A vida depois da doença


Feira do Livro: Por que não falar em doença? questiona o Dr. Lucchese em seu novo livro. “Segunda chance – A vida depois da doença” tem sessão de autógrafos nesta terça-feira

A segunda chance segundo Fernando Lucchese



Juremir Machado da Silva


Quem não conhece o dr. Fernando Lucchese? Craque do coração, cardiologista de renome, ele é também autor de livros de sucesso. Acabei de ler o seu “Segunda chance, a vida depois da doença” (L&PM). Que belo livro! Com um texto leve e cativante, Lucchese descreve o que a doença faz com a gente e como alguns conseguem melhorar (ficar curados e melhores). Eu diria que quem anda por volta dos 60 anos de idade não pode deixar de ler esse relato de experiências de um médico consagrado e suas sábias interpretações do comportamento humano. A doença transforma arrogantes em humildes, colossos em seres frágeis.

Há os que nunca vão ao médico e os que só pensam em doenças. Há os que se acham imortais e os que fazem da própria doença uma razão de viver. Há os que morrem sem ter vivido e os que só despertam para a vida quando olham nos olhos da morte. Há os que não se cuidam por só cuidarem da agenda e há os que se desesperam quando a doença chega por ter de cancelar a agenda. A grande sacada, quando a doença bate à porta, sugere Fernando Lucchese, é darwiniana: “Só sobrevivem os que se adaptam”. Passa-se da surpresa à revolta e desta ao medo de morrer. Depois, vencido o primeiro tranco, surgem adaptação, aceitação e esperança. O autor aborda as reações dos pacientes e os procedimentos dos médicos, que não podem dar garantias nem eliminar imprevistos.

Doença não salva casamento em crise. Mas pode dar uma chance de reinventar a vida. Lucchese mapeia: “Após diagnosticada a doença, as reações individuais são as mais variadas. Há os que simplesmente negam e seguem tocando a vida. Às vezes correm perigo por não levar a sério as recomendações dos médicos. Há outros que passam a viver em função da doença. Param completamente a vida e declaram-se doentes”. Como encontrar forças para continuar? Como não mergulhar na autocomiseração? Existe um doente ideal? Segundo Lucchese, “o doente ideal é aquele que aprende com a doença. Tira do infortúnio as lições necessárias para continuar a vida evitando a recaída ou outras doenças”. O melhor caminho para a segunda chance é o estilo de vida.

Na equação do dr. Lucchese estilo de vida = saúde = felicidade = longevidade. Isso passa por alimentação, filosofia de vida, percepção da nossa finitude e busca de equilíbrio: “Os inteligentes e os espertos se adaptam e apostam na quantidade de vida que têm pela frente. E buscam qualidade no tempo que resta”. Com humor, Lucchese ilustra as situações. Um produtor rural idoso apaixonou-se pela jovem cuidadora. Preocupados com perdas na herança, os filhos avisavam que ela só queria o dinheiro dele, que, maroto, respondia: “E eu tenho!”

Velhice não é doença, mas traz doenças com ela. Precisamos manter viva a criança que nos habita: “Definitivamente, crianças são melhores do que os adultos que delas são gerados. Talvez por isso as crianças sempre estão preparadas para uma segunda chance após tratada a doença. Adultos nem sempre estão”. “Segunda chance”, de Fernando Lucchese, é uma primeira oportunidade de lidar com o inevitável.


Sorrir faz bem . . .



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As crianças ainda vão nos salvar


Criança no Shopping Pátio Maceió
Criança no Shopping Pátio Maceió  (Foto: Reprodução)

Esperança : criança defende transexual expulsa de shopping em Maceió e dá lição sobre preconceito


No caso de transfobia que aconteceu no Shopping Pátio Maceió, disseram a um garoto que tinham pena dele por ter apoiado a transexual expulsa. O menino respondeu: "eu que tenho pena de você, que você é preconceituoso"

4 de janeiro de 2020, 11:56 h
247 - Após mulher trans ser impedida de usar o banheiro feminino e expulsa do Shopping Pátio Maceió, em Alagoas, criança, que apoiou a vítima, deu lição em uma pessoa que o tentou reprimir.

"Ele disse que tinha pena de mim porque eu tava apoiando a transexual. Eu fiz: eu que tenho pena de você, que você é preconceituoso", disse o garoto.
Assista:

Postado em Brasil 247 em 04/01/2020

Mãe desabafa em publicação e acaba por viralizar nas redes sociais



A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, em pé, criança e sapatos



Por muitos anos que passem e por muita luta que travemos, infelizmente o preconceito continua a existir, e não estamos a falar entre “raças”, etnias, religiões, mas em tudo, até no simples “apenas de menino” ou “apenas de menina”.Recentemente, Yokohamma Coronado, uma mãe de menino, acabou por escrever uma publicação na sua página do Facebook em tom de desabafo, após lhe ter acontecido uma “situação bem engraçada”, como a mesma descreveu.

Segundo esta, no dia em questão havia ido passear com o seu filho Stefan ao shopping, quando o pequeno viu uma série de bolsas com bichinhos desenhados e pediu-lhe para comprar uma para si. Apesar da mãe dizer que ele já tinha mochilas e que não precisava de uma bolsa, este insistiu tanto que esta acabou por aceitar comprar uma e disse então para ele escolher.

Foi então que o menino, indeciso sobre qual deveria levar, decidiu pedir a opinião de um outro menino que estava ao seu lado acompanhado pela mãe, mas qual não foi o seu espanto quando este respondeu que não gostava de nenhuma, pois eram de menina.

Perante tal situação, a Yokohamma baixou-se e disse ao pequeno Stefan que o seu preferido era o Panda e perguntou-lhe qual era o dele, ao que ele respondeu timidamente que era o Pinguim. Então a mãe pegou na bolsa, comprou e deu ao pequeno, dizendo-lhe “você pode usar o que você quiser, não tem essa se é de menina, se você gosta pode usar sim, tá bom? E você ta lindo um príncipe com sua bolsa nova”.

A partilha desta mãe acabou por vitralizar com mais de 70 mil gostos e 5,9 mil comentários de pessoas que parabenizaram a sua atitude, dando um verdadeiro exemplo do que deveria ser a educação de todas as crianças deste mundo.









História de um casamento : coragem emocional é para poucos



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Guilherme Moreira Jr.

Assistir “Marriage Story”, traduzido como “História de um Casamento”, do diretor e roteirista Noah Baumbauch, é praticamente mergulhar, mesmo sem intenção, em todos, absolutamente todos os relacionamentos amorosos que você já possa ter tido na vida. E isso não é algo ruim, mas é doloroso. Falar de qualquer relacionamento é falar sobre o emocional. É discursar sobre o amor em várias camadas que até hoje não conseguimos, sejam poetas, músicos, compositores, escritores ou filósofos, desvendá-lo a ponto de saber exatamente a sua fórmula ideal, o status quo que o deixa ali, alcançável em nossas desajeitadas mãos.

O amor tem dessas injustiças atemporais. Às vezes são detalhes notados logo no início da relação, mas ignorados por causa da euforia, do gosto do novo, da sensação de vida que o sentimento traz consigo. E às vezes eles se mostram somente com o tempo, porque queremos tanto a aprovação da outra pessoa que escondemos, melhor, disfarçamos quem realmente somos com o medo de perder aquela pessoa. Tanto a primeira quanto a segunda escolha resultam em um desfecho dramático, desleal e que deixa cicatrizes difíceis de serem esquecidas.

No caso de Marriage Story, Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver) escolheram ambos caminhos diferentes, esperando o mesmo resultado. Nicole precisava do novo na sua vida, de algo real que realmente fizesse sentido ainda que não houvesse sem sentido algum naquela época. Já Charlie esperava que Nicole não notasse o seu ego frágil, os seus medos, descontentamentos e carências emocionais. Quando o divórcio finalmente chega para o casal, tanto um quanto outro invertem os seus papéis e assim seguem até o término do longa. É uma gangorra de dores e curativos retirados, onde prevalece mais a descoberta individual de quem é cada um sem o outro do que enquanto eles estavam de fato juntos.

O roteiro de Baumbach consegue deixar essas nuances misteriosas sendo reveladas aos poucos. Talvez seja o principal motivo do filme ser tão cativante e sofrível para quem o assiste. Porque você torce pela Nicole e Charlie, não por causa necessariamente do filho, mas porque nota-se a existência de algo raro, independente de amor, na maioria dos relacionamentos: sintonia. Sintonia não de combinar as mesmas coisas, os mesmos gostos, mas o tipo de sintonia que abraça e compreende os defeitos do outro sob um olhar tão generoso que por vezes faz o espectador ficar com um nó no peito. Lógico, mesmo sendo fofo, nada disso é o suficiente para o amor durar. Afinal, quem conhece com toda a certeza o suficiente para saciar o amor? É uma resposta particular, mutável e acredite, intangível.

Passamos a maior parte da vida tentando encontrar os nossos pares perfeitos e acreditando em finais felizes, mas nos esquecemos que alguns finais felizes também são finais infelizes. Infelizes já que eles precisam dessa virada trágica para que avancemos algumas casas, para que saiamos da nossa zona de conforto. Coragem emocional é para poucos, gente. Não basta um tombo, uma queda e você aprende tudo. Tampouco adianta pensar que o tempo em conjunto foi perdido, foi anulado por más decisões e arrependimentos.

O amor é complicado. Na verdade, o amor é irônico. Ele gosta desse plot twist no coração. Talvez por conhecer a gente há mais tempo que nós ou simplesmente por ter essa pegada travessa. A única coisa que o amor não é burro ou estúpido. Não consigo concordar com isso e nem com essa culpa jogada sobre ele. Somos nós, enquanto cada oi, conversa, beijo, sexo, despedida, reencontro, saudade, partida e outras interações que somos responsáveis por suas consequências.

O amor, o casamento, o relacionamento combinado entre duas pessoas, é tudo pano de fundo para uma história maior. Uma história na qual nós protagonizamos uma chama que acende quando conhecemos alguém com esse oferecer singular e o mais valioso do mundo naquele momento. Mas tudo pode mudar. Todos podemos. De um dia pro outro, de uma hora para outro, de um pro outro. O amor permite descaminhos. Ficarmos zangados com o mundo não resolve nada.

Então eu digo, mais uma vez, coragem emocional é para poucos. É uma jornada de várias idas e vindas, onde podemos ter a sorte e o azar de conhecermos alguém que a sintonia encaixe ou que deixa de existir numa outra oportunidade. Só não dá pra acharmos que tudo é lindo, que o amor não tem dos seus dissabores e que amar, mas amar no patamar que todos os entendedores artísticos da vida reconhecem é que: às vezes também é amor, mesmo que acabe. Digo isso porque o amor não morre no desencontro, ele morre quando não conseguimos mais recordar dele com o mínimo de agradecimento e respeito pela passagem tida em nossas frágeis e complicadas vidas.

Veja o Trailer :








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