Na Palestina ocupada, menina de dez anos é jornalista
Jornal GGN – Com apenas dez anos, a jovem Janna Jihad não é mais criança. Na Palestina ocupada por Israel ela faz questão de se colocar no centro dos acontecimentos e registrar tudo para que o mundo veja.
A mais nova jornalista da Palestina (e provavelmente do mundo) começou a trabalhar quando um amigo seu, outro da família e um tio foram mortos a tiros pelas Forças de Ocupação Israelenses (IOF). Ela tinha apenas sete anos.
“Depois eu abandonei o medo e a timidez e decidi documentar todas as violações das IOF em qualquer lugar que eu visitasse; então fiz vídeos no celular e os comentos em inglês e em árabe, para mostrar as violações por parte dos israelenses que a mídia internacional não mostra e para dar a possibilidade para todo o mundo de saber mais sobre a atividade israelense nos territórios palestinos”, contou em entrevista para o site Sputinik.
A jornalista palestina de 10 anos conta sua história à agência Sputnik.
Janna Jihad, a mais nova jornalista da Palestina, disse à agência Sputnik que as forças de ocupação israelenses (IOF, em inglês) tinham matado o seu amigo e um amigo da sua família e que isso foi um momento decisivo de sua vida. Foi por isso que ela começou trabalhando como jornalista, mostrando as violações e a violência de Israel na Palestina. Ela acrescenta que ela quer se tornar jornalista em uma das agências internacionais que, segundo ela, não transmitem informação verdadeira e não dão uma imagem real da Palestina. É por isso que ela quer mudar isso.
Sputnik: Como foi que você começou trabalhando como jornalista? O que é que levou você a isso?
Janna Jihad: Comecei há três anos quando eu tinha 7. Eu participei de manifestações perto da nossa casa em Ramallah, por exemplo na manifestação de Nabi Salih (um profeta da Arábia antiga) na aldeia de Nabi Salih. Isto foi uma manifestação contra o novo assentamento israelense na área. Nossa casa era a primeira na zona de entrada para a aldeia, as IOF sempre chegam a esse ponto. Eu sempre gostei de jornalismo desde a minha infância; comecei a participar das manifestações com o celular da minha mãe e a comentar o que eu estava filmando, mostrando os ataques israelenses contra os participantes de manifestações. Com ajuda da minha mãe eu consegui publicar esses vídeos em redes sociais, o que me inspirou a continuar.
S: Qual foi o momento decisivo que fez você trabalhar como uma jornalista que está sempre presente no centro dos eventos?
JJ: Foi quando as IOF mataram o meu amigo, outro amigo da minha família e o meu tio (eles foram mortos a tiros) à frente dos meus olhos quando eu tinha 7. É que eles me influenciaram. Depois eu abandonei o medo e a timidez e decidi documentar todas as violações das IOF em qualquer lugar que eu visitasse; então fiz vídeos no celular e os comentos em inglês e em árabe, para mostrar as violações por parte dos israelenses que a mídia internacional não mostra e para dar a possibilidade para todo o mundo de saber mais sobre a atividade israelense nos territórios palestinos.
S: Como você na sua idade conseguiu estar familiarizada com toda a informação da causa palestina para utiliza-la nas reportagens?
JJ: Eu assisti as manifestações contra as colônias israelenses na aldeia de Nabi Salih desde que eu tinha 3 anos; vivi nessa atmosfera. Dado que a nossa casa é a primeira da entrada para a aldeia, nós recebíamos sempre pessoas feridas pelas IOF, além delas assaltarem constantemente a nossa casa. Tudo isso formou aos meus conhecimentos sobre os acontecimentos. Além disso, eu sempre pergunto a minha mãe e meu tio que trabalha na mídia sobre os assuntos que eu não sei para que eles sejam incluídos nos meus vídeos.
S: Porque é que você utiliza o inglês nas reportagens? Onde você o estudou? É que ajuda a relatar para um público alargado?
JJ: Primeiramente eu nasci nos EUA mas eu vivi lá só durante três meses. Depois eu cheguei para a Palestina. Eu estudei na escola americana na cidade de Ramallah e aprendi inglês muito bem e meus pais tentam aumentar o meu nível da língua. Acho que os materiais em inglês vão atrair mais pessoas do que os em árabe. Depois eu me dirijo aos palestinos e árabes que vivem nos países ocidentais para que eles saibam o que está acontecendo na Palestina. É assim que estou aumentando o nível do meu inglês para transmitir a minha mensagem ao mundo.
S: Quais são seus futuros objetivos e ambições? Será que você continuará trabalhando na cobertura do que se passa aí?
JJ: Quando for grande queria me tornar jornalista e trabalhar para uma das agências internacionais. Tudo isso é porque a mídia não diz a verdade sobre as violações nos territórios da Palestina. Quero corrigir isso e mostrar imagens verdadeiras dos eventos. Eu também quero me tornar jogadora de futebol e representar a Palestina em fóruns internacionais e jogos de futebol.
Postado em Luis Nassif Online em 17/06/2016
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10 coisas que o minimalismo pode mudar na sua vida
Tales Luciano Duarte
1. Menos estresse
Ter menos posses significa ter menos coisas para se preocupar; você não só terá menos coisas para pagar, como também para cuidar. Todos nós sabemos como é prazeroso ter um espaço livre da desordem. Sua vida ficará muito mais calma, com menos coisas no caminho.
2. Ter mais tempo e ser mais produtivo
Menos posses significa menos distrações e mais tempo para ser gasto em coisas que realmente importam. Passar o tempo com seus amigos, familiares e entes queridos, fazer uma caminhada despreocupado, jardinagem, meditação, exercício, yoga, aprender novos idiomas, etc. Todas essas coisas podem enriquecer a sua vida mais do que umvideogame novo ou roupas que usará uma vez na vida.
3. Melhor para o Meio Ambiente
Quanto menos tiver, menos temos que jogar fora ou substituir. Consumismo está causando grandes estragos no meio ambiente, desse modo, o enxugamento de nossas vidas podem fazer uma grande diferença para o planeta. Não só evita contribuirmos para aterros de lixo, mas diminui a quantidade de produtos que estão sendo produzidos, o que significa menos recursos sendo gastos e menos poluição no ecossistema.
E isso necessariamente não tem nada a ver com piora na economia, os países que investem cada vez mais em economia verde estão cada vez melhores economicamente. Pois a área de serviços supera grandemente a área de produtos acabados.
4. Capacidade de viver em um espaço menor
Além do tamanho médio das casas terem aumentado nos últimos 40 anos, muitos lares ainda não têm espaço suficiente para armazenar todos os pertences de seus donos. Garagens são preenchidos com coisas em vez de carros e uso de instalações de armazenamento está em seu ponto mais alto.
Se você não precisa de um grande espaço para armazenar todos os seus pertences, você pode ter uma casa menor, e consequente economizar com isso e ter focos mais altruístas na vida.
5. Mais liberdade financeira
Menos material significa menos dívida e, portanto, mais dinheiro. Só é preciso uma mudança de perspectiva para perceber que talvez esse novo telefone, ou essa nova camisa não seja assim tão importante. Esse dinheiro pode ser melhor gasto em cultivar uma dieta saudável e estilo de vida para si e sua família, viajar o mundo, ou até mesmo poupar.
6. Referencial de bom exemplo
Uma abordagem minimalista à vida define um grande exemplo para as pessoas ao seu redor, incluindo seus filhos, familiares e amigos. Se as pessoas percebem que realmente você está bem sem tantas coisas, eles podem ser inspirados a começar a reduzir, também.
Nós precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo, e esta é uma maneira de fazê-lo. Ao invés de pregar a mudança, mostrá-la. Seja um modelo positivopara os seus filhos e para sociedade em geral e mostrar-lhes que não precisamos acumular coisas para ser feliz.
Não precisamos seguir padrões de consumo estipulados socialmente. É importante que as crianças saibam que podemos escolher como queremos viver nossas vidas.
7. Não se sente amarrado ou sobrecarregado
Em muitos momentos na vida surgem oportunidades de crescimento e mudançasque nos fazem sentir vivos e nos lançar ao mar, mas quando se tem um estrutura física muito densa, muitos pertences, essa mudança se torna difícil e complicada. Nos pegamos em decisões de onde vou colocar minhas coisas, meus objetos, ficará mais caro eu pagar para guardar tudo isso do que a vantagem que terei com essa nova experiência.
Assim acabamos ficando onde estamos e acumulando mais, e quanto mais acumulamos mais presos ficamos nesse redemoinho que nos impedem de sair da velha zona de conforto e nos lançar a novas experiências que nos fariam sentir mais vivos, motivados e felizes.
8. Comparação nos faz consumir
Ninguém vai se levantar em seu funeral e dizer: Ele tinha um sofá tão grande, bonito e confortável.
Isto é tão verdadeiro, mas em nossa sociedade, se não temos o que outros tem nos sentimos inadequados ou menos do que eles de alguma forma. Como resultado, estamos constantemente em busca de comprar mais, para impressionar os outros com o que temos.Isso é realmente importante na imensidão da vida? Esta é uma grande questão a se perguntar.
9. Passado
Às vezes sentimos a necessidade de guardar coisas que só servem para nos lembrar do passado – coisas que já não importa e que são muitas vezes ligados a memórias infelizes. Por que sabotar a nós mesmos dessa maneira? Passado é passado; deixá-o lá.
10. Seja mais feliz
Quando você vê os benefícios de todos os pontos anteriores em sua vida, provavelmente, você se sentir mais feliz. Mais importante, você vai perceber que não precisa de excesso de posses para fazê-lo feliz. Um estudo revela que as experiências vividas trazem mais felicidades que as coisas que temos . Como Jim Carrey disse uma vez:
“Eu gostaria que todos pudessem ficar ricos, famosos e ter tudo o que sempre sonharam para que possam ver que essa não é a resposta para felicidade.”
Moniz Bandeira : Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil
Moniz Bandeira denuncia apoio dos EUA a golpe no Brasil
O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira alertou nesta terça-feira (14) que por trás do processo golpista no Brasil, que levou à ascensão do presidente interino Michel Temer no lugar da presidenta legítima Dilma Rousseff, há poderosos interesses dos Estados Unidos, para ampliar sua presença econômica e geopolítica na América do Sul.
“Esse golpe deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os EUA tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil”, afirmou Moniz Bandeira, em entrevista concedida por e-mail ao PT na Câmara.
Moniz, que é autor de mais de 20 obras, entre elas A Segunda Guerra Fria — Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (2013, Civilização Brasileira) e está lançando agora A Desordem Internacional, entende que o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros setores estrangeiros com interesse nas riquezas do País.
Ele criticou também setores da burocracia do Estado (como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Judiciário) por atuarem para solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacionais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros no País, em especial dos EUA.
“Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007”, disse.
Leia a entrevista completa:
Como o senhor avalia o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
O fato de que o presidente interino Michel Temer e seus acólitos, nomeados ministros, atuarem como definitivos, mudando toda a política da presidenta Dilma Roussefff, evidencia nitidamente a farsa montada para encobrir o golpe de Estado, um golpe frio contra a democracia, desfechado sob o manto de impeachment.
Esse golpe, entretanto, deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os Estados Unidos tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina.
O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil.
Onde seriam implantadas tais bases?
Uma seria em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, cujos limites se estendem até a Antártida; a outra na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), antiga ambição de Washington, a título de combater o terrorismo e o narcotráfico. Mas o grande interesse, inter alia, é, provavelmente, o Aquífero Guarani, o maior manancial subterrâneo de água doce do mundo, com um total de 200.000 km2, um manancial transfronteiriço, que abrange o Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).
Aí os grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa — Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Credit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, the Blackstone Group, Allianz, e HSBC Bank e outros –compraram vastas extensões de terra.
A eleição de Maurício Macri significa que a Argentina vai voltar ao tempo em que o ex-presidente Carlos Menem, com a doutrina do “realismo periférico”, desejava manter “relações carnais” com os Estados Unidos?
Os EUA estão a buscar a recuperação de sua hegemonia na América do Sul, hegemonia que começaram a perder com o fracasso das políticas neoliberais na década de 1990. Com a eleição de Maurício Macri, na Argentina, conseguiram grande vitória.
E, na Venezuela, o Estado encontra-se na iminência do colapso, devido à conjugação de desastrosas políticas dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro com a queda do preço do petróleo e as operações para a mudança de regime, implementadas pela CIA, USAID, NED e ONGs financiadas por essas e outras entidades.
A implantação de bases militares em Ushuaia e na Tríplice Fronteira, além de ferir a soberania da Argentina, significa séria ameaça à segurança nacional não só do Brasil como dos demais países da região.
Os EUA possuem bases na Colômbia e alguns contingentes militares no Peru, a ostentarem sua presença nos Andes e no Pacifico Ocidental. E com as bases na Argentina completariam um cerco virtual da região, ao norte e ao sul, ao lado do Pacífico e do Atlântico.
Que implicações teria o estabelecimento de tais bases na Argentina?
Quaisquer que sejam as mais diversas justificativas, inclusive científicas, a presença militar dos EUA na Argentina implicaria maior infiltração da OTAN, na América do Sul, penetrada já, sorrateiramente, pela Grã-Bretanha no arquipélago das Malvinas, e anularia de facto e definitivamente a resolução 41/11 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que, em 1986, estabeleceu o Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação (ZPCAS).
E o Brasil jamais aceitou que a OTAN estendesse ao Atlântico Sul sua área de influência e atuação.
Em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (do PMDB, o mesmo partido do presidente provisório Temer), atacou a estratégia de ampliar a área de ingerência da OTAN ao Atlântico Sul, afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que os Estados Unidos “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”, com a OTAN “a servir de instrumento para o avanço dos interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados europeus”.
Mas estabelecer uma base militar na região da Antártida não é uma antiga pretensão dos EUA?
Sim. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial esse é um objetivo estratégico do Pentágono a fim de dominar a entrada no Atlântico Sul. E, possivelmente, tal pretensão agora ainda mais se acentuou devido ao fato de que a China, que está a construir em Paraje de Quintuco, na província de Neuquén, coração da Patagônia, a mais moderna estação interplanetária e a primeira fora de seu próprio território, com poderosa antena de 35 metros para pesquisas do “espaço profundo”, como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.
A previsão é de que comece a operar em fins de 2016. Mas a fim de recuperar a hegemonia sobre toda a América do Sul, na disputa cada vez mais acirrada com a China era necessário controlar, sobretudo, o Brasil, e acabar o Mercosul, a Unasul e outros órgãos criados juntamente com a Argentina, seu principal sócio e parceiro estratégico, a envolver os demais países da América do Sul.
A derrubada da presidente Dilma Rousseff poderia permitir a Washington colocar um preposto para substituí-la.
A mudança na situação econômica e política tanto da Argentina como do Brasil afigura-se, entretanto, muito difícil para os EUA. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, com investimentos previstos superiores a US$54 bilhões, e o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
O Brasil, ao desenvolver uma política exterior com maior autonomia, fora da órbita de Washington, e de não intervenção nos países vizinhos e de integração da América do Sul, conforme a Constituição de 1988, constituía um obstáculo aos desígnios hegemônicos dos EUA, que pretendem impor a todos os países da América tratados de livre comércio similares aos firmados com as repúblicas do Pacífico.
Os EUA não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial.
Como o senhor vê a degradação da democracia no Brasil, com a atuação de setores da burocracia do Estado (Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário) que agem de modo a rasgar a Constituição, achicanando o país?
A campanha contra a corrupção, nos termos em que o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro executam, visou, objetivamente, a desmoralizar a Petrobras e as grandes construtoras nacionais, tanto que nem sequer as empresas estrangeiras foram investigadas, e elas estão, de certo, envolvidas também na corrupção de políticos brasileiros.
Ao mesmo tempo se criou o clima para o golpe frio contra o governo da presidente Dilma Rousseff, adensado pelas demonstrações de junho de 2013 e as vaias contra ela na Copa do Mundo.
A estratégia inspirou-se no manual do professor Gene Sharp, intitulado Da Ditadura à Democracia, para treinamento de agitadores, ativistas, em universidades americanas e até mesmo nas embaixadas dos Estados Unidos, para liderar ONGs, entre as quais Estudantes pela Liberdade e o Movimento Brasil Livre, financiadas com recursos dos bilionários David e Charles Koch, sustentáculo do Tea Party, bem como pelos bilionários Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann, proprietários dos grupos Heinz Ketchup, Budweiser e Burger King, e sócios de Verônica Allende Serra, filha do ex-governador de São Paulo José Serra, na sorveteria Diletto.
Outras ONGs são sustentadas pelo especulador George Soros, que igualmente financiou a campanha “Venha para as ruas”.
Os pedidos de prisão de próceres do PMDB e do presidente do Senado, encaminhados pelo procurador-geral da República, podem desestabilizar o Estado brasileiro?
Os motivos alegados, que vazaram para a mídia, não justificariam medida tão radical, a atingir toda linha sucessória do governo brasileiro.
O objetivo do PGR poderia ser de promoção pessoal, porém tanto ele como o juiz Sérgio Moro atuam, praticamente, para desmoralizar ainda mais todo o Estado brasileiro, como se estivessem a serviço de interesses estrangeiros.
E não só desmoralizar o Estado brasileiro. Vão muito mais longe nos seus objetivos antinacionais.
As suspeitas levantadas contra a fábrica de submarinos, onde se constrói, inclusive, o submarino nuclear, todos com transferência para o Brasil de tecnologia francesa, permitem perceber o intuito de desmontar o programa de rearmamento das Forças Armadas, reiniciado pelo presidente Lula e continuado pela presidente Dilma Rousseff.
E é muito possível que, em seguida, o alvo seja a fabricação de jatos, com transferência de tecnologia da Suécia, o que os EUA não fazem, como no caso do submarino nuclear.
É preciso lembrar que, desde o governo de Collor de Melo e, principalmente, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil foi virtualmente desarmado, o Exército nem recursos tinha para alimentar os recrutas e foi desmantelada a indústria bélica, que o governo do general Ernesto Geisel havia incentivado, após romper o Acordo Militar com os Estados Unidos, na segunda metade dos anos 1970.
O senhor julga que os Estados Unidos estiveram por trás da campanha para derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff?
Há fortes indícios de que o capital financeiro internacional, isto é, de que Wall Street e Washington nutriram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil.
Ocorreu algo similar ao que o presidente Getúlio Vargas denunciou na carta-testamento, antes de suicidar-se, em 24 de agosto de 1954: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”.
Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato.
Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007.
No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff a um delegado da Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).
Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time.
Ele dirigiu a Operação Lava-Jato, coadjuvado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um reality show, sem qualquer discrição, vazando seletivamente informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, e prisões ilegais, com o fito de macular e incriminar, sobretudo, o ex-presidente Lula. E a campanha continua.
Aonde vai?
Vai longe. Visa a atingir todo o Brasil como Nação.
E daí que se prenuncia uma campanha contra a indústria bélica, a começar contra a construção dos submarinos, com tecnologia transferida da França, o único país que concordou em fazê-lo, e vai chegar à construção dos jatos, com tecnologia da Suécia e outras indústrias.
Essas iniciativas dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff afetaram e afetam os interesses dos Estados Unidos, cuja economia se sustenta, largamente, com a exportação de armamentos.
Apesar de toda a pressão de Washington, o Brasil não comprou os jatos F/A-18 Super Hornets da Boeing, o que contribuiu, juntamente com o cancelamento das encomendas pela Coréia do Sul, para que ela tivesse de fechar sua planta em Long Beach, na Califórnia.
A decisão da presidente Dilma Rousseff de optar pelos jatos da Suécia representou duro golpe na divisão de defesa da Boeing, com a perda de um negócio no valor US$4,5 bilhões.
Esse e outros fatores concorreram para a armação do golpe no Brasil.
E qual a perspectiva?
É sombria. O governo interino de Michel Temer não tem legitimidade, é impopular e, ao que tudo indica, não há de perdurar até 2018. É fraco. Não contenta a gregos e troianos.
E, ainda que o presidente interino Michel Temer não consiga o voto de 54 senadores para efetivar o impeachment, será muito difícil a presidenta Dilma Rousseff governar com um Congresso, em grande parte corrompido, e o STF comprometido pela desavergonhada atuação, abertamente político-partidária, de certos ministros.
Novas eleições, portanto, creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.
Também só elas podem impedir que o Estado brasileiro seja desmantelado, em meio a esse clima de inquisição, criado e mantido no País, em colaboração com a mídia corporativa, por elementos do Judiciário, como se estivessem acima de qualquer suspeita. E não estão. Não são deuses no Olimpo.
Postado em Viomundo em 14/06/2016
A estratégia do não-sujeito
Mortes na Boate em Orlando - EUA
Ângelo Cavalcante
Que terrivelmente interessante! O ódio que se alastra é de tamanha eficiência e eficácia que realiza tranquilamente suas rondas de barbaridades mundo afora e auto-imune, lança imediatamente um portentoso discurso que o legitima, que o referenda.
Verbo sem sujeito; sujeito sem ação; ação impessoalizada, desconexa e desconectada do mundo real. Frases e orações que são capadas e recapadas do seu sentido verdadeiro. Sua lógica é subtraída e detectar, por conseguinte, emissor e receptor da ação é exercício intelectual de dificuldade oceânica.
Verbo sem sujeito; sujeito sem ação; ação impessoalizada, desconexa e desconectada do mundo real. Frases e orações que são capadas e recapadas do seu sentido verdadeiro. Sua lógica é subtraída e detectar, por conseguinte, emissor e receptor da ação é exercício intelectual de dificuldade oceânica.
A partir dessa repulsiva eficácia, gays são assassinados por um homofóbico mas não foram executados pelo imenso ódio e que representa a homofobia como movimento já articulado, sistematizado e progressivo. Camponeses são, da mesma forma, executados por pistoleiros e em serviço de grandes corporações e fazendeiros na escancarada luz do dia mas, imaginem, não foram mortos pelo latifúndio e seu vício eterno de apropriação de terras privadas ou públicas.
Mulheres são eliminadas cotidianamente por homens que militam mesmo que inconscientemente na causa do patriarcado mas não são trucidadas pelo patriarcalismo quinhentista e que, sobretudo, reina livre e soberbo no Brasil.
O genocídio da juventude negra é realidade viva e ensanguentada em todas as cidades do Brasil e os conservadores afirmam que tal fenômeno nada tem que ver com o velho e crônico ódio secular e que ainda hoje a sociedade nutre contra negros e sua descendência.
Velhos são ignorados e desprezados por uma sociedade de consumo e que tem na juventude seu padrão estético, social e moral. Mas nada disso tem que ver com o amplo movimento de imbecilização perpetrado pela grande mídia contra a gente brasileira.
Estranho tempo de estranhas estratégias. É o crime perfeito que reconhece o delito porque, ao fim, mares de sangue inocente jorram pelas redes de esgoto mas, por algum passe-de-mágicas, é sangue sem causa, sem motivação ou intenção.
É o tempo dos não-sujeitos. O que fazer? Tirar a roupagem do crime e dos criminosos, expulsar a nevoa da mentira e da dissimulação e aprofundar as lutas por justiça, igualdade e belezas.
Ângelo Cavalcante
Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Postado em Brasil 247 em 13/06/2016
8 razões pelas quais a classe média Miami no fundo detestaria morar nos EUA
Cynara Menezes
Os Estados Unidos são o destino favorito dos brasileiros que viajam para o exterior. E são também o país mais apontado por certa classe média como o “paraíso na Terra”. Mas será que essas pessoas, mal-acostumadas do jeito que são, conseguiriam mesmo morar lá? Duvido. Passar férias é uma coisa, viver num lugar sabendo que não se terá os mesmos privilégios que se tem aqui é outra. Listei algumas das razões pelas quais não acredito que a classe média que adora Miami conseguiria viver nos EUA.
1. Ir ao trabalho de transporte público. Mais da metade dos moradores de Nova York, por exemplo, nem sequer possui carro; entre os moradores de Manhattan, este número chega a 75%. Já em São Paulo, o percentual dos que usam carro todos os dias é de 45%. Sem contar os que possuem mais de um carro para fugir do rodízio, em vez de pensar coletivamente e ir de ônibus ou de metrô.
2. Passar roupa. Usar a lavanderia é caríssimo (para roupa lavada e passada; só para lavar é barato) e não tem passadeiras disponíveis como aqui. Quem consegue imaginar esse povo que sempre teve a roupinha impecável todos os dias tendo que, eles mesmos, pegar o ferro de passar para fazer o serviço? Duvidê-ó-dó.
(O ex-candidato republicano à presidência Mitt Romney)
3. Cuidar do jardim de casa. Já viu como é nos filmes? São os próprios moradores e seus filhos que cuidam dos seus jardins. Jardineiro é coisa para gente muito rica! No Brasil, a maioria das pessoas de classe média alta que possui um jardim não sabe nem ligar o aparador de grama.
4. Lavar a própria privada. Hoje em dia, o número de norte-americanos que possui uma empregada doméstica é mínimo. Então, é preciso limpar o vaso sanitário pessoalmente – a não ser que o coxinha brasileiro queira fazer como o coxinha gringo e contrate uma empregada ilegalmente, realidade da maioria delas: de acordo com uma pesquisa feita pela organização Domestic Workers, 46% das empregadas domésticas nos EUA são imigrantes ilegais. Por isso, recebem salários abaixo do mínimo e não possuem nenhum benefício. Bem, não é difícil imaginar que os patrões brasileiros fariam o mesmo, já que aqui houve uma chiadeira geral quando as empregadas passaram a ter direito ao FGTS. Aliás,segundo matéria da BBC, muitas domésticas brasileiras se recusam a trabalhar para compatriotas nos EUA por causa da exploração.
5. Nada de deixar a pia cheia de louça! Não vai ter ninguém para limpar, viu?
6. O mesmo funciona para arrumar a casa. Faxineira é artigo de luxo nos Estados Unidos. Será que os coxinhas querem mesmo varrer e esfregar o chão como todo mundo faz por lá? Vai ter gente querendo voltar na hora.
7. Gorjeta de 15% a 20% aos garçons. Como aqui, o valor não é obrigatório, mas é o costume. Se no Brasil eles já choram para dar 10%, imaginem mais…
8. Ser “dono-de-casa”, o pai que fica em casa fazendo os trabalhos domésticos enquanto a mulher trabalha fora, é uma tendência crescente nos EUA, principalmente quando o homem tem facilidade de manter um home office. O casal normalmente faz as contas para decidir quem é que fica em casa, pensando mais nas finanças familiares do que em questões de gênero. Resultado: o número de stay-at-home-dads dobrou no país dos anos 1970 para cá. Se os homens brasileiros da classe média se recusam até a lavar pratos, quantos deles estariam dispostos a fazer o mesmo?
Postado em Socialista Morena em 13/06/2016
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