Havia um mundo que se perdeu. Todos estavam indo tão rápido que se esqueceram de olhar em volta.
As pessoas não se notavam. Alguns ficaram cegos pelo consumismo. Outros distraídos pelo prazer. Alguns idolatravam o trabalho e se preocupavam com a próxima atividade. Outros buscavam poder, posições e riqueza. E todos, parecia, compartilhavam de um mesmo problema: tudo que deveria importar na vida, não importava o suficiente. As pessoas não percebiam a fragilidade de sua existência. Mas então, uma chamada para acordar chegou… através do menor dos mensageiros; um pequeno vírus chamado SARS-CoV-2.
E agora estamos acordados. E tudo o que já tomamos por certo – nossa economia, sistema educacional, sistema de saúde, serviços comunitários, liberdade de viajar, emprego, investimentos e vidas – está em risco.
Há duas semanas, quando eu ainda podia me permitir filosofar sobre o vírus, fiz uma lista de todas as coisas que a COVID-19 me permitia agradecer: um sistema imunológico que funciona, alimentos prontamente disponíveis, cadeias globais de fornecimento confiáveis, assistência médica universal, trabalho e pulmões saudáveis que respiram.
Agora as coisas são mais urgentes. Muitos de nossos suportes estruturais invisíveis estão tremendo. Nosso sistema de saúde será superado? Os serviços básicos podem ser mantidos? Nosso tecido social é forte o suficiente para lidar com isso? Vou contrair a doença?
Essas são perguntas que pensávamos nunca fazer. Pragas e pestes são para os livros de história.
No entanto, aqui estamos nós; chocados com a rapidez com que a vida pode mudar.
Como líder religioso, estou começando a perceber como o medo e a ansiedade que a COVID-19 está provocando estão despertando todos nós para algumas verdades profundas sobre o que significa ser humano.
Quando a médica-chefe da secretaria de saúde da província de Alberta (no Canadá), Dra. Deena Hinshaw, sugeriu fortemente: “Você não precisa de um teste para fazer a coisa certa!” (ou seja, adotar o distanciamento social, ter boa higiene e ficar em casa se tiver sintomas) era como se ela estivesse chamando para fora uma humanidade mais profunda em mim. Não preciso saber se estou infectado para fazer o melhor para os outros. Eu posso fazer boas escolhas simplesmente porque é a coisa certa a fazer. Fazer com os outros como gostaria que eles fizessem comigo é sempre a melhor maneira de agir.