Votação no TCU foi o canto do cisne do golpe
Amigos e leitores estão assustados com o clima de golpe criado pela votação no Tribunal de Contas da União (TCU).
Tenham calma, por favor. Não caiam no jogo terrorista da mídia e dos militantes do ódio.
O resultado no TCU era jogo jogado. O mercado político já tinha assimilado a reprovação unânime das contas do governo.
Só que isso não derruba presidente.
A Folha publicou há dias, e o Cafezinho reproduziu, entrevista esclarecedora com o jurista Marcelo Lavenerè, que assinou o pedido de impeachment de Fernando Collor.
Lavenerè explicou que TCU não dá margem para impeachment. É uma reprovação política, um indicativo para o governo se "comportar" melhor no ano seguinte.
Não sejamos ingênuos, claro. Foi tudo meticulosamente preparado. Eduardo Cunha, alguns dias após se reunir a portas fechadas com editores do Globo, promoveu a votação recorde de contas de todos os governos passados, para "limpar" o caminho para a aprovação ou não das contas de Dilma.
Votação esta que, é bom lembrar, é a primeira desde Getúlio Vargas, num demonstrativo do estado de exceção antidemocrático que estamos vivendo há tempos, após essa aliança espúria entre golpistas do judiciário e golpistas da mídia.
Entretanto, o espetáculo de hoje é o canto do cisne do golpe, porque essa era a última cartada da oposição.
O golpe começou a morrer hoje, e por isso fazem tanto estardalhaço. Querem ir embora com pompa e fogos de artifício.
Ainda temos a votação do TSE, mas esta vai demorar e não envolve o legislativo. Não acredito que o TSE seria capaz de cassar uma candidatura de 54 milhões de votos e empossar Eduardo Cunha.
Não teria lógica. Seria "hondurenho" demais até mesmo para nossos mais renhidos golpistas.
O golpômetro atinge o hoje o ponto máximo, uns 15 pontos, e ainda pode subir um ou dois pontos nos próximos dias, mas deve estabilizar na semana seguinte e declinar paulatinamente ao longo das próximas semanas, retornando a níveis aceitáveis para a estabilidade democrática que todos precisamos.
O governo teve sorte de fazer uma reforma ministerial que lhe garantiu uma base mínima para barrar o impeachment, na Câmara e mais ainda no Senado.
A oposição tentará o golpe, claro, mas vai perder.
O governo tem agora 220 deputados fiéis, com espaço para conseguir ainda mais apoio. A oposição tem menos de 290 deputados e precisaria de 340 para aprovar o afastamento da presidenta. No senado, onde o impeachment é decidido, a base do governo é ainda mais forte. A oposição precisaria de dois terços no Senado e está bem longe disso.
Uma sessão pelo impeachment se daria no Senado, presidida não por Renan Calheiros, mas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, por amor ao debate, o que aconteceria se a oposição conseguisse, com ajuda da mídia, derrubar um governo eleito e reeleito, um governo de um partido que acumula quatro vitórias eleitorais consecutivas, possui milhares de vereadores, deputados estaduais, federais, senadores, prefeitos e governadores, além de milhões de militantes ou simpatizantes?
Lula é o político brasileiro mais famoso e mais amado em todo mundo.
Imaginem se Lula começasse a denunciar - como fatalmente fará em caso de golpe - lá fora este atentado da direita midiática à democracia brasileira?
Será uma mancha que ficará pespegada na oposição e na mídia por mais cinquenta anos!
Isso além da mancha que a oposição já tem, por conta de seu apoio à ditadura.
O relator das contas do governo, Augusto Nardes, foi deputado federal pela Arena, o partido da ditadura. É um homem de direita, um golpista nato, que passou as últimas semanas passeando pela mídia propagandeando seu voto, intimidando seus próprios pares, fazendo proselitismo político contra o governo.
A Globo, que é na verdade o coração do golpe, nasceu com dinheiro da ditadura e se consolidou defendendo o arbítrio. Um outro golpe político contra a esquerda, apoiado pelas mesmas forças que atuaram em 1964, seria letal para o futuro do grupo e seus tentáculos na política, no longo prazo.
Ainda teremos meses turbulentos pela frente, mas tenham calma, muita calma. Não acreditem na mídia.
Se a direita derrotada nas urnas cometer o erro histórico de patrocinar um golpe, enfrentará uma oposição acirrada dos setores mais progressistas da sociedade.
O jurista do impeachment de Collor deixou bem claro: hoje, no Brasil, grandes e respeitados juristas não vêem base jurídica ou política para o impeachment de Dilma. Ainda mais com votação de TCU.
O impeachment, portanto, seria golpe, sim, diz Lavenerè. Para mim, essa entrevista de Lavanerè enterrou o golpe, porque não será mais possível aplicá-lo sem a oposição acirrada de tantos juristas, jornalistas, intelectuais, políticos.
Nenhum governo sob críticas desse quilate teria mínima condição de exercer um mandato com dignidade. A menos que apelem para a violência, o que será pior.
Em 64, eles mataram, intimidaram, cassaram mandatos, censuraram, e só assim conseguiram assegurar um mínimo de estabilidade política ao regime.
Hoje a direita não conseguirá fazer nada disso. E a imprensa corporativa não terá mais a desculpa de que o governo a censura. Ela terá que, por conta própria, aplicar uma autocensura ainda mais desavergonhada da que faz hoje.
Os jornais e canais de TV terão que afundar-se em mentiras, demitir críticos, esconder denúncias, ou seja, cavarão a sua própria cova.
Eles proibirão os políticos, juristas e intelectuais progressistas de irem aos jornais, rádio e TV denunciarem o golpe?
Haverá repressão contra lideranças estudantis e sindicais?
E a internet? Como silenciarão a internet, rebelde e democrática por natureza?
Seus próprios apoiadores, os fascistinhas, sairão de cena após o golpe.
Como silenciarão esta grande e barulhenta militância de esquerda, a mesma que ganhou quatro eleições seguidas em batalhas épicas na internet?
Com Fernando Collor, havia unanimidade entre os juristas. Com Dilma, não. Os melhores juristas, os mais progressistas, defendem o mandato de 54 milhões de votos da presidenta.
Não vai ter golpe.
E se chegarem perto de um ato tão infame contra a democracia, serão denunciados no exterior pelos brasileiros mais prestigiados no mundo.
Aqui mesmo, no Cafezinho, já providenciamos um parceiro tradutor, para publicar nossas denúncias em inglês. Ele deve começar a trabalhar nos próximos dias, com ou sem golpe.
Todos os presidentes latino-americanos, todos os latino-americanos progressistas, ficarão ao lado dos protestos contra o golpe, porque eles conhecem muito bem a desonestidade e truculência da direita entreguista do nosso continente.
Será uma crise de proporções internacionais!
O mundo assistirá chocado uma democracia de 202 milhões de habitantes ser conspurcada por um bando de corruptos e canalhas, como são as lideranças do golpe, que não aceitam uma derrota eleitoral e apelam para o tapetão judicial, valendo-se da pressão da mídia mais reacionária e mais golpista do planeta.
A Felicidade que buscas é de tua autoria?
Você já parou para se perguntar se a felicidade que você busca é de sua autoria?
Você trabalha no que gosta? Estuda o que lhe dá prazer?
Planeja ter as coisas que lhe dão certeza de realização pessoal?
Uma casa maior, um carro melhor, um Plano de Saúde top de linha, uma viagem dos sonhos?
Pare agora ... feche os olhos e sinta!
São estas aquisições materiais que o deixariam realmente feliz?
O Brasil é um dos países que mais consomem antidepressivos. Imaginem, está à frente dos EUA!
Estamos vendo pessoas perseguindo sonhos às custas de pressão alta, ansiedade, depressão, alergias, insegurança, medo...
Dificuldade de se relacionar com pessoas íntimas, o que dirá com estranhos!
Não conseguem ouvir as queixas de um filho, não compartilham as tristezas nem derrotas de um parceiro.
Não existe mais tempo para o verbo doar, trocar, compreender, ouvir, receber, SER... porque na frente está o verbo adquirir, comprar, TER...
Horas buscando o corpo perfeito nas academias, nas clínicas dos doutores Hollywood que colocam bumbum, suspendem seios, sugam gorduras, tiram rugas, levantam os olhos, esticam a cara - infelizmente só não fazem enxerto em cérebros vazios.
Quanta futilidade e excessos. Quanto exagero!
Claro que cuidar da saúde, fazer ginásticas, caminhada, ter alimentação saudável, ou até fazer correções estéticas, mas as pessoas estão perdendo a noção da realidade e essa visão distorcida o oftalmologista não cura.
Quando saímos do sistema externo que nos sufoca, nos corrompe, nos deprime, nos obrigando a ser assim, a ter aquilo, a comprar aquele outro nos libertamos e ouvimos a nossa alma.
Não desperdice a sua vida ouvindo o que faz feliz o seu amigo, o seu pai, a sua mãe, o seu vizinho... aposto que eles também estão infelizes com a vida que escolheram.
Não busque a felicidade pela estreita visão dos outros.
Felicidade não se mede pelas coisas materiais que buscamos - isso é superficial!
Felicidade se mede pelos valores construídos - isso é o essencial!
Não desperdice a sua existência construindo o que é efêmero.
Postado no Somos Todos Um
Viver é uma espécie de loucura que a morte faz
Rebeca Bedone
Alguém disse que chegou a primavera. O brilho do orvalho nas pétalas nascidas deu bom dia à aurora, há flores e cores mais vivas que outrora. Cantam os colibris e dançam as andorinhas. Pincéis pintam a sua lembrança… Você se inquieta: “Como primaverar pela vida se folhas de outono ainda caem no meu caminho?”.
É a angústia cravada no peito. Um vento frio e cinzento que te arrasta pelos dias, acumulando dores amareladas pelo tempo e solidão. Todo mundo sofre. Uns mais, outros menos, mas a alma de todos nós carrega um lamento. Seja pela família que se desfez ou por alguém querido que morreu, por uma desilusão no amor ou por um projeto que não deu certo, ou seja pela incompreensão da miséria desse mundo devastado pela ignorância do ser humano; o desgosto nos abraça ao fim do dia. E o vento sopra mais solene que a última esperança dos homens vazios.
A vida, porém, é inexorável e não espera a dor passar, ela segue em frente. Ela muda de estações mesmo quando ainda não estamos prontos. É como sentir frio no verão, ou ficar triste enquanto os outros festejam. Porém, mesmo que você esteja sofrendo, ainda é preciso trabalhar, pagar contas, ser cidadão de si mesmo e do mundo.
O mais difícil não é tocar os dias, incrivelmente o ser humano se adapta. Mas chega uma hora em que percebemos como o tempo está passando cada vez mais rápido; enquanto feridas demoram a cicatrizar e galhos secos insistem em não caírem.
É quando você decide reinventar a primavera. Ela não precisa ser igual a dos outros, só precisa ser sua. Com seus próprios lírios e rosas e jasmins, e o perfume da sua própria história.
Você sabe. Iniciar um projeto sem garantias que dará certo, ou correr atrás de um sonho perdido na infância, assim como declarar um amor secreto, todo e qualquer passo diferente da rotina pode parecer muita loucura para aqueles que nunca se arriscam.
Loucura deve ser viver sem vida, e viver uma única estação o ano inteiro. Viver como se estivesse ligado a aparelhos em uma cama de UTI. Viver sem descobrir o essencial para si mesmo, e sem encontrar o seu propósito aqui nessa terra devastada de homens desiludidos. Homens que se perdem entre ideia e realidade. Homens que preferem suas agônicas raízes à chuva da primavera, aqueles que não se aventuram pela esperança da vida e o medo da morte.
Viver é atrever-se. É procurar a pureza da alma na mediocridade do mundo. É sobreviver na metrópole dividida entre o bem e o mal.
O atrevimento também nos ensina a perdoar os outros e a nós mesmos. Porque enterramos nossos sonhos mortos para cultivar a terra que renovará a vida. Porque deixamos a felicidade chegar, apesar das intempéries do tempo, varrendo as folhas secas do nosso caminho.
Cultivemos a fé na nossa saudade. Mesmo se esse for para você o ‘mais cruel dos meses, em que lilases germinam do solo morto, avivando memória e desejos, relembrando o inverno que te agasalhava e nutria seus secos tubérculos que ainda restavam vivos’; atreva-se. Não queira viver em uma terra desolada e povoada por homens ocos.
Vamos nos conectar uns aos outros e a nós mesmos enquanto houver tempo. Conexões por palavras, toques e sentidos. Juntemos as pétalas de nossas flores despedaçadas e façamos um novo jardim de ternuras. Juntemos nossos ossos fragmentados pelas nossas próprias guerras. Não sejamos uma geração perdida nela mesma e na desolação de sua alma.
Há multidões que perambulam em seus círculos de dúvidas, mas nós faremos um novo caminho.
Afinal, “fim é o lugar de onde partimos”. Como disse T. S. Eliot, “uma pessoa quer é ver-se livre de alguma coisa que lhe pesa no peito. Não sabemos que coisa nos pesa no peito antes de a conseguirmos tirar de lá”.
* Título tomado de empréstimo do livro “Um Sopro de Vida”, de Clarice Lispector.
Postado no Bula
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