Os amigos e o Zodíaco




Ruth Manus

Gostar de astrologia é algo que nos torna alvo fácil de uma porrada de críticas. “Que bobagem”; “não é científico”; “você jura que acredita nessas coisas?”. Blá blá blá. 

Gente, me deixa acreditar no que eu quero. Tem gente que acredita em ET, em casamento, em promessas políticas, em gel anticelulite, em previsão do tempo. Cada um acredita no que quer, não nos atormentemos, vai, por favor.

E eu gosto mesmo, tenho bons livros. Não sou de ler horóscopo, sou de ler astrologia, de fato. 

Uma amiga astróloga uma vez me disse “é ingenuidade demais das pessoas saber que a posição dos planetas mexe com as marés, mas não mexeria conosco, que somos feitos de quase 80% de água”.

Essas leituras me fazem lidar melhor com as pessoas e compreender a sutil diferença entre características e defeitos. E me fazem aceitar melhor as bizarrices dos amigos, que, no fundo, são sempre coisas boas. É só saber enxergar.

Amigo de peixes é aquele que se emociona em mesa de restaurante. Conta uma história e começa a chorar no meio dela, ainda que vocês estejam pendurados num metrô lotado e você fique morrendo de vergonha. São os donos dos sentimentos confusos e das crises existenciais. Mas são também os donos dos abraços mais verdadeiros, que parecem nos engolir e nos sentir amados como nunca.

Amigo ariano não tem paciência. Não faça drama, que eles vão te dar uma chibatada na cara com um simples “pára coéssaporra”. Sutileza zero. Mas são eles os amigos que te incentivam a ir fundo quando aparece um desafio, os que te proporcionam as aventuras que sozinho você jamais teria, os que te encorajam a tentar e que vão estar lá caso dê tudo errado.

Touro é aquele para quem não adianta você dar conselhos por 3 horas. Ele sempre vai fazer o que quer, tá nem aí pra você. Teimosia é pouco. Amigo taurino é ciumento, possessivo, é bravo e é forte. Um taurino vai te ouvir, mas não vai passar a mão na sua cabeça. Ele vai te puxar pela mão e te mostrar como segurar os problemas pelo chifre. São leais como poucos, distância nenhuma os impede de aparecer quando você precisa.

Gêmeos (aí sou suspeita). Gêmeos fala, fala, fala. Gesticula, conhece todo mundo, tem histórias intermináveis sobre parafusos e libélulas. Um geminiano sabe como cansar nossa paciência (às vezes eles cansam até a si mesmos). Mas geminianos sabem alegrar uma mesa de bar, transformar um encontro em uma festa, fazer o povo rir com a simples combinação de bom astral e boas palavras.

O amigo de câncer é aquele ser estranho que nega convite pra festa open bar sob a justificativa de ter um aniversário de tia avó. Não adianta competir. Sua maravilhosa proposta nunca será mais atrativa para ele do que sua família e seu lar. Em compensação, ter uma amigo de câncer é ter a certeza de nunca passar um natal sozinho. Ou de ficar sem almoço numa 3ª feira. Debaixo da asa dele, você está sempre seguro.

Já o leonino precisa de holofotes. Precisa brilhar, reinar, chamar atenção de alguma forma, seja pela roupa inesperada ou por suas estranhas performances. E nunca ouse criticar seus cabelos. Mas no dia em que alguém falar uma única palavra contra você, tenha um leonino. São eles que te defendem com unhas e dentes. São fiéis escudeiros. Se tiver um no seu bando, você não corre riscos.

Amigo virginiano: o que tira os guardanapos usados e amassados da mesa do bar, faz uma limpeza rápida na mesa, seca os celulares respingados de cerveja. Ele vai criticar sua combinação de estampas, a bagunça do seu quarto, a sujeira do seu carro. Mas vai te impedir de comprar uma roupa que não combina com nada, vai te ajudar a planejar sua viagem e vai, sem que você nem perceba, te esclarecer os seus próprios pensamentos.

Amigos librianos: demoram horas para confirmar se vão ou não sair com você e quando finalmente chegam ao restaurante (e sempre chegam lindos), não sabem qual prato pedir. Librianos são os mais ponderados, nos fazem ver os vários lados da história, nos ensinam a ser mais diplomáticos e nos impedem de sair dando cabeçada por aí.

Escorpião é o amigo que nunca esquece. Não esquece que você não devolveu aquela camisa azul dele, não esquece que você não foi ao aniversário dele de 1999. Rancor? Bobagem. Mas, todo caso, é bom morrer amigo deles. Mas são eles que vão te ensinar a ser menos ingênuo. A desconfiar, a investigar antes de sair acreditando. E se mesmo assim você continuar sendo meio tonto, ele estará lá para evitar que alguém te passe a perna.

Sagitário é o amigo livre. Até demais. Sagitário é do tipo que diz “não te falei? tô mudando de país amanhã”. Tudo na boa, tudo sem traumas (para ele, pelo menos, porque você pode surtar, que ele vai achar exagero). Mas sagitário vai te dar vida, não vai te deixar ficar em casa num dia de sol, vai te chamar para viajar com ele (“te pego daqui meia hora”) e te mostrar que a vida é mesmo linda.

Capricórnio te dá um tapa na orelha quando você brinca de sonhar demais. Eles medem consequências, planejam, analisam o risco e decidem. E ficam loucos da vida se você achar isso bobagem. Mas são os que vão até o fim, que nos ensinam a planejar e lutar. Que nos impedem de desperdiçar dinheiro, de ficar em empregos meia boca, de viver uma vida sem metas.

Amigo de aquário nunca regula muito bem das ideias. São meio destrambelhados, excêntricos, parecem distantes, compram coisas que ninguém nunca viu, usam coisas que ninguém tem, ouvem bandas que talvez nem existam. Mas são os que nos incentivam a não ter medo do novo. São os que te contam a moda da próxima estação e os que nunca vão te deixar viver uma vida quadrada.

A emoção sincera de Peixes, as aventuras de Áries, a força de Touro, as palavras de Gêmeos, a acolhida de Câncer, a proteção de Leão, o cuidado de Virgem, a ponderação de Libra, a malícia de Escorpião, a leveza de Sagitário, o bom senso de Capricórnio, a ousadia de Aquário.

É o que basta pra vida. 


Postado no Sábias Palavras


Ninguém chega na nossa Vida por acaso




Roy Lacerda

Ninguém chega até nós… E ninguém permanece em nossa vida por um simples acaso.

Pessoas nos encontram ou nós as encontramos meio sem querer não há programação da hora em que as encontraremos.

Assim, tudo o que podemos pensar é que existe um destino, em que cada um encontra aquilo que é importante para si.

As pessoas que entram em nossa vida, sempre entram por alguma razão, algum propósito.

Ainda que a pessoa que entrou em nossa vida, aparentemente, não nos ofereça nada, mas ela não entrou por acaso, não está passando por nós apenas por passar.

O universo inteiro conspira para que as pessoas se encontrem e resgatem algo com as outras.

Discutir o que cada um nos trará, não nos mostrará nada, e ainda nos fará perder tempo demais desperdiçando a oportunidade de conhecer a alma dessas pessoas.

Conhecer a alma significa conhecer o que as pessoas sentem, o que elas realmente desejam de nós, ou o que elas buscam no mundo, pois só assim é que poderemos tê-las por inteiro em nossa vida.

A amizade é algo que importa muito na vida do ser humano, sem esse vínculo nós não teremos harmonia e nem paz.

Precisamos de amigos para nos ensinar, compartilhar, nos conduzir, nos alegrar e também para cumprirmos nossa maior missão na terra: “Amar ao próximo como a si mesmo”.

E para que isso aconteça, é preciso que nos aceitemos em primeiro lugar, e depois olhemos para o próximo e enxerguemos o nosso reflexo.

Essas pessoas entram na nossa vida, às vezes de maneira tão estranha, que nos intrigam até.

Mas cada uma delas é especial, mesmo que o momento seja breve, com certeza elas nos deixarão alguma coisa.

Observe a sua vida, comece a recordar todas as pessoas que já passaram por você, e o que cada uma deixou.

Você estará buscando a sua própria identidade, que foi sendo construída aos poucos, de momentos que aconteceram na sua vida, e que até hoje interferem em seu caminho.

Passamos por vários momentos em nossa vida. Momentos estes que nos marcam de uma forma surpreendente, nos transformam, nos comovem, nos ensinam e muitas vezes, nos machucam profundamente.

Quando sentir que alguém não lhe agrada, dê uma segunda chance de conhecê-lo melhor, você poderá ter muitas surpresas cedendo mais uma oportunidade.

Quando sentir que alguém é especial para você, diga a ele o que sente, e terá feito um momento de felicidade na vida de alguém.

Não deixe para fazer as coisas amanhã, poderá ser tarde demais. Faça hoje tudo o que tiver vontade.

Abrace o seu amigo, os seus irmãos, os seus filhos.

Dê um sorriso para todos, até ao seu inimigo.

Se estiver amando, ame pra valer, viva cada minuto deste amor, sem medir esforços.

Seja alegre todas as manhãs, mesmo que o dia não prometa nada de novo.

Preste bastante atenção em todas as pessoas, elas poderão estar trazendo

a sua tão esperada FELICIDADE!


Postado no Sábias Palavras


“Só por hoje” não serei analfabeto político










Celso Vicenzi

“Só por hoje” é um princípio seguido à risca por alcoólicos anônimos, com resultados comprovados. Mas pode ser um mantra, também, contra qualquer tipo de vício. A ideia, simples, é dar um passo de cada vez. A cada 24 horas, uma batalha vencida. Os movimentos conhecidos por AAA – Associação dos Alcoólicos Anônimos –, surgidos na década de 30, nos Estados Unidos, e que se espalharam pelo mundo, praticam o lema ainda nos dias atuais, com bons resultados.

Sem abdicar dos antigos, novos vícios têm sido incorporados à sociedade, como a compulsão pelo uso de aparelhos celulares. Há outros igualmente perniciosos: o vício por consumir informação de péssima qualidade, inclusive nas redes sociais, e o vício de entreter-se com programas de rádio e tevê que atrofiam a inteligência e a capacidade de análise. Incluem-se nesse rol comentaristas famosos de diferentes mídias.

Talvez, justamente por isso, as redes sociais estejam entulhadas de diálogos e debates de baixíssimo nível, em que os xingamentos e a desinformação sejam moeda corrente. E que, não raro, descambam para um superávit de ódio e um déficit de solidariedade. Graças às redes sociais, descobrimos que aquele cidadão que parece tão fino e educado, cheio de gentilezas e que aparenta ser adepto de causas nobres, na verdade esconde um troglodita, machista, reacionário, egoísta, homofóbico, desinformado e mal-educado. Não necessariamente nessa ordem.

Por isso, para pôr um pouco de água na fervura e, quem sabe, serenar os ânimos, pensei em resgatar o lema que tem mantido longe do vício tantas pessoas que, no passado, estiveram às portas do inferno. Se não nos levar ao céu, pelo menos poderemos viver e dialogar mais civilizadamente.

Então…

Só por hoje não chamarei de petralha ou de coxinha nenhum de meus adversários políticos e ideológicos. Categorizar conceitos pejorativos e reducionistas em nada colabora para a tentativa de manter um diálogo com respeito. Para aqueles casos em que a recíproca não for verdadeira, mantenha-se afastado. Não perca seu tempo.

Só por hoje não xingarei, não usarei palavrões, nem tentarei ganhar no grito um debate que só tem sentido quando houver argumentos e informações fidedignas e sensatas sobre aquilo que se procura demonstrar. Ou seja, vale a pena fazer um esforço para diversificar as fontes e informar-se melhor sobre o que acontece no país e no mundo.

Só por hoje não direi que “é tudo culpa da Dilma”, seja lá o que aconteça no país. Afinal, vivemos numa República Federativa e as principais instâncias de poder são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, que, por sua vez, operam nas esferas federal, estadual e municipal. Farei um esforço para lembrar que a responsabilidade precisa ser dividida no mínimo com mais 27 governadores, 5.570 prefeitos, 81 senadores, 513 deputados federais, 1.059 deputados estaduais, cerca de 60 mil vereadores e 20 mil juízes espalhados por todo o país. Sem falar em milhares de importantes entidades representativas dos mais diversos setores da sociedade.

A guerra primitiva dos paulistanos contra a bicicleta e contra o progresso


Copenhague (Dinamarca)

Amsterdã (Holanda)

Nova York (Estado de New York)

Paulo Nogueira


Você mede hoje o avanço social de uma grande cidade pelas bicicletas.

Quanto mais ciclistas, mais avançada.

Copenhague e Amsterdã são modelos mundiais.

Londres, Nova York e Paris se empenham tenazmente para aumentar o número de bicicletas nas ruas e reduzir o de carros.

São Paulo, miseravelmente, ficou para trás, por conta de administrações ineptas.

E quando aparece enfim um prefeito disposto a corrigir um atraso humilhante ele é recebido não com aplausos – mas com uma camada selvagem de resistência.

Um dia vamos tentar entender como São Paulo se tornou uma cidade tão infestada de pessoas que abominam inovações e mudanças.

O túmulo do samba se converteu no túmulo das novidades.

Haddad não inventou a roda. Estava na cara, quando ele assumiu a prefeitura, que o maior drama da cidade era a mobilidade.

Se antecessores como Serra e Kassab não viram isso é porque a incompetência deles é desumana.

Haddad viu, portanto, o óbvio.

E agiu.

Sob o estímulo de uma mídia cujo cérebro estacionou no século passado, os donos de carros começaram a criar problemas sobre problemas.

O poder supremo dos “sem-voto”



Fernando Brito
Outro dia escrevi aqui sobre o que é, para mim, a maior ameaça à democracia no Brasil: a distorção do papel do Judiciário (e dos organismos que a ele se vinculam), que hoje, sensivelmente, vai assumindo o papel tutelar que, até bem próximo ao final do século passado, os militares tiveram sobre o Estado democrático e que, seja pelo exercício direto do poder, seja pela situação de temor criado sobre governos eleitos, circunscrevia a autonomia dos governantes. 

Disse que os juízes, excitados pelo Ministério Público, como os generais empolgados pelo oficialato jovem e ansioso, vão se dando a arreganhos de poder. 

E tal como dos fardados, não raramente nem se pode discordar dos togados nas boas intenções, aquelas que lotam o Inferno, como dizia minha avó. 

Mas, igualmente, jamais se pode deixar de ver que isso altera o fundamento da autoridade popular, que se exerce pelos eleitos ao Executivo e ao Legislativo, entregando-a corporações nas quais, ao contrário das outras, não há confronto de ideias, mas a obediência hierárquica como dever. 

Óbvio que governantes e parlamentares não devem estar fora do controle do Judiciário – estamos em uma república – mas é essencial que este controle seja previsível, aberto, prudente; jamais surpreendente e ousado. Ousadia, aliás, é a negação da harmonia que prescreve os poderes na Constituição. 

Juízes não são, nem podem ser – como não podem ser os militares ativos – protagonistas do processo político. 

E, como há décadas ocorria com os dólmãs, agora a toga projeta sua sombra incontestável sobre os legitimados pelo voto, o qual mídia – com apoio na mediocridade que construiu na política – encarrega-se de desmoralizar e o dinheiro de comprar.

Ontem, no Facebook, o professor Nílson Lage indica a leitura de um ótimo artigo que, à noite, André Araújo publica no GGN.

Reproduzo-o, com a mesma introdução do velho mestre, que já observou todos estes movimentos da História, desde a segunda metade do século passado:

(O poder) cabe, agora, ao Judiciário.

No momento, é Moro, o Príncipe das Araucárias, Visconde do Lava-jato, que dá uma de Simão Bacamarte e se dispõe a corrigir os pecados do sistema, irracional e corrupto.

Sem quem o dose, remédio perigoso. 

Pode resultar numa ditadura um milhão de vezes pior do que a mais assustadora ditadura militar: ditadores de língua empolada, que se auto-avalizam, auto-remuneram lautamente sem sentimentos de culpa, leem as leis de frente para trás e de trás para a frente, inventam princípios jurídicos convenientes com base em ciência esotérica e, sobretudo, protegem uns aos outros.

Para avaliar até onde podem chegar, podem-se lembrar figuras emblemáticas, de Joaquim Barbosa a Gilmar Mendes.



A mudança do eixo de poder

André Araújo, no GGN

Pela primeira vez na República, o eixo determinante do Poder, aquele que rege o Estado, sai do Executivo-Legislativo e passa para o aparelho Judiciário, ai incluída a Polícia Federal, hoje parte desse aparelho e a ele completamente agregado.

A mudança foi pouco percebida pela classe politica, entretida em suas brigas internas de baixa altitude.

Quem manda é quem pode prender qualquer membro dos poderes Executivo e Legislativo a qualquer momento, através de narrativas arbitradas pelo aparelho Judiciário, sem contraste e sem possibilidade de defesa prévia para evitar a prisão, a devassa, o bloqueio de bens, a humilhação, o escracho, a liquidação de empresas tradicionais.

Quem pode prender pode ameaçar de prender e essa ameaça é o Poder de Fato.

Qualquer político hoje pode ser preso a qualquer momento pelo aparelho Judiciário conhecido como “força-tarefa”, que inclui, na prática, não só o juiz federal de Curitiba mas também os Tribunais Superiores que lhe dão aval.

No desenho do Estado Democrático que vem dos clássicos pensadores e operadores, como Charles Louis de Secondat (barão de Montesquieu), Alexis de Tocqueville, Thomas Jefferson e Alexander Hamilton, esse tipo de Estado que se contrapõe ao Estado Autoritário exige o mecanismo conhecido como checks and balances – que seria “controles e contrapontos” – cada Poder deve ser controlado pelos outros dois, de modo a um fiscalizar o outro.

No momento atual, o governo da força tarefa não se submete ao controle dos outros dois Poderes, é absolutamente autônomo em relação a eles, é o verdadeiro poder de fato e o Estado deixa de ser democrático para ser autoritário.

Refletindo em um domingo . . .