Lavou minha alma ...



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O mundo viu no Sambódromo, no Rio de Janeiro, o golpe e suas consequências !




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"Ainda bem que esta madrugada, um multidão cantou, de peito cheio, o lindo samba da Paraíso do Tuiuti, enquanto os carros alegóricos desfilavam patos, coxinhas e vampiros". ( Jornalista Fernando Brito em Tijolaço 12/02/2018 )


A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a escola de samba "mostrou o Inferno do Brasil: Temer vampiro, fantoches com a camiseta da seleção, a carteira de trabalho destruída, e o símbolo é um Pato Amarelo"; "E a TV foi obrigada a mostrar para o mundo. Viva o Carnaval do povo que não é bobo!", acrescentou em sua conta no Twitter.


"Da exploração de africanos trazidos à força, passando pelo racismo brasileiro até a precarização causada pela Reforma Trabalhista do governo Michel Temer (representado como um portentoso vampiro), a escola de samba constrangeu não apenas autoridades e locutores que transmitiram o desfile, que talvez esperassem algo mais fofo, mas para um naco da sociedade que acha que dias de festa servem para esquecer o cotidiano", diz o jornalista Leonardo Sakamoto.


Enredo do carnavalesco Jack Vasconcelos, que questionou o fim da escravidão, criticou o golpe, a perda de direitos, tirou sarro dos manifantoches que pediram o impeachment e mostrou um Michel Temer de vampiro no desfile da escola Paraíso do Tuiuti nesta madrugada no Rio de Janeiro, representou milhares de brasileiros, e ainda com um gostinho a mais: tudo televisionado ao vivo pela Globo, coautora do golpe; o protesto chegou a constranger os narradores, que acabaram ocultando o real conteúdo do samba; políticos de oposição a Temer, como Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e os deputados do Rio Jandira Feghali (PCdoB) e Marcelo Freixo (PSOL), exaltaram o desfile.


Assim como milhões de brasileiros, a presidente legítima e deposta Dilma Rousseff também lavou a alma neste carnaval, marcado pelo “Fora Temer”; "O carnaval do ‘Fora Temer’ e do Lula Lá’. No Rio, a escola de samba Paraíso do Tuiuti levanta a arquibancada cantando contra a escravidão e a injustiça de uma opressão que nunca acabou", disse a presidente deposta em sua página no Twitter. 






G.R.E.S Paraíso do Tuiuti


Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?


Irmão de olho claro ou da Guiné

Qual será o seu valor? Pobre artigo de mercado

Senhor, eu não tenho a sua fé e nem tenho a sua cor

Tenho sangue avermelhado

O mesmo que escorre da ferida

Mostra que a vida se lamenta por nós dois

Mas falta em seu peito um coração

Ao me dar a escravidão e um prato de feijão com arroz


Eu fui mandiga, cambinda, haussá

Fui um Rei Egbá preso na corrente

Sofri nos braços de um capataz

Morri nos canaviais onde se plantava gente


Ê Calunga, ê! Ê Calunga!

Preto velho me contou, preto velho me contou

Onde mora a senhora liberdade

Não tem ferro nem feitor


Amparo do Rosário ao negro benedito

Um grito feito pele do tambor

Deu no noticiário, com lágrimas escrito

Um rito, uma luta, um homem de cor


E assim quando a lei foi assinada

Uma lua atordoada assistiu fogos no céu

Áurea feito o ouro da bandeira

Fui rezar na cachoeira contra bondade cruel


Meu Deus! Meu Deus!

Seu eu chorar não leve a mal

Pela luz do candeeiro

Liberte o cativeiro social


Não sou escravo de nenhum senhor

Meu Paraíso é meu bastião

Meu Tuiuti o quilombo da favela

É sentinela da libertação



Abaixo o desfile da Paraíso do Tuiuti na madrugada de 12 de Fevereiro de 2018.

É claro que a Globo não mostrou muitos detalhes do desfile da escola,

 principalmente do último carro alegórico.



















Tuiuti constrange a Globo e os "midiotas"







O desfile da Paraíso do Tuiuti, que agitou o Sambódromo do Rio de Janeiro neste domingo (11), segue bombando nas redes sociais. Em várias enquetes, os internautas já elegeram a escola como a melhor do Carnaval de 2018. Com muita irreverência e criatividade, ela retratou a escravidão no Brasil, exibindo as carteiras de trabalho destruídas pela “deforma” trabalhista do covil golpista. O destaque, porém, foi o carro alegórico com a gigantesca e tenebrosa figura em alusão ao usurpador Michel Temer – “O Vampiro Neoliberalista”. Abaixo da figura sinistra, diversos passistas batendo panelas, vestindo camisetas da “ética” CBF e carregando seus patinhos amarelos da “incorruptível” Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) – verdadeiros fantoches! 


A escola pode até não vencer o disputado carnaval carioca, mas já causou frisson e constrangimento. Como registrou o crítico de televisão Maurício Stycer, do UOL, a Tuiuti deixou na defensiva os apresentadores da Globo – a principal protagonista do golpe dos corruptos que depôs Dilma Rousseff e alçou ao poder a quadrilha de Michel Temer. “Do camarote da Globo, onde narrava o desfile, Fátima Bernardes, Alex Escobar e Milton Cunha reagiram com comedimento ao surpreendente protesto, como se estivessem constrangidos”. Eles evitaram comentar os fantoches manipulados pela mídia e sequer citaram o nome de Michel Temer – apesar da faixa presidencial do vampirão. “Encerrado o desfile, o camarote da Globo recebeu vários participantes da Tuiuti – mas nem o vampiro, nem os ‘manifestoches’ foram assuntos das entrevistas”. 

O constrangimento da emissora é perfeitamente compreensível. Se fosse possível, ela simplesmente censuraria o desfile. Ela apoiou o golpe de forma consciente, planejada, e segue apoiando a quadrilha no poder com suas contrarreformas que impõem a volta da escravidão e o fim da aposentadoria no Brasil. A dúvida é sobre como se comportaram diante da telinha os “midiotas” que foram às ruas na cavalgada golpista com suas camisetas amarelas da CBF e os patinhos da Fiesp. Será que eles já perceberam que foram os grandes otários retratados neste magistral desfile? Ou é preciso desenhar?



Carnaval 2018 com humor



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Brasil volta a ser um quintal



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Aos 94 anos, morre Eva Sopher, presidente e protetora do Theatro São Pedro






Da Redação

Em entrevista ao Sul21 em agosto de 2011, Eva Sopher revelou que teve dois grandes amores na vida. O primeiro foi Wolfgang Klaus Sopher, com que se casou, em março de 1946 – três meses depois de conhecê-lo. “Tinha certeza de que havia encontrado a pessoa certa”. Com ele, teve duas filhas, quatro netos e seis bisnetos. A segunda grande paixão, no entanto, não foi tão súbita; foi construída ao longo de 43 anos.

Em 1975, foi convidada para assumir a direção do Theatro São Pedro e, consequentemente, sua restauração. Como uma das primeiras funções oficiais, foi designada para levar até Brasília o orçamento das obras. Sentada com seu marido, teria escrito um valor chutado em um folha de caderno de uma das filhas. A quantia chegava perto de Cr$ 17,5 milhões. “E foi o que eu levei para o presidente Geisel”, disse, em entrevista. Ao ver o orçamento entregue em uma folha de caderno, o presidente, segundo Eva, poderia ter pensado duas coisas: “Ou são loucos ou são sérios”.

O Theatro foi reaberto em 1984, e dona Eva selou sua ligação com a estrutura. Ficou à frente da direção por quase quatro décadas, quando, com mais de 80 anos, sua capacidade física foi comprometida por doenças respiratórias. Na noite da quarta-feira (07), Dona Eva “foi viver com os anjos”, como escreveu sua filha Renata em postagem no Facebook. Ela faleceu por conta de uma broncopneumonia, que evoluiu para falência orgânica múltipla e parada cardiorrespiratória. O velório será entre 11h e 18h desta quinta-feira (08) no São Pedro.

Trajetória

Ainda menina, Eva trocou, aos 13 anos, a Alemanha nazista de Adolf Hitler pelo Brasil. Em São Paulo, aprendeu português e artes plásticas e cênicas. Com 16 anos, começou a trabalhar na galeria de arte Casa e Jardim, de Theodor Heuberger, fundador da organização sem fins lucrativos Pró-Arte, que produzia eventos culturais. Mudou-se para o Rio em 1943 e, três anos depois, casou-se.

Em 1960, Wolfgang assumiu a direção regional da Zivi Hercules (que depois se tornou a fabricante de produtos de consumo Mundial) e os dois se mudaram para Porto Alegre. Eva recebeu a tarefa de coordenar as atividades da Pró-Arte na Capital, movimentando a cena cultural gaúcha com concertos, peças de teatro e espetáculos de dança. Só deixou a organização pelo São Pedro. Além da restauração do prédio e da organização da programação cultural, foi responsável pela criação da Fundação Theatro São Pedro, em 1982.

Assim, a área anexa ao Theatro foi erguida para sediar um complexo cultural, com um novo teatro, um teatro-oficina, uma concha acústica, salas de ensaio, restaurante e estacionamento. Batizado de Multipalco, o projeto foi inaugurado em 2006.

Em 2015, ela recebeu a Medalha Goethe, dada pela Alemanha a personalidades que se destacaram de maneira especial na promoção do intercâmbio cultural internacional, mas não pôde ir receber o prêmio pessoalmente, impossibilitada pela idade avançada de fazer uma viagem longa. Em 2016, foi afastada da direção por conta de um acidente vascular cerebral (AVC) e vinha se dedicando a cuidar de sua saúde desde então.


Postado em Sul 21 em 08/02/2018


















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Saudade tem sono leve






Alessandra Piassarollo

Saudade é um sentir que atinge principalmente os corações que cultivam apreço pelas coisas vividas. Mário Quintana disse que “a saudade é o que faz as coisas pararem no Tempo.” Mas só vale a pena se isso for feito de um jeito bom, é claro.

O fato é que ela tem um poder encantador de nos transportar para dentro de nós, de volta para o que já nos pertenceu um dia, mas que agora parece distante demais.

A saudade tem sono leve, levíssimo, e muitas coisas a fazem despertar dentro da gente: o barulho suave da chuva caindo lá fora, descanso no banco da varanda, um travesseiro macio no fim do dia, momentos de reflexão solitária.

Às vezes, ela desperta calma e silenciosa, quase sorridente. E, de repente, nos traz aquelas lembranças boas: o cheiro da comidinha da vó que não está mais entre nós; os natais e festas em famílias; os amigos que viraram pássaros e decidiram migrar para longe; as saudade do tempo em que éramos felizes e não sabíamos, ou pelo menos, quando achávamos que as coisas eram assim.

Por vezes gostaríamos que a saudade tivesse poder de máquina do tempo e nos levasse até aquele momento, ou àquele alguém que ficou para trás, mesmo que fosse para uma última vez.

Mas, se for mal acordada, ela pode ser um turbilhão capaz de nos deixar desatinados. Porque nem sempre a saudade nos remete a momentos felizes, ainda que gostássemos que essa fosse a regra. Algumas lembranças causam dor, pois armazenamos com elas todos os traumas, medos e decepções sofridos, embora saibamos que não devíamos deixá-los ir tão fundo, dentro de nós.

É uma pena dizer que nem todos sabem ser saudosos. Tem gente que se despedaça demais diante de uma lembrança. E acaba ficando difícil colar os cacos porque a pessoa vive se quebrando, cada vez que a saudade desperta dentro dela.

Essa saudade doída precisa ser curada e o tempo é um dos aliados nesse processo. Conforme avança ele tem o poder de recolorir as memórias. E torna-se desnecessário fugir a cada lembrança: aprendemos a conviver pacificamente com elas.

Em casos mais extremos, existe a possiblidade de assumir que passado é passado e que se ele causa dor, pode permanecer em sono profundo, sem necessidade de despertar.

Mas, se as lembranças são queridas, dos tempos idos de escola, daquele primeiro amor com ares de inocência, das escaladas em árvores e brincadeiras de roda, ou outras memórias que sejam gostosas de guardar, deixe que despertem de vez em quando. Elas sempre trazem um pouquinho de felicidade quando acordam.

Rubem Alves ensinou que “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”. Que ela nos leve para nossas melhores lembranças e depois, que adormeça para desfrutarmos melhor o tempo presente.

Já sabemos que a saudade tem sono leve e logo, logo despertará novamente.



Postado em Conti Outra