Um dia essa dor será útil







Marcel Camargo

“Não há dores eternas, e é da nossa miserável condição não poder deter nada que o tempo leva, que o tempo destrói: nem as dores mais nobres, nem as maiores.” (Florbela Espanca)

Se pudéssemos congelar os esparsos momentos de felicidade que pontuam nossas vidas, seríamos constantemente felizes, mas não por muito tempo. Assim como em tudo o mais, a constância acaba por se tornar entediante e incapaz de suscitar algum tipo de carga emocional ou de aprendizado.

Somos movidos por desafios, pela construção de sonhos que idealizam um amanhã melhor e mais feliz. Caso alcancemos tudo o que queremos, paralisaremos, mantendo-nos estagnados no vazio do comodismo insosso. É preciso andar na escuridão, para que a luz seja suficientemente sorvida por nossos sentidos e para que a gratidão nos alimente a alma, tornando-nos mais humanos e solidários com as dores alheias.

A dor é necessária, pois nos força a olhar para além de nós mesmos, tanto para aplacarmos nosso cansaço, quanto para podermos pedir ajuda. Tomarmos consciência de que sempre poderemos necessitar da ajuda de outrem impede-nos o mergulhar solitário no egoísmo que isola e fere. É preciso estender as mãos, para resgatarmos e sermos resgatados dos vendavais que vez ou outra assolam a vida de todos nós.

Os momentos de tristeza são também úteis para nos levar ao enfrentamento das consequências de nossas escolhas, às quais não se foge. Essa dolorida conscientização acerca da inevitável colheita, de acordo com o que plantamos, ainda que nos devaste, liberta-nos das amarras vãs que nos prendem à busca cega por um mundo de aparências que não preenchem os anseios de nossas almas, visto que nos afastam daqueles que nos amam verdadeiramente.

Sofrer faz parte da vida de todos nós e, por mais que nos sintamos feridos e impotentes em meio ao torvelinho emocional, as dores acabarão por nos tornar mais fortes e lúcidos, bem como mais certos do que e de quem realmente vale a pena. 

Demore ou não, a dor passará e, então, o que restará de nós e dentro de nós será cada vez mais forte, mais real, mais humano. As dores, afinal, nos habilitam a jamais desistir das pessoas verdadeiras, dos sonhos reais e, sobretudo, a nunca, em hipótese alguma, desistirmos de nós mesmos.


Postado no O Segredo


Professores e alunos repudiam comentário racista exibido na Globo







Redação Pragmatismo em 15/01/2016

Comunidade acadêmica e alunos e professores de escola pública repudiam comentário racista de Alexandre Garcia, exibido na Globo-DF. 

Jornalista afirmou que os cotistas que entram na Universidade de Brasília (UnB) não possuem méritos e estão lá por "pistolão", muito embora estudos comprovem que os cotistas vêm tendo desempenho melhor do que os não cotistas


Um comentário do jornalista Alexandre Garcia, ex-porta-voz da ditadura militar, num noticiário local da Globo em Brasília provocou imensa revolta entre alunos e professores da rede pública, bem como na comunidade acadêmica.

Garcia afirmou que os alunos cotistas da Universidade de Brasília entrariam pelas costas na universidade pública, sem ter, na sua avaliação, mérito para estudar nas instituições federais de ensino superior. Estariam lá por “pistolão”, segundo disse o jornalista.

No entanto, diversos estudos do Ministério da Educação já comprovam que os alunos cotistas vêm tendo desempenho acadêmico superior ao de não-cotistas.

“Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho, ajuda. A tradução disso é cota. Aí põe lá um monte de gente… só 67%, você viu aí, passaram por mérito. Estão aprendendo como é a vida, a concorrência, sem nenhuma humilhação de receber empurrãozinho. O mérito é a base”, disse o jornalista.

No passado, Garcia já havia causado polêmica, ao dizer que o Brasil não era racista até inventarem a Lei de Cotas (relembre aqui). Ele seguia o raciocínio de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, que escreveu o livro “Não somos racistas”, para tentar evitar que o Brasil adotasse políticas de ação afirmativa, que existem nos Estados Unidos há mais de 50 anos.

Pela tese de Garcia, atrizes da própria Globo, como Thais Araújo e Sheron Menezzes, só sofreram ataques racistas recentemente porque “inventaram” a Lei de Cotas.

O comentário de Garcia provocou indignação e revolta na professora Flávia Helen, que atua na rede pública do Distrito Federal e prepara alunos para o vestibular.


Confira, abaixo, seu desabafo:






Leia, ainda, o artigo do estudante João Marcelo, que estuda na UnB:

A abominação ética em Alexandre Garcia

João Marcelo

Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas de “não possuírem méritos para ingressar na Universidade” revela em sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma classe dominante infecunda e profundamente perversa.

A Lei de Cotas nas universidades completou três anos no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o diagnóstico.

Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em massa.

Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antropólogos brasileiros, teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos CIEPS, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais desigual do mundo.

Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado após posar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois, co-participe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade brasileira.

A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o herói da pátria Leonel de Moura Brizola.

Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os vícios que carrega. 

Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza do jornalista e seus correligionários.


Postado no Pragmatismo Político em 15/01/2016









Verão 2016 : saída de praia























Saída Pilar 12174 - Agua Doce























Saída de praia




Um dia na vida do Perfeito Idiota Brasileiro (versão 2016)




Paulo Nogueira



Alguns anos atrás, escrevi um relato sobre o dia do Perfeito Idiota Brasileiro, o PIB.

O Brasil mudou, e com ele o PIB, e é por isso que atualizo agora sua jornada cotidiana.

O PIB, hoje, está pronto a hostilizar petistas onde quer que os encontre. Bate panelas quando Dilma aparece na tevê. Veste camisa da CBF e vai para a Paulista pedir o impeachment. Passa adiante, nas redes sociais, tudo que seja negativo para o governo, a começar pelo material do Revoltados Online.

Ele continua a ler, logo pela manhã, o site da Veja. Nele, Reinaldo Azevedo é, como sempre, leitura indispensável. Mas agora ele não deixa de acompanhar, também, Felipe Moura Brasil. Lamentou, na Veja, a demissão de Joice Hasselmann.

Um raro exemplo de loira inteligente.

Fora da Veja, alguns outros blogs fazem parte de sua rotina. Um deles é o de Ricardo Noblat.

Mitou ao sugerir que Dilma se suicidasse.

Sempre dá um jeito de passar também pelo blog de Lauro Jardim.

Erra barbaridade, mas é o cara mais informado do Brasil.

O PIB vai para o trabalho ouvindo CBN. Merval e Jabor o fazem entender melhor o mundo. Volta para casa com a Jovem Pan. Sente falta de Scheherazade na rádio.

Ela foi vítima da censura do governo. Canalhas.

As noites são dedicadas à informação pela tevê. Seus comentaristas prediletos são Marco Antônio Villa e William Waack. “Por que caras como eles não estão governando o Brasil?”, ele se pergunta com frequência. “Têm resposta para tudo, até para os problemas do yuan chinês.”

Ao ouvir Villa no Jornal da Cultura sempre lhe ocorre um paradoxo.

O Villa tem voz fina, mas fala grosso.

Às segundas, o Roda Viva é programa obrigatório. Um amigo petralha lhe disse que Augusto Nunes é o Brad Pitt de Taquaritinga, em tom de escárnio. Mas atribuiu isso a alguma das más leituras do amigo.

Jô ele gostava de ver, mas acabou desistindo depois que ele entrevistou Dilma.

Ganhou uma fortuna para fazer aquela entrevista. Gordo miserável, pensa que me engana?

Prefere agora ver, tarde da noite, Danilo Gentili. Vibrou quando soube que Gentili oferecera bananas a um negro que o incomodava. E gostou ainda mais quando o juiz decidiu que Gentili não fora racista.

São todos uns coitadinhos, estes negros. Só querem saber de cotas e outras mordomias.

A mesma opinião ele tem de outras minorias, como os homossexuais, os índios e as mulheres. Não engole também os nordestinos.

Deviam ser gratos a nós de São Paulo por darmos a eles empregos de pedreiros, lixeiros e domésticas, mas decidiram ter as mesmas coisas que nós, aqueles retirantes.

Com Gentili PIB conheceu outro site que agora faz parte de suas preferências: o Antagonista. O que mais o agrada, fora o tom, são os textos curtos, um ou dois parágrafos no máximo. PIB detesta textos longos, de mais de cinco parágrafos.

PIB não liga muito para música. Para ele, Chico, além de chato, é um petralha. Mereceu ter sido xingado na saída de um restaurante.

Queria estar lá pra dizer certas verdades praquele comunista.

Lobão e Roger do Ultrage não. Estes escrevem as coisas que têm que ser ditas. Denunciam a ditadura lulodilmopetista. Lobão até compôs uma música contra Dilma. Ele achou a música genial, embora não tenha ouvido. Quer dizer, não ouviu até o fim. Ouviu 30 ou 35 segundos, e não conseguiu ir adiante. Mesmo assim, foi o suficiente para ver que é uma obra prima que será ouvida daqui a cem anos.

O cara foi brilhante em financiar seu disco com uma vaquinha virtual.

PIB contribuiu com zero, mas ficou impressionado com a iniciativa de Lobão.

Ele acha o Brasil o pior país do mundo. O mais corrupto.

Ainda bem que surgiu o Moro pra salvar a gente.

Ele torce para que Moro seja candidato à presidência em 2018. Se não for, Bolsonaro é um ótimo nome. Aécio não: é frouxo, um petista disfarçado. Esperava que Joaquim Barbosa se candidatasse em 2014. Comprou até máscaras de JB no Carnaval daquele ano. Mas nada.

Teve uma surpresa quando ouviu Moro pela primeira vez. Lembrou-se imediatamente de Villa.

Fala fino, mas tem voz grossa.

Admira também Eduardo Cunha, mas o governo inventou coisas contra ele. Lera, em algum lugar, que Dilma comprara dos suíços um falso dossiê para incriminar Cunha.

Os caras não se detêm por nada, filhos da puta.

PIB pensa em mudar do Brasil. Está pesquisando apartamentos em Miami.

Que adianta você ter carro se todo mundo tem? Viajar de avião se todo mundo viaja? Fazer compras num shopping se todo mundo faz? Assinar Netflix se todo mundo assina?

Mais recentemente, irritou-se em particular com as bicicletas em São Paulo.

Vontade de fazer um strike com ciclistas …

Ele já se imaginou mais de uma vez fazendo isso: atropelando ciclistas em série, como se ele fossem peças de boliche.

Na hora de dormir, PIB volta a pensar em deixar o Brasil enquanto espera seu Frontal fazer efeito.

Uma única coisa o faria desistir do sonho: São Paulo se separar do resto do Brasil.

Chega de sustentar os preguiçosos.

E então ele dorme o sonho profundo dos perfeitos idiotas.



Postado no Diário do Centro do Mundo em 14/01/2016



Cabelo Verão 2016 : Curto, médio ou longo . . . Mechas 3D, monocromático ou natural







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Mechas 3D tendência para o verão 2016


dicas Cores de Cabelo 2016


cabelos da moda





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Não canse quem te quer bem




Martha Medeiros

“Foi durante o programa Saia Justa que a atriz Camila Morgado, discutindo sobre a chatice dos outros (e a nossa própria), lançou a frase: “Não canse quem te quer bem”. Diz ela que ouviu isso em algum lugar, mas enquanto não consegue lembrar a fonte, dou a ela a posse provisória desse achado".

Não canse quem te quer bem. Ah, se conseguíssemos manter sob controle nosso ímpeto de apoquentar. Mas não. Uns mais, outros menos, todos passam do limite na arte de encher os tubos. Ou contando uma história que não acaba nunca, ou pior: contando uma história que não acaba nunca cujos protagonistas ninguém jamais ouviu falar. Deveria ser crime inafiançável ficar contando longos casos sobre gente que não conhecemos e por quem não temos o menor interesse. Se for história de doença, então, cadeira elétrica.

Não canse quem te quer bem. Evite repetir sempre a mesma queixa. Desabafar com amigos, ok. Pedir conselho, ok também, é uma demonstração de carinho e confiança. Agora, ficar anos alugando os ouvidos alheios com as mesmas reclamações, dá licença. Troque o disco. Seus amigos gostam tanto de você, merecem saber que você é capaz de diversificar suas lamúrias.

Não canse quem te quer bem. Garçons foram treinados para te querer bem. Então não peça para trocar todos os ingredientes do risoto que você solicitou – escolha uma pizza e fim.

Seu namorado te quer muito bem. Não o obrigue a esperar pelos 20 vestidos que você vai experimentar antes de sair – pense antes no que vai usar. E discutir a relação, só uma vez por ano, se não houver outra saída.

Sua namorada também te quer muito bem. Não a amole pedindo para ela explicar de onde conhece aquele rapaz que cumprimentou na saída do cinema. Ciúme toda hora, por qualquer bobagem, é esgotante.

Não canse quem te quer bem. Não peça dinheiro emprestado pra quem vai ficar constrangido em negar. Não exija uma dedicatória especial só porque você é parente do autor do livro. E não exagere ao mostrar fotografias. Se o local que você visitou é realmente incrível, mostre três, quatro no máximo. Na verdade, fotografia a gente só mostra pra mãe e para aqueles que também aparecem na foto.

Não canse quem te quer bem. Não faça seus filhos demonstrarem dotes artísticos (cantar, dançar, tocar violão) na frente das visitas. Por amor a eles e pelas visitas.

Implicâncias quase sempre são demonstrações de afeto. Você não implica com quem te esnoba, apenas com quem possui laços fraternos. Se um amigo é barrigudo, será sobre a barriga dele que faremos piada. Se temos uma amiga que sempre chega atrasada, o atraso dela será brindado com sarcasmo. Se nosso filho é cabeludo, “quando é que tu vai cortar esse cabelo, garoto?” será a pergunta que faremos de segunda a domingo. Implicar é uma maneira de confirmar a intimidade. Mas os íntimos poderiam se elogiar, pra variar.

Não canse quem te quer bem. Se não consegue resistir a dar uma chateada, seja mala com pessoas que não te conhecem. Só esses poderão se afastar, cortar o assunto, te dar um chega pra lá. Quem te quer bem vai te ouvir até o fim e ainda vai fazer de conta que está se divertindo. Coitado. Prive-o desse infortúnio. Ele não tem culpa de gostar de você.