Pacto com a felicidade



De hoje em diante todos os dias
Ao acordar, direi:
Eu hoje vou ser feliz!

Vou lembrar de agradecer ao sol
Pelo seu calor e luminosidade,
Sentirei que estou vivendo, respirando.

Posso desfrutar de todos os
Recursos da natureza.
Gratuitamente.
Não preciso comprar o canto dos
Pássaros, nem o murmúrio das ondas do mar.

Lembrarei de sentir a beleza das árvores, das flores.
Vou sorrir mais, sempre que puder.

Vou cultivar mais amizades
E neutralizar as inimizades.
Não vou julgar os atos dos meus
Semelhantes ou companheiros.
Vou aprimorar os meus.

Lembrarei de ligar para alguém
Para dizer que estou com saudades!

Reservarei minutos de silêncio,
para ter a oportunidade de ouvir.

Não vou lamentar nem amargar as injustiças.
Vou pensar no que posso fazer para
Diminuir seus efeitos.

Terei sempre em mente que um minuto passado, 
Não volta mais,
Vou viver todos os minutos proveitosamente.

Não vou sofrer por antecipação prevendo futuros incertos, nem com atraso, lembrando de coisas sobre as quais não tenho mais ação.

Não vou pensar no que não tenho e que gostaria de ter, mas em como posso ser feliz com o que possuo.
E o maior bem que possuo é a própria vida.

Vou lembrar de ler uma poesia e de ouvir uma canção, vou dedicá-las a alguém.

Vou fazer alguma coisa para alguém,
Sem esperar nada em troca,
Apenas pelo prazer de ver alguém sorrir.
Vou lembrar que existe alguém que me quer bem,
Vou dedicar uns minutos de pensamento
Para os que já se foram para que saibam que será sempre uma doce lembrança,
Até que venhamos a nos encontrar outra vez.

Vou procurar dar um pouco de alegria para alguém, especialmente quando sentir
Que a tristeza e o desânimo querem se aproximar.

E quando a noite chegar,
Vou olhar o céu, para as estrelas
E para o luar e agradecer a Deus,
Porque hoje eu fui FELIZ!

Autoria Desonhecida ( na Internet são citados variados autores, mas não confirmados ) 




Depois das chuvas . . .




ESPERANÇA - Alexis Valdés

Quando a chuva passar e se acalmarem os caminhos,
Seremos sobreviventes de um naufrágio coletivo.
Com o coração choroso e o destino abençoado
Nos sentiremos sortudos apenas por estarmos vivos.

E daremos um abraço no primeiro desconhecido
E louvaremos a sorte de conservar um amigo.
E então nos lembraremos de tudo aquilo que perdemos
De uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.

E não teremos inveja, pois todos terão sofrido.
E não teremos apatia, seremos mais compreensivos.
Valerá mais o que é de todos, o que jamais conseguiram.
Seremos mais generosos, e muito mais comprometidos.

Entenderemos o quanto significa estarmos vivos.
Sentiremos empatia por quem está e por quem já se foi
Admiraremos o velho que pedia dinheiro no mercado,
Que não sabíamos o nome e que sempre esteve ao seu lado,
E talvez o velho pobre fosse o seu Deus disfarçado.
Nunca perguntou o nome dele,
porque estava com pressa.

E tudo será um milagre, tudo será um legado.
E se respeitará a vida, a vida que nos foi dada.
Quando a chuva passar, te peço
Deus, arrependido,
Que nos devolva coisas melhores, como tinha sonhado para nós.





Entre secas e inundações, Rio Grande do Sul vive eventos extremos com sinais de mudanças climáticas

 


BRASÍLIA (Reuters) - Atingido por duas inundações catastróficas no intervalo de apenas seis meses, depois de ter enfrentado quase três anos de seca inclemente, o Rio Grande do Sul virou o exemplo do que as mudanças climáticas podem fazer com eventos já considerados extremos, mas que vêm atingindo proporções cada vez piores em um mundo que não consegue conter o avanço da temperatura global, avaliam especialistas.

Nos últimos dias, o Estado foi palco de uma confluência infeliz, explicam cientistas ouvidos pela Reuters. De um lado, um El Niño extremamente forte, com todos os oceanos mais quentes, não apenas o Pacífico, como é comum no fenômeno, e uma onda de calor no Sudeste e no Centro-Oeste, que aumentou a umidade no ar e favoreceu a chegada de um ar quente e úmido ao Sul do Brasil.

Do outro lado, vinda da Antártida, uma frente fria com chuva e vendaval, mas sem força para empurrar o ar quente. Junto a isso, com o El Niño, as frentes andam de leste para oeste, em vez de sul para norte, o que faz com que chova mais tempo em um só lugar, explica o pesquisador Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A combinação de fatores, no entanto, não é totalmente fora do comum, mas sim sua intensidade. Cientistas ouvidos pela Reuters explicam que o Rio Grande do Sul sempre foi o ponto de encontro de sistemas tropicais e sistemas polares, o que criava um padrão que inclui períodos de chuvas intensas e outros de seca. A exacerbação dos fenômenos causados pelas mudanças climáticas, no entanto, aumenta o choque desses sistemas, piora fenômenos com El Niño e La Niña, e deixa o clima imprevisível.

"A mudança climática tem mais impacto do que o El Niño sozinho. Essas características típicas do RS estão se acentuando com a mudança do clima. A rivalidade entre o trópico aquecido e úmido e a Região Sul em direção à Antártida tem favorecido as tempestades severas, as frente frias intensas, os ciclones explosivos, as ressacas mais extensas", explica o pesquisador Francisco Aquino, chefe do centro polar e climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O El Niño corresponde ao aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial, enquanto a La Niña corresponde à diminuição da temperatura dessas águas. No Brasil, o El Niño provoca maiores volumes de chuvas no Sul, enquanto a La Niña diminui os volumes pluviométricos na região.

Até a metade de 2023, o Estado enfrentava uma estiagem histórica, fruto de um período longo de La Niña, que durou por mais de dois anos, com pouquíssimos períodos de chuva. O governo federal chegou a estudar a implantação de um sistema de cisternas em algumas regiões, da mesma forma que fez no Nordeste.

Foram três anos seguidos de quebras de safra agrícola no Estado pela seca, com impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB). De uma participação de 6,53% no PIB do país em 2019, para 5,90% em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia e Estatística do governo gaúcho.

Em setembro do ano passado, já sob efeito do El Niño, o Estado ficou debaixo d'água devido à passagem de um ciclone extratropical, em uma inundação que já era considerada histórica, com mais de 50 mortes registradas.

Agora, apenas seis meses depois, novas enchentes quebraram novamente os recordes. Nesse momento, quase metade dos municípios gaúchos foram atingidos pela chuva, em diversas regiões do Estado, com ao menos 31 pessoas mortas e mais de 70 desaparecidas, segundo dados da Defesa Civil estadual.

"Nem todos anos de El Niño temos desastres dessa magnitude. É notável que temos cada vez mas desastres e cada vez piores. O aquecimento global muda padrões do clima e eventos extremos se tornam cada vez mais frequentes. Uma atmosfera mais quente retém mais umidade, assim como um oceano mais quente gera mais energia, mais combustível para tempestades severas. Então fica tudo mais potencializado", resume a pesquisadora Karina Lima, doutoranda em Climatologia pela UFRGS.

Lima explica que não foram feitos ainda os chamados estudos de atribuição, que verificam se um evento extremo foi tornado mais provável e/ou mais intenso devido às mudanças climáticas. "Mas é muito difícil que um evento dessa magnitude não tenha tido influência", afirma.

A secretária de Mudanças Climáticas do MMA, Ana de Toni, ressalta que não há dúvidas que o país já está vivendo uma emergência climática e que casos como do Rio Grande do Sul e a seca extrema na Amazônia, efeitos do El Niño, foram exacerbados pelas mudanças no clima.

"Temos que fazer a adaptação. Claro que não significa que vamos deixar de lado a mitigação, mas ao mesmo tempo tem que fazer a adaptação a um mundo que vai viver com uma temperatura mais elevada", disse.

Toni explica que o Brasil é muito vulnerável às mudanças climáticas, com uma economia agrícola muito forte que depende de padrões climáticos, energia baseada em hidrelétricas e uma grande população que vive em situações vulneráveis.

"A adaptação é muito, muito urgente. O custo da inação é muito maior", diz.

O governo trabalha com planos de adaptação em 15 áreas, que passam por agricultura, infraestrutura, cidades, entre outras. Algumas das medidas, por exemplo, são planos de retirada de moradores de encostas, sempre vulneráveis à chuva; o desenvolvimento de sementes mais resistentes; estudos de infraestrutura para construção de estradas, pontes, etc, que sejam mais resistentes.

"Estamos vivendo essas mudanças climáticas, que estão chegando muito mais rápido e muito mais forte. Precisamos adaptar e mitigar ao mesmo tempo", defendeu.














Sapatilha : como usar o sapato da vez com cara de 2024

 







O impacto das redes sociais na saúde mental

 

Ao adotar uma abordagem consciente e equilibrada nas redes sociais, podemos promover um maior bem-estar emocional e viver uma vida mais plena e satisfatória.

Vivemos numa era moderna na qual as redes sociais se tornaram um aliado fundamental nas nossas vidas, transformando a forma como comunicamos e interagimos com o mundo que nos rodeia. Porém, por trás das vantagens que essas plataformas oferecem, sua saúde mental pode ficar comprometida.

Quer se trate de uma comparação contínua com outras pessoas ou da exposição a conteúdos negativos, as redes sociais podem desencadear uma variedade de emoções, como ansiedade e depressão. Portanto, reconhecer a influência dessas plataformas é crucial para preservar o bem-estar emocional.

Como as mídias sociais podem afetar sua saúde mental?

Durante as últimas décadas, temos testemunhado o crescimento exponencial das redes sociais e a sua imersão na vida quotidiana humana. Segundo a página de dados do Statista, estima-se que até 2024 haverá 5,17 bilhões de utilizadores em plataformas como Facebook, X, Instagram, TikTok e YouTube. O que representa quase 63% da população mundial.

No entanto, esse fenômeno não está isento de desafios que podem alterar o bem-estar emocional de crianças, adolescentes e adultos. E, além de evitar o uso excessivo das redes, é fundamental se proteger do cyberbullying, um problema que pode ter consequências devastadoras para a saúde mental de quem o vivencia.

Aqui estão algumas maneiras pelas quais a mídia social pode afetar seu bem-estar emocional:

1. Baixa autoestima e alteração da autopercepção


O cyberbullying e os comentários negativos podem levar à baixa autoestima nos adolescentes.

Navegar nas redes sociais é abrir uma porta para um mundo de aparente perfeição, felicidade e padrões de beleza inatingíveis. Cada imagem cuidadosamente editada e atualização de status parecem transmitir uma narrativa de sucesso e realização pessoal. Mas, na maioria dos casos, são realidades distantes da nossa.
"Quando não temos uma boa autoestima, a comparação social prejudicial pode afetar a percepção que temos de nós mesmos. Isso pode levar a sentimentos de inadequação, inveja e insegurança, o que deteriora a autoestima e o bem-estar mental."
Um estudo publicado na revista Addictive Behaviors envolvendo 23.592 pessoas sugeriu que o uso excessivo e viciante das redes sociais está relacionado ao narcisismo e à baixa autoestima. Um problema ligado à necessidade de atenção e validação, e que costuma afetar mais as mulheres jovens e solteiras.

2. Ansiedade e FOMO (Fear of Missing Out)

FOMO, ou o medo de perder, é a preocupação de não estar ciente do conteúdo e das interações on-line. Segundo pesquisa do International Journal of Environmental Research and Public Health, o FOMO pode causar ansiedade, atrapalhar o sono, afetar a concentração e gerar dependência de redes sociais.

Da mesma forma, essa pressão incansável para estarmos sempre conectados e atentos ao que se passa na internet pode levar ao aumento dos níveis de estresse, bem como a dificuldades em desligar-se e relaxar. Além disso, pode levar a comportamentos compulsivos, como verificar obsessivamente as redes sociais.

3. Dependência e vício


É fundamental procurar ajuda profissional quando o uso excessivo das redes sociais afeta o seu dia a dia.

A dependência das redes sociais se manifesta em comportamentos como a necessidade compulsiva de verificar frequentemente as notificações, a dificuldade de permanecer on-line por longos períodos de tempo e a sensação de mal-estar ou ansiedade quando não é possível acessar a internet.
"Essa dependência pode interferir no dia a dia, afetando as relações interpessoais, o desempenho acadêmico ou profissional e a saúde mental geral das pessoas."
Por outro lado, a dependência das redes sociais pode ser ainda mais grave e ter um impacto devastador na saúde mental, aumentando o risco de depressão, ansiedade, solidão e baixa autoestima. Isso se caracteriza pela dedicação excessiva de tempo às redes em detrimento de outras atividades importantes.

4. Isolamento social e desconexão

O uso excessivo das redes sociais pode levar a uma diminuição na quantidade e na qualidade do tempo que passamos com amigos e entes queridos no mundo real. Em vez de interagir com as pessoas ao nosso redor, podemos ficar absortos nas telas, perdendo oportunidades valiosas de conexão genuína e apoio emocional.

O que foi dito acima é muito preocupante, pois, segundo estudo publicado na revista Addictive Behaviors, apenas o apoio na vida real está ligado a sentir-se menos deprimido, ansioso e sozinho. Isso sugere que o contato real é mais importante para a nossa saúde mental do que as interações on-line.

5. Esgotamento e fadiga mental

Quando passamos muito tempo em frente às telas dos nossos dispositivos, nosso cérebro fica sobrecarregado com informações e estímulos constantes. Isso pode nos levar a nos sentir exaustos.

A exaustão mental pode se manifestar como dificuldade de concentração, falta de motivação e sensação geral de cansaço. Por sua vez, a exposição constante às redes sociais pode interferir no nosso sono, agravando ainda mais o cansaço mental e físico.

Use as redes sociais com sabedoria e cuide da sua saúde mental

Seu bem-estar emocional é uma prioridade, e tomar decisões sobre o uso saudável das redes sociais pode fazer uma grande diferença em como você se sente no dia a dia. Portanto, priorize as interações pessoais com seus entes queridos, pratique a desconexão digital, proteja-se do cyberbullying e procure ajuda profissional, se necessário.

Escrito por Pablo Ramírez

Bibliografia

Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.Alutaybi, A., Al-Thani, D., McAlaney, J., & Ali, R. (2020). Combating fear of missing out (FoMO) on social media: The FoMO-R method. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17(17), 6128. https://www.mdpi.com/1660-4601/17/17/6128

Andreassen, C. S., Pallesen, S., & Griffiths, M. D. (2017). The relationship between addictive use of social media, narcissism, and self-esteem: Findings from a large national survey. Addictive Behaviors, 64, 287-293. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306460316301095

Meshi, D., & Ellithorpe, M. E. (2021). Problematic social media use and social support received in real-life versus on social media: Associations with depression, anxiety and social isolation. Addictive Behaviors, 119, 106949. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0306460321001349

Rachubińska, K., Cybulska, A. M., & Grochans, E. (2021). The relationship between loneliness, depression, internet and social media addiction among young Polish women. European Review for Medical & Pharmacological Sciences, 25(4). https://www.researchgate.net/profile/Kamila-Rachubinska/publication/349825491_The_relationship_between_loneliness_depression_internet_and_social_media_addiction_among_young_Polish_women/links/605c93cd458515e8346df352/The-relationship-between-loneliness-depression-internet-and-social-media-addiction-among-young-Polish-women.pdf

Statista. Number of social media users worldwide from 2017 to 2027(in billions). Recuperado el 26/02/2024 de: Number of worldwide social network users 2027 | Statista







Nota 

Devemos e podemos achar um melhor aproveitamento do nosso Tempo.

O equilíbrio entre nossa "vida virtual" e nossa Vida Real significa saúde física e mental, vida em família com qualidade, realização dos nossos sonhos, valorização das amizades sinceras e, quem sabe, não termos arrependimentos pelo Tempo perdido.

 E no final deste nosso Tempo, ao olharmos para traz, poderemos dizer :
 
Espalhei Felicidade e Fui Feliz ! 

Rosa Maria - editora do blog




Viver - Marcelo Falcão

Viver é um sonho mutante
Viver é respirar sem culpa
Viver é fazer parte da família
Viver é uma eterna vigília
Viver é manter o coração ereto
Viver é respeitar todas as leis do afeto
Viver é melhor que sonhar

Lá, lalalalala lalalalala lalalalala
Lá, lalalalala lalalalala lalalalala

Viver, viver a vida que eu vivo
Às vezes com emoção
E outras vezes com perigo

Viver, viver até na contramão
Procurando o tempo perdido, o tempo perdido
Que não voltará jamais

Viver, não é fácil não
Tem que ter coração, disposição
É acreditar nos seus sonhos
Senão o castelo cai

Viver (oh viver), viver (oh viver), viver
Viver (oh viver), viver (oh viver), viver (oh lord)

Cada segundo que passa
Toda moda sempre passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver

Cada segundo que passa
Toda moda passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver

Viver, viver, vivera vida que eu vivo
Às vezes com emoção
Outras vezes com perigo

Viver, viver, viver a vida cada um, cada um
Procurando um, procurando um sentido
E é assim que eu sei viver

Viver, viver sem medo eu vou vivendo
Cada segundo aprendendo e
Aprendendo, e assim, eu aprendo mais

Lá, lalalalala lalalalala lalalalala
Lá, lalalalala lalalalala lalalalala

Viver (oh viver), viver (oh viver), viver
Viver (oh viver), viver (oh viver), viver
Cada segundo que passa
Toda moda sempre passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver

Cada segundo que passa
Toda moda passa
Vou vivendo na raça
Misturando com a massa
É assim que eu sei viver
Fonte: LyricFind

Compositores: Luís de França Guilherme de Queiroga Filho / Marcelo Falcao Custodio

O silêncio de Deus



Vivemos num mundo trágico. Poderemos não ter mais retorno ou, forçados pela situação, recuperaremos 
a razão sensível e sensata?

Leonardo Boff

Vivemos globalmente num mundo trágico, cheio de incertezas, de ameaças e de perguntas para as quais não temos respostas que nos satisfaçam. Ninguém nos poderá dizer para onde estamos indo: para o prolongamento do atual modo de habitar a Terra, devastando-a em nome de um maior enriquecimento de poucos. Ou mudaremos de rumo?

No primeiro caso, seguramente a Terra não aguentará a voracidade dos consumistas (já agora precisamos de uma Terra e meia para atender o nível atual de consumo dos países ricos) e nos confrontaremos com crises e mais crise, como o coronavírus e o aquecimento global já irrefreável (lançamos na atmosfera por ano 40 bilhões de toneladas de gazes de efeito estufa). Poderemos não ter mais retorno e iremos ao encontro do pior.

Ou, forçados pela situação, recuperaremos a razão sensível e sensata, pois agora está enlouquecida, definimos um novo rumo mais amigável para com a natureza e a Terra, mais justo e participativo de todos os humanos. Trabalharemos a partir do território, desenhado pela natureza, pois ai pode ser sustentável e criar uma verdadeira participação de todos. Então começará um novo tipo de história com um futuro para o sistema-vida e o sistema-Terra.

Teremos tempo, coragem e sabedoria para esta conversão ecológica? O ser humano é flexível, tem mudado muito e se adaptado aos vários climas. Ademais a história não é linear. De repente surge o inesperado e o impensável (um salto para cima em nossa consciência) que inaugurariam um novo rumo para a história.

Enquanto esperamos, sofremos pelos males que estão ocorrendo na Terra: há 17 lugares de guerra. O Papa Francisco falou muitas vezes que estamos já na terceira guerra mundial aos pedaços. Não é impossível que irrompa um conflito nuclear inteiro e leve a perder toda a humanidade.

Neste contexto nos colocamos no lugar de Jó e clamamos a Deus no meio de tantas mortes de inocentes, de genocídios e de guerras altamente letais.

“Deus, onde estavas naqueles momentos aterradores em que a fúria genocida de Benjamin Netanyahu dizimou 13 mil crianças inocentes e mais de 80 mil pessoas e mães na Faixa de Gaza? Por que não intervistes, se podias fazê-lo? Mais de 500 mil casas, hospitais, escolas, universidades, mesquitas e igrejas foram arrasadas. Por que não detiveste aquele abraço assassino? Teu Filho bem-amado, Jesus, saciou cerca de 5 mil pessoas famintas. Por que permites que centenas e centenas morram de sede e de fome?

Onde está a tua piedade? Estas vítimas não são também teus filhos e filhas, especialmente queridos, porque representam teu Filho crucificado?

Recordo com dor as palavras do Papa Bento XVI quando visitou o campo de extermínio de judeus em Auschwitz-Birkenau: “Quantas perguntas surgem neste lugar. Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele silenciou? Como pôde tolerar esse excesso de destruição, este triunfo do mal?”.

Jó tinha razão em reconhecer que ”Deus é grande demais para que possamos conhecê-lo” (Jó 36, 26). Ele pode ser e fazer aquilo que não entendemos, pois somos limitados. Não obstante teimosamente Jó professa sua fé, dizendo a Deus: “Mesmo que me mates, ainda assim creio em ti” (Jó 15,13)?

Inesquecível é o testemunho do judeu antes de ser exterminado no Gueto de Varsóvia em 1943. Deixou escrito num papelzinho posto dentro de uma garrafa: “Creio no Deus de Israel, mesmo que Ele tenha feito tudo para que não creia nEle. Escondeu seu rosto… Se, um dia, alguém encontrar esse papelzinho e o lerá, vai entender, talvez, o sentimento de um judeu que morreu abandonado por Deus, esse Deus em quem continuo a crer firmemente”.

Não pretendemos ser juízes de Deus. Mas podemos como o filho do homem no Jardim das Oliveiras e no alto da cruz. Jesus, quase desesperado, clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste (Marcos 15, 34)?

Nossos lamentos não são blasfêmias, mas um grito doloroso e insistente a Deus: “Desperta! Não tolere mais o sofrimento, o desespero e o genocídio de inocentes. Acorda, vem libertar aqueles que criastes no amor. Acorda e venha, Senhor, para salvar-los.

No meio desta melancolia, nossa esperança prevalece, porque pela ressurreição de um irmão nosso, Jesus de Nazaré, se antecipou nosso fim bom. É isso que nos confere algum sentido e de não desesperar face à dramática situação da humanidade e da Terra.



Ecoteólogo, filósofo e escritor. Escreveu Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres, Vozes 1995/2015; em espanhol por Trotta, Madrid 1996, Dabar, México 1996