma cor dinâmica e sedutora capaz de despertar o nosso lado mais agressivo.

O amarelo

Esta cor pode ser brilhante e intensa, por isso pode evocar sentimentos tão fortes. O amarelo pode chamar a atenção rapidamente, porém pode ser abrasivo quando usado em excesso. Pode parecer quente e brilhante, mas também pode causar cansaço visual.No marketing representa otimismo e juventude.

Demonstra clareza e é frequentemente usado para chamar a atenção para determinados produtos em vitrines.

Não se pode abusar dessa cor nas lojas, pois cansa rapidamente os olhos. Assim, costuma ser mais utilizado nas prateleiras periféricas do que nas prateleiras centrais de uma loja.

Alguns estudos mostram que tons de amarelo intenso provocam choro nos bebês.

Para os especialistas em psicologia das cores, o amarelo é uma cor contraditória: representa o bem e o mal, o otimismo e o ciúme, a compreensão e a traição.

Ilumina e promove a criatividade.

É uma cor masculina e na China representava instituições imperiais.

O verde

A cor verde tem fortes associações com a natureza e traz à mente exuberantes gramíneas, árvores e florestas. O verde é descrito como refrescante e calmo. Outras associações comuns são dinheiro, sorte, saúde e inveja.

Passar tempo em ambientes verdes naturais ou mesmo observar imagens de paisagens verdes na natureza tem sido associado ao alívio do estresse e a um melhor foco. Um estudo também encontrou um “efeito de exercício verde” em participantes que se exercitavam em ambientes fechados enquanto assistiam a um vídeo do espaço ao ar livre com uma sobreposição verde. Verde é a cor do crescimento, da renovação e do renascimento.

Está associado à saúde, natureza, frescor e paz.

Promove a resolução de problemas, bem como liberdade, cura e tranquilidade.

O verde opaco representa o dinheiro, a economia e a burguesia.

Existem mais de 100 tons de verde, sendo os do meio os que melhoram o humor.

Também representa o amor incipiente.

É uma cor que serve para relaxar. Aliás, é útil para pessoas que estão passando por depressão.

O preto

Para alguns, essa cor evoca associações positivas com atratividade e elegância. Porém, muitos usam a cor preta para simbolizar tudo o que é negativo. Ao longo da história, essa cor sombria tem sido associada à morte e a todas as coisas ruins. Evoca fortes sentimentos de raiva, agressão, medo e tristeza.A cor preta está associada à elegância, ao sigilo, ao mistério e também ao poder.

Gera emoções fortes, sendo uma cor autoritária.

No mundo da moda, considera-se que estiliza e confere sofisticação.

Existem 50 tons de preto.

Também simboliza o fim de algo, morte, perda.

No passado representava os padres; atualmente, os conservadores.

No mundo da física, o preto é aquele que tem a propriedade de absorver 100% da luz incidente e, portanto, não reflete nenhuma extensão do espectro, daí a cor também ser vista ao longo da história como algo associado ao perigo, ao mal ou a vida após a morte.

O branco

Alguns dos significados positivos que o branco pode transmitir incluem limpeza, frescor e simplicidade. Essa cor parece uma lousa em branco, simbolizando um novo começo. Do lado negativo, o branco pode parecer austero, frio e isolado.A cor branca simboliza inocência e pureza.

Representa o começo, a vontade de começar algo novo.

Traz amplitude e honestidade a um espaço, bem como uma sensação de paz, cura e tranquilidade.

Está associado à perfeição.

Existem 67 tons de branco.

O colarinho branco nas roupas simboliza status.

A violeta

A cor roxa está associada a uma variedade de significados, incluindo sabedoria, criatividade, realeza, poder, ambição e luxo. Também pode representar magia, extravagância, paz, orgulho, independência e riqueza. Roxo também representa sabedoria e espiritualidade. A sua natureza misteriosa faz com que pareça ligado ao desconhecido, ao sobrenatural e ao divino.No marketing é frequentemente utilizado em produtos de beleza ou antienvelhecimento.

Proporciona calma.

Muitas marcas o utilizam para representar criatividade, imaginação e sabedoria.

Está associado ao feminino, à magia e à espiritualidade.

Existem 41 tons de roxo.

Usado intensamente, gera ambivalência: não é recomendado pintar ambientes, salas ou lojas com essa cor.

Roxo também simboliza o poder, mas também o ambíguo.

A laranja

Essa cor é frequentemente descrita como energética. Pode trazer à mente sentimentos de entusiasmo e excitação. Um estudo publicado na Frontiers descobriu que o laranja era considerado uma cor estimulante que poderia aumentar os níveis de energia e dificultar o envolvimento em tarefas difíceis como estudar. No marketing está associado ao entusiasmo pelas compras, reflete emoção e cordialidade.

Porém, se for utilizado um tom laranja profundo, pode estar associado à agressão. Portanto, devemos garantir que o tom seja suave, amigável e confortável.

É um dos preferidos no mundo da publicidade porque incentiva a compra.

Está associado à transformação e ao Budismo.

O rosa

Acredita-se que a cor rosa, por exemplo, seja uma cor calmante associada ao amor, bondade e feminilidade. Embora o efeito calmante do rosa tenha sido demonstrado, os pesquisadores de psicologia das cores da Plos One descobriram que esse efeito só ocorre durante a exposição inicial à cor. Simboliza charme e cortesia.

No marketing está associado ao mundo infantil ou ao romantismo.

É o tom da ternura erótica.

Simboliza o terno, o infantil ou o pequeno.

Era a cor favorita de Madame de Pompadour.

O marrom

Algumas das principais características associadas à psicologia da cor marrom incluem:Gera uma sensação de força e confiabilidade.

Está associado a emoções mais negativas, como solidão, tristeza e isolamento.

Sensações de calor, conforto e segurança.

Como outras cores escuras, em grandes quantidades pode parecer vasta, austera e vazia. Muitas vezes é descrito como natural, prático e convencional, mas o marrom também pode ser sofisticado.

O cinza

É considerada uma cor neutra e está associada ao equilíbrio, à ordem, ao respeito e à elegância. No entanto, também está associado à mediocridade ou à decrepitude. O cinza claro gera sentimentos de paz, tenacidade e tranquilidade.

Aplicação de cores em marketing

Em um artigo sobre o impacto da cor no marketing, Satyendra Singh analisa como a cor é utilizada dependendo do efeito que se deseja gerar em determinados locais. Vejamos algumas dessas áreas onde cor e marketing convergem quase perfeitamente.

Cor em restaurantes

O tom vermelho aumenta a fome, por isso é escolhido pelas redes de fast-food . Esses comércios também incorporam o amarelo para chamar a atenção dos consumidores, intensificar o desejo de comer e motivá-los a consumir mais. Essa tática é essencial para aumentar sua renda.

Em contrapartida, os restaurantes sofisticados optam pelo azul para proporcionar um ambiente sereno e descontraído aos seus visitantes. Ao promover um ambiente calmo, espera-se que os clientes prolonguem a sua estadia. Ficar mais tempo no restaurante pode traduzir-se em mais pedidos, aumentando assim a receita.

Cor nos cassinos

As cores têm impacto em como sentimos a passagem do tempo. Sob iluminação vermelha, sentimos que ele se move lentamente e percebemos os objetos como maiores e mais pesados. Por outro lado, com a iluminação azul, o tempo parece voar e os objetos parecem mais leves e menores.

Os cassinos aproveitam esse efeito, utilizando luzes vermelhas para manter seus visitantes animados e dar-lhes a sensação de que não estão passando muitas horas no local.

A cor da embalagem ou marcas

A grande variedade de cores está ligada a diferentes marcas, desde o verde característico da Heineken ao vermelho da Coca-Cola. Essa atenção detalhada às cores reflete a compreensão das empresas sobre o poder emocional das cores.

Cor no mercado

As cores, assim como a moda, vivenciam ciclos de popularidade no mercado. Em determinados momentos, alguns se tornam favoritos do público, mas com o tempo, essas preferências variam. Os especialistas antecipam as paletas que serão tendência, considerando as particularidades dos diversos grupos populacionais.

A partir dessas previsões, sejam elas de curto ou longo prazo, os especialistas em marketing adaptam as embalagens de seus produtos às cores em voga, otimizando assim as chances de seus itens serem selecionados por estarem alinhados aos tons do momento.

Controvérsias em torno das cores

Continuando com o trabalho de investigação realizado por Satyendra Singh, no artigo acima citado, esse autor também identificou algumas controvérsias relativamente ao uso da cor. Vejamos alguns deles.

Cor e saúde

Desde os tempos antigos, os tons têm uma ligação com o bem-estar. No antigo Egito, os médicos imergiam os doentes em banhos de luz colorida buscando alívio do seu sofrimento. Hoje, essa prática renasceu no campo das terapias alternativas, destacando as propriedades curativas das diferentes cores.

Acredita-se que o vermelho revitaliza o fígado, o escarlate pode aumentar a pressão arterial, enquanto o roxo a reduz. O laranja fortalece os pulmões e promove o processamento do cálcio, o verde estimula o sistema nervoso e o amarelo revigora o sistema digestivo.

Cor e cultura

As cores têm conexões profundas com a tradição e a fé. Na Índia, o laranja é considerado extremamente sagrado dentro do hinduísmo, enquanto, curiosamente, os Ndembu da Zâmbia não identificam o laranja como cor.

Para a comunidade muçulmana, o verde é reverenciado como uma cor divina. Os celtas também valorizavam o verde, incorporando-o nos rituais de casamento, até que a tradição cristã adotou o branco como símbolo do casamento.

Cor e gênero

A percepção das cores varia entre homens e mulheres. Acredita-se que os homens se sintam mais confortáveis ​​com tons como cinza, branco e preto. Por outro lado, pensa-se que as mulheres respondem melhor às misturas de vermelho e azul.

Além disso, destaca Satyendra Singh, a combinação de vermelho e azul é atraente para os adultos. Esses dados, que derivam de pesquisas citadas pelo referido autor, indicam que existem diferenças de gênero na forma como as cores são percebidas.

Quais cores você mais gosta?

Eva Heller, em seu livro A Psicologia das Cores: Como as Cores Afetam a Emoção e a Razão, oferece uma lista das cores que as pessoas mais gostam:

azul: 45%
verde: 15%
vermelho: 12%
preto: 10%
amarelo: 6%
roxo: 3%
laranja: 3%
branco: 2%
rosa: 2%
marrom: 1%
dourado: 1%

Considerações finais

É muito possível que muitas pessoas não se identifiquem com essas descrições. Como observamos no início, o impacto de cada tom às vezes reage à parte de nossas experiências. No entanto, a nível comercial e artístico esses fundamentos tendem sempre a ser úteis e eficazes.

Da mesma forma, também sabemos que faltam outras cores nesta lista, como marrom, dourado, prata ou cinza. Limitamo-nos a descrever aqueles que tendem a ter maior impacto sobre nós, aqueles que o mundo da arte e do neuromarketing utilizam com mais frequência e que, quase sem nos darmos conta, decoram as nossas vidas, influenciando-nos secretamente.

Bibliografia

Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.

Akers, A., Barton, J., Cossey, R., Gainsford, P., Griffin, M., & Micklewright, D. (2012). Visual color perception in green exercise: Positive effects on mood and perceived exertion. Environmental science & technology, 46(16), 8661-8666. https://pubs.acs.org/doi/10.1021/es301685g

Bakhshi, S., & Gilbert, E. (2015). Red, purple and pink: The colors of diffusion on Pinterest. PloS one, 10(2), 1-20. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0117148

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  Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.