Carta do COVID19 para a Humanidade


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Quarentena voluntária : considere essa atitude e salve vidas


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A maior arma que temos agora em mãos é EVITAR O CONTATO SOCIAL !


Ana Macarini

SENSATEZ, de acordo com a definição do dicionário, significa: característica ou particularidade daquele que é sensato; ser humano equilibrado; aquele que age com bom-senso.

Verdade seja dita, sensatez faz parte do conjunto de elementos que anda em falta neste mundo; poderia, por exemplo, entrar na mesma lista do álcool gel e das máscaras descartáveis, tão procuradas nestes tempos estranhos em que, de repente, estamos às voltas com um quase desconhecido chamado coronavírus, ou para usar um termo mais técnico o COVID – 19.

Voltando ao significado das palavras, observemos o efeito de uma outra, uma que anda bem na moda, quando aparece escrita em textos ou ditas em discursos; mas que, na prática mesmo, é tão ou mais difícil de se colocar em prática do que a “sensatez”. A palavrinha famosa atende pelo nome de “EMPATIA”: capacidade de se colocar no lugar do outro.

Em poucas semanas, a comunidade científica ao redor de todo o planeta, vem se debruçando em busca de respostas acerca do COVID-19. As perguntas são incontáveis, e as respostas dependem de recursos, humanos e financeiros; aplicação de conhecimento; compartilhamento desse conhecimento entre médicos, cientistas e todos os profissionais de saúde envolvidos.

Enquanto isso, tivemos um aumento de 121 para 176 casos de coronavírus no Brasil, segundo novo balanço do Ministério da Saúde divulgado na tarde deste domingo, 15 de março, e ainda há 1.961 pacientes com suspeita da doença.

Medidas de prevenção seguem sendo divulgadas, na mídia, nas redes sociais, em cartazes no elevador, nas escolas, em todos os lugares por onde passamos há material de alerta disponível. Lavar as mãos várias vezes ao dia, com água corrente e sabão, por no mínimo 30 segundos; usar álcool gel para higienizá-las, se não houver água e sabão; ao tossir ou espirrar, abrigar o rosto no antebraço; usar lenços descartáveis; evitar contato físico, dar a mão, abraçar e beijar, na hora de cumprimentar o outro; caso esteja resfriado, não entrar em contato com outras pessoas; não buscar atendimento nos hospitais desnecessariamente. Todas essas medidas são bem-vindas e indiscutivelmente necessárias.

Entrando no assunto urgente, importante e grave que nos interessa, falemos de qual é a nossa parte na contenção deste vírus que, rapidamente, tornou-se o assunto mais recorrente em qualquer reunião de seres humanos.

O que podemos efetivamente fazer?

Como devemos nos comportar para proteger as pessoas mais vulneráveis: os idosos (pessoas acima de 60 anos); aqueles que tenham rebaixados seus recursos imunológicos (pacientes submetidos à quimioterapia, radioterapia, pessoas com doenças respiratórias, pessoas que necessitam fazer uso de imunossupressores); gestantes? Qual é a nossa responsabilidade, o nosso nível de sensatez, a nossa capacidade de sermos empáticos?

A maior arma que temos agora em mãos é EVITAR O CONTATO SOCIAL! Shows, peças teatrais e eventos estão sendo cancelados. Festas e reuniões familiares estão sendo adiadas. Viagens, ainda que não dependam de transportes coletivos (aviões, trens, ônibus), estão sendo postergadas.

Paremos, um instantinho. Coloquemos a mão na consciência e encontraremos a resposta. A resposta é FICARMOS EM CASA! Se todas as pessoas tiverem consciência do impacto desse gesto na contenção do COVID-19, quanto antes superaremos essa situação, com o menor número possível de vítimas.

Mas, alguns dirão “E a economia? Vai parar?”; “E os prejuízos?”. A economia certamente será impactada; não há alternativa. Não é uma hipótese. O vírus chegou aqui na nossa porta. Na porta do mundo, é uma PANDEMIA. O que estamos falando é sobre preservar VIDAS! A quarentena voluntária é uma arma poderosa para salvar vidas.

Há questões que são inegociáveis! Nada de boteco ou restaurante! Nada de ir à academia! Nada de clube! Nada de reunião de amigos! Nada de festinha! Nada de cinema! Agora, finalmente é um ótimo momento para darmos uma função positiva à nossa dependência dos telefones celulares! Façamos home office, atendimentos e reuniões por skipe, facetime, e todos os recursos que acabamos usando, mesmo quando estamos na mesa de casa na hora da refeição com a nossa família! Agora sim, estará certo substituir o encontro ao vivo pelo encontro virtual!

As escolas, pelo menos as mais conscientes de seu papel de “organização com fins educativos”, suspenderão as aulas a partir de amanhã (16 de março de 2020). Mas outros alguns dirão “Ué! Mas as crianças não fazem parte do grupo de risco! Pra quê suspender aula!”. Acontece que a criança não volta da escola dentro de uma cápsula, né? Ou volta?! Crianças, inclusive, podem ser portadoras do vírus e não ter nenhum sintoma; assim como muitos adultos. Uma pessoa assintomática, contamina outras pessoas do mesmo jeito, no elevador, no hall do prédio, ao colocar a mão no corrimão, na maçaneta.

O único jeito de reduzir danos e evitar a propagação é reduzir o contato social. Estamos num país de proporções continentais, onde pouquíssimas pessoas têm acesso a planos de saúde, medicamentos vendidos em farmácia e hospitais particulares de elite. A maior parte dos brasileiros depende do SUS para se tratar. E sem contenção de propagação do vírus, não haverá leito para todos que precisarem; não haverá respiradores; não haverá máscaras; não haverá luvas; não haverá médicos, nem enfermeiros!

Não é alarmismo! É bom senso! É responsabilidade, empatia e sensatez! Fazer a nossa parte é muito simples: FIQUEMOS EM CASA TANTO QUANTO NOS SEJA POSSÍVEL! Essa atitude é a nossa arma para salvar vidas.




“ Obrigado Cuba por nos ter aberto o coração ", diz passageira de cruzeiro com cinco casos de coronavírus



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247 - Passageira de 68 anos do cruzeiro britânico MS Braemar com casos de coronavírus, Anthea Guthrie, agradeceu aos cubanos por recebê-los em seu país. Até a decisão do governo cubano, o cruzeiro estava viajando em alto mar no Caribe sem permissão de atraque em nenhum porto que solicitaram ajuda.

A passageira escreveu no seu Facebook: “Poderiam todos os meus amigos levantar um copo por Cuba e lembrar que, quando nada mais nos deixaria desembarcar, Cuba deu um passo à frente? “. Nos comentários, Anthea respondeu: “sinceramente estou inundada de lágrimas por sua bondade. Fizeram-nos sentir que não somente somos tolerados, como bem vindos. Obrigado a Cuba por nos ter aberto o coração.

Redator do Granma (jornal cubano do Partido Comunista), Yisell Rodríguez Milán, lembra que “Cuba, um dos poucos países do mundo capaz de dar um passo à frente pela humanidade nos momentos mais difíceis - luta contra o Ebola na África e assitência diante de desastres naturais em qualquer lugar do mundo - emitiu um comunicado oficial que devolveu a paz para os 683 passageiros e 381 tripulantes”.

De acordo com a Telesur, entre os viajantes do cruzeiro encontram-se pessoas da Austrália, Bélgica, Colômbia, Canadá, Irlanda, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega e Suécia. Cerca de 40 pessoas estão isoladas por apresentaram sintomas do coronavírus, mas apenas cinco casos estão confirmados.

O Granma informa que "nas últimas 48 horas, Cuba não registrou novos casos de Covid-19. Os quatro pacientes detectados permanecem hospitalizados, evoluem satisfatoriamente e são garantidos todos os recursos para sua recuperação total; enquanto todas as ações de controle de foco necessárias para impedir a propagação da pandemia no país continuam".






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Após humilhar e mandar embora os médicos cubanos, agora implora a volta deles


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Clique no link abaixo :




Imagens que contam o trabalho dos médicos cubanos, durante 5 anos no Brasil. De 2013 a 2018 no programa Mais Médicos criado pela Presidenta Dilma. O atual governo mandou eles embora em Janeiro de 2019.


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Live do Conde : Brasil brinca com a pandemia







As origens do Coronavírus



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Leonardo Boff

Somos capazes de uma conduta insensata e demente; pode-se a partir de agora temer tudo, tudo mesmo, inclusive a aniquilação da raça humana; seria o justo preço de nossas loucuras e de nossas crueldades

Hoje é um dado da consciência coletiva dos que cultivam uma ecologia integral, como tantos cientistas como Brian Swimme e o Papa Francisco em sua encíclica “Sobre o cuidado da Casa Comum” que tudo está relacionado com tudo. Todos os seres do universo e da Terra, também nós, seres humanos, somos envolvidos por redes intrincadas de relações em todas as direções de sorte que nada existe fora da relação. Esta é também a tese básica da física quântica de Werner Heisenberg e de Niels Bohr.

Isso o sabiam os povos originários como vem expresso nas palavras sábias do cacique Seattle de 1856: “De uma coisa sabemos: a Terra não pertence ao homem. É o homem que pertence à Terra. Todas as coisas estão interligadas como o sangue que une uma família; tudo está relacionado entre si. O que fere a Terra fere também os filhos e filhas da Terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que fizer à trama, a si mesmo fará”. Vale dizer, há uma íntima conexão entre a Terra e ser humano. Se agredimos a Terra, nos agredimos também a nós mesmos e vice-versa.

Os astronautas tiveram a mesma percepção de suas naves espaciais e da Lua: Terra e humanidade constituem uma mesma e única entidade. Bem o testemunhou Isaac Asimov em 1982, a pedido do New York Times, fazendo um balanço dos 25 anos da era espacial: “O legado é a percepção de que, na perspectiva das naves espaciais, a Terra e a Humanidade formam uma única entidade (The New York Times, 9 de outubro de 1982). Nós somos Terra. Homem vem de húmus, terra fértil, ou o Adam bíblico significa o filho e a filha da Terra fecunda. Depois desta constatação, nunca mais sairá de nossa consciência de que o destino da Terra e da humanidade é indissociavelmente comum.

Infelizmente ocorre aquilo que o Papa em sua encíclica ecológica lamenta: “nunca maltratamos e ferimos nossa Casa Comum como nos últimos dois séculos” (n. 53). A voracidade do modo de acumulação de riqueza é tão devastadora que inauguramos, dizem alguns cientistas, uma nova era geológica: a do “antropoceno”. Quer dizer, quem ameaça a vida e acelera a sexta extinção em massa, dentro da qual já estamos, é o próprio ser humano. A agressão é tão violenta que por ano mais de mil espécies de seres vivos desaparecem, inaugurando algo pior que o antropoceno, o necroceno: a era da produção em massa da morte. Como Terra e Humanidade estão interligadas, a produção de morte em massa se produz não só na natureza, mas no interior da própria humanidade. Milhões morrem de fome, de sede, vítimas da violência bélica ou social em todas as partes do mundo. E insensíveis, nada fazemos.

Não sem razão James Lovelock, o formulador da teoria da Terra como um superorganismo vivo que se autoregula, Gaia, escreveu um livro “A vingança de Gaia” (Intrínseca, 2006). Estimo que as atuais doenças como a dengue, a chikungunya, a zica virus, sars, ebola, sarampo, o atual coronavirus e a generalizada degradação nas relações humanas, marcadas pela profunda desigualdade/injustiça social e pela falta de solidariedade mínima sejam uma represália de Gaia pelas ofensas que ininterruptamente lhe infligimos.

Não sem razão que o vírus irrompeu lá onde a há mais poluição. Não diria como J. Lovelock ser “a vingança de Gaia”, pois ela, como Grande Mãe não se vinga, mas nos dá severos sinais de que está doente (tufões, derretimento das calotas polares, secas e inundações etc.) e, no limite, pelo fato de não aprendermos a lição, nos faz uma represália como as doenças referidas. Trata-se de uma reação à uma ação humana violenta.

Lembro o livro-testamento de Théodore Monod, talvez o único grande naturalista contemporâneo, em seu livro “E se aventura humana vier a falhar” (Paris, Grasset, 2000): “Somos capazes de uma conduta insensata e demente; pode-se a partir de agora temer tudo, tudo mesmo, inclusive a aniquilação da raça humana; seria o justo preço de nossas loucuras e de nossas crueldades” (p. 246).

Isso não significa que os governos do mundo inteiro, resignados, deixem de combater o coronavirus, proteger as populações e buscar urgentemente uma vacina para enfrentá-lo, não obstante suas constantes mutações. Além de um desastre econômico-financeiro pode significar uma tragédia humana, com um incalculável número de vítimas.

Mas a Terra não se contentará com estes pequenos presentes. Ela suplica uma atitude diferente face a ela: de respeito a seus ritmos e limites, de cuidado por sua sustentabilidade e de sentirmo-nos mais que filhos e filhas da Mãe Terra, mas a própria Terra que sente, pensa, ama, venera e cuida. Assim como nós cuidamos, devemos cuidar dela. Ela não precisa de nós. Nós precisamos dela. Ela pode não nos querer mais sobre sua face. E continuará a girar pelo espaço sideral, mas sem nós porque fomos ecocidas e geocidas.

Como somos seres de inteligência e amantes da vida, podemos mudar o rumo de nosso destino. Que o Espírito Criador nos fortaleça nesse propósito.


Leonardo Boff é teólogo, autor, entre outros livros, de Cuidar da Terra- proteger a vida: como evitar o fim do mundo (Record)