Dezenas de jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, cartunistas, professores, estudantes e ativistas da área da comunicação participaram, na noite de sexta-feira (1º), no bar Paraphernália, em Porto Alegre, do lançamento do manifesto dos Comunicadores pela Democracia.
Com 347 assinaturas confirmadas até a hora do lançamento, o manifesto “Em defesa da democracia, contra a desinformação e o ódio” defende a manutenção do Estado Democrático de Direito e da legalidade no país e critica a tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff patrocinada por “setores conservadores, aliados a uma parcela partidarizada do Judiciário e a grandes meios de comunicação que há muito abdicaram da cobertura jornalística para agir como panfleto político”.
O grupo de Comunicadores pela Democracia seguirá nos próximos dias recolhendo assinaturas de apoio ao manifesto e pretende organizar outras atividades para mobilizar todos os profissionais e ativistas da área da comunicação comprometidos com a luta contra o golpe e em defesa da legalidade do país.
Além disso, pretende denunciar todos os casos de violações de direitos e princípios fundamentais, como o que aconteceu recentemente com a ex-secretária de Políticas para Mulheres do Rio Grande do Sul, Ariane Leitão, que teve atendimento à sua filha negado por uma pediatra pelo fato de ela ser filiada ao PT. “Esse tipo de atitude mostra o clima fascista que vem se formando perigosamente no país, o qual não podemos ficar assistindo de braços cruzados”, disse o jornalista Rafael Guimaraens.
Presente ao ato, o jornalista Moisés Mendes, que recentemente pediu demissão do jornal Zero Hora, foi muito aplaudido e elogiado pelo trabalho de contraponto e resistência que vinha realizando em suas colunas. Moisés agradeceu as manifestações de apoio e disse: “Eu me sinto honrado de estar do lado de vocês, estou protegido por vocês”.
O secretário de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), Ademir Wiederkehr, chamou a atenção para a ofensiva sobre direitos sociais e trabalhistas que anda de mãos dadas com o movimento que tenta derrubar a presidenta Dilma Rousseff. “Na última vez que a democracia foi tolhida no Brasil, demorou mais de 20 anos para que comunicadores pudessem exercer livremente suas profissões”, adverte o manifesto da Comunicação pela Democracia.
Na mesma linha, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Milton Simas, lembrou a luta histórica dos jornalistas pela liberdade de expressão no Brasil e reafirmou o compromisso da entidade por um jornalismo plural e de qualidade.
Confira a íntegra do documento:
Em defesa da democracia, contra a desinformação e o ódio
“Somos jornalistas, publicitários, relações públicas, fotógrafos, blogueiros e mídia ativista, profissionais e estudantes de comunicação que vem a público se manifestar em defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e contra o golpe.
O Brasil vive uma crise política profunda que ameaça a nossa democracia ainda jovem. Setores conservadores, aliados a uma parcela partidarizada do judiciário e a grandes meios de comunicação – que há muito abdicaram da cobertura jornalística para agir como panfleto político -, tentam a todo custo impor ao país um processo de Impeachment sem base legal, sem provas e sem crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma, ou seja, um golpe em pleno século 21!
O momento exige atenção e ação dos brasileiros comprometidos com o avanço democrático e a luta sem tréguas contra a corrupção, independente das preferências partidárias e divergências na condução do governo. O que nos une nesta quadra é a defesa da democracia.
Há uma grande batalha de comunicação acontecendo e nós, profissionais e ativistas que trabalhamos nessa área, estamos denunciando permanentemente as práticas de manipulação da informação dos grandes grupos de comunicação, que colaboram, inclusive, para o aumento da crise.
Há que se falar ainda no papel que cumprem esses – jornais, rádios, televisões e revistas – na incitação do ódio entre a população. Parte deles, como a Globo, apoiou e deu sustentação ao golpe de 1964. Democratizar os meios de comunicação é fundamental e sabemos que esse passo só será dado dentro dos marcos de um Estado Democrático de Direito.
Compreendemos que a liberdade de comunicação passa necessariamente pelo fortalecimento da democracia.
Na última vez que a democracia foi tolhida no Brasil, demorou mais de 20 anos para que comunicadores pudessem exercer livremente suas profissões. Por isso, não vacilaremos na defesa da democracia e atuaremos incansavelmente para esclarecer a população.”