A CUT elaborou uma lista com 10 motivos relacionados à Educação e Previdência para que trabalhadores, estudantes e professores entendam com igual importância, as manifestações desta quinta-feira, 30 de maio, e a greve geral preparada para o dia 14 de junho pelas centrais sindicais





Rede Brasil Atual - A página da CUT elaborou uma lista com 10 motivos relacionados à Previdência e educação para que trabalhadores, estudantes e professores entendam com igual importância as manifestações desta quinta, 30 de maio, convocadas pela UNE e apoiadas por movimentos sociais, e a greve geral preparada para o dia 14 de junho pelas centrais sindicais (CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical e Nova Central).

A manifestação desta quinta-feira é um desdobramento do chamado Tsunami da Educação, que no dia 15 contou com grandes atos em mais de 200 cidades, reunindo mais de 1 milhão de pessoas. O mote foi a resistência aos cortes orçamentários e o posicionamento contrário à perseguição ideológica que o governo Bolsonaro pretende impor ao ensino público em todos os âmbitos, do ensino fundamental às pesquisas científicas.

O #15M ocupou também o topo das menções em redes sociais e ficou marcado por agregar nas ruas movimentos populares organizados e cidadãos comuns, alunos e pais de escolas públicas e da rede privada. Na maioria dos atos, se ergueram ainda faixas e cartazes em defesa da previdência pública e contra a Proposta da Emenda à Constituição (PEC) 6, que inviabiliza o direito à aposentadoria para milhões de trabalhadores.

O movimento incomodou o governo, que convocou, com apoio da imprensa, manifestações para o último domingo. Os atos, que ocorreram em menor número, tiveram no geral pouco público e bandeiras difusas. Os bolsonaristas mais raivosos atacaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e defenderam o pacote "anticrime" de Sergio Moro; o governo tentou carimbar as ações como em defesa da "nova" Previdência; tentar tirar proveito para um suposto apoio à "reforma" também foi o mote da mídia comercial.

Por isso, o 15 de maio, como agora também este dia 30, teve para os principais organizadores – como as frentes Povo sem Medo e Brasil Popular – um caráter de "esquenta" para a greve geral de 14 de junho, que em muitos lugares já conta com importante adesão do setor de transporte. Leia a seguir as razões que unem a defesa da educação e da Previdência públicas.
Dez razões para participar dos atos

1. Reforma da Previdência é o fim do direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores e trabalhadoras:

A reforma da Previdência de Bolsonaro (PSL) acaba com a aposentadoria por tempo de contribuição e impõe a obrigatoriedade da idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres, aumenta o tempo mínimo de contribuição de 15 anos para 20 anos e muda o cálculo do valor do benefício para reduzir o valor pago pelo INSS – trabalhadores vão receber apenas 60% do valor do benefício. Para ter acesso à aposentadoria integral, o trabalhador e a trabalhadora terão de contribuir por pelo menos 40 anos.

Compare com as regras atuais

Pelo modelo atual, os trabalhadores podem se aposentar após 35 anos de pagamento ao INSS e as trabalhadoras após 30 anos de contribuição, sem a exigência de idade mínima. Nesse caso, para ter acesso ao valor integral do benefício, as mulheres precisam que a soma da idade mais o tempo de contribuição seja igual a 86 (56 anos + 30 contribuição = 86 – aposentadoria integral). Já os homens precisam que a soma final totalize 96 (61 anos + 35 contribuição = 96 – aposentadoria integral).

No caso dos trabalhadores que não conseguem se aposentar por tempo de contribuição, a aposentadoria é por idade: 65 anos para os homens e 60 para as mulheres, com no mínimo 15 anos de contribuição.

2. Quem já está aposentado também vai ter prejuízo

A reforma exclui da Constituição Federal a regra que determina a reposição da inflação para os benefícios acima do salário mínimo pagos a aposentados e pensionistas da iniciativa privada e do setor público. E mais: desvincula os valores dos benefícios do salário mínimo.

Isso significa que os reajustes do salário mínimo não serão mais usados como base de cálculo para corrigir as aposentadorias e pensões. Essas mudanças podem rebaixar drasticamente os valores dos benefícios, inclusive de quem se aposentou antes de a reforma ser aprovada.

3. Reforma ataca até viúvas e órfãos

No caso de morte, o cônjuge ou filho que tem direito a pensão receberá apenas 50% do valor do benefício a que o trabalhador ou trabalhadora tinha direito, mais 10% por cada dependente. Como a viúva ou o viúvo contam como dependentes, a pensão começa com 60% do valor do benefício.

Os filhos menores de idade têm direito a 10% cada. Quando um filho atingir a maioridade ou falecer, sua cota não será reversível aos demais dependentes.

Em 2017, mais de 7 milhões e 780 mil (22,7%) do total de benefícios pagos foram por pensão por morte. O valor médio mensal foi de apenas R$ 1.294,05, segundo o Anuário da Previdência Social.

Mais um ataque às viúvas e viúvos

A reforma de Bolsonaro quer restringir a possibilidade das viúvas ou viúvos acumularem os, em geral, parcos benefícios. Pela regra proposta, se uma pessoa for acumular aposentadoria com pensão poderá escolher o benefício de valor mais alto e o outro vai ser repassado com desconto, de acordo com reduções por faixas escalonadas de salário mínimo.

Por exemplo, quem tiver um segundo benefício no valor de até um salário mínimo (R$ 998,00), poderá ficar com 80% do benefício (R$ 798,40).

4. Reforma ataca também doentes e acidentados (incapacidade temporária)

Trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada e servidores públicos que se acidentarem ou sofrerem de doenças s em relação com o ambiente do trabalho, impedidos de trabalhar por um longo período – vão receber apenas 60% do valor do auxílio-doença, se tiverem contribuído no mínimo durante 20 anos para o INSS. Se ele tiverem contribuído por mais de 20 anos, terá direito a 2% a mais no valor do benefício por cada ano de contribuição.

Pela proposta, um trabalhador acidentado, ou doente, pode receber menos do que o valor do salário mínimo (R$ 998,00).

5. Reforma praticamente acaba com aposentadoria por invalidez (incapacidade permanente)

A PEC propõe que os trabalhadores acidentados ou que tenham doenças contraídas sem relação com o ambiente de trabalho – exemplos: teve um câncer que o impede de trabalhar para sempre ou sofreu um acidente de carro no fim de semana e ficou paraplégico – terão de contribuir por, no mínimo, 20 anos para receber apenas 60% do valor da aposentadoria. Se ele tiver contribuído por mais de 20 anos, terá direito a 2% a mais no valor do benefício por cada ano de contribuição.

Atualmente, para ter direito ao benefício integral, basta o trabalhador ter contribuído durante 12 meses, o chamado período de “carência”.

6. Capitalização da Previdência

O governo quer criar a capitalização da Previdência, mas ainda não disse como serão as regras. Só vão apresentar a proposta, por meio de uma lei complementar, depois da aprovação da PEC 06/2019.

O que se sabe sobre a capitalização é que o sistema funciona como uma poupança pessoal do trabalhador, não tem contribuição patronal nem recursos dos impostos da União para garantir o pagamento dos benefícios.

O trabalhador deposita todos os meses um percentual do seu salário nessa conta individual para conseguir se aposentar no futuro. Essa conta é administrada por bancos, que cobram tarifas de administração e ainda podem utilizar parte do dinheiro para especular no mercado financeiro.

7. Reforma quer acabar com pagamento da multa de 40% do FGTS

A reforma da Previdência de Bolsonaro não se limita a Previdência, mexe também com a legislação Trabalhista ao propor o fim do pagamento da multa de 40% do saldo do FGTS quando o trabalhador se aposentar e continuar na mesma empresa. Esse item também isenta o empresário de continuar contribuindo com o FGTS.

8. Governo quer excluir do acesso ao PIS PASEP 18 milhões de trabalhadores

Outra proposta da reforma que não tem a ver com aposentadoria nem pagamento de benefícios é a sugestão de pagar o abono salarial do PIS/PASEP apenas para os trabalhadores e trabalhadoras formais que ganham até um salário mínimo (R$ 998,00).

Se a PEC for aprovada pelo Congresso Nacional, dos 21,3 milhões (52%) trabalhadores e trabalhadoras formais que hoje recebem o abono, 18 milhões deixarão de receber.

9. Cadê a política para gerar emprego e renda do governo? 

No primeiro trimestre deste ano, faltou trabalho para 28,3 milhões de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil, segundo a Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego do período foi de 12,7% e atinge 13,4 milhões de trabalhadores e trabalhadores.

Mas, até agora, o governo Bolsonaro não apresentou sequer uma proposta que, de fato, contribua para aquecer a economia e gere emprego e renda.

10. Os cortes na educação prejudicam do ensino básico a pós-graduação

Com os cortes anunciados na educação básica vão faltar recursos para a compra de móveis, equipamentos, para a capacitação de servidores e professores e até para pagamento de contas de água e luz.

Os cortes também inviabilizam investimentos no programa de Educação Jovens e Adultos (EJA) e também o ensino em período integral.

Além disso, afeta profundamente a educação, saúde, produção científica e tecnológica. As universidades públicas são responsáveis por mais de 90% da pesquisa e inovação no país e prestam serviços à população por meio de projetos de extensão e hospitais universitários.




Mariana Motta prova que podemos ter juventude e sabedoria juntas !










“ Você pode ser o que quiser ”, diga isso a seu filho e o perderá para a depressão.



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Luciano Cazz

Nossa liberdade acaba quando começa a liberdade do outro. Esta é uma máxima fundamental para que a vida em sociedade seja possível. Os grandes desencontros do mundo acontecem exatamente quando um acha que pode mais que o outro. Quando ser a si mesmo significa ser mais do que qualquer um. Se todos fossem o que desejam ser, não existira pobreza, feiura, imposto de renda, polícia, quiça, vida no planeta que, do caos, provavelmente viraria poeira.

O que precisamos ensinar para a nova geração é exatamente o contrário. Ninguém pode ser o que quiser. Vivemos em um mundo onde o bom senso prima pela paz. Somos feitos de sentimentos bons e de um voraz ardor para o rancor e a raiva. E é aí que mora o perigo. Se somos o que a gente quer, somos também nossas crueldades, nossas vinganças, nossa sujeira, nossas fantasias mais esdrúxulas e nossos desejos mais desumanos. Que, na verdade, são bem humanos.

Por isso, devemos ser, sim, o melhor que temos dentro de nós. E não o que a gente quer, porque, nosso instinto é primitivo e nosso querer não vê regras, nem limitações. Nossas vontades não estão inseridas em uma corte que luta pelo bem contra o mal. Elas simplesmente são sem qualquer julgamento. E a racionalidade que vem para nos dizer: Espera aí! Você não pode ser o que quiser.

E a criança que não aprender isso crescerá frustrada e se tornará um adulto infeliz, provavelmente, depressivo. Porque, todos os dias, alguém vai lembrá-lo que ele não é tão importante quanto gostaria de ser, tão competente quando pensa que é, tão bonito quanto quem lhe dera que fosse. Todos os dias, a vida vai jogar na cara dele suas limitações e, muitas vezes, dirá em alto e bom tom: Você está muito longe de ser o que quer. E, então, não haverá outra realidade do que a inconformidade que o levará a conflitos, vícios, rebeldias. A uma vida destrutiva ou autodestrutiva e muito, mas muito infeliz. Sem esquecer que a principal causa do suicídio é, exatamente, não ser o que se quer. 

Pessoas que não sabem respeitar limites, não se adaptam a sociedade, são incapazes de terem relacionamentos saudáveis e, principalmente, de enxergar aquilo que o outro deseja ser. A filosofia “posso ser o que eu quiser” é vivida por violadores que querem ser garanhões e não respeitam o não das mulheres. Por assassinos que querem ser o que quiserem e destroem a vida daqueles que entram em seu caminho. Querer ser o que quiser é a máxima dos políticos corruptos que desejam ser ricos e por isso deixam o povo morrendo nas filas dos hospitais, passando fome, etc.

Portanto, ensine seus filhos a se frustrarem. É um dos maiores bens que você pode dar a eles. E, mais do que isso, mostre aos seus pequeninos que, além da frustração fazer parte da vida, levantar, sacudir a poeira e seguir em frente também faz. É assim que conquistamos nossos sonhos, nosso espaço e o respeito dos outros. Deixe-o com a certeza de que, mesmo ele não sendo um monte de coisas que gostaria de ser, você ainda estará com ele, por ele, amando-o incondicionalmente não importando os limites que a vida lhe imponha.

E, então, em vez de se tornar um frustrado e cair em depressão por nunca se tornar tudo aquilo que gostaria, seu filho crescerá com a sábia maturidade de entender que ter sucesso na vida significa não ser tudo o que se quer e, ainda assim, ser muito feliz.





Refletindo . . .


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“ Ganhei eu ”, diz jornalista português sobre o Prêmio Camões de Chico Buarque





Pedro Tadeu, DN

Quando recebi no celular o alerta “Chico Buarque ganha o Prémio Camões” senti-me no direito de comemorar uma vitória: “ ganhei eu, caramba, ganhei eu ! “. Fui ler a notícia. Os seis membros do júri explicavam a razão desta atribuição do galardão literário pela “contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa“.

E o que é que este português, de 55 anos, que escreve estas linhas, aprendeu com Chico Buarque?

Aos cinco anos de idade o meu corpo saltitava sempre que no rádio grande do meu pai tocava “A Banda“, a música que, quando passava, diz o verso final do refrão, ia “cantando coisas de amor“. Chico Buarque impulsionou-me a dança.


Aos 10 anos de idade percebi como um indivíduo sozinho nada pode contra o cerco violento da indiferença. Bastou-me ouvir a história circular do operário de “Construção“, que “morreu na contramão atrapalhando o sábado“. Chico Buarque ensinou-me a identificar a injustiça social.


Aos 11 anos de idade percebi a inutilidade da divindade quando o coro masculino MPB4 repetia, em Partido Alto, “Diz que Deus dará/ Não vou duvidar, ô nega/E se Deus não dá?/Como é que vai ficar, ô nega?“. Chico Buarque deu-me razões para ser ateu.


Aos 12 anos de idade intui, com os versos de Fado Tropical, como a brutalidade da colonização sangrou a pele dos povos e como as cicatrizes prevalecentes demoram séculos a fechar: “E o rio Amazonas/Que corre Trás-os-montes/E numa pororoca/Desagua no Tejo/Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal/Ainda vai tornar-se um Império Colonial“. Chico Buarque ofereceu-me uma identidade, um medo e uma esperança na Lusofonia.


Aos 13 anos de idade percebi, pela letra do pseudônimo Julinho da Adelaide (um autor inventado, usado para ludibriar a censura da ditadura brasileira, que até falsas entrevistas deu aos jornais…), que confiar na polícia pode ser perigoso, como constata Acorda Amor: “Tem gente já no vão de escada/Fazendo confusão, que aflição/São os homens/E eu aqui parado de pijama/Eu não gosto de passar vexame/Chame, chame, chame, chame o ladrão, chame o ladrão“. Com Chico Buarque descobri que, às vezes, está tudo certo se se ficar do lado errado.


Aos 14 anos de idade conspirei o sentido da canção O Que Será (À Flor da Pele): “Será, que será?/O que não tem decência nem nunca terá/O que não tem censura nem nunca terá/O que não faz sentido…” Chico Buarque revelou-me o secreto significado da palavra “liberdade“.


Aos 15 anos de idade compreendi, ao ouvir Mulheres de Atenas, que a minha mãe, a minha irmã e a minha namorada viviam num mundo pior do que o meu: “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Geram pro seus maridos os novos filhos de Atenas/Elas não têm gosto ou vontade/Nem defeito nem qualidade/Têm medo apenas“. Chico Buarque justificou-me o feminismo.


Aos 16 anos de idade espantei-me com o atrevimento de O Meu Amor. “Eu sou sua menina, viu?/E ele é o meu rapaz/Meu corpo é testemunha/Do bem que ele me faz“. Chico Buarque fez-me entender como o sexo pode, ou não, fazer um par com a palavra afeto.


Aos 17 anos comovi-me com Geni e o Zepelim, a prostituta que salva a cidade mas que a cidade despreza: “Joga pedra na Geni!/Joga bosta na Geni!/Ela é feita pra apanhar!/Ela é boa de cuspir!/Ela dá pra qualquer um/Maldita Geni!”. Chico Buarque confrontou-me com a dignidade dos indignos.


Aos 18 anos de idade a história de O Malandro exemplificou-me como é sempre o mexilhão que se lixa: um tipo que foge de um tasco sem pagar a cachaça que bebeu provoca uma crise mundial. Mas, no final das crises, há sempre um bode expiatório: “O garçom vê/Um malandro/Sai gritando/Pega ladrão/E o malandro/Autuado/É julgado e condenado culpado/Pela situação“. Chico Buarque antecipou-me a globalização e fez de mim um comunista.


Aqueles anos foram os tempos do meu caminho até à chegada à idade adulta, uma época anterior aos romances que Chico Buarque escreveu e que completam, com a verdadeira poesia de muitas das suas canções, um currículo mais do que suficiente para a atribuição do mais importante prêmio literário em Língua Portuguesa. 

Aqueles anos foram os tempos que moldaram o meu carácter. 

Aqueles foram os tempos que moldaram o carácter de tantos outros e de tantas outras que, como eu, cresceram a ouvir estas canções mas que entenderam nelas tantas coisas que eu não entendi, que compreenderam nelas tantas coisas que eu não percebi, que tiraram conclusões destes textos muito diferentes das que eu tirei. 

Mas, tenho a certeza, apesar de pensarem e sentirem de maneiras tão diferentes da minha, ontem, milhões de vós, ao saberem da notícia do Prémio Camões atribuído a Chico Buarque, tiveram o mesmo impulso que eu e comemoram: “ganhei eu, caramba, ganhei eu !”.