Elogio a Marx, no 125º aniversário de sua morte



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Francisco Fernández Buey

Para os que continuam vendo o mundo do andar de baixo, como os olhos dos desgraçados, dos escravos, dos proletários, dos humilhados e ofendidos da Terra, Marx continua tão vigente como Shakespeare ou Cervantes para os amantes da literatura. E há razões para isso.

Embora hoje não se leia tanto Marx como se lia há algumas décadas, as pessoas cultas consultadas na Inglaterra, o país em que o pensador viveu durante grande parte da sua vida e onde morreu, ainda o consideram o filósofo mais importante da história. Para um paradoxo, porque, falando com propriedade, como recordava há pouco Toni Domènech, Marx foi mais científico social que filósofo. E depois porque essa consideração choca com o que muitos intelectuais incubados pelos principais meios de manipulação de massas vêm dizendo nos últimos tempos sobre o marxismo.


Mas, certamente, esse paradoxo tem uma explicação: a maioria das pessoas cultas sabem hoje que a filosofia vem se mundanizando, que o filosofar do nosso tempo é inseparável da ciência social, e que Marx foi precisamente um dos primeiros pensadores em chamar a atenção, ainda no Século XIX, sobre a importância dessas coisas. Se compreende, portanto, a valorização de sua filosofia, aquela filosofia da práxis elaborada por Marx, em conexão com a economia, a sociologia e a teoria política.


Ademais, para os novos escravos da época da economia global (que, segundo estatísticas recentes, andarão rondando os cem milhões), para os proletários que estão obrigados a ver o mundo desde o andar de baixo (um terço da humanidade) e para outros quantos milhões de pessoas sensíveis que, sem ser pobres ou proletários, decidiram olhar o mundo com os olhos destes outros (e sofrê-lo com eles), o velho Marx ainda tem coisas que dizer. Mesmo depois de seu busto cair dos pedestais de culto construídos pelos adoradores de outros tempos.


Que coisas são essas? O que ficou vigente na obra do velho Marx depois que o até aqueles que haviam construído estados e partidos em seu nome?


Embora Marx seja já um clássico do pensamento socioeconômico e do pensamento político, ainda não é possível responder essas perguntas agradando a todos, como as responderíamos, talvez, no caso de algum outro clássico literário. E não é possível porque Marx foi um clássico com um ponto de vista muito explícito, numa das coisas que mais dividem os mortais: a valorização das lutas entre as classes sociais.


Isso obriga a uma restrição quando se quer falar do que ainda há de vigente em Marx. E a restrição é grossa. Falaremos de vigência só para os que continuam vendo o mundo do andar de baixo, como os olhos dos desgraçados, dos escravos, dos proletários, dos humilhados e ofendidos da Terra. Não é preciso ser marxista para ter esse olhar, obviamente. Bastaria ter algo que não anda sobrando ultimamente: compaixão para com as vítimas da globalização neoliberal (que é, ao mesmo tempo, capitalista, pré-capitalista e pós-moderna). Mas algo de marxismo continua fazendo falta para passar da compaixão à ação racionalmente fundada.


Para quem pensa assim, embora nem sempre tenha voz, Marx continua tão vigente como Shakespeare ou Cervantes para os amantes da literatura. E há razões para isso. Vou dar aqui algumas dessas razões, porque esses seres sem nome que, em geral, só aparecem em nossos meios em forma de estatísticas e nas páginas policiais.


Marx disse que o capitalismo criou, pela primeira vez na história, a base técnica para a liberação da humanidade. Entretanto, por sua mesma lógica interna, este sistema ameaça transformar as forças de produção em forças de destruição. O capitalismo vem mudando em muitos aspectos substanciais, mas aquelas ameaças se mantêm ainda mais visíveis.


Marx disse que todo progresso da agricultura capitalista é um progresso não só na arte de depredar o trabalhador como também, e o mesmo tempo, na arte de depredar o solo, e que todo o progresso no aumento da fecundidade da terra para um prazo determinado é, ao mesmo tempo, um “progresso” na ruína das fontes duradouras dessa fecundidade. Agora, graças à ecologia e o ecologismo social, sabemos mais sobre essa ambivalência, mas os milhões de camponeses proletarizados que sofrem por ela no mundo têm aumentado.


Marx disse que a causa principal da ameaça que transforma as forças produtivas em forças destrutivas, e que mina as fontes de toda riqueza, é a lógica do benefício privado, a tendência a valorizar tudo e transformá-lo em dinheiro e viver nas “gélidas águas do cálculo egoísta”. Milhões de seres humanos, na África, Ásia e América experimentam hoje que essas águas são piores, em todos os sentidos (não só o metafórico), do que há alguns anos. Isso é confirmado pelos informes anuais da ONU e outros organismos internacionais sobre a situação mundial.


Marx disse que o caráter ambivalente do progresso técnico científico se acentua de tal maneira sob o capitalismo que obscurece as consciências dos homens, aliena o trabalhador em primeira instância e a grande parte da espécie por derivação, e que neste sistema “as vitórias da ciência parecem pagar com a perda de caráter e com a submissão dos homens por outros homens, ou por sua própria vileza”. Disse com pesar, porque ele era um amante da ciência e da técnica. Mas, pelo que vemos no Século XX, também nisso acertou.


Marx disse que a obscuridade da consciência e a extensão das alienações produzem a cristalização repetitiva das formas ideológicas da cultura, em particular de duas das suas formas: a legitimação positivista e acrítica do existente e a nostalgia romântica e religiosa. Folheando os periódicos do nosso tempo, vejo os pobres divididos essas duas situações: repetindo que vivemos no melhor dos mundos possíveis ou brigando com papas, emires e pastores que condenam os anticoncepcionais na época da aids, enquanto consomem milhões de porcarias.


Marx disse que para acabar com essa exasperante roda gigante das formas ideológicas, repetitivas e alienantes da cultura burguesa era preciso uma revolução e outra cultura. Não disse nem por amor à violência nem por desprezo da alta cultura burguesa, e sim com as convicções próprias do historiador – a saber: que os de cima não cederão graciosamente os privilégios alcançados, e que os de baixo também têm direito à cultura. Não foi o único em dizer isso, mas foi o que melhor e mais claramente o expressou em seu tempo.


Como Marx só conheceu o começo da globalização capitalista e era também um tanto eurocêntrico, quando falava de revolução pensava na Europa. E quando falava de cultura pensava na proletarização da cultura ilustrada. Agora, para falar com propriedade, deveria falar da necessidade de uma revolução mundial, não só europeia. E para falar de cultura, teria que considerar o que tem de bom nas culturas dos povos que ele considerava “sem história”. Talvez porque o momento não permite falar sério disso – ou porque o que seguiu as revoluções desonrou o pensamento de Marx –, se vê muita gente hoje voltando seus olhos novamente às religiões, as quais continuam sendo algo parecido ao que Marx pensava delas: o suspiro da criatura abrumada, o sentimento de um mundo sem coração, o espírito dos tempos sem espírito.


Essa visão científico-filosófica sobre o mundo analisado pelo andar de baixo é parte do que depois se chamaria materialismo histórico. Não há dúvidas de que, como Homero, Marx também cochilava às vezes, e nesses tantos cedia, como disse, aos vacilos eurocentristas. Tampouco se pode ignorar que em seu nome já foram feitas muitas barbaridades. Mas o que fizeram outros em seu nome é coisa desses outros. Tampouco há dúvidas sobre as outras visões que surgiram após a sua morte, talvez mais laicas e mais finamente expressadas. A pergunta, dois séculos depois, poderia ser esta: nós produzimos, nesse período, algo que dê mais esperança aos que não têm nada? E se não o fizemos, o que tem de estranho o fato de que até mesmo no clássico refúgio do capitalismo (o liberalismo e o republicanismo moderno) se pense agora, diferente do que pensam os letratenentes, que Marx foi o maior filósofo da história? Não será que os anônimos a quem se pede opinião agora entenderam melhor que os letratenentes o que significa filosofia mundanizada? – ou seja, diminuir a importância do velho filosofar e voltar a vê-lo “pobre e desnudo”, como queria Dante.

* Texto escrito por Francisco Fernández Buey em 2008, em seu livro Marx a contracorriente.



Postado em Carta Maior em 10/05/2018



Karl Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista.





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10 interesantes frases do escritor e psicoterapeuta Jorge Bucay



Jorge Bucay


As frases de Jorge Bucay são um jeito muito interessante de conhecer seu modo de trabalho, que é repleto de novidade, sensibilidade e reflexão. Esse escritor e psicoterapeuta argentino é um dos mais lidos do mundo na atualidade. Ainda que seu trabalho não seja isento de controvérsias, Bucay tem um papel inegável na cultura contemporânea.

Sua formação teve início da Escola de Medicina da Universidade de Buenos Aires. Logo ele se especializou em doenças mentais e se converteu em um terapeuta de destaque dentro da escola da Gestalt. Desde os anos 80 ele também ficou conhecido como escritor, e vários de seus livros alcançaram o topo da lista de mais vendidos.

“ É minha responsabilidade me afastar de tudo aquilo que me faz mal. É minha responsabilidade me defender daqueles que me fazem mal. É minha responsabilidade entender o que se passa comigo e entender meu papel e participação no meu entorno."   
   - Jorge Bucay -

As frases de Jorge Bucay são marcadas por um enfoque muito humano e profundo. Também são um chamado para acreditar em si mesmo e para assumir a responsabilidade do seu próprio destino. Suas afirmações são, com toda certeza, uma grande oportunidade para refletir. Aqui estão 10 delas.

A responsabilidade nas frases de Jorge Bucay

Várias das frases de Jorge Bucay tratam sobre o tema da responsabilidade individual. Nessa, por exemplo, ele nos lembra que é necessário enfrentar as consequências de nossas ações. Em outras palavras, não culpar nada nem ninguém fora nós mesmos pelos nossos erros ou perdas. Diz ele: “ Eu me permito correr os riscos que decidir correr, com a condição de pagar eu mesmo o preço desses riscos."

Nessa outra frase ele diz: “ Ninguém pode ter conhecimento por você, crescer por você, buscar ou fazer o que você deveria realizar. A própria existência não admite substitutos." Essa é outra das frases de Jorge Bucay que nos convida a ter responsabilidade pela nossa própria vida.

Superar o sofrimento

O sofrimento é um tema recorrente para muitos pensadores e, obviamente, esse assunto também não poderia faltar quando falamos de Jorge Bucay. Uma de suas frases diz: “ Somos quem somos graças a tudo que já perdemos e à forma como agimos diante dessas perdas." É muito interessante que ele dê tamanha importância para a perdas e para a forma como agimos diante delas. Esses aspectos têm um lugar central em quem nós somos.

Nessa outra frase, ele fala sobre a importância da paciência para nos fortalecer e para que possamos responder melhor aos imprevistos da vida. Diz ele: “ Quando você é paciente em um dia de raiva, pode facilmente impedir que venham a seguir 100 dias tristes."

Jorge Bucay acredita no poder que as pessoas têm para fazer de sua vida um espaço de realização e de superação do sofrimento. Uma de suas frases traz a chave necessária para fazer uso desse poder quando não conseguimos enxergar qualquer saída: “ Quando você se encontrar em uma situação aparentemente sem saída, dê um passo para trás e saia por onde entrou."

Conhecer e ser leal a si mesmo

Outro dos temas mais frequentes nos textos de Jorge Bucay é o autoconhecimento. É possível saber um pouco sobre seu ponto de vista nessa afirmação: “ O passo mais importante em direção ao crescimento é tornar-se um conhecedor de si mesmo, do seu pior e do seu melhor."

Juntamente com o autoconhecimento, o autor também promove o livre arbítrio e uma independência radical da pessoa em relação ao seu entorno. Isso é expressado de modo contundente na seguinte frase: “ Permito-me buscar o que considero que necessito no mundo, e não esperar que alguém me dê permissão para obtê-lo."

O ego e o consumo

Bucay também se refere constantemente à cultura e ao que ele chama de “rotas de fuga” nos seus livros. Ele se mostra bastante crítico em relação a alguns aspectos culturais, principalmente no que diz respeito ao consumismo. Uma de suas frases diz: “ A cultura do consumo criou como consequência uma atitude de rivalidade e comparação que nos educou para sempre nos confrontarmos com os outros."

Da mesma maneira, Jorge Bucay questiona o enorme exagero da importância do “eu” na cultura ocidental contemporânea. A respeito disso, ele diz o seguinte: “ Nas circunstâncias em que não podemos nos libertar do ego nem mesmo por um momento, a imagem que teremos de nós se tornará uma prisão." Um belo modo de mostrar que o “eu” exacerbado não nos reafirma, mas nos aprisiona.

A verdadeira mudança

Para Jorge Bucay a mudança é primeiramente sobre transformar a maneira como vemos a nós mesmos. O que ele afirma é que as ações humanas devem estar dirigidas para alcançar uma reafirmação progressiva de quem cada um é. Não deve haver um movimento em direção ao “eu deveria ser”.

É nesse sentido que uma das frases de Jorge Bucay diz: “ Só podemos mudar uma coisa quando finalmente paramos de brigar com ela." É uma forma de dizer que as transformações devem ser fluidas, e só assim elas reafirmarão o ser de cada um.

Os textos de Jorge Bucay são simples e escritos em termos coloquiais. Isso é positivo para alcançar muitas pessoas, mas também lhe rendeu muitas críticas. De qualquer modo, com críticas ou não, ele é um dos autores mais lidos atualmente, o que provavelmente também indica que é muito aceito pelo seu público.





 

1 milhão de manifestoches deixaram classes A e B e foram pra C



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Basta uma foto e esse app puxa a ficha suja dos políticos



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O site Reclame Aqui acaba de lançar o Detector de Corrupção, nova ferramenta do projeto ‘Vigie Aqui’ que pretende ser a principal ferramenta de consulta pública para as eleições de 2018. 

Utilizando tecnologia de reconhecimento facial com 98% de precisão, o app identifica o político fotografado e releva imediatamente, na tela do celular, quais processos de corrupção ou improbidade administrativa ele responde na Justiça. 

Os eleitores podem fotografar o rosto do político em qualquer lugar – nas ruas, em comícios, santinhos ou cavaletes; na TV, durante o horário eleitoral gratuito ou pronunciamentos; na internet, em vídeos e fotos; em revistas e jornais.

Para explicar como o aplicativo funciona, o Reclame Aqui convidou o humorista Maurício Meireles para testá-lo direto na fonte – em Brasília (veja no vídeo abaixo).

A ação é da agência Grey e o app já está disponível para download no Google Play e na App Store.




Postado em Blue Bus em 02/05/2018



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O que acontecerá até 2050 ?



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