"O engano dos que pensam que a história está consumada é achar que os oprimidos não se levantam. É desacreditar da capacidade de resistência dos que sofrem", escreve o advogado Marcelo Uchôa
Marcelo Uchôa
A esperança nunca morre. Pode dormitar, mas morrer não morre. Os últimos anos têm sido de catástrofes. Trilhões gerados por especulação, riqueza abjeta que caminha a quilômetros de distância do desenvolvimento econômico e da inclusão social. A pandemia que apareceu de supetão para lembrar à humanidade que se ela não mudar, será extinta. Totalitarismos voltando à tona num mundo cada vez mais cambaleante e órfão de exemplos de amor e generosidade.
No Brasil, o caos completo. Um imoral com faixa de presidente pensando que tudo pode, inclusive tripudiar da dor e do sofrimento de seu povo que voltou a passar fome e ser humilhado como esmoleu na aridez do sertão e nas esquinas sujas e infernizantes das grandes cidades.
Mas a esperança nunca morre. Pode dormitar, mas morrer não morre. O engano dos que pensam que a história está consumada é achar que os oprimidos não se levantam. É desacreditar da capacidade de resistência dos que sofrem. Os infames chegaram ao poder, mas quem disse que levaram junto a obstinação de quem quer viver num mundo fraterno e digno para a maioria das pessoas?
Falta pouco para a malandragem sucumbir. Instituições se movimentam, massas se organizam, de Norte a Sul uma indignação que nem que se tente muito será aplacada com promessas oportunistas, bravatas, ameaças que sejam, chavões para meia dúzia de toscos desmiolados.
O final do enredo é impossível prever. Sócrates, Kant, Hegel, se vivos fossem, não enxergariam saídas para os problemas da humanidade. No Brasil, porém, o cenário parece estar mais claro. Do presidente da República ao presidente do Flamengo voltarão todos para as fossas de onde saíram. A esperança vencerá e o esgoto que se prepare.
Marcelo Uchôa Advogado e professor de Direito