Viver, sofrer, esperançar






Viver traz o risco de sofrer. Mas viver também traz esperança, fé e encontros inesquecíveis. Sempre valerá a pena.


Marcel Camargo

Hoje eu escreverei um pouco sobre a dor. Viver traz essa dor, porque a gente não sente sozinho, não depende somente do que é nosso ser feliz. Eu vou além de mim e, quanto mais eu vivo, mais pessoas fazem parte de mim. Minha corrente afetiva se estende além do que eu quero, sinto, pretendo. Eu olho para as vidas que não são minhas e não consigo ser indiferente. E lá tem dor também.

Eu olho para as vidas de quem amo e lá tem dor também. Eu queria ser mais egoísta, mais positivo, daquele tipo que se coloca sempre como prioridade, mas não consigo. Desde criança, eu sou assim, uma pessoa que fica prestando atenção nas dores que não são minhas, porque eu sempre senti demais o mundo, o que se passa, o amor de minha mãe. A intensidade sempre fez parte de minha afetividade, por isso acho que fui uma criança diferente, estranha.

Eu sei exatamente o que me machuca e quais são meus pontos fracos. Infelizmente, outras pessoas também sabem isso sobre mim e, às vezes, resolvem estacionar bem ali nos meus espaços vulneráveis. Porque muitas pessoas não conseguem sentir intensamente, vivem no raso, ao redor de si mesmas e, por isso, não se importam com o estrago que fazem nas vidas alheias. E esse é um de meus maiores medos: a maldade humana.

Li que poucos são os psicopatas que matam, a maioria deles apenas devastam as vidas por onde passam. Isso assusta. Eu não temo mostrar fraqueza ou derramar lágrimas por toda a fragilidade que me define. Isso não deveria ser um problema, mas é. Tem gente que usa contra nós o nosso melhor. Tem gente que inveja nossas conquistas, sem perceber o tanto que lutamos até chegar ali. E eu, lotado de sensibilidade que sou, acabo por me molhar em tempestades que não criei.

Eu já me conscientizei de que sentir a dor que não dói em mim pode ser doloroso demais. Mas assim sou e sempre serei. E é por essa razão que alguns dias doem bem fundo. Tem saudade, rompimento, tem perda, arrependimento. Tem tombo. É o preço que pagamos por sentir, por doar, por acreditar, por amar. Viver traz o risco de sofrer. Mas viver também traz esperança, fé e encontros inesquecíveis. Sempre valerá a pena.











Viver, sofrer, esperançar






Viver traz o risco de sofrer. Mas viver também traz esperança, fé e encontros inesquecíveis. Sempre valerá a pena.


Marcel Camargo

Hoje eu escreverei um pouco sobre a dor. Viver traz essa dor, porque a gente não sente sozinho, não depende somente do que é nosso ser feliz. Eu vou além de mim e, quanto mais eu vivo, mais pessoas fazem parte de mim. Minha corrente afetiva se estende além do que eu quero, sinto, pretendo. Eu olho para as vidas que não são minhas e não consigo ser indiferente. E lá tem dor também.

Eu olho para as vidas de quem amo e lá tem dor também. Eu queria ser mais egoísta, mais positivo, daquele tipo que se coloca sempre como prioridade, mas não consigo. Desde criança, eu sou assim, uma pessoa que fica prestando atenção nas dores que não são minhas, porque eu sempre senti demais o mundo, o que se passa, o amor de minha mãe. A intensidade sempre fez parte de minha afetividade, por isso acho que fui uma criança diferente, estranha.

Eu sei exatamente o que me machuca e quais são meus pontos fracos. Infelizmente, outras pessoas também sabem isso sobre mim e, às vezes, resolvem estacionar bem ali nos meus espaços vulneráveis. Porque muitas pessoas não conseguem sentir intensamente, vivem no raso, ao redor de si mesmas e, por isso, não se importam com o estrago que fazem nas vidas alheias. E esse é um de meus maiores medos: a maldade humana.

A fome volta no Brasil

 


 

 



 


A fome volta no Brasil

 


 

 



 


Luciana e Júlio : Duas histórias de racismo que confirmam a importância do 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra





“ Poderia ser eu no noticiário amanhã:  Mais uma negra vítima de racismo estrutural e letalidade da polícia ”, diz biomédica em vídeo.

247 - Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (18), a pós-doutora em biomedicina Luciana Ramalho denuncia que foi presa e agredida violentamente por três policiais em Monte Alegre de Minas (MG), por discordar e filmar uma ação da polícia contra o cunhado preso na frente de casa, nesta terça-feira (16). Ambos são negros. Ramalho contou no vídeo que mesmo desarmado e sem resistir à prisão, o cunhado foi agredido pelos policiais e gritava pedindo socorro.

“Ele estava desarmado e eram três ou quatro policiais. Desculpa, eu não achei justo. Poderia ser eu no lugar dele, por isso eu gravei ele sendo levado até o camburão”, relatou ela ao 247.

A biomédica disse ter pensado que, com a gravação, os policiais ficariam intimidados e deixariam de agredir o homem. “E foi isso que aconteceu. Eles pararam de bater nele para bater em mim”, descreveu.

Luciana destacou no vídeo que publicou em sua conta no Instagram, que mesmo tendo uma carreira acadêmica e intelectual de destaque, tendo feito mestrado, doutorado e muitos cursos de especialização, ela não conseguiu sair do radar do racismo estrutural e foi vítima de violência policial. “Poucas pessoas no Brasil têm a oportunidade de fazer a caminhada que eu fiz no meio acadêmico e intelectual. E do que que isso me valeu ontem (17)? NADA! O que valeu foi a cor da minha pele.”

“Não interessava de onde eu era, de onde eu vinha, o que eu estava fazendo ali e nem o porquê. A única coisa que interessava é que eu não era bem vinda”, lamenta.

A biomédica relata que após ser detida e algemada ficou por horas dentro do camburão de uma viatura da polícia em condições insalubres. “Estava debaixo do sol sem nenhuma frestinha de ar”.

Nos momentos em que passou presa e algemada dentro da viatura, Luciana teve medo de ser morta. E não é por acaso. De acordo dados do Anuário de Segurança Pública 2020 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os negros foram as maiores vítimas de policiais (78,9% das 6.416 pessoas mortas por policiais no ano passado). O número de mortos por agentes de segurança aumentou em 18 das 27 unidades da federação, revelando um espraiamento da violência policial em todas as regiões do país.

“Eu só pensava nos meus filhos. Achei que ia desmaiar. A intenção deles era me matar sufocada. Mas eu pensei: hoje não. Buscava uma frestinha de ar, colocava o nariz e respirava”, reviveu.

Apesar de serem 56,3% da população brasileira, os negros são as maiores vítimas das mortes cometidas por policiais no país. Em sentido oposto, os brancos —que totalizam 42,7% da população — foram vítimas de 20,9% das mortes.

Emocionada, Ramalho lembrou no vídeo que o que deu forças para ela continuar lutando pela vida e acreditando que não seria morta no camburão da viatura foi a chegada de outras pessoas que ela conseguia ver e ouvir pela mesma fresta que usava para respirar.

No vídeo, a biomédica mostrou marcas da tortura nas costas, boca e braços, e diz que foi levada ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo e delito pelos mesmos policiais que a agrediram. “Eu achei muito estranho, apesar de nunca ter passado por isso”.

Ao ser examinada, Luciana Ramalho passou por mais uma violência quando a médica de plantão tentou relativizar a sua dor e prestou um atendimento desumano: “Ela nem encostou em mim. Só me olhou e perguntou onde estava doendo e eu disse: 'o corpo inteiro está doendo'. Mas eu não queria me referir a uma dor física, é uma dor na alma. Mas sabe quando você percebe que ela ainda era parte de um sistema que não estava comprometido em me ajudar de forma alguma? De um lado estava o policial que tinha me agredido e do outro ela. Eu percebi que ali não tinha nada para me ajudar”.

Ela disse ao 247 que continuará lutando para que outras pessoas não passem o que ela passou. Ela contou ter recebido muitas ligações de pessoas de fora de Minas que desejam ajudar.

Questionada se pretende registrar uma ocorrência na corregedoria da PM-MG, demonstrou medo de represália. “Tenho dois filhos e um deles é autista, tenho medo por eles”, lamentou.

“Não recebi ameaças diretas, mas sei que tem muita gente infeliz porque eu não fiquei presa. Eu fui criminalizada, acusada, e estou sendo processada pro agressão policial”, denunciou.

Luciana Ramalho foi solta após pagar fiança. O cunhado segue preso.

Assista o vídeo no Instagram:

 






Ação racista da polícia acontece às vésperas do Dia da Consciência Negra. Os policiais inventaram diversas acusações para tentar escapar da evidência de ter sido um ato racista. Júlio Dantas, vítima da ação racista, desabafou: "Talvez o que aconteceu comigo ontem seja até algo inédito para algumas pessoas (leia brancos), mas eu afirmo com todas as palavras: para nós não!" Assista ao vídeo e leia texto de Dantas.


247Julio Dantas, fundador da página Carioquice Negra no Instagram, com mais de 180 mil seguidores, foi alvo de racismo da Polícia Civil do Rio de Janeiro na tarde desta quarta-feira (17), a três dias do Dia da Consciência Negra. Ele foi abordado e preso por policiais que alegaram que ele teria "entrado e saído rápido demais" de uma loja Renner, no centro do Rio. Depois afirmaram que teria um "volume" na camiseta. Após Dantas rebater a acusação, argumentam que poderia ter sido o vento, que "bateu e criou um volume" na roupa. Tudo foi gravado em vídeo pelo influencer e postado em sua página (assista abaixo).

No seu perfil no Instagram, Júlio Dantas protestou nesta sexta com um texto no qual afirma: "Talvez o que aconteceu comigo ontem seja até algo inédito para algumas pessoas (leia brancos), mas eu afirmo com todas palavras: para nós não!" - leia a íntegra do texto abaixo.

No vídeo, Júlio relatou a ação em tempo real: "Ele chegou até mim do nada, eu estou andando normal, saí de dentro da loja. Eu entrei na loja porque eu queria comprar alguma coisa. Eu entrei e sai muito rápido. Estou sendo abordado por dois policiais aqui no centro do Rio porque eles dizem que eu entrei e saí da loja muito rápido".

Assista ao vídeo e, a seguir, leia o texto no perfil de Dantas no Instagram:













Luciana e Júlio : Duas histórias de racismo que confirmam a importância do 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra





“ Poderia ser eu no noticiário amanhã:  Mais uma negra vítima de racismo estrutural e letalidade da polícia ”, diz biomédica em vídeo.

247 - Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (18), a pós-doutora em biomedicina Luciana Ramalho denuncia que foi presa e agredida violentamente por três policiais em Monte Alegre de Minas (MG), por discordar e filmar uma ação da polícia contra o cunhado preso na frente de casa, nesta terça-feira (16). Ambos são negros. Ramalho contou no vídeo que mesmo desarmado e sem resistir à prisão, o cunhado foi agredido pelos policiais e gritava pedindo socorro.

“Ele estava desarmado e eram três ou quatro policiais. Desculpa, eu não achei justo. Poderia ser eu no lugar dele, por isso eu gravei ele sendo levado até o camburão”, relatou ela ao 247.

A biomédica disse ter pensado que, com a gravação, os policiais ficariam intimidados e deixariam de agredir o homem. “E foi isso que aconteceu. Eles pararam de bater nele para bater em mim”, descreveu.

Luciana destacou no vídeo que publicou em sua conta no Instagram, que mesmo tendo uma carreira acadêmica e intelectual de destaque, tendo feito mestrado, doutorado e muitos cursos de especialização, ela não conseguiu sair do radar do racismo estrutural e foi vítima de violência policial. “Poucas pessoas no Brasil têm a oportunidade de fazer a caminhada que eu fiz no meio acadêmico e intelectual. E do que que isso me valeu ontem (17)? NADA! O que valeu foi a cor da minha pele.”