5 espécies de PANCs para colher e comer em cada uma da 5 regiões do Brasil
O que antes parecia ser só um matinho,
hoje ganhou status no prato brasileiro :
são as PANCs ou
Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Mari Dutra
Nos mercados e feiras, elas já passam a ser conhecidas e requisitadas, além de estampar o cardápio de muitos restaurantes. Só que não precisa pagar caro para consumir PANCs. A ideia é justamente democratizar o acesso à comida e fazer com que aprendamos a ver alimentos cheios de nutrientes onde antes só víamos mato.
Para começar, que tal descobrir algumas das plantas alimentícias não convencionais mais comuns na sua região?
S u l
Almeirão-do-campo: as folhas ficam bem em saladas, sopas e refogados.
Arumbeva: um cacto comum desde o México até a América do Sul, que pode ser consumido em sucos, geleias, refogados e mousses.
Begônia: muito usada como planta ornamental, ela pode ser comida crua ou cozida, mas seu consumo excessivo deve ser evitado por pessoas com problemas renais.
Mentruz: com sabor picante, fica ótima nas saladas e também é muito usada para temperar cachaças.
Peixinho-da-horta: fica maravilhoso empanado e frito. O nome vem justamento da semelhança com peixes.
Outras: baldroega, bertalha, buva, capuchinha, caruru, crepis, dente-de-leão, erva-gorda, língua-de-vaca, mastruço, ora-pro-nóbis, picão, serralha, taioba, tansagem, urtigão-de-baraço, pixirica, urtigão, bertalha-coração.
Veja mais informações sobre PANCs encontradas na região sul e formas de preparo nesta cartilha, disponibilizada pelo grupo Viveiros Comunitários, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
S u d e s t e
Alho-silvestre: tem um sabor que lembra o do shitake cru e pode ser consumido tanto cru quanto cozido, sendo mais suave do que o alho convencional.
Feijão-espada: o maior feijão do mundo, com grãos que chegam a pesar cinco gramas – e vagens de até 50 centímetros. Porém, é preciso atenção com o preparo.
Feijoa: essa frutinha parente da goiaba é deliciosa e suas flores também são comestíveis, com sabor adocicado.
Pixirica: uma planta brasileiríssima, que também dá as caras nas regiões centro-oeste e sul.
Melão-andino: o nome é andino, mas é facilmente encontrado aqui no Brasil. O sabor lembra o do melão e combina muito bem com sucos e sobremesas.
Outras: milho crioulo, bertalha-coração, alfavaca do campo.
Feijão-espada. Foto : CC BY-SA 2.0Dinesh Valke/Flickr
C e n t r o - O e s t e
Urtigão: precisa ser fervida antes do consumo para perder a picância, mas rende ótimas sopas ou como acompanhamento para pratos quentes.
Bertalha-coração: dá uma espécie de batata, com sabor mais suave, e suas folhas também podem ser consumidas em caldos, sucos e massas.
Ora-pro-nóbis: estrela entre as PANCs, a ora-pro-nóbis é queridinha dos vegetarianos por ser rica em proteínas.
Baru: uma castanha cheia de proteínas, ácidos graxos e minerais, também chamada de cumaru.
Gabiroba: essa frutinha que nasce na Mata Atlântica e no cerrado pode ser consumida in natura ou usada em sucos, sorvetes, pudins e até licores.
Outras: alho-silvestre, pixirica, maracujá vermelho.
Saiba mais sobre as espécies encontradas na região com o livro “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Centro-Oeste“, disponível online e gratuitamente neste link.
Ora-pro-nóbis. Foto : Liou Yin/Wikimedia Commons
N o r d e s t e
Cacto pé de mamão: tem frutas com a polpa parecida à da pitaya. O lado negativo é que elas possuem espinhos, que devem ser retirados antes do consumo.
Maracujá vermelho: embora não seja tão saboroso para o consumo in natura, fica delicioso em doces, sucos, bolos e geleias.
Hortelã-do-norte: se parece com o boldo, mas é hortelã e costuma ser usada no tempero de carnes vermelhas, tendo um aroma picante e levemente amargo.
Beldroegão: suas folhas poem ser consumidas cozidas, cruas ou refogadas, as sementes são pequenas, mas comestíveis, e até a raiz pode ser aproveitada.
Inhame: mesmo tendo se tornado popular com as receitas divulgadas pela Bela Gil, o inhame ainda pode ser considerado uma PANC.
Outras: feijão-espada, alfavaca do campo.
N o r t e
Coentro do pasto: é usado como um condimento e também conhecido como coentrão.
Alfavaca do campo: tipo de manjericão nativo do Brasil e mais comum na culinária amazônica, com aroma que lembra a noz-moscada.
Cumaru: a maior parte da sua produção é para exportação e uso em cosméticos, mas essa sementinha também tem um sabor parecido ao da baunilha e fica ótima em doces.
Vitória-régia: suas flores, sementes e rizomas são comestíveis, enquanto a folha tem propriedades laxantes e cicatrizantes.
Batata-ariá: com um gosto diferente do encontrado na batata-inglesa e mais semelhante ao do milho quando cozida, suas folhas também podem ser utilizadas na culinária.
Outras: maracujá vermelho, hortelã-do-norte, taioba, moringa jenipapo, urtiga.
Cuidados com as PANCs
Apesar de ser possível encontrar estas plantas facilmente no ambiente urbano, o gestor ambiental e mestre em ciência ambiental Guilherme Ranieri, autor do blog Matos de Comer, alerta sobre algumas precauções que devem ser tomadas ao colher uma planta para consumo.
“O ideal não é ficar totalmente neurótico, mas é ficar de olho no local onde você está colhendo”, destaca Guilherme. Entre as precauções nesse sentido estão evitar colher de calçadas ou beira de avenidas com muito tráfego. “Em geral, quanto maior o fluxo veicular de uma via, mais o ar dela é poluído e, se o ar é poluído, o solo também é, porque grande parte dos poluentes que estão no ar, eles se depositam no solo, então os metais pesados vão aos poucos se depositando, derivados de petróleo vão se acumulando…“, exemplifica.
Foto : Guilherme Ranieri / Arquivo Pessoal
O solo também é uma preocupação importante, e deve-se evitar consumir plantas de locais onde se saiba que houve algum tipo de contaminação, como proximidade com lixão, aterro sanitário, oficinas mecânicas, postos de gasolina, fábricas desativadas… Além disso, é recomendado que as pessoas consumam estes alimentos como um complemento à sua alimentação, e não dependam sua dieta exclusivamente de PANCs.
Quanto à higiene, o pesquisador lembra que, antes de consumir as PANCs, devemos tomar os mesmos cuidados que temos com aqueles alimentos comprados no mercado. É necessário higienizar manualmente e deixar de molho em solução esterilizante de cloro por uns 15 minutos, com cloro específico para higienização hortaliças. “Muita gente só passa uma aguinha e acha que tá tudo bem, e na verdade não tá, né?“, diz.
Para identificar as PANCs, o ideal é que a pessoa saiba de antemão o que está procurando, para não confundir. Então, a primeira coisa é descobrir o nome popular da planta e, com essa informação em mãos, pesquisar o seu nome científico.
“Esse nomezinho em latim é um identificador muito preciso, porque não vai ter nenhuma planta com esse nome científico. O nome científico é único pra ela“, lembra Guilherme. O pesquisador sugere que, a partir desse dado, o interessado faça buscas na internet, em livros e, se tiver dúvidas, recorra ao jardim botânico da cidade onde vive.
Foto : Guilherme Ranieri / Arquivo Pessoal
É importante estar atento às características de cada planta antes de colhê-la para consumo: “Se diz que é uma planta que nasce só em sombra, se você encontrar ela num local muito ensolarado e seco, talvez não seja ela. Observar essas características, como que ela é e o que que ela gosta. Não dá muito para se arriscar colhendo coisa na rua sem entender um pouquinho de botânica, então a sugestão maior seria estudar, nem que seja um pouquinho. Entender quais são as partes da planta, entender como que são os formatos de folha, entender qual a diferença entre um fruto e uma flor, essas pequenas coisas que ajudam a pessoa a identificar a planta“.
A recomendação é pegar a muda da rua, remover a maioria das folhas e plantar novamente em casa, onde ela irá crescer com menos contaminação. Por último, uma dica útil é evitar provar plantas ornamentais, muito usadas em projetos de paisagismo e jardins, visto que elas costumam ser tóxicas.
“Não tem nenhum matinho que seja fatal, mas pode dar uma dor de barriga, pode fazer a pessoa passar mal, então o ideal é a pessoa saber mesmo o que ela está procurando“, conclui Guilherme.
A imagem acima : E-book gratuito ensina a plantar 20 PANCs na horta orgânica
Que delícia desligar mentalmente o som que vem de gente chata
" O problema é que antigamente dava para a gente se desviar da imbecilidade, agora não." (Fernanda Young)
Marcel Camargo
Não há quem consiga tentar discutir algum assunto hoje em dia sem se aborrecer, tanto na vida, quanto nas redes sociais. Além dessa proliferação de opinadores raivosos e, muitas vezes, completamente rasos, o mundo parece que vem ficando lotado de pessoas cujo prazer é discordar de tudo, brigar por qualquer coisa e fofocar de qualquer um. Haja paciência, porque os estoques de calmaria se esgotam dia a dia.
Se pararmos para analisar as causas dessa onde crescente de pessoas tóxicas por aí, levantaremos várias hipóteses, que vão desde o crescimento de uma geração de mimados que não conseguem ouvir não, até os vazios de vidas entediadas que resolvem azucrinar o outro, na tentativa de tentar tirar de si um sentimento negativo que transborda. Poucos conseguem lidar com as negativas da vida e partem para a violência, seja verbal ou mesmo física – o aumento de casos de homicídio e feminicídio estão aí para comprovar o que falo.
Além disso, as redes sociais deram vazão ao pior do ser humano, ao seu lado mais perigoso: a inveja. Famosos e aspirantes ostentam suas vidas glamourosas, suas viagens de luxo, closets imensos, físicos malhados, bronzeados e dentes branquinhos. A TV também fomenta isso, com atores e atrizes esteticamente impecáveis. Enquanto isso, as demais pessoas do mundo aqui de fora continuam com suas jornadas extenuantes, afazeres domésticos, estudos e boletos pendentes, sem chance de malhar e de viajar até a cidade mais próxima.
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