Quando comecei a trabalhar na Globo do Rio de Janeiro, uma das minhas primeiras pautas foi na casa de Beth Carvalho, no Joá, em 1998. Ela abriu as portas da sua residência para que entrevistássemos um menino de oito anos, muito bom no cavaquinho, que ele queria promover.
Beth Carvalho não tinha nenhum interesse empresarial no menino, que de fato tocava muito bem. Era pura generosidade. Lá estava o menino tocando para a reportagem da Globo, sob o olhar do pai e aprovação de Beth. A sugestão da pauta foi dela.
Lembrei da cena quando soube hoje da morte de Beth Carvalho. Que perda! Beth Carvalho tinha consciência política e não se omitia — na esquerda, tem político que não deu um pio ou postou um tuíte ou retuitou algo para, pelo menos, reprovar a tentativa de golpe contra Nicolás Maduro.
Beth Carvalho, ao contrário, sempre se expôs. Nunca escondeu que tem lado, o lado do povo, como destacou Lula, em uma carta que enviou a ela, em setembro do ano passado, depois de tomar conhecimento de que Beth Carvalho havia feito um show deitada, em razão de um grave problema de saúde.
“Estou torcendo por você, como cantora, pessoa, e pelos seus compromissos ideológicos; e sobretudo pela coragem de estar sempre ao lado do povo”, escreveu Lula.
Beth admirava Che Guevara, privou da amizade de Leonel Brizola e de Fidel Castro, esteve com Nicolás Maduro mais recentemente, depois da morte de Hugo Chavez. Era autêntica e, como disse, generosa.
Uma valente, talentosa artista, mulher de esquerda, mulher de luta. Brava gente brasileira.
É como disse Freud: “Brincando pode-se dizer de tudo, até mesmo a verdade”. Por isso, o humor tem uma importância terapêutica, pois funciona como uma “válvula de escape”, que distensiona o acúmulo das nossas preocupações.
O humor serve como prova de um fato engraçado, que até então, estava travado. É como disse Freud: “Brincando pode-se dizer de tudo, até mesmo a verdade”. Por isso, o humor tem uma importância terapêutica, pois funciona como uma “válvula de escape”, que distensiona o acúmulo das nossas preocupações.
As risadas produzidas pelo humor atuam como placebo, uma palavra que vem do latim placere, que significa “agradar”, isto é, nos agrada rir quando alguém cai com graça ou quando achamos que conseguimos enganar um amigo numa “pegadinha”.
Assim, o humor segundo Freud é um dom precioso e teimoso, que consiste em um modo inteligente de lidar com o sofrimento enquanto protesto diante das adversidades e da morte. Aliás, o humor é rebelde, que ajudou o próprio Freud enfrentar as dificuldades da vida, em situações narradas em sua biografia por Peter Gay.
O humor é uma criação simbólica inesperada, que por meio da surpresa eclode em um sentido novo para a existência humana. Por exemplo, na cinematografia de Charles Chaplin, do Gordo e o Magro, de Mazzaropi, entre outros. E ainda, os filmes de suspenses que nos dão arrepios e as manifestações artísticas que nos inebriam, partindo da mesma narrativa cômica.
Portanto, o humor nos transforma em “gente sem frescura” que ri de si mesmo, que percebe que toda a verdade é incompleta e tem várias versões, considerando que humano em nós está em permanente construção, porque a vida apresenta suas imperfeições, e mesmo assim vale a pena dar boas risadas.
Esse é o caráter irradiante do humor, que se opõe à resignação masoquista, dos sujeitos diante dos imperativos morais e sociais. Por conseguinte, os humoristas são transgressores que revelam as nossas idiossincrasias, e são eles que derrubam com galhofas o establishment.
As piadas dos humoristas libertam os risos reprimidos, uma vez que os desejos e os afetos estão trancados dentro de nós, que precisam de gargalhadas para eclodir. Além disso, o humor é um desses caminhos em que princípio do prazer se impõe sobre o princípio da realidade, produzindo um efeito parche em nossa saúde emocional.
No entanto, as piadas de “mau gosto” não refletem o verdadeiro sentido do humor, mas se configuram como bullying nas escolas e tal como as anedotas grosseiras no trabalho, onde alguns indivíduos pensam que podem ofender os outros, com a desculpa de que tudo não passou de uma brincadeira, tornando o mundo um lugar repulsivo de se viver.
Enfim, a terapia do riso, inclusive em tempos bicudos, é acessível através do cinema, arte, literatura e piadas entre amigos e familiares, que produz risadas benéficas para nossa saúde psíquica, inibindo as situações estressantes do cotidiano. É como afirmou o dramaturgo Oscar Wilde: “A vida é muito importante para ser levada a sério,” citação que parafraseei no título deste artigo.
Você já deve ter ouvido falar de pessoas que só sabem pensar “dentro da caixinha”*; pessoas que se limitam a pensar como os outros querem. Sendo assim, vale acrescentar que esse pensar dentro da caixinha na verdade resulta em condutas dentro da caixinha, ou seja, a liberdade de agir é cerceada ou limitada por paradigmas, pré-conceitos ou padrões, estipulados de fora para dentro por outrem. Muito do jogo político-social-econômico e até religioso de dominação classista é feito de modo a levar as pessoas a submeterem-se a alguma “caixinha”.
Você também já deve ter ouvido o ditado popular “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Pois bem, é preciso estar vigilante, posto que não existe apenas uma “caixinha”, elas são inúmeras. Às vezes, você corre o risco de fugir de uma e cair em outra igual ou de teor assemelhado, já que existem uma gama de mecanismos como a televisão, a publicidade e hoje as chamadas mídias sociais via internet, para induzi-lo a adentrar e amoldar-se a uma delas.
Para tornar mais clara essa reflexão vou citar algumas das “caixinhas” disponíveis. São elas a da mediocridade, do comodismo, do vitimismo, da autopiedade, da submissão, da exacerbação do sofrimento, do consumismo desvairado, do determinismo, do fatalismo, do inconformismo inútil, da rebeldia inconsequente, da desresponsabilidade, da ignorância, da arrogância, do egoísmo, da baixa autoestima, do reducionismo, etc.
E aí você deve estar se perguntando: “como escapar a essa armadilha? ”. A primeira resposta que me ocorre é aprendendo a pensar e agir conscientemente diferente. De preferência baseado no bom conhecimento adquirido e na valoração positiva das suas próprias vivências e perspectivas, pois, enquanto estiver pensando ou agindo de acordo com outrem você será igual, embora possa diferir em alguns tons. Pense nisso!
*Às vezes usa-se também o termo “pensar dentro da casinha”, o que é apenas uma variação sobre o mesmo tema.
Autor: Willes S. Geaquinto Psicoterapeuta, Consultor Motivacional. Com método próprio trabalha com a Terapia do Renascimento promovendo o resgate da autoestima, o equilíbrio emocional e solução de transtornos e fobias. Palestras e Cursos Motivacionais(relação de palestras no site). Contato: (35) 3212-5653 site: www.viverconsciente.com.br E-mail: willesterapeuta@bol.com.brVisite o Site do autor e leia mais artigos.
O modelo mais antigo de conservação da biodiversidade surgiu da relação que os povos indígenas mantêm com o meio ambiente. Ao longo de muitas gerações, esses grupos incorporaram em seus usos e costumes, mesmo em sua cosmovisão, os recursos naturais ao seu redor: os índios dependem deles para sobreviver, valorizam e protegem, e os conhecem como ninguém.
Historicamente, esses grupos mantiveram uma relação com o meio ambiente que não só garante a sua conservação, como também permite que a natureza forneça, de forma sustentável, os insumos de que necessitam para sobreviver. Sobre o assunto, Francisco Rilla, especialista em meio ambiente e governança, advertiu às Nações Unidas:
A compreensão do meio ambiente pelos índios é baseada em um sofisticado conhecimento coletivo de ecologia, bem como nas capacidades que lhes permitem gerir os seus territórios de forma que proteja o seu modo de vida e garanta a sustentabilidade dos recursos naturais.
Além de celebrar as atividades de conservação das comunidades indígenas, é necessário reconhecer e reforçar o papel que esses grupos desempenham no presente e no futuro da biodiversidade do planeta.
Estima-se que atualmente a população indígena consista de aproximadamente 370 milhões de pessoas, distribuídas em setenta países, e que ocupam quase um quarto do território mundial. E é exatamente neste território habitado pelos povos indígenas que se concentra 80% de toda a biodiversidade do planeta, o que nos mostra a importância dos povos indígenas no trabalho de preservação da natureza.
O papel dos grupos indígenas na conservação do meio ambiente foi amplamente documentada e endossada nos últimos anos. Também foi demonstrado que, nos casos em que esses grupos têm o direito de posse legal sobre essas terras e, sobretudo, com o apoio do governo para gerenciá-la, os resultados obtidos são muito superiores se comparados a outros instrumentos de conservação – como sugere um amplo Estudo que analisou os casos de seis países da América Latina.
Considerando tudo o que foi explicitado, é inevitável concluir que, no âmbito dos esforços e políticas de conservação da biodiversidade, deve-se priorizar o reconhecimento, avaliação e fortalecimento do trabalho realizado pela população indígena em todo o mundo. Respeitar sua governança tradicional e incentivar sua participação no desenho de novas políticas e ferramentas será um fator determinante nas aspirações de preservar o que resta de nossa herança biocultural.
80% da biodiversidade é protegida pela população indígena no mundo, E o resto de nós é responsável por apoiar e complementar essa tarefa que já vem sendo realizada ancestralmente.