A humilhação pública de João Roberto Marinho



Eduardo Cunha e João Marinho





A única coisa boa em toda a dramática situação que vivemos, em que um bando de bandidos está prestes a tomar de assalto o poder no país, através de um golpe de Estado muito mal disfarçado de impeachment, é a humilhação pública que a Globo e seus vassalos vêm sofrendo na imprensa internacional.

Todos os dias, são publicadas reportagens que tratam o que ocorre no Brasil pelo que é: um golpe.

Um golpe sujo liderado por Eduardo Cunha, João Roberto Marinho, Michel Temer, Fiesp e os setores mais corruptos e reacionários da sociedade brasileira.

David Miranda, companheiro (de vida e profissional) de Glenn Greenwald (que hoje dispensa apresentações), publicou há alguns dias, no The Guardian, um contundente artigo em que denuncia, sem subterfúgios, o golpe no Brasil: é um golpe, um golpe e um golpe. Ponto. Um golpe capitaneado pela Globo.

Outro ponto.

João Roberto Marinho, proprietário da Globo, enviou uma longa resposta ao artigo do Guardian.

A arrogância dos Marinho é evidente. Eles nunca responderam às centenas de manifestações (ver aqui a lista de manifestos) contra o golpe que ocorreram no país e em todo mundo, e agora se manifestam apenas porque foram denunciados num respeitado jornal britânico.

Nas últimas semanas, assistimos manifestações contra o golpe vindas de toda parte: comunidades de juristas, professores, cientistas políticos, escritores, artistas, personalidades do mundo inteiro, manifestações populares gigantes ocorridas no Brasil, além de protestos organizados por comunidades de brasileiros em outros países.

A Globo esconde todas essas manifestações, como se elas não existissem. Quando se dá o contrário: se houver três pessoas protestando contra o governo ou contra o PT, então o protesto vai para a capa de seus jornais e recebe menções destacadas nos noticiários de TV.

João Roberto Marinho responde ao artigo de David Miranda com a soberba de um ditador de república de banana, desacostumado a ser dono absoluto da razão.

A editoria do Guardian publicou a resposta de João Roberto Marinho abaixo do artigo de David Miranda, no espaço da caixa de comentários. Só isso já deve ter sido enorme humilhação para a Globo: ter sua resposta publicada numa mera caixa de comentários.

E aí aconteceu o previsível: em poucas horas, havia centenas, quiçá milhares de respostas ao texto de João Roberto Marinho, desconstruindo um a um seus argumentos falaciosos.

Vocês tem que entrar lá e verem por si mesmos! É um fenômeno lindo: a Globo, ou melhor, o dono da Globo, sendo desmoralizado por uma opinião pública que, felizmente, está livre das garras manipuladoras da Vênus Platinada.

A resposta dos Marinho, como era de se esperar, é uma xaropada coxinha. Fala que a Globo é isenta e que nunca defendeu o impeachment.

Aahahahah.

Fala que a Lava Jato é o maior fenômeno de corrupção da história do Brasil, tentando confundir o leitor, visto que a presidenta não está sendo derrubada por causa da Lava Jato, e sim pelas pedaladas fiscais.

Um comentarista chamado ParisGazette respondeu à falácia de João Roberto Marinho:

"the largest bribery and corruption scheme in the country's history"

This faulty premise alone is enough to discredit the whole argument. Since bribery and corruption are almost invariably undocumented, how can anyone assert that any one scheme is the biggest in history? Does Mr Marinho keep account books of all the monet stolen in Brazil since 1500? If so, he should hand them over to the authorities. If not, his newspapers and television channels should stop reporting as fact something that is simply hyperbole. There is a word for repeating lies so often that they become the truth: propaganda.

Tradução:

"o maior esquema de corrupção da história do país."

Esta falsa premissa sozinha é suficiente para desacreditar o argumento inteiro. Desde que propina e corrupção são quase invariavelmente não documentados, como alguém pode asseverar que um esquema é o maior da história? Por acaso, o senhor Marinho mantém registros de todos os casos de desvios de dinheiro ocorridos no Brasil desde 1500? Se sim, ele deveria passá-los às autoridades. Se não, seus jornais e canais de TV deveriam parar de divulgar como um fato o que não passa de uma hipérbole. Existe uma palavra para repetir mentiras de maneira frequente para que ela se torne uma verdade: propaganda.

Vraummmm!

Eu também gostaria de responder a este ponto da "cartinha" de João Roberto Marinho ao Guardian.

Essas hipérboles sobre o tamanho da corrupção da Lava Jato foram constantes desde o início da operação, e serviram ao propósito do golpe. Os valores são baseados em delações forjadas, em que os delatores falavam em percentuais sobre obras, e daí os procuradores da Lava Jato faziam projeções mirabolantes sobre os valores desviados.

Entretanto, o maior caso de roubo na política brasileira é o que está prestes a acontecer, com a cumplicidade do senhor João Roberto Marinho: o roubo de 54 milhões de votos dados à presidenta Dilma Rousseff.

Numa democracia, este é pior tipo de roubo.

O segundo maior roubo da história do Brasil foi a compra de votos, praticada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, para aprovar a emenda da reeleição.

Ali a democracia foi vergonhosamente roubada, novamente com a cumplicidade da Globo, porque um presidente não pode mudar as regras do jogo para beneficiar a si mesmo.

Os "bolivarianos", tão atacados e ridicularizados pela Globo, quando mudaram as regras, tiveram o cuidado de consultar o povo através de plebiscitos, que é a única maneira correta de mudar regras eleitorais importantes.

O terceiro maior roubo da história foi a privataria tucana, o processo pelo qual o governo entregou patrimônio público (metade da Petrobrás, Vale, Telebras, CSN, etc) sem ganhar nada, sendo pago com títulos podres e com dinheiro emprestado, a juros subsidiados, pelo próprio governo.

O quarto maior roubo foi o caso Banestado, mãe de todos os esquemas que vieram em seguida, e que revelou ao mundo os talentos do doleiro Alberto Yousseff. O juiz era Sergio Moro, e nenhum político importante foi preso ou condenado...

Em 1964, também assistimos ao assalto à nossa democracia praticado por militares, empresários e barões da mídia.

Os roubos que implicam em usurpação do voto popular são os piores, evidentemente, e a Globo sempre foi a chefe de quadrilha nesses casos.

Encerro o post traduzindo outro ótima resposta, publicada no Guardian, à carta de João Roberto Marinho.

Maria Cristina

"With the Globo Group rests the responsibility to report the facts as they happened. It is our duty." Hahahahahahahahahahahahahaha this is the best joke I've seen all day !!!

Tradução:

"O Globo tem a responsabilidade de dar os fatos assim como eles acontecem. É nosso dever."

Hahahahahahahahahahahahahaha essa é a melhor piada que eu já escutei em minha vida !!!


Postado no Contraponto em 23/04/2016






Presidente na Ditadura Civil Militar João Figueiredo e 
Roberto Marinho ( Pai )












Então pelo Golpe que está acontecendo o " pedido de desculpa "

 virá em 2.066 !




Miguel de Cervantes e o Brasil




Urariano Mota

Neste sábado, completam-se 400 anos do falecimento do gênio Miguel de Cervantes. É claro que só no sentido do corpo físico dizemos que falece um artista máximo da humanidade. O fundamental é que no mundo inteiro hoje se lembra a continuação viva de Cervantes em sua obra-prima, o Dom Quixote. Sem dúvida, o maior e melhor romance já escrito, digno de ser prova da existência do homem, quando mais nada existir.

Perdoem o que pode parecer uma orquestra de clarins. Se assim parece, compreendam. Um clássico da altura de Miguel de Cervantes é sempre moderno, para nós ele acaba de escrever agora mesmo, nesta hora. Assim, penso não ser um abuso a relação que estabeleço entre o Dom Quixote e o Brasil destes dias, quando uma presidenta honesta sofre impeachment comandado por um desonesto notório. Se não, observem na primeira parte da obra:

“ – Seja Vossa Mercê servido, meu Senhor Dom Quixote, de me dar o governo da ilha que acabou de ganhar nesta rigorosa pendência; pois, por grande que seja, me sinto com forças de a saber governar, tal e tão bem como qualquer outro que haja governado ilhas no mundo.

Ao que Dom Quixote respondeu:

- Sabei, irmão Sancho, que esta aventura e outras semelhantes não são aventuras de ilhas, mas de encruzilhadas, nas quais não se ganha outra coisa senão uma cabeça quebrada, ou uma orelha de menos. Tende paciência, que outras aventuras se nos oferecerão, em que eu vos possa não só fazer governador, como até mesmo coisa melhor”. 

Nem é preciso estabelecer uma relação primária entre a ilha prometida a Sancho Pança, que só existia na imaginação do cavaleiro Dom Quixote, e o Brasil, um continente maior que a fantasia mais delirante. Importa mais o sentido de que o agir político mais de uma vez nos deixa todos em situação de encruzilhadas, nas quais se ganham cabeças quebradas, orelhas de menos e traições a mais. Ao mesmo tempo, como acompanhar nosso Brasil, a não ser com a riqueza da literatura, os discursos e votos em nome da honestidade proferidos por corruptos?

“As histórias inventadas tanto têm de boas e deleitosas quanto mais se aproximam da verdade ou de sua semelhança; e as verídicas, quanto mais verdadeiras, melhores são”. Assim falou o augusto cavaleiro na pena de Cervantes. Que belo pensamento e lição literária, que alcança todas as falsificações até hoje, no Congresso e nos livros. As histórias inventadas são boas quanto mais próximas forem da verdade. Quem escreverá sobre estes dias?

Então cheguemos ao fim:

“— Ai! — respondeu Sancho Pança, chorando — não morra Vossa Mercê, senhor meu amo, mas tome o meu conselho e viva muitos anos, porque a maior loucura que pode fazer um homem nesta vida é deixar-se morrer sem mais nem mais, sem ninguém nos matar, nem darem cabo de nós outras mãos que não sejam as da melancolia .... Vossa Mercê há-de ter visto nos seus livros de cavalarias ser coisa ordinária derribarem-se os cavaleiros uns aos outros, e o que é hoje vencido ser vencedor amanhã.”

Em seu autorretrato, escreveu um dia o gênio:

"Este, que aqui vedes, boca pequena, dentes nem de mais nem de menos, porque são apenas seis e, ainda assim, em má condição, muito mal dispostos, pois não têm correspondência uns com os outros... que se chama Miguel de Cervantes Saavedra, foi soldado durante muitos anos, escravo por cinco anos e meio e foi aí que aprendeu a ter paciência na adversidade.”

Grato, Cervantes. Com paciência, a dor de hoje também vai passar.



Postado no Luis Nassiff Online em 23/04/2016



Querem ferir a Democracia . . . Caetano e Gilberto Gil, como tantos outros, sabem o que isto significa









Caetano Veloso compôs Terra

 quando estava preso em 1968

na Ditadura Civil - Militar

quando nossa Democracia foi ferida de morte. 

Agora querem ferí-la novamente . . .







Terra


Quando eu me encontrava preso, na cela de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez, as tais fotografias
Em que apareces inteira, porém lá não estava nua

E sim coberta de nuvens

Terra, terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria

Ninguém supõe a morena, dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema, mando um abraço pra ti
Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta

E fosses a Paraíba

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria

Eu estou apaixonado, por uma menina terra
Signo de elemento terra, do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza, terra para a mão carícia

Outros astros lhe são guia

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria
Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente,e de nada valeria
Acontecer de eu ser gente e gente é outra alegria

Diferente das estrelas

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria

De onde nem tempo e nem espaço, que a força te de coragem
Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem
Que realizas do nada,através do qual carregas

O nome da tua carne

Terra, terra,

Por mais distânte o errante navegante

Quem jamais te esqueceria
Na sacadas do sobrado, da eterna são salvador
Há lembranças de donzelas, do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem

A Bahia tem um jeito

Terra, terra,

Por mais distante o errante navegante

Quem jamais te esqueceria



Não se cure além da conta. Gente curada demais é gente chata






Ruth Borges 

Deus me livre de ser normal. Cruz credo, Ave Maria três vezes. Ah não, número ímpar, empata a vida. Pé direito, pé esquerdo. Bate na madeira. Pula! Não pisa na linha. Desvira o chinelo, se não sua mãe vai morrer. É, não tem jeito, a gente se deixa dizer por aí. Não há sintoma que aguente ser prisioneiro em nosso inconsciente. A gente sai na palavra trocada, sai desastrado derrubando as coisas no chão. Sai nos tropicões pelas quinas da casa. A gente se confunde e se entende no sim, no não, no é, não é, talvez. Nem sei. Deixa pra lá! A gente se esquece nos objetos largados pra trás.

O que fica é um pedaço nosso no lugar de onde não queríamos ter saído. A gente sai também nos desvarios que sonhamos, na capacidade de imaginar, no alcance dos nossos pensamentos. Se há revolução, podemos sim ser Napoleão, pra tirar sarro do desespero. Se tentam nos consertar, podemos convocar Dorothy Gale, curiosa, contestadora — afinal, pra que serve um coração? Se tentam amarrar nossos pensamentos, podemos ser Peter Pan. Pensa numa coisa boa que a gente voa. Pensa numa coisa boa. Pensa! E voa mesmo. Eu já vi muita gente voar pensando.

Então olha, não se cure além da conta, já dizia a psiquiatra Nise da Silveira, gente curada demais é gente chata. Gente muito curada é exatamente o que os outros querem que ela seja. Ela é todo mundo, menos ela. É absolutamente, perfeitamente normal.

— Ei, alguém aí pode, por favor, nos curar dessa ideia maluca de sermos normais?

Ora, não se cure de alguns exageros, principalmente o de amar. Não se cure daquele desejo esperançoso de felicidade. Pra que curar saudade boa? Não se cure de todas as manias, de todos os medos, de todos os tiques. Não se cure além da conta. 

Somos todo esse barro amassado, constituído na falta, entre o feito-desfeito. Somos a casa erguida a partir daquilo que nós decidimos fazer do que fizeram conosco. Remendo a remendo, percebe-se que existe algo em nós tentando manter a casa em pé. Portanto, não se cure além da conta, não se cure tanto assim. A casa pode cair!

Não se cure de rir alto, de cantar alto, de sonhar alto. Não apare todas suas arestas. Não apague todos os prejuízos. Não há necessidade de nos curarmos tanto de nós mesmos. Pra que tanto juízo? Pra que tanto conserto? Não se pinte além da conta, não se obrigue além da conta, além da vida.

Mas sim, pague a conta por topar ser exatamente quem se é. Por que curar todos os pensamentos malvados, desvairados? Ninguém é todo deus ou todo diabo. Você pode parar de artificializar a felicidade se quiser, será que precisamos mesmo de todos esses remédios? O receituário dos dias é categórico: precisamos viver sem tanta contraindicação.

Se tiver que se curar, se cure da dúvida acerca da vida que leva e na qual não se reconhece. Essa é a dose anti-hipocrisia mais indicada à sobrevivência da espécie de gente feliz. 

Se cure até a medida de estar em paz, você com você. Nenhuma pílula a mais.



Postado no Bula


" Apesar de você " golpistas . . .




















Deputada portuguesa acusa o golpe




“As palavras de ordem gritadas pelos manifestantes em Lisboa são entre outras Golpe nunca mais e Fascismo não passará. A manifestação foi convocada através das redes sociais, especialmente o Facebook, e por telemóvel. Há entre os manifestantes muitos estudantes brasileiros”, afirmou o jornal Expresso. 



Deputada portuguesa Joana Rodrigues Mortágua acusa o golpe em curso no Brasil, defende a Presidente Dilma no Parlamento Português e recebe amplo apoio dos parlamentares.