A minha real importância
Maria Cristina Tanajura
Já prestou atenção às pessoas de um grupo, qualquer que ele seja? Fisicamente, são diferentes umas das outras. Por mais que nasçam novos habitantes no nosso planeta, cada um tem sua fisionomia particular, com características que distinguem uns dos outros.
Certamente, isto nos indica que não há seres iguais por aqui. Não somos robôs criados em série, mas personalidades complexas e com características únicas que nos permitem ter impressões digitais que não são jamais idênticas.
Por que então somos influenciados a viver fazendo o que os outros fazem e a pensar como a maioria?
Sermos únicos, obras-primas sem cópia, torna-nos responsáveis por desempenhar um papel importante nesta enorme multidão de mais de sete bilhões de seres humanos espalhados pelo planeta.
Sendo eu uma criação exclusiva, preciso me mostrar como sou para que tenha valido a pena minha presença por aqui.
Mas o que vemos é exatamente o contrário. Há uma pressão muito grande da máquina social para que todos nos vistamos de forma mais ou menos igual, falemos palavras semelhantes, desejemos as mesmas coisas; enfim, uma tentativa muito poderosa de nos fazer parecidos uns com os outros.
Não porque sejamos irmãos, por termos o mesmo Pai, mas para que a vida em sociedade fique mais simples, talvez ... Será que é por isso?
O problema é que mesmo procurando nos parecer, somos na verdade, intrinsecamente, muito diferentes.
Quando alguém tem a ousadia de se mostrar imune a essas pressões sociais para que aja como a massa, é taxado de estranho, meio esquisito e se torna um pouco rejeitado pela maioria que procura obedecer aos padrões vigentes.
Mesmo internamente, os nossos organismos não são totalmente iguais e os médicos sabem disso, quando na tentativa de tratar os sintomas das doenças, usam as mesmas drogas pra combatê-las e chegam à conclusão de que os efeitos delas diferem em uns e em outros.
Para que o nosso mundo pudesse contar com a participação de todos os que aqui vivem, seria preciso que cada um tivesse a liberdade de se expressar usando todo o seu potencial e isto está muito longe de acontecer.
Aliás, com o desenvolvimento extraordinário da tecnologia da informação, a tendência de se nivelar cada pessoa aos hábitos da maioria vai crescendo.
O que estou tentando dizer é que a aceitação das diferenças precisa acontecer no nosso dia a dia, partindo do pressuposto verdadeiro de que somos diferentes uns dos outros.
Uma grande humildade precisa ser cultivada em nós, por reconhecermos que o que cada um consegue saber ou conhecer é uma partícula mínima da Verdade e, portanto, o outro que nos parece no caminho errado, pode apenas estar olhando a realidade de outra perspectiva que é sua e que poderia enriquecer a minha, se eu me permitisse meditar sobre ela.
Escrevem-se livros, artigos, e teorias e eles trazem-nos um enriquecimento da nossa consciência, pois não são escritos pelos mesmos autores, mas por indivíduos que tiveram experiências de vida diversas.
Lembrando que uma nova visão de vida pode me trazer mais luz, acho que eu poderia estar mais atento às ideias que me são estranhas, procurando confrontá-las com as minhas e assim chegando a um ponto mais na frente, novo pra mim e para a pessoa que as enunciou.
Somos, na verdade, cooperadores de uma mesma obra - a vida neste planeta - e todos dependentes de cada um.
Não somos melhores nem piores do que ninguém, apenas diferentes dos outros e aí reside a nossa real importância.
A proposta pra todos nós é que lutemos para sermos a obra prima, como fomos criados pelo Pai e não apenas uma cópia sem muito valor e sem razão de existir.
O mundo precisa de integridade e luta por transparência. Expressemos o mais possível o nosso Ser e certamente terá valido a pena encarnar.