Atriz asiática diz ter trocado de sobrenome porque ‘Hollywood é racista’
Chloe Bennet é mais conhecida por atuar na série ‘Agents of S.H.I.E.L.D.’, produção da Marvel.
No entanto, no início da carreira, seu sobrenome era bem mais… asiático – Chloe Wang. A atriz é sino-americana.
Recentemente, o ator Ed Skrein, que é branco, anunciou que não trabalharia no próximo ‘Hellboy‘ porque havia descoberto que seu personagem, nos quadrinhos, é asiático.
Bennet foi então “cobrada” por um de seus fãs no Instagram a comentar as razões para ter mudado de nome. Sua resposta? “Hollywood é racista e eles não me escalariam com um sobrenome que os deixasse desconfortáveis”, escreveu ela.
“Mudar meu sobrenome não muda o fato de que meu sangue é chinês, de que eu morei na China, de que eu falo mandarim e de que fui criada tanto de maneira americana quanto chinesa.”
E ela não está falando da boca pra fora – de fato, Bennet ainda se mantém próxima à comunidade asiática dos Estados Unidos, tendo fundado uma agência de talentos focada em artistas que também têm origens orientais. Notícia da Vulture.
Postado em Blue Bus em 04/09/2017
Cresça e divirta-se
Martha Medeiros
Tenho viajado bastante para acompanhar algumas pré-estreias do filme Divã, baseado no meu livro homônimo. Delícia de tarefa, ainda mais quando a gente gosta de verdade do trabalho realizado, e esse filme realmente ficou enxuto, delicado e emocionante. Além disso, ainda consegue me provocar. A personagem Mercedes (vivida pela incrível Lilia Cabral) está fazendo análise e leva pro consultório muitos questionamentos sobre sua vida. Até que, passado um tempo, finalmente relaxa e se dá conta de que não há outra saída a não ser conviver com suas irrealizações. Diante disso, o analista sugere alta, no que ela rebate: “Alta? Logo agora que estou me divertindo?”.
Eu tinha esquecido dessa parte do livro, e quando vi no filme, me pareceu tão cristalino: um dos sintomas do amadurecimento é justamente o resgate da nossa jovialidade, só que não a jovialidade do corpo, que isso só se consegue até certo ponto, mas a jovialidade do espírito, tão mais prioritária. Você é adulto mesmo? Então pare de reclamar, pare de buscar o impossível, pare de exigir perfeição de si mesmo, pare de querer encontrar lógica pra tudo, pare de contabilizar prós e contras, pare de julgar os outros, pare de tentar manter sua vida sob rígido controle. Simplesmente, divirta-se.
Não que seja fácil. Enquanto que um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento quanto aos hábitos cotidianos, a leveza de espírito requer justamente o contrário: a libertação das correntes. A aventura do não domínio. Permitir-se o erro. Não se sacrificar em demasia, já que estamos todos caminhando rumo a um mesmo destino, que não é nada espetacular. É preciso perceber a hora de tirar o pé do acelerador, afinal, quem quer cruzar a linha de chegada? Mil vezes curtir a travessia.
Dia desses recebi o e-mail de uma mulher revoltada, baixo-astral, carente de frescor, e fiquei imaginando como deve ser difícil viver sem abstração e sem ver graça na vida, enclausurada na dor. Ela não estava me xingando pessoalmente, e sim manifestando sua contrariedade em relação ao universo, apenas isso: odiava o mundo. Não a conheço, pode sofrer de depressão, ter um problema sério, sei eu. Só sei que há pessoas que apresentam quadro depressivo e ainda assim não perdem o humor nem que queiram: tiveram a sorte de nascer com esse refinado instinto de sobrevivência.
Dores, cada um tem as suas. Mas o que nos faz cultivá-las por décadas? Creio que nos apegamos com desespero a elas por não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. E então se fica ruminando, alimentando a própria “má sorte”, num processo de vitimização que chega ao nível do absurdo. Por que fazemos isso conosco?
Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.
Assinar:
Postagens (Atom)