O experimento do violinista no metrô : uma prova de que olhamos sem ver
O Washington Post quis provar até que ponto as pessoas eram capazes de reconhecer algo bonito ou sublime quando a beleza competia com a rotina. Infelizmente, provou o contrário: que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar.
O experimento social do violinista no metrô foi realizado para provar que olhamos sem ver. Foi realizado pela primeira vez em 2007 e repetido após sete anos. Seu protagonista foi o famoso violinista Joshua Bell, e ele provou que os seres humanos são bons em ignorar a beleza.
O experimento foi organizado pelo jornal Washington Post. Partia de uma pergunta: a beleza é capaz de capturar a atenção das pessoas se for apresentada no contexto cotidiano e em um momento inadequado?
Em outras palavras: as pessoas são capazes de reconhecer o belo fora dos cenários em que esperam que ele esteja?
O resultado final mostrou que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar. Nos deixamos levar pelas aparências e estamos tão absorvidos que não somos capazes de descobrir as belezas ocultas.
“Tudo tem sua beleza, mas nem todos podem vê-la”. - Confúcio -
Joshua Bell, um virtuoso
Joshua Bell é um dos melhores violinistas do mundo. Nasceu em Indiana (Estados Unidos) em 1967. Quando era muito pequeno, seus pais o viram reproduzindo o som do piano que sua mãe tocava, com faixas de borracha. Ele tinha apenas 4 anos de idade.
Seu pai lhe comprou um violino e aos 7 anos o garoto já fazia seu primeiro show.
A característica mais marcante de Joshua Bell é seu amor pela música clássica e sua defesa de uma ideia: ela deve estar ao alcance de todos os públicos. Ele não é um daqueles músicos que pensam que ela é válida apenas em determinados ambientes ou para um público treinado.
Bell apareceu na Vila Sésamo e participou da criação de várias trilhas sonoras para filmes. Além disso, interpretou o tema central do filme O Violino Vermelho e atuou como o dublê do protagonista em várias cenas.
Por isso, o Washington Post achou que Joshua Bell era o personagem mais indicado para o seu experimento social.
O experimento do violinista no metrô
O experimento do violinista no metrô consistia em colocar Joshua Bell para tocar violino em uma estação muito popular do metrô de Washington, em um momento de grande circulação de pessoas.
Bell quis interpretar a música com seu valioso violino Stradivarius, avaliado em mais de três milhões de dólares.
Os criadores do experimento estimaram que entre 75 e 100 pessoas parariam para escutá-lo. Também acreditavam que Bell receberia pelo menos 100 dólares ao longo da duração de sua performance.
Três dias antes, ele havia dado um concerto em que os presentes haviam pago 100 dólares para ouvi-lo em cadeiras não muito bem localizadas.
O dia marcado foi 12 de janeiro de 2007 às 7:51 da manhã. Bell estava vestido com uma camisa de mangas compridas, jeans e boné. Ele começou interpretando uma obra de Johann Sebatian Bach, depois continuou sua magistral interpretação com a Ave Maria de Shubert e várias outras peças.
Rapidamente, ficou evidente que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar.
Olhamos sem ver e ouvimos sem escutar
No total, o prodígio do violino tocou por 47 minutos. Durante esse tempo, 1.097 pessoas passaram.
Para a grande surpresa de todos, apenas seis delas pararam para escutar. No total, ele ganhou 32 dólares e 17 centavos pela sua performance. Joshua Bell disse, mais tarde, que o mais frustrante foi terminar suas interpretações e ver que ninguém o aplaudia.
Apenas uma mulher o reconheceu e um homem parou para escutá-lo por seis minutos. Era um jovem de 30 anos chamado John David Mortensen, um funcionário do departamento de energia do Estado.
Mais tarde, ele disse que os únicos clássicos que conhecia eram os clássicos do rock. No entanto, a música de Bell lhe pareceu sublime e ele decidiu parar para ouvir. “Senti paz“, disse ele.
A prova de que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar é que a maioria dos que passavam ficava completamente indiferente ao espetáculo. Para Bell, também foi desanimador sentir-se tão ignorado.
Por isso, sete anos depois, ele voltou a tocar no mesmo lugar, mas precedido por uma grande publicidade. Desta vez, centenas de pessoas se reuniram ao seu redor.
O objetivo era levar a música clássica aos jovens e Bell fez um pequeno concerto didático. Ele lamentou que tantas pessoas no mundo não conseguissem identificar a beleza em muitos momentos, e quis fazer algo para superar essa deficiência.
Existem finais felizes, finais tristes e finais necessários
Muitas vezes, teremos que sair de relacionamentos, sair de casa, sair do emprego, pular fora, partir, ir embora. Ou isso ou a gente prolonga sofrimento, dor e decepção.
Marcel Camargo
A vida é feita de ciclos, de pequenas histórias que se entrecruzam, de momentos que se somam uns aos outros, de chegadas e de partidas. Como diz a canção, há um vai e um vem na estação de nossas vidas, como num trem sem parada, apressado, cheio de surpresas pelo caminho. Há o que se inicia e o que acaba. Muitos finais pontuam a nossa jornada, ou seja é preciso saber lidar com eles.
Há finais felizes. Relacionamentos de uma vida, amores recíprocos para sempre, amizade eterna, emprego dos sonhos. Finais felizes são aqueles que não acabam nunca, quando algo que nos faz bem fica junto, fica com vontade, faz morada. São aqueles que ficam na gente, mesmo quando já se tornou passado, porque o que é intenso e verdadeiro, ainda que tenha que terminar, jamais sairá de nossos corações.
Há finais tristes. Infelizmente, a vida vai nos obrigar a separações bruscas, repentinas e extremamente dolorosas. Perdemos coisas e pessoas pelo caminho, perdas cujas marcas carregaremos enquanto vivermos. A saudade então nos fará companhia, bem como a lembrança de tudo o que foi bom, roubando-nos sorrisos, acalentando nossa alma, acelerando as batidas de nossos corações, preenchendo-nos de gratidão.
Há finais necessários. Nem tudo o que a gente quer e nem todos que a gente ama vão ficar – e essa será uma das lições mais duras que aprenderemos. Muitas vezes, teremos que sair de relacionamentos, sair de casa, sair do emprego, pular fora, partir, ir embora. Ou isso ou a gente prolonga sofrimento, dor e decepção. Será difícil, mas nossa sobrevivência dependerá da atitude certa em relação à pessoa errada, por mais que isso doa. E dói pra caramba, mas passa.
Como se vê, os finais serão recorrentes em nosso caminhar, sejam bons ou não. Caberá a nós enfrentar cada um deles com coragem, com a esperança de que dali sairemos mais fortes e dali sairemos prontos para receber o que ainda nos aguarda lá na frente. Pontos finais são necessários, para que novas histórias sejam escritas, com a gente protagonizando e conduzindo a trama, fazendo parte de enredos marcantes, inesquecíveis e recheados de amor.
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