Postado no Juliana Goes
Doçuras ou travessuras ?
Os nomes dos golpistas e traidores da Democracia, da esquerda para a direita : Ministro do STF Gilmar Mendes, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, deputado federal Eduardo Cunha, senador Aécio Neves e o Vice-Presidente do Brasil Michel Temer
O dia da infâmia
Aécio Neves, derrotado nas urnas, acarinhando Eduardo Cunha !
Fernando Morais
Minha geração testemunhou o que eu acreditava ter sido o episódio mais infame da história do Congresso. Na madrugada de 2 de abril de 1964, o senador Auro de Moura Andrade declarou vaga a Presidência da República, sob o falso pretexto de que João Goulart teria deixado o país, consumando o golpe que nos levou a 21 anos de ditadura.
Indignado, o polido deputado Tancredo Neves surpreendeu o plenário aos gritos de "Canalha! Canalha!".
No crepúsculo deste 2 de dezembro, um patético descendente dos golpistas de 64 deu início ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A natureza do golpe é a mesma, embora os interesses, no caso os do deputado Eduardo Cunha, sejam ainda mais torpes. E no mesmo plenário onde antes o avô enfrentara o usurpador, o senador Aécio Neves celebrou com os golpistas este segundo Dia da Infâmia.
Jamais imaginei que pudéssemos chegar à lama em que o gangsterismo de uns e o oportunismo de outros mergulharam o país. O Brasil passou um ano emparedado entre a chantagem de Eduardo Cunha – que abusa do cargo para escapar ao julgamento de seus delitos – e a hipocrisia da oposição, que vem namorando o golpe desde que perdeu as eleições presidenciais para o PT, pela quarta vez consecutiva.
Pediram uma ridícula recontagem de votos; entraram com ações para anular a eleição; ocuparam os meios de comunicação para divulgar delações inexistentes; compraram pareceres no balcão de juristas de ocasião e, escondidos atrás de siglas desconhecidas, botaram seus exércitos nas ruas, sempre magnificados nas contas da imprensa.
Nada conseguiram, a não ser tumultuar a vida política e agravar irresponsavelmente a situação da economia, sabotando o país com suas pautas-bomba.
Nada conseguiram por duas singelas razões: Dilma é uma mulher honesta e o povo sabe que, mesmo com todos os problemas, a oposição foi incapaz de apresentar um projeto de país alternativo aos avanços dos governos Lula e Dilma.
Aos inconformados com as urnas restou o comparsa que eles plantaram na presidência da Câmara – como se sabe, o PSDB, o DEM e o PPS votaram em Eduardo Cunha contra o candidato do PT, Arlindo Chinaglia.
Dono de "capivara" policial mais extensa que a biografia, Cunha disparou a arma colocada em suas mãos por Hélio Bicudo.
O triste de tudo isso é saber que o ódio de Bicudo ao PT não vem de divergências políticas e ideológicas, mas por ter-lhe escapado das mãos uma sinecura – ou, como ele declarou aos jornais, "um alto cargo, provavelmente fora do país".
Dilma não será processada por ter roubado, desviado, mentido, acobertado ou ameaçado. Será processada porque tomou decisões para manter em dia pagamentos de compromissos sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
O TCU viu crimes nessas decisões, embora não os visse em atos semelhantes de outros governos. Mas é o relator das contas do governo, o ministro Augusto Nardes, e não Dilma, que é investigado na Operação Zelotes, junto com o sobrinho. E é o presidente do TCU, Aroldo Cedraz, e não Dilma, que é citado na Lava Jato, junto com o filho. Todos suspeitos de tráfico de influência. Provoca náusea, mas não surpreende.
"Claras las cosas, oscuro el chocolate", dizem os portenhos. Agora a linha divisória está clara. Vamos ver quem está do lado da lei, do Estado democrático de Direito, da democracia e do respeito ao voto do povo.
E veremos quem se alia ao oportunismo, ao gangsterismo, ao vale-tudo pelo poder.
Não tenho dúvidas: a presidente Dilma sairá maior dessa guerra, mais uma entre tantas que enfrentou, sem jamais ter se ajoelhado diante de seus algozes.
FERNANDO MORAIS, 69 anos, é jornalista e escritor. É autor, entre outros, dos livros "Chatô, o Rei do Brasil" e "Olga".
Postado no Carta Maior em 07/12/2015
As classes rica e média não querem perder seus privilégios e os corruptos desde 1.500 não querem acabar com a corrupção e sim tirar a Polícia Federal do pé deles ! Este é o principal motivo para o golpe !
Você acha mesmo que estas pessoas aí de cima querem tirar
a Presidente Dilma, democraticamente eleita com 54 milhões de votos,
para acabar com a corrupção?
São muitos os interesses contrariados enquanto a Presidente Dilma
governar o Brasil, entre eles, posso citar :
a Presidente Dilma, democraticamente eleita com 54 milhões de votos,
para acabar com a corrupção?
São muitos os interesses contrariados enquanto a Presidente Dilma
governar o Brasil, entre eles, posso citar :
1) A venda do Pré-Sal e a Petrobras que interessa aos Estados Unidos e às empresas multinacionais americanas como a Chevron e a Shell.
2) Acabar com a Indústria Naval Brasileira, voltando a comprar plataformas petrolíferas e navios-tanque de outros países.
3) Acabar com o Mercosul e com o Banco criado, conjuntamente, pelo Brasil, Rússia, China, África do Sul e Índia, como uma alternativa aos nocivos Banco Central Americano e FMI.
4) Acabar com os vários Programas e Benefícios Sociais que permitiram a diminuição da Desigualdade e a maior Inclusão Social que este país já viu.
5) Acabar com a compra de bens e tecnologias, necessárias ao desenvolvimento do país, como no caso dos aviões caça suecos Gripen, que vêm com manuais de construção e cursos de aprendizagem no país de origem. Isto é o que se chama de Transferência de Tecnologia e que antes dos Governos Lula e Dilma jamais foi praticada, pois não interessa aos Estados Unidos que isto ocorra. Por isto os aviões não foram comprados de empresas americanas.
6) Acabar com as cobranças dos impostos sonegados e devidos pelos grandes devedores.
6) Acabar com as cobranças dos impostos sonegados e devidos pelos grandes devedores.
7) Continuar com a Corrupção e as Benesses Empresarial e Política.
Vou parar por aqui, pois esta lista é muito mais longa.
Apenas pense bem quando disser que é a favor do
impeachment da Presidente Dilma.
O que está por trás é um jogo muito sujo e que vai custar ao Brasil, coisas muito preciosas, como a Soberania Nacional e a Democracia.
E se pergunte se é isto que você quer de volta para o Brasil?
A total subserviência aos interesses dos Estados Unidos
e do Capital Internacional !
E o Brasil voltará e continuará a ser o que sempre foi, aquilo que ouço e vejo na mídia manipuladora desde pequena, o País do Futuro, infelizmente !
Carta aberta a você que ainda acredita no Amor
André J. Gomes
Você sabe que tem gente se matando agora, não sabe? Tem um povo bombardeando outro, crianças apavoradas, mulheres subjugadas. Uns homens soltam bombas, outros prendem o choro. Edifícios desabam fáceis, sob a mira dos mísseis prateados, impecáveis. Famílias se desmancham como papelão na enxurrada, canalhas fogem com o dinheiro do povo. Ódio vira regra, medo se faz prática, desespero se torna música. O sucesso de audiência é a nossa escandalosa miséria de todos os dias.
E você, decerto, já se deu conta do quanto sobrevivemos desviando, esquivando, escapando, correndo uns contra os outros. Não que eu acredite que isso tudo vá mudar por obra da nossa mais pura e simples vontade esperneada. Mas eu tenho a impressão de que a gente devia passar mais tempo juntos, sabe?
Porque assim, juntos, talvez a gente perceba, cheios de vergonha, o quanto se deixou convencer de que essa porcaria toda é “normal”. Normal, assim, como um cachorro ordinário que morde o outro porque tem todos aqueles dentes pontudos e eles não podem ficar ali na bocarra sem uso e você sabe, cachorro morde mesmo, morde por puro instinto.
Juntos, quem sabe a gente compreenda que “normal” é coisa nenhuma! E que é preciso resgatar do fundo da gaveta aquela velha capacidade de indignação desbotada que fazia tanto sucesso no verão passado.
Quem sabe assim teremos, para cada declaração de guerra, um milhão de declarações de amor rasgadas, confessadas sem pudor a quem quiser ouvir. E na esteira de cada afirmação amorosa seguirão novos gestos e atitudes renovadas e medidas de amor desmedidas.
Para cada um dos longos anos que nos separaram até agora, brotarão das rachaduras no asfalto florestas de instantes a nos unir em abraços emocionados de encontro e festa.
É, sim. A gente devia passar mais tempo juntos. Devia parar e sentar e conversar e lembrar nossas coisas. E lá, no terreno baldio das lembranças saborosas, estaremos nós, engatinhando por uma selva de pernas enormes em uma festa chata de adultos enfadonhos, ouvindo ao longe suas conversas altas e miradas importantes, até uma hora chegarmos ao abrigo sob a mesa grande, de onde roubaremos uns brigadeiros e cajuzinhos para nossa ceia secreta e submersa, protegidos do mundo e de suas questões inatingíveis em nosso universo simples e subterrâneo.
De nosso encontro, soltaremos os risos que um dia seguramos para a foto até doer o rosto. E a cada risada alta, o amor há de acordar de seu sono, o amor e sua energia atômica, sua força motriz poderosa, sua vontade que a tudo movimenta e estremece acenderá nas sombras e explodirá feito as bombas dos facínoras.
Seu estrondo despertará nossas coisas de amor que nos arrancam do sofá e nos põem de pé, em movimento, a seguir nosso caminho de um tempo novo, a seguir cenas dos próximos capítulos, rodadas na descida de nossa serra do mar, nosso corredor da vida onde se vai adiante mais do que se espera cair do céu.
Porque do céu nada cai exceto nós mesmos, despertos de nossos sonhos de grandeza em cada pequeno acaso de nosso dia depois do outro.
Juntos, aprenderemos de novo a pedir com jeito, a trabalhar com força e desejo e honestidade, repetindo delicadezas em todos os idiomas, batucando textos de amor como pretextos para amar.
E em nossa imaginação amorosa, inventaremos pessoas, cenas, famílias, festas, churrascos de domingo, casamentos repletos de gente amiga, disposta a reescrever a história toda. Ou ao menos a nos fazer sentir menos sós.
Assim, juntos, irmanados pela aventura do amor à vida, a nós mesmos e ao outro, criaremos uma nova ordem, um novo estado de coisas, e escreveremos a milhares, milhões, bilhões de mãos a nossa declaração universal dos direitos e deveres de amar.
Não que eu acredite que toda a miséria do mundo assolado pela raiva e a burrice vá frear sua marcha louca de uma hora para outra, e os exércitos se ajoelhem sob a beleza de um arco-íris monumental debruçado sobre todos os continentes. Mas ao menos estaremos juntos.
Amantes, amores, amados, avante. Ao trabalho !
Postado no Sábias Palavras
Como Dilma poderia fazer mais do que fez sendo sabotada desde antes de assumir o novo mandato ?
Paulo Nogueira
Dilma está sendo bombardeada muito além da conta.
Me chamou a atenção o número de artigos em que pessoas que condenam o impeachment fazem questão de dizer que Dilma vem fazendo um governo péssimo e é irremediavelmente incompetente.
Um momento.
Gostaria de saber quais as razões concretas por trás dessa avaliação.
Dilma, a rigor, fez um mandato. Se os brasileiros não aprovassem seu desempenho ela não teria sido eleita. Isto é fato.
Para colocar em contexto, ela venceu em circunstâncias extraordinariamente adversas, o que dá ainda maior legitimidade à vitória.
A imprensa fez tudo o que podia para sabotar sua candidatura. Aécio foi escandalosamente favorecido. A imprensa tratou-o como seu candidato.
Dilma foi, em todos os momentos da campanha, massacrada por jornais, revistas, telejornais. O caso da Petrobras veio para liquidá-la.
Aécio não foi associado sequer ao helicóptero cheio de cocaína de seu amigo do peito (e de clube) Perrela.
O favorecimento criminoso da mídia a Aécio, neste episódio, pode ser avaliado diante das obsessivas menções, agora, a um “amigo de Lula”.
Perrela, para a imprensa e só para ela, não era amigo de Aécio.
Sequer o aeroporto privado que Aécio construiu com dinheiro público numa cidade mineira foi objeto de questionamento da imprensa.
A Folha tocou no assunto, e logo caiu fora. Aparentemente, estava mais preocupada em fazer marketing – o do rabo que não está preso – do que jornalismo efetivamente.
E a Globo fez uma palhaçada. Depois de ignorar o assunto, Bonner, em sua entrevista com Aécio, interpelou-o duramente sobre o aeroporto. De novo: depois de esconder o aeroporto.
Aécio, se fosse mais esperto, poderia responder: “Ora, Bonner, se o assunto fosse importante, vocês teriam dado bem no Jornal Nacional.”
Seria um ippon.
Dilma viveu uma situação oposta. A obra magna da imprensa foi a capa da Veja na véspera da eleição.
Baseada numa mentira acintosa, a de que um delator teria dito que Dilma e Lula sabiam de tudo no Petrolão, a capa foi maciçamente usada como propaganda política antipetista no maior colégio eleitoral do país, São Paulo.
O gangsterismo da Veja se comprovaria, algum tempo depois, quando foi publicado o real conteúdo da delação. Em nenhum instante o delator disse o que a Veja disse que ele disse.
Pois bem.
Com tudo isso, e sem ser uma debatedora com os dotes de Lula, Dilma venceu.
O povo, portanto, a aprovou. Deu-lhe mais um mandato.
E o que veio depois?
Dilma nem assumira e se iniciou um descarado movimento para derrubá-la. A direita, sem pudor, repetiu o que fizera em 1954 e 1964: tentar tirar na marra um governante de caráter popular.
Governar um país é difícil. Quando este país tem uma estrutura secularmente voltada para preservar privilégios e mamatas de uma pequena elite predadora, é ainda mais complicado.
Agora: quando você é sabotado a cada minuto, é simplesmente impossível. E Dilma vem sendo sabotada em regime de 24 horas por 7 dias. Não há feriado, não há dia santo, não há sábado e não há domingo.
Se você olhar para trás, vai ver que até os números de votos foram postos em dúvida. Nem a direita venezuelana chegou a tal grau de abjeção.
Como, diante disso, avaliar Dilma? Quem faria melhor? Quem teria chance de fazer melhor?
Ninguém.
A “incompetência” é, ao lado da corrupção, uma antiga arma usada pelo plutocracia brasileira contra presidentes que ela não controla. Jango foi o tempo inteiro acusado de incompetente quando criavam contra ele dificuldades simplesmente intransponíveis.
É a mesma história com Dilma.
A direita inviabiliza qualquer chance de você governar e depois acusa você de inepto.
Não há limites para o descaramento. Aécio, para defender o impeachment, disse nestes dias que a instabilidade é enorme no Brasil.
Ora, a instabilidade tem um nome: Aécio. Desde o primeiro dia ele se dedica a conspirar contra 54 milhões de votos.
O mandato de Dilma é de quatro anos. E no entanto desde a primeira semana cobravam dela como se fosse a última.
É golpe, é uma tentativa intolerável de destruir a democracia, falar em qualquer coisa que desconsidere que Dilma foi eleita para governar até 2018.
O momento de julgá-la – nas urnas – foi no final de 2014.
Querer tirá-la no poder agora, e com os argumentos desumanamente falaciosos que estão sendo utilizados, é um crime de lesa pátria e lesa democracia.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo
Postado no Diário do Centro do Mundo em 06/12/2015
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