Jean Wyllys responde ao presidente


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1. Numa mesma coletiva, o Presidente da República mentiu e propagou uma fake news contra @ggreenwald, @davidmirandario e contra mim, tratando como “aquela menina que está lá fora”. Parece inacreditável, mas a suposta maior autoridade do país fez isso.



2. Ao me tratar de “aquela menina” como forma de me ofender e supondo que eu me ofenderia, o presidente tratou o gênero feminino (todas as mulheres) como algo desprezível, menor, subalterno, ou seja, para ele, é um insulto ser mulher.





3. Eu quero dizer ao presidente da república (dessa republiqueta de bananas em que ele e suas milícias transformaram o Brasil), que eu não me senti ofendido. Ao contrário: toda minha força reside no que as mulheres me deram, começando por minha mãe.





4. E ser tratado como “mulherzinha” por valentões machistas e homofóbicos não é uma novidade na minha vida nem na vida de qualquer gay. Estamos habituados. A diferença é nós aprendemos a encarar o que presidente considera uma ofensa como - e a transformar em - elogio.





5. O fato de o presidente ter se referido a mim como “aquela menina” é a prova cabal de que não há homofobia sem sexismo/misoginia e vice-versa. Todo homofóbico no fundo também odeia as mulheres. Bolsonaro também nunca escondeu que é homofóbico e misógino. Não finjam surpresa.





6. O que Bolsonaro fez, nessa coletiva só encontra paralelo na maneira como os nazistas demonizariam os judeus com mentiras e teorias infames sobre uma suposta conspiração judaica, interpelando assim o antissemitismo social europeu.





7. Bolsonaro basicamente mentiu sobre Gleen, David e eu, inventando que as denúncias de @TheInterceptBr sobre os crimes da Lava Jato são uma conspiração de três gays (dos gays) para derrubar seu governo, interpelando assim a homofobia social e incentivando a violência contra nós.





8. Enquanto parte da nação assiste a esse descalabro estupefata, e as elites ligam e desligam as instituições ao sabor de seus interesses, permitindo que esse sujeito seja presidente da república, eu aviso a este que eu tenho o maior orgulho de ser menina! De verdade!





8. Aprendi a lutar como uma menina. E mais: aprendi a lutar como uma menina baiana, e toda menina baiana tem um santo que Deus dá. O meu Oxóssi. Lutar como uma menina me trouxe aqui, presidente, e faz, de mim, o cuspe em sua cara que lhe incomoda e que nenhum tempo vai enxugar.







Eduardo Guimarães : Glenn é mais homem do que os homofóbicos que nos governam





Eduardo Guimarães: Glenn é mais homem do que os homofóbicos que nos governam




"Sabem o que é mais irônico e, ao mesmo tempo, poético na Vaza Jato? Esse bando de homofóbicos patéticos da "republiqueta de curitiba" e do governo fascista do Brasil estão sendo demolidos por um homossexual que é muito mais homem que todos eles juntos", escreveu o jornalista Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania






Belos momentos com belas músicas



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Cuidados com as plantas


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A supergenitalização das relações sexuais





Devido a muitas influências sociais e religiosas, há uma valorização da genitalização das relações sexuais. Isso significa que a penetração é mais importante, e muitos outros comportamentos igualmente prazerosos são evitados.

Se perguntássemos a muitas pessoas o que o sexo significa para elas, a maioria responderia da mesma forma. Atualmente há uma supergenitalização das relações sexuais, que consistem basicamente em penetração. Mais especificamente, implicitamente, na penetração vaginal.

Se fizéssemos esta pergunta em praticamente qualquer país do mundo, certamente a resposta seria a mesma. Por quê? O que faz a maioria das pessoas associar as palavras “relação sexual” a uma prática tão específica quanto a penetração vaginal?

Relações sexuais, relações eróticas ou relações genitais?

Recordando a origem da palavra sexo, ela se refere à nossa condição de seres sexuados. Ou seja, o sexo tem mais a ver com a nossa identidade sexual do que com qualquer outro significado.

Partindo desse ponto de vista, falar sobre relações sexuais abrangeria uma série de comportamentos muito ampla. Tanto que, se nos prendermos ao sentido literal de “relações sexuais”, estaríamos falando de todos os tipos de relacionamentos que consistem em duas pessoas interagindo, pois são seres sexuados (apertando as mãos, tendo uma conversa, um abraço, um beijo…).




No entanto, se repensarmos esse termo e o transformarmos em “relações eróticas”, tudo se tornará muito mais significativo. Etimologicamente, o “sexual” não se refere (apenas) ao que é feito em privacidade, mas como já dissemos, se refere à noção de identidade sexual.

Aquele “Eros” presente como um prefixo em “erótico” traz um componente de intimidade, vontade e desejo nas relações. Não se esqueça de que Eros, aquele deus da mitologia grega, era responsável pela atração sexual, e o seu equivalente romano é Cupido.

Agora, mesmo reformulando o conceito, continuamos a associá-lo a um tipo de interação íntima: a penetração. As relações baseadas na penetração não são o ápice ou objetivo de qualquer interação íntima.

Se fossem, talvez fosse mais lógico chamá-las de relações genitais e não relações sexuais ou relações eróticas. Mas a verdade é que, se não as chamamos assim, é porque não procede, obviamente.

Os relacionamentos eróticos têm tantas possibilidades que parece quase ridículo que apenas uma delas seja levado em conta.

A supergenitalização das relações sexuais e as expectativas pouco realistas

As ideias sobre relacionamentos íntimos podem estar contaminadas por muitas influências sociais. O cinema e a TV nos ensinaram que os órgãos genitais são a única maneira de se relacionar para obter prazer real.

A pornografia também acentuou essa supergenitalização dos relacionamentos eróticos. Ela mostra determinadas dinâmicas, tempos, formas, tamanhos e atitudes que não são, de forma alguma, representativas do que acontece na realidade.

Se nos deixarmos levar por essas influências e não as questionarmos, provavelmente viveremos os nossos relacionamentos íntimos com frustração.

Quando os genitais “falham”, tudo falha

É isso mesmo, os genitais masculinos e femininos podem falhar. Isso acontece de muitas maneiras, devido a muitas causas, mas eles podem falhar.

O que acontece se eles falharem? O relacionamento erótico acabou? As nossas relações eróticas são tão frágeis que dependem exclusivamente dos nossos genitais?

Não, claro que não, mas a supergenitalização das relações sexuais, juntamente com a crença popular, indicam que sim e isso produz vários tipos de mal-entendidos e dificuldades.

Infelizmente, a situação do homem que perde totalmente ou parcialmente a ereção antes ou durante uma relação erótica é comum. O problema é que o seu parceiro atribui essa perda de ereção à falta de desejo erótico em relação a ele ou ela.

Isso nos diz muito sobre a supervalorização da resposta genital; atribuímos mais validade ao comportamento genital do que ao próprio testemunho da pessoa sobre o desejo ou a excitação que está sentindo.




Estamos perdendo inúmeras experiências prazerosas

O preço que pagamos por essa superestimação das relações sexuais é muito caro. Quando nos concentramos em uma única prática erótica, desprezamos o restante.

Ao fazê-lo, estamos nos fechando a experimentar sensações desconhecidas que podem nos proporcionar prazeres iguais ou mais intensos do que a penetração.

O fato de nos abrirmos para a diversidade de comportamentos eróticos contribui para melhorar o nosso autoconhecimento e nos empoderar eroticamente.

Além disso, não é verdade que homens e mulheres sempre querem ter esse tipo de relacionamento. De fato, não é verdade que sempre desejemos ou tenhamos a necessidade de atingir o orgasmo.

Às vezes, podemos ter a necessidade de obter prazer em diferentes contextos através de diferentes interações. O ideal seria que obtivéssemos o nível de autoconhecimento adequado para desfrutarmos de todos os prazeres nos relacionamentos eróticos.

Não importa quão intensos eles sejam, se duram muito tempo, ou o que quer que sejam. Uma educação sexual adequada deve promover esse autoconhecimento, para que as pessoas sejam mais independentes e livres.