Todo mundo tem seus medos. E não são poucos. Quem disser o contrário está mentindo – provavelmente para si mesmo. Temos receios, dias de medo e fracasso, de pouco sucesso, do que quer que seja.
O medo é natural, inerente ao ser humano. E é benéfico até certo ponto. Se fôssemos dotados apenas de coragem, seríamos totalmente inconsequentes, magoaríamos mais quem nos ama, arriscaríamos sem pensar e provavelmente teríamos uma vida curta.
O que não é normal é ficar paralisado em meio ao caos por causa de todo e qualquer medo que sentimos. Há pessoas com medo constante de viver e de morrer. De agir e de ficar parado. E isso não é nada saudável.
Sem sofrimento, sem ganhos. E para ganhar, na maioria das vezes, é necessário arriscar. Abrir mão do sofrimento proveniente do medo para conquistar algo. Talvez maior, talvez melhor. Mas, com certeza, diferente.
Uma mudança de cidade, um novo relacionamento, um emprego totalmente diferente do que você possui. É preciso perder um pouco, dar um passo atrás para conseguir dar o salto e retornar, ainda que não vitorioso, de cabeça erguida.
A gente precisa aprender a se importar menos com o que os outros pensam, com a impressão que causamos. Porque isso não passa de uma avaliação subjetiva alheia. Precisamos aprender que todo mundo erra, perde, ganha, esperneia, levanta e tenta mais uma vez, até dar certo.
Ninguém nasce ensaiado, pronto pra seguir arrasando na vida. Todo mundo se lasca, se dá por vencido, esquece de pedir perdão, questiona se vale mesmo a pena. Basta olhar pro lado e ver quanta gente está no mesmo barco que você.
Vivemos em uma sociedade que julga, da forma mais impiedosa possível, o fracasso. Temos que ser super-homens e super-mulheres. Precisamos ter cargos altos preenchidos no cadastro do Linkedin. Viajar muito, postar fotos sorrindo sempre (e nos melhores lugares do mundo).
Porque afirmar que não se é escandalosamente feliz cem por cento do tempo já é motivo pra que engraçadinhos te chamem de gótico, depressivo, emo, mal agradecido ou tudo isso junto – experimenta pra ver.
A pressão social por ser uma pessoa bem sucedida (segundo o conceito de um mundo capitalista até os ossos) é muito grande, ainda mais com a exposição que o mundo virtual possibilita. Todo mundo quer mostrar que está bem. Todo mundo quer ser melhor que o outro em algum sentido, ainda que de forma inconsciente.
Daí nos deparamos com as consequências: o medo de ser uma farsa, uma pessoa fracassada e não estar no mesmo “nível” que os outros estão. E esse sentimento pesa mais do que deveria, mesmo sendo totalmente desnecessário, porém muito presente na vida de quem se compara e se sente infeliz.
Sentimento é sentimento. Dor é dor. Pesar nada mais é que pesar. Não existe um sentimento pior ou melhor que o do outro e tentar mensurar isso não passa de bobagem. E de tentar relativizar o sofrimento dos outros.
Uns temem o passado, outros ficam aterrorizados sofrendo antecipadamente pelo futuro. O medo do que aconteceu e do que pode acontecer deixa um número absurdo de pessoas paralisadas, temendo dar o próximo passo, ainda que ele seja curto.
Se permitirmos, essa fobia de viver vai tomando conta e quando se percebe, os danos já estão feitos. A situação é quase irreversível.
Somos todos aprendizes na Terra vivendo um dia de cada vez por tentativa-e-erro.
O que nos une é a diversidade, é essa pluralidade imensa que nos torna interessantes aos olhos do próximo, assim como vemos pontos positivos nas outras pessoas. Aquela pessoa sabe fazer como ninguém tranças maravilhosas que eu não faria nem com um curso intensivo. Ou aquele outro que sabe tudo sobre automóveis. Mas se formos parar pra pensar, somos todos perdidos, e tudo bem.
Em doses não tão homeopáticas assim, pequenas frustrações são menos dolorosas do que a tristeza pelo eterno postergar. Deixe o medo chegar, entenda os riscos que ele quer te mostrar, planeje e aja.
A vida é muito rápida para passar em branco. E enquanto eu escrevo isso e você lê, ela já está passando. Tá esperando o quê pra dar o salto?