Lula merece o Nobel da Paz




Ricardo Stuckert





Leonardo Attuch



Preso há mais de 300 dias, num processo contestado por juristas do Brasil e do mundo, e que teve como consequência prática a definição do resultado eleitoral no Brasil, o ex-presidente Lula foi privado de um direito que não é negado nas democracias modernas nem aos mais perigosos assassinos: o de velar e enterrar um parente próximo. A operação montada para isso, que envolveu as figuras de sempre do Poder Judiciário, evidenciou aos olhos do mundo, a real condição de Lula: a de um preso político, que não pode aparecer, falar ou ser fotografado. Se fosse possível, Lula já teria sido assassinado e exposto em praça pública, tal qual Tiradentes. Mas como vivemos num mundo supostamente civilizado, a ordem é eliminar qualquer vestígio de sua existência, na vã expectativa de que a memória do povo brasileiro seja também apagada.

Alvo de uma perseguição comparável apenas às que foram movidas contra grandes personagens da história, como o capitão Dreyfus, na França, Mahatma Gandhi, na Índia, Nelson Mandela, na África do Sul, e Pepe Mujica, no Uruguai, Lula tem respondido a todas as agressões que partem dessas nossas "instituições que funcionam" com absoluta serenidade. Sem ódio, mas sem nunca perder a dignidade, como demonstrou neste episódio mais recente, em que a proposta oferecida pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, consistia em levar o caixão de seu irmão Vavá a uma base militar, em que Lula poderia encontrar os parentes numa condição segura para o sistema – ou seja, sem imagens e registros de sua voz. Não, o povo brasileiro não pode saber que Lula está vivo. Esta é a mensagem.

Mas por que tanto medo? Lula está sendo silenciado porque representa a lembrança de um tempo em que o Brasil era respeitado no mundo e os brasileiros sentiam-se confiantes e felizes. É também silenciado pelo gigantesco contraste entre sua figura de luz e o aspecto soturno do bolsonarismo – um regime que exalta a morte, é acusado de ligação com milícias e propõe como saída para a insegurança pública que cada brasileiro tenha quatro armas de fogo. Se não bastasse, temos também um ministro que nega a educação superior como direito fundamental e uma ministra suspeita de sequestrar crianças indígenas. Mas é Lula, no entanto, quem está sequestrado.

O medo, porém, é desnecessário. Lula tem demonstrado, na prisão, que sua verdadeira revolução é a resistência pacífica, que o torna vencedor mesmo nos momentos de aparente derrota. Quando violentam as leis e agridem os direitos mais elementares de um cidadão – justamente aquele que é tido como o melhor presidente da história do Brasil – seus agressores apenas revelam ao mundo suas fraquezas, seu pânico e fazem Lula ainda mais forte – o que torna o Nobel da Paz quase inevitável. A se confirmar esse cenário, o que farão seus carrascos?



Postado em Brasil 247 em 01/02/2019



Clique nos links abaixo para ler :






















Davos Annual Meeting 2007 - Luiz Inacio Lula da Silva ( Nota da Editora do blog : Lula discursa em Davos e dá entrevista coletiva se saindo brilhantemente, enquanto o Presidente Bolsonaro não conseguiu falar mais que 6 minutos, lendo algumas fichinhas, e fugiu da entrevista coletiva. O Brasil não merecia tamanho vexame. ) (vídeo)



Enquanto Lula sempre trabalhou por igualde de condições para ricos e pobres, o governo Bolsonaro trabalha contra o povo e a favor do rico ... Ler abaixo.







Bebel, 12 anos : “ precisamos lutar cada um fazendo sua parte para trazer nosso Brasil de volta ”



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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Terça-feira, 11 da noite, chega mais um zap da minha neta Bebel, de 12 anos:

“ Vovô : tive vontade de escrever esse texto e estou enviando pra você."

Eu já estava dormindo, só fui ler agora de manhã.

A gente tinha acabado de ter uma longa conversa no WhatsApp sobre a situação do país e a decisão da Justiça de proibir a ida de Lula ao enterro do irmão Vavá.

No primeiro zap, às 10 da noite, ela me fez uma pergunta:

“ Oi, vô, tudo bem? Coitado do Lula. Eu estou preocupada. Você acha que vão deixar ele ir no velório?”

Naquele horário ainda não dava para saber direito.

Quase não acreditei no que li ao abrir o celular nesta manhã de quarta, e até perguntei pra ela: “Você que escreveu esse maravilhoso texto, Bel?”

Resposta dela, objetiva como sempre: “ Sim .

E me autorizou a publicá-lo, como segue abaixo, na íntegra, com a grafia original:

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

“ Esse não é o Brasil: sem amor, sem respeito, sem compaixão.

Cadê nossa cultura, cadê nossa história. Acabou?

Nosso Brasil nunca será mais o mesmo?

Ainda bem que temos um bom passado recente, de luta democrática, pois o futuro já está quase destruído.

Por isso, precisamos lutar cada um fazendo sua parte para trazer nosso Brasil de volta, aquele com amor e respeito.

Basta termos fé e responsabilidade que vamos conseguir.

Faz 30 dias que o Bolsonaro começou na presidência e nada melhorou como alguns achavam que ia acontecer, aliás, só piorou.

O que parecia óbvio que ia acontecer, já que nas primeiras 24 horas no poder ele já havia tirado os direitos do LGBTs e reduzido o reajuste do salário mínimo.

Durante 28 anos como deputado ele não fez nada! O que ele pretende fazer nos próximos 4 anos, sendo que nas primeiras 24 horas já foram tantas coisas ruins?

Não consigo nem imaginar o que pode acontecer.

Só sei que devemos seguir em frente lutando a cada dia e cada vez mais.

Basta acreditar que vamos conseguir e que estamos todos juntos nessa.

Beijos, Bebel ”.

***

Diante desse retrato de indignação, esperança e luta de uma criança de 12 anos, o que mais eu poderia acrescentar?

Logo, logo, espero que Bebel poderá estar ocupando este espaço do Balaio, e eu irei finalmente descansar em paz, com a sensação de missão cumprida.

Vida que segue.


Postado em Brasil 247



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O Brasil não chora mais lágrimas e nem sangue. Hoje ele chora “ lama ”.



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Ana Macarini

Debaixo da lama da barragem de dejetos de Brumadinho jazem vidas ignoradas, jazem casas invisíveis, jazem sonhos de uma vida menos sofrida. As mineradoras fazem vistas grossas às tecnologias disponíveis para fiscalizar a integridade dos muros, porque dejetos não geram lucros, porque – na opinião torta delas -, pessoas são menos importantes que dinheiro.

Há três anos da tragédia de Mariana, famílias continuam devastadas, pessoas seguem mortas e suas vidas não valem nada. Foram esquecidas. Técnicos de outras partes do mundo vieram analisar os impactos da tragédia ambiental. O solo do Brasil é palco do descaso dos órgãos públicos que deveriam nos proteger do perigo. Mas, protegem os lucros astronômicos de empresas sólidas, riquíssimas e assassinas.

A lama segue seu curso…

E eu fico aqui pensando nos perigos ao meu entorno, no quanto nos omitimos, nos calamos e também esquecemos tantas dores alheias porque saíram das pautas emergenciais das mídias digitais.

Do ponto de vista simbólico, todos nós – sem exceção! -, temos nossas barragens de contenção de dejetos. Será que em nosso microcosmo somos menos irresponsáveis em relação ao nosso lixo, à nossa lama?

Ou será que também fazemos vistas grossas à nossa falta de jeito de olhar para a dor do outro que, próximos ou distantes, travam lutas para sobreviver.

Será que somos cegos também? Cegos emocionais autocentrados em nossas dores particulares? Protegidos atrás de muros altos e seguros, nos esquivamos de olhar a lama que deixamos vazar pouco a pouco e invadir os quintais, as casas, os corações do outro?
Somos facilmente enganados por nós mesmos. Em nossas próprias urgência e dores, vamos nos encolhendo num movimento fetal, a partir do qual nos acostumamos com a única visão de nosso próprio umbigo.

Na hora máxima da dor, queremos falar a respeito; queremos postar imagens de repúdio e de solidariedade; queremos enviar água, produtos de limpeza e alimentos não perecíveis. Esse movimento nos apazigua. Temos a impressão de estarmos fazendo a nossa parte. E estamos mesmo!

Mas… e depois? Daqui uma semana… um mês… um ano…

Teremos esquecido os soterrados sob a lama de Brumadinho. Porque haverá outras tragédias mais atuais, talvez maiores, mais terríveis. E, nos acostumamos a lidar com as urgências. Nos acostumamos a travar batalhas mais próximas. Gritamos muito, somos acometidos por uma fúria diante da desigualdade, dos comportamentos abusivos, da violência contra os diferentes, do machismo, da xenofobia, da homofobia.

Vivemos absortos num redemoinho de batalha de ideias e abrimos mão de aprender a agir. Esquecemos de como se faz para arregaçar as mangas e as barras de nossas calças para ajudar a puxar o rodo para limpar a lama que cobriu o povo.

Somos culpados também! Somos omissos, não buscamos descobrir como é que age alguém que vive num país democrático! Usamos a nossa voz apenas numa cantilena repetitiva e inútil porque acreditamos que essa falação tem algum poder ou serventia.

Que a lama de Brumadinho nos revele a covardia de cada um de nós – e eu me incluo nesse “nós”. Que a lama de Brumadinho desperte em nós um desejo de fazer faxina… para limpar os dejetos da mineradora, para varrer os dejetos do egoísmo da nossa alma.

Hoje não choramos mais lágrimas e nem sangue. Choramos lama.


Postado em Conti Outra em 26/01/2019






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As 22 primeiras vítimas a serem identificadas em Brumadinho — Foto: Reprodução/TV Globo



Fique por dentro ... em poucas palavras !



Vale de Lama em Brumadinho


Trabalhador da Mina, Natural do Estado de Minas Gerais e o Explorador da Mina - Tragédia de Brumadinho






venezuela resiste


Começou o Big Brother Brasil




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Ameaçado de morte, Jean Wyllys desiste do mandato e sai do Brasil


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Parlamentar, que acaba de ser eleito pelo terceiro mandato consecutivo pelo PSOL do Rio de Janeiro, afirmou que está fora do país, de férias e que não pretende voltar; "O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: 'Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'. E é isso: eu não quero me sacrificar", contou à Folha; ele pretende se dedicar à carreira acadêmica.

24 DE JANEIRO DE 2019 ÀS 15:51 

247 - O deputado federal Jean Wyllys, que acaba de ser eleito pelo terceiro mandato consecutivo pelo PSOL do Rio de Janeiro, afirmou que está fora do país, de férias e que não pretende voltar, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. "O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: 'Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'. E é isso: eu não quero me sacrificar", contou ele ao jornal. Wyllys é o primeiro e único parlamentar assumidamente gay no Congresso brasileiro e virou alvo de ódio e fake news diárias por parte da direita. 

"De acordo com Wyllys, também pesaram em sua resolução de deixar o país as recentes informações de que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro", diz a reportagem. Ele disse não ter planos definidos ainda, mas que pretende se dedicar à carreira acadêmica ou até ir para Cuba. 

"Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário. O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim", completou.


Postado em Brasil 247 em 24/01/2019



247 - O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) desistiu de assumir seu mandato na Câmara dos Deputados na legislatura que se inicia em 1º de fevereiro próximo por sentir sua vida ameaçada no contexto da guinada para a extrema-direita ocorrida na vida política do país, marcada também pela homofobia e ligações dos que ocupam o poder com as milícias criminosas do Rio de Janeiro e sicários que assassinaram a vereadora Marielle Franco; conheça a íntegra da carta que Wyllys escreveu ao seu partido

Queridas companheiras e queridos companheiros,

Dirijo-me hoje a vocês, com dor e profundo pesar no coração, para comunicar-lhes que não tomarei posse no cargo de deputado federal para o qual fui eleito no ano passado.

Comuniquei o fato, no início desta semana, ao presidente do nosso partido, Juliano Medeiros, e também ao líder de nossa bancada, deputado Ivan Valente.

Tenho orgulho de compor as fileiras do PSol, ao lado de todas e todos vocês, na luta incansável por um mundo mais justo, igualitário e livre de preconceitos.

Tenho consciência do legado que estou deixando ao partido e ao Brasil, especialmente no que diz respeito às chamadas “pautas identitárias” (na verdade, as reivindicações de minorias sociais, sexuais e étnicas por cidadania plena e estima social) e de vanguarda, que estão contidas nos projetos que apresentei e nas bandeiras que defendo; conto com vocês para darem continuidade a essa luta no Parlamento.

Não deixo o cargo de maneira irrefletida. Foi decisão pensada, ponderada, porém sofrida, difícil. Mas o fato é que eu cheguei ao meu limite. Minha vida está, há muito tempo, pela metade; quebrada, por conta das ameaças de morte e da pesada difamação que sofro desde o primeiro mandato e que se intensificaram nos últimos três anos, notadamente no ano passado. Por conta delas, deixei de fazer as coisas simples e comuns que qualquer um de vocês pode fazer com tranquilidade. Vivo sob escolta há quase um ano. Praticamente só saía de casa para ir a agendas de trabalho e aeroportos. Afinal, como não se sentir constrangido de ir escoltado à praia ou a uma festa? Preferia não ir, me resignando à solidão doméstica. Aos amigos, costumava dizer que estava em cárcere privado ou prisão domiciliar sem ter cometido nenhum crime.

Todo esse horror também afetou muito a minha família, de quem sou arrimo. As ameaças se estenderam também a meus irmãos, irmãs e à minha mãe. E não posso nem devo mantê-los em situação de risco; da mesma forma, tenho obrigação de preservar minha vida.

Ressalto que até a imprensa mais reacionária reconheceu, no ano passado, que sou a personalidade pública mais vítima de fake news no país. São mentiras e calúnias frequentes e abundantes que objetivam me destruir como homem público e também como ser humano. Mais: mesmo diante da Medida Cautelar que me foi concedida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, reconhecendo que estou sob risco iminente de morte, o Estado brasileiro se calou; no recurso, não chegou a dizer sequer que sofro preconceito, e colocaram a palavra homofobia entre aspas, como se a homofobia que mata centenas de LGBTs no Brasil por ano fosse uma invenção minha. Da polícia federal brasileira, para os inúmeros protocolos de denúncias que fiz, recebi o silêncio.

Esta semana, em que tive convicção de que não poderia – para minha saúde física e emocional e de minha família – continuar a viver de maneira precária e pela metade, foi a semana em que notícias começaram a desnudar o planejamento cruel e inaceitável da brutal execução de nossa companheira e minha amiga Marielle Franco. Vejam, companheiras e companheiros, estamos falando de sicários que vivem no Rio de Janeiro, estado onde moro, que assassinaram uma companheira de lutas, e que mantém ligações estreitas com pessoas que se opõem publicamente às minhas bandeiras e até mesmo à própria existência de pessoas LGBT. Exemplo disso foi o aumento, nos últimos meses, do índice de assassinatos de pessoas LGBTs no Brasil.

Portanto, volto a dizer, essa decisão dolorosa e dificílima visa à preservação de minha vida. O Brasil nunca foi terra segura para LGBTs nem para os defensores de direitos humanos, e agora o cenário piorou muito. Quero reencontrar a tranquilidade que está numa vida sem as palavras medo, risco, ameaça, calúnias, insultos, insegurança. Redescobri essa vida no recesso parlamentar, fora do país. E estou certo de preciso disso por mais tempo, para continuar vivo e me fortalecer. Deixar de tomar posse; deixar o Parlamento para não ter que estar sob ameaças de morte e difamação não significa abandonar as minhas convicções nem deixar o lado certo da história. Significa apenas a opção por viver por inteiro para me entregar as essas convicções por inteiro em outro momento e de outra forma.

Diz a canção que cada ser, em si, carrega o dom de ser capaz e ser feliz. Estou indo em busca de um lugar para exercitar esse dom novamente, pois aí, sob esse clima, já não era mais possível.

Agradeço ao Juliano e ao Ivan pelas palavras de apoio e outorgo ao nosso presidente a tarefa de tratar de toda a tramitação burocrática que se fará necessária.

Despeço-me de vocês com meu abraço forte, um salve aos que estão chegando no Legislativo agora e à militância do partido, um beijo nos que conviveram comigo na Câmara, mais um abraço fortíssimo nos meus assessores e assessoras queridas, sem os quais não haveria mandato, esperando que a vida nos coloque juntos novamente um dia. Até um dia!

Jean Wyllys


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