Pequena lição de história para os golpistas : o caso Perón. Com vídeo histórico
Fernando Brito
Não comparo, por óbvio, Lula ao ex-presidente argentino Juan Domingo Perón.
Ambos são totalmente diferentes: Lula é um ex-operário; Perón, um ex-militar. Aliás, o nome Perón sempre produziu mais alergia entre os petistas até do que o de Getúlio Vargas.
Não é o caso aqui de comparar figuras política e pessoalmente distintas.
O que interessa é mostrar aos aprendizes de feiticeiro do golpe o que pode fazer um povo ofendido pelas agressões àquele que identifica como seu defensor e responsável por seu progresso social.
Perón era Secretário de Trabalho do governo argentino – o equivalente a Ministro – e havia começado a promover um processo de ampliação dos direitos dos trabalhadores quando um golpe político-militar dentro do governo o depôs e o prendeu, no dia 12 de outubro de 1945, levando-o à Ilha de Martins García.
Dia após dia, a agitação popular avolumou-se.
Cinco dias depois de sua prisão, seus captores foram oferecer-lhe a liberdade, se ele ajudasse a dissolver a imensa manifestação de 300 mil pessoas (isso há 70 anos) que se concentrava diante da sede do Governo. Uma condição foi-lhe imposta e cumprida, a de que ele não fizesse menção à sua prisão e pedisse que as pessoas se dispersassem em paz.
A esta altura, ele era descrito como “um cadáver político”.
No ano seguinte, “o cadáver” foi eleito – e depois, reeleito – Presidente da Argentina e, a partir daí, todos conhecem a história.
Os que mexem com os sentimentos da população deveriam compreender que ele é mais profundo que a agitação superficial que a mídia lhes provoca.
Profundos e cheios de obscuridades, que nem a nós que os partilhamos são sempre claros e previsíveis.
Muito menos a quem ao povo conhece-o apenas como serviçal ou mucama.
Ninguém quer o Brasil vivendo agitações irracionais.
Mas existe um vulcão sob a terra e nunca se pode dizer que ele não irromperá à superfície.
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Estrella, o geólogo que descobriu o futuro do Brasil ! E é este futuro que a Direita quer interromper com o Golpe em andamento !
Guilherme Estrella
"Vocês acham que vamos compartilhar essa riqueza incomensurável com estrangeiros?"
Paulo Henrique Amorim
O ansioso blogueiro foi lançar “O Quarto Poder” em emocionante solenidade em Nova Friburgo, RJ, organizada pelo jovem Rodrigo Garcia.
O “emocionante” ficou por conta do depoimento informal que o ansioso blogueiro colheu do grande brasileiro Guilherme Estrella, o geólogo que, na Petrobras, chefiou a equipe que descobriu o pré-sal!
Garcia se prepara para escrever um livro indispensável com depoimentos e documentos que registrem a patriótica carreira de Estrella.
Aposentado, ele mora em Friburgo.
No evento propriamente dito, em breve pronunciamento, Estrella denunciou aqueles que praticam o que chamou de “terrorismo de Estado” - os transgressores que usam os direitos constitucionais e, dentro do aparelho de Estado, engendram a crise e o Golpe!
E sugeriu que os jovens da plateia usassem a internet, maciçamente, para enfrentar esses “selvagens”.
Porque a “grande mídia”, aqui chamada de PiG [ Partido da Imprensa Golpista ], o PiG defende os totalitários!, disse ele!
Nos camarins, antes do evento, o ansioso blogueiro recolheu esse vídeo - “Estrella, por que o pré-sal é nosso?”.
Depois, num jantar, cercado de jovens – e outros nem tanto, como o ansioso blogueiro – Estrella abriu o baú da memória prodigiosa.
E contou o episódio de Majnoon, um dos maiores poços de petróleo do mundo, que os geólogos da Petrobras descobriram no Iraque.
A narrativa ilustra o caráter mau-caráter, traidor, do Cerra, que luta furiosamente para cumprir o que prometeu à Chevron: entregar o pré-sal, como demonstra o WikiLeaks.
Contou o Estrella.
Em 1963, militares da corrente baathista assumiram o poder no Iraque, que era uma construção artificial dos ingleses, quando desmoronou o Império Otomano – assistir a Lawrence de Arábia.
A certa altura, os jovens militares nacionalizaram o petróleo e criaram a INOC, Irak National Oil Company.
As petrolíferas a quem, hoje, o Cerra quer entregar o pré-sal recorreram, então, à Corte Internacional de Haia e, inacreditavelmente, venceram.
E se montou um embargo, de âmbito mundial, ao petróleo iraquiano.
O Iraque não podia mais vender petróleo, como aconteceu, recentemente, com o Irã, até fazer o acordo com os Estados Unidos.
Como se sabe, naquela altura, o Brasil importava 2/3 do petróleo que consumia e o Iraque era um de seus maiores fornecedores.
O Governo Geisel não teve duvida.
Desrespeitou o embargo e continuou a comprar petróleo do Iraque.
O tempo passou e o Governo do Iraque, agradecido, comprou Volkswagens brasileiros, pediu à empreiteira Mendes Junior – hoje destruída pelo Moro – para construir uma ferrovia lá, e chamou geólogos da Petrobras para tentar achar petróleo numa área promissora, mas inexplorada.
E a Braspetro, – hoje quase destruída pelo Moro - , sob a liderança de Bolivar Montenegro Guerra, descobriu um “super-gigante” poço.
O jovem Estrella estava lá, na equipe da Braspetro.
Segundo o contrato original, a Braspetro teria uma fatia gorda no que achasse, porque ela, sozinha, assumiu os riscos materiais e empregou a sua tecnologia para fazer a incrível descoberta!
Uma certa manhã, a equipe da Petrobras – que o Moro não descansa enquanto não destruir – foi convocada, em Bagdá, à direção da INOC.
Os dirigentes iraquianos disseram, em bom português:
- Parabéns, vocês são formidáveis, mas esse petróleo é nosso! Não faz nenhum sentido o Iraque compartilhar essa riqueza incomensurável com estrangeiros. O nosso futuro está aqui, em Majnoon. Então, nós agradecemos muito, vamos ressarcir sua empresa de todos os gastos feitos aqui, mas, passem bem!
E a Braspetro voltou para o Brasil de mãos abanando.
Abanando, não!
Com mais conhecimento, com um acervo tecnológico mais amplo, o que faz dela uma das melhores companhias petrolíferas do mundo.
Que o Cerra quer vender a preço de Vale – ou seja, a preço de banana!
(O Estrella é uma pessoa sensata e jamais pensaria nisso. Mas, o ansioso blogueiro imaginou que, se o Cerra fosse senador iraquiano e sugerisse entregar Majnoon à Shell, poderia ser vítima de um método de persuasão muito empregado pelos militares baathistas: o fuzilamento!)
O Conversa Afiada oferece essa narrativa e o vídeo do Estrella a todos aqueles que não puderam ir a Nova Friburgo.
Mas, que, nas ruas, na Câmara e no Senado, impedirão o Cerra de entregar Majnoon à Shell!
Em tempo: o Conversa Afiada publica nota da Petrobras:
Novo poço em Libra confirma presença de óleo de boa qualidade
A Petrobras informa que o Consórcio de Libra concluiu a perfuração e a avaliação do poço 3-BRSA-1322-RJS (3-RJS-741), localizado na área noroeste do bloco, no pré-sal da Bacia de Santos, confirmando a descoberta de óleo de elevada qualidade (28º API) em reservatórios de excelente produtividade.
O poço encontrou a maior coluna de óleo descoberta pelo Consórcio em Libra até o momento, medindo 301 metros de espessura. Os dados coletados confirmaram que as características dos reservatórios e a qualidade do óleo são semelhantes àquelas encontradas nos demais poços da área noroeste, indicando haver possível conexão entre eles.
O poço, conhecido informalmente como NW5, está 8 km a nordeste do poço descobridor, 2-ANP-2A-RJS, e a 200 km da costa do estado do Rio de Janeiro e faz parte do compromisso firmado no Plano de Avaliação da Descoberta (PAD), aprovado pela ANP em 26/02/2016.
Até o momento, foram concluídas as perfurações de seis poços em Libra (cinco pelo Consórcio) e o sétimo (3-RJS-742), também na área noroeste, se encontra em perfuração.
O Consórcio de Libra é formado pela Petrobras (operadora com 40%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%), tendo como gestora do Contrato de Partilha da Produção a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
Postado no Conversa Afiada em 25/03/2016
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