Urgência emocional . . .





Martha Medeiros

Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo.

Temos pressa para ouvir “ Eu te amo ”. 

Não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio: somos namorados, ficantes, casados, amantes?

Urgência emocional. Uma cilada. Associamos diversas palavras ao Amor: Paixão, Romance, Sexo, Adrenalina, Palpitação.

Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: “Paciência”.

Amor sem paciência não vinga. Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada.

É preciso degustar cada pedacinho do Amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio. Os nervos do Amor, as gorduras do Amor, as proteínas do Amor, as propriedades todas que ele tem.

É uma refeição que pode durar uma vida.

Mas, não. Temos urgência. 

Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleraremos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar.

Temos todo o tempo do mundo, dizem uns; não há tempo a perder, dizem outros.

A gente fica perdido no meio deste fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida, “ Sermos Amados ”.

Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos. 

Te adoro ”, dizemos sei lá pra quem… Para quem tiver ouvidos e souber responder.

Eu também ”, que a gente está mais a fim de acreditar do que de selecionar.

“ Urgência Emocional ”, pronto-socorro do Amor …  

Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um.

E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: “ Pressa ".


Postado no Sábias Palavras



Sobre crimes e castigos : Idade Penal




“Sobre Crimes e Castigos” é um documentário independente que visa ampliar debates urgentes sobre segurança pública. Não, não estamos falando só da segurança pública que todos conhecem: polícia na rua pra prender bandido. Essa também. Mas o que a maioria das pessoas ignora é que segurança tem a ver com o sentimento de estar seguro e de ter os direitos garantidos.

Você conhece os seus direitos? Sabe pra quê serve a Constituição Federal? Desconfia por que a criminalidade violenta continua aumentando, a despeito do crescimento exorbitante da nossa população carcerária?

Grande parte dos brasileiros não saberia por onde começar. De fato, parece que não houve muito tempo para nos adaptarmos ao convívio em democracia. É como se tivéssemos sido atirados a um tabuleiro enorme chamado ‘democracia’, e depois nos tivessem dito “joguem”, sem que explicassem as regras.


Democracia quer dizer “poder do povo”, “governo do povo”. E é esse povo que escolhe os seus governantes. Por isso, é imprescindível que assumamos a responsabilidade sobre a nossa sociedade, como indivíduos responsáveis pelos nossos atos cotidianos. E nisso, cabe também se informar sobre como funciona esse tabuleiro (para, conhecendo as suas regras, poder propor mudanças ao funcionamento do jogo).

E se lhe disséssemos que há muitos operadores da máquina do Estado que reconhecem essas contradições internas e que se articulam para tentar amplificar as vozes da Constituição Federal (a Lei Maior do Estado)? Bem, são precisamente eles que vêm nos dizer quais são as contradições enfrentadas pelo Estado em atender as demandas punitivas da nossa sociedade em contraposição ao respeito integral à dignidade humana e à democracia.

Longe de esgotar o assunto, o filme propõe uma investigação a partir de personagens atuantes no Estado (juízes, promotores, policiais, parlamentares, secretários de segurança) e estudiosos do fenômeno da criminalidade, a fim de entender as contradições do nosso momento atual e, assim, delinear nossos próximos desafios.

É um filme indicado para aqueles que querem pensar a nossa sociedade, analisar as contradições e as dificuldades que enfrentamos e buscar soluções. Para isso, entendemos que é necessário um diagnóstico, e traçá-lo é a contribuição que o filme promete trazer.

REDUÇÃO DA IDADE PENAL


Os entrevistados respondem à pergunta:

Qual a sua opinião sobre a redução da idade penal?



1º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“Quem, em sã consciência, poderia propor que esse sistema falido (cárcere) ampliasse a esfera das suas responsabilidades?”


2º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“Se a discussão for aprofundada, não tenho dúvida de que a população consegue se capacitar pra entender o absurdo da proposta”


3º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“Reduzindo a maioridade penal, nós já sabemos quais adolescentes serão levados ao cárcere - e por quais condutas”


4º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“Os adolescentes são responsáveis por um percentual infinitesimal
da criminalidade letal desse país”


5º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“A proposta é inconstitucional porque atinge a nós,organização brasileira”


6º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“(Condenar) é negar à pessoa que acusa o direito de errar”


7º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“É a guerra de todos contra todos”


8º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“Houve uma exacerbação da cultura punitiva de uma forma tão forte,
que as pessoas não têm acesso a outro ponto de vista”


9º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“A redução da maioridade penal se encaixa num contexto mais amplo de retrocessos não só nos direitos sociais, mas também nos direitos individuais”


10º Vídeo da série sobre Maioridade Penal


“É o momento de o Brasil decidir o que ele quer pras suas juventudes”



“Sobre Crimes e Castigos — Idade Penal” reúne as opiniões de grandes especialistas em segurança pública, operadores do Direito, estudiosos da criminalidade e representantes dos 3 Poderes do Estado sobre a proposta de redução da idade penal. 



Por que fazemos esse documentário? 

Quando o Estado diz que se prontifica a oferecer serviços de segurança pública, normalmente ele quer dizer “comprar armamentos e formar e qualificar equipes de repressão aos distúrbios”. Ok, pode parecer razoável a princípio… não custa nada tentar… mas pera aí! Custou… custou caro, e não funcionou. Entre 1990 e 2012, o número de presidiários aumentou 511% no nosso país, e, no entanto, a criminalidade violenta só aumentou. 

A Polícia Militar brasileira é a polícia que mais mata no mundo. Mas é também a que mais morre. Como num verdadeiro moedor de carnes, o nosso Estado brasileiro prefere investir bilhões numa guerra que não pode vencer (afinal, quando se gasta bilhões para frear uma coisa, e essa coisa continua em ascensão, conclui-se que o investimento foi inócuo, e que é preciso pensar novas estratégias) e que, além de tudo, tem colocado em risco a vida de milhares de brasileiros (sejam criminosos, policiais ou civis inocentes que tanto perdem a vida por causa de “erros policiais”). 

Chegou a hora de assumirmos que a política de repressão à violência com mais violência não foi capaz de coibi-la. Antes, o que se verifica é seu aumento. 

Como pode uma política de um Estado democrático ser causa mortis de tantos cidadãos? Parece razoável? 

Mas espere! 

Será que esses governantes estão fazendo tudo errado porque são mentirosos e ladrões, e nós, população, somos a vítima de suas maquinações? Ou será que fazem isso com algum respaldo da sociedade? 

Bem, se colocarmos a culpa toda em cima de nossos governantes, estaremos fazendo como eles: apontando o culpado e nos eximindo de nossa própria responsabilidade. Mas se, ao invés disso, assumirmos nosso papel cidadão num Estado democrático de direito, e assumirmos a responsabilidade sobre o futuro de nosso país, deveremos encarar nossas próprias contradições com mais honestidade. E é aí que eu te pergunto: quem, de fato, dá sustentação para essa política violenta do Estado? 

Temos uma hipótese: a nossa própria cultura. 

Mas que cultura? 

A cultura do medo, do ódio, da desconfiança, e do punitivismo. 

Medo de quem? Do outro. 

Ódio de quem? Do outro. 

Desconfiança de quem? Do outro. 

Punir a quem? Ao outro. 

Pois é, e parece que só entendendo o “outro” como um “igual” é que conseguiremos viver numa democracia. Parece que o jogo democrático só funciona quando nos apropriamos de nosso poder sobre as decisões que atingem a todos (ou seja, já não somos mais donos só de nossas próprias vidas, mas também responsáveis pela vida de todos da sociedade), e quando essa nossa apropriação não interfere na apropriação do poder por parte de nossos semelhantes. 

Mas a impressão que dá é que ainda não aprendemos a jogar o jogo. É como se tivéssemos sido atirados em um tabuleiro enorme chamado ‘democracia’, e depois nos dissessem “joguem”, sem nos explicar as regras. 

Pra piorar, um grupo de pessoas interessadas em salvaguardar seu próprio poder político, sem dar espaços para o empoderamento de todos, faz questão de ocultar as regras do jogo para grande parte da população. E foi esse grupo que colocou no tabuleiro uma peça chave (que não é nova, e vem de muito antes da existência deste “tabuleiro democrático”): essa peça é o Leão. É uma peça muito poderosa, usada para engolir aqueles que não conhecem as regras do jogo. Sim! Há um leão no tabuleiro. E ele se chama Justiça Criminal. 

Como funciona isso? 

O leão anda em busca de infratores para devorá-los. 

Mas ele busca suas presas em lugares muito específicos, a saber, nos lugares onde o entendimento sobre o jogo democrático se faz mais precário, isto é, nas periferias. É lá, onde as pessoas são totalmente abandonadas pelo Estado (Estado este que não lhes oferece saneamento básico, educação, lazer, etc., etc., embora seja essa a sua obrigação), que vivem as pessoas totalmente (ou quase totalmente) alheias ao processo democrático. Para a maioria delas, ‘democracia’ significa “eleições” de 2 em 2 anos. Elas não sabem que ‘democracia’ implica em muitos outros direitos a todos os cidadãos, e também em tantos outros deveres do Estado. 

Por que aceitamos esse leão no tabuleiro? 

Porque, quando sofremos, buscamos um causador de nossas dores, para poder infringir-lhe dor. E, mesmo quando não o encontramos ou reconhecemos, inventamos um. “O que importa é ter alguém que possa sofrer mais do que eu, para que minha dor seja entorpecida”. E este entorpecimento da dor mediante promoção de mais dor eu chamo de “vingança”, e este “causador” da minha dor eu chamo de “inimigo”. 

Quem seria, então, o “inimigo” da sociedade? 

Ora, aquele que infringe suas leis, por certo. 

Então, quem é o culpado por eu me sentir inseguro em minha própria casa? 

Ora, esses mesmos infratores. 

O que fazemos contra eles? 

Nos vingamos. 

Espere um minuto! 

O raciocínio parece correto até aqui. Mas eu me pergunto: afinal, o que eu quero mesmo é me livrar desses infratores ou restabelecer meu sentimento de segurança? (Você nota que são coisas diferentes?) 

Se o que queremos é nos livrar desses infratores, a resposta de nossos governantes tem sido satisfatória: eles realmente nos livram de grande parte desses infratores, seja colocando-os atrás das grades, seja matando-os em conflitos com a polícia. 

Mas se o que queremos é resgatar nosso sentimento de segurança, então estamos indo na direção oposta. Quer entender por quê? 

Se observarmos que o encarceramento aumentou e a criminalidade violenta também, não poderemos concluir, de pronto, que o encarceramento seja a causa desse aumento da criminalidade. No entanto, podemos concluir que esta medida foi, no mínimo, totalmente incapaz de cumprir com seu objetivo: trazer-nos mais sensação de segurança. 

Ou seja, esse caminho não funcionou. Vamos tentar outro? 

Parece que não houve muito tempo para nos adaptarmos a um convívio em democracia, em que aprendamos a lidar com o “outro” como sendo um “igual”. 

Uma democracia é precisamente um lugar onde a pessoa pode falar por si própria, conhecendo seus direitos e deveres, e exigindo que o aparelho para ela construído — o Estado -, siga nos conformes do combinado. 

Para isso, a pessoa precisa conhecer as regras do jogo. 

Você sabe como funciona o direito penal, quais são seus trâmites, processos? 

Você sabe o que são direitos constitucionais e quais são eles? 

Você sabe quais são os deveres do Estado para com os cidadãos?

Basta lermos um trechinho da Constituição Federal para percebermos que ela não é levada a sério nem mesmo pelos operadores da máquina do Estado (arrisco a dizer, em todas as esferas). O Estado não tem feito sua lição de casa. Mas talvez seja justamente porque o Estado em que vivemos é também consequência de nossas vontades. Enquanto nós, cidadãos, estivermos prontos para apontar um culpado pelas nossas dores, não estaremos olhando para nós mesmos e para nossos atos. 

Será que não estamos agindo com a mesma violência que tanto nos aflige? 

E se não podemos, de pronto, esgotar o assunto, ao menos façamos dessa uma reflexão conjunta sobre os caminhos que nossa sociedade tem escolhido, e quais caminhos poderiam ser mais razoáveis. Apontar armas para a cabeça dos cidadãos não tem se mostrado uma boa saída. 


Trechos da Constituição Federal: 


<Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 

I — construir uma sociedade livre, justa e solidária; 

II — garantir o desenvolvimento nacional; III — erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 

IV — promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 


< Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 

I — homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 

II — ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 

III — ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 

IV — é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 

V — é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 

VI — é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 

VII — é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 

VIII — ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 

IX — é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 

X — são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 

XI — a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) 

XII — é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) 


FICHA TÉCNICA DO FILME 


roteiro e direção MARINA LIMA e VINI ANDRADE 

produção MARINA LIMA 

fotografia e som CAIO PALAZZO e FERNANDA LIGABUE 

edição FELIPE CARRELLI e LUIZA FAGÁ 

animação e finalização FERNANDA LIGABUE 

design gráfico AMANDA JUSTINIANO 


MARINA LIMA é roteirista graduada em direito e comunicação. Há anos, sonha com o dia em que as leis do Brasil democrático sairão do papel. 

VINI ANDRADE, formado em filosofia, investiga o fenômeno da dívida/culpa, bem como os motivos e os efeitos do ‘castigo’ no espectro do convívio em sociedade desde a graduação. 

CAIO PALAZZO é fotógrafo e comunicador na Ponte, onde investiga temas relativos à segurança pública. 

FERNANDA LIGABUE é fotógrafa, videomaker e midiativista, já tendo trabalhado para grupos como Fluxo, Pública e Repórter Brasil

FELIPE CARRELLI é editor e cineasta. Dirigiu o documentário “Ano-Luz” (2015). 

LUIZA FAGÁ é escritora, jornalista e cineasta. Dirigiu o documentário “Engarrrafados” (2009). 

AMANDA JUSTINIANO é artista gráfica, designer e idealizadora do Movimento Não Mate


CONTATO 

EMAIL: sobrecrimesecastigos@gmail.com 




Postado no Medium em 19/06/2015








para alguns pensar no futuro 04 06 2015



Enquanto houver Marietas Severo, Faustões não passarão




Eduardo Guimarães



O último domingo foi um dia de efervescência política – como de costume, a partir de São Paulo. Em um improvável dia para tantas emoções, em geral reservado ao descanso ante a semana “útil” que recomeça, demonstrações públicas de civismo e de intolerância.

Por onde começar? Talvez pelo mais importante. O que seja, que nem tudo está perdido.

O título deste texto alude a episódio ocorrido na última edição do programa Domingão do Faustão. O assunto está “bombando” nas redes sociais por conta de uma cena rara, nos últimos tempos. Uma mulher de feições serenas, fala firme, porém suave, se contrapôs a um discurso absurdamente derrotista e deprimente, vertido por um importante comunicador de massas em uma concessão pública de rádio e tevê, transformada em palanque eleitoral de forma absolutamente ilegal e incompatível com a coisa pública.

Antes de prosseguir, um lembrete: a faixa do espectro radioelétrico por onde é transmitida a programação da Rede Globo é como que uma via pública, pertence a todos e não pode ser usada por grupos políticos ou seus representantes, ao menos não sem que grupos políticos de todos os matizes possam se manifestar em igualdade de condições.

Todos sabem que há décadas que as famílias que detêm concessões de rádio e televisão neste país usam essas concessões para difundirem suas opiniões político-ideológicas, mas, no último domingo, essa lógica sofreu um abalo.

Apesar da iniciativa lamentável do apresentador Fausto Silva de formular um discurso derrotista e partidarizado contra o grupo político que ocupa o poder, o que se torna lamentável por ele ter achado lícito fazer esse discurso, ocorreu uma surpresa. Ao contrário do que costuma acontecer, quando a discordância de posições tão polêmicas costuma ser reprimida pelas Redes Globo da vida, convidada do “programa do Faustão” enfrentou, com rara elegância, a estupidez que acabara de ser proferida por seu anfitrião.

O vídeo abaixo mostra como a atriz Marieta Severo, ex-mulher do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, respondeu a afirmação absurda de Faustão, de que o Brasil seria “o país da corrupção”, “da crise”, enfim, de toda sorte de desgraças por conta de uma situação econômica que não é boa, mas que está longe de ser tão ruim quanto as que viveu em passado não tão distante e que superou com grande sucesso, até há alguns meses.




O grande gol de Marieta foi dizer, com clareza, que viver uma crise econômica não é novidade. Para quem tem memória – e cérebro –, basta lembrar do que o Brasil viveu há pouco mais de uma década, quando políticos que hoje se apresentam como “salvação” para o país pilotaram crise que causou danos muito piores ao emprego, à renda e ao social como um todo, sem falar no estado de miséria em que deixaram a economia do país, ajoelhada aos pés do FMI e sem reservas internacionais.

E só para que não restem dúvidas de que Marieta sabe do que está falando, aí vão alguns dados sobre quanto o país melhorou nos últimos anos, apesar das dificuldades momentâneas.

Produto Interno Bruto:

2002 – R$ 1,48 trilhões

2013 – R$ 4,84 trilhões

PIB per capita:

2002 – R$ 7,6 mil

2013 – R$ 24,1 mil

Dívida líquida do setor público:

2002 – 60% do PIB

2013 – 34% do PIB

Lucro do BNDES:

2002 – R$ 550 milhões

2013 – R$ 8,15 bilhões

Lucro do Banco do Brasil:

2002 – R$ 2 bilhões

2013 – R$ 15,8 bilhões

Lucro da Caixa Econômica Federal:

2002 – R$ 1,1 bilhões

2013 – R$ 6,7 bilhões

Produção de veículos:

2002 – 1,8 milhões

2013 – 3,7 milhões

Investimento Estrangeiro Direto:

2002 – 16,6 bilhões de dólares

2013 – 64 bilhões de dólares

Reservas Internacionais:

2002 – 37 bilhões de dólares

2013 – 375,8 bilhões de dólares

Índice Bovespa:

2002 – 11.268 pontos

2013 – 51.507 pontos

Empregos Gerados:

Governo FHC – 627 mil/ano

Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

Taxa de Desemprego:

2002 – 12,2%

2013 – 5,4%

Valor de Mercado da Petrobras:

2002 – R$ 15,5 bilhões

2014 – R$ 104,9 bilhões

Lucro médio da Petrobras:

Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano

Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano

Falências Requeridas em Média/ano:

Governo FHC – 25.587

Governos Lula e Dilma – 5.795

Salário Mínimo:

2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)

2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

Dívida Externa em Relação às Reservas:

2002 – 557%

2014 – 81%

Posição entre as Economias do Mundo:

2002 – 13ª

2014 – 7ª

Passagens Aéreas Vendidas:

2002 – 33 milhões

2013 – 100 milhões

Exportações:

2002 – 60,3 bilhões de dólares

2013 – 242 bilhões de dólares

Desigualdade Social:

Governo FHC – Queda de 2,2%

Governo PT – Queda de 11,4%

Taxa de Pobreza:

2002 – 34%

2012 – 15%

Taxa de Extrema Pobreza:

2003 – 15%

2012 – 5,2%

Mortalidade Infantil:

2002 – 25,3 em 1000 nascidos vivos

2012 – 12,9 em 1000 nascidos vivos

Estudantes no Ensino Superior:

2003 – 583.800

2012 – 1.087.400

Risco Brasil (IPEA):

2002 – 1.446

2013 – 224

Operações da Polícia Federal:

Governo FHC – 48

Governo PT – 1.273 (15 mil presos)

FONTES:

47/48 – http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas

39/40 – http://www.washingtonpost.com

42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU

37 – índice de GINI: http://www.ipeadata.gov.br

45 – Ministério da Educação

13 – IBGE

26 – Banco Mundial

Notícias, Informações e Debates sobre o Desenvolvimento do Brasil: http://www.desenvolvimentistas.com.br

Como se vê, país avançou muito em pouco mais de uma década. Alguns números pioraram do fim do ano passado para cá, mas ainda são muito superiores ao passado e a piora é recente.

Desconhecer tudo isso, como fez Faustão, e difundir o derrotismo, o pessimismo a partir de opiniões tão pouco embasadas, baseadas em mera conjuntura – que, como demonstra o retrospecto acima, pode ser revertida como foi a situação dramática do fim do governo Fernando Henrique Cardoso –, é triste.

Mas Marieta salvou o dia.

No mesmo domingo, porém, outros fatos políticos opuseram lucidez e estupidez.

O ex-ministro Guido Mantega voltou a ser agredido publicamente. Desta vez, com virulência ainda maior. As cenas impressionantes sugerem que a agressão poderia ter sido até física, se ocorresse em local que facilita a violência, como a rua.







Apesar de, nesta vez, o restaurante ter tomado providências ao retirar os agressores, infelizmente eles puderam dar seu showzinho.

Porém, mais uma vez, após a tempestade vem a bonança. O Blog do Luis Nassif publicou breve reflexão de lucidez que mostra que há muita gente, por aí, que sabe que não se pode deixar o fascismo proliferar dessa maneira e que a forma de impedir é divulgar evidências do perigo desse tipo de comportamento.

A histeria nazista


O clima de histeria fascista, inteiramente criado pela mídia que abandonou o jornalismo para fazer política, em breve produzirá vítimas fatais. Os argumentos racionais se tornaram inúteis, já que muitas pessoas – incrivelmente mal informadas – pensam com o fígado.

No filme Cabaret, de Bob Fosse, Brian (Michael York) fica muito impressionado com a atitude beligerante dos jovens nazistas que agridem um judeu. O nobre Maximiliam (Helmut Griem) diz que ele não se preocupe. “Vamos deixar que eles acabem com os comunistas, depois nós acabamos com eles”.

O tempo passa e, num almoço campestre, Brian e Maximilian assistem um jovem nazista cantar uma linda canção patriótica (O futuro me pertence) que contamina a todos, homens e mulheres se emocionam em louvor cívico. Briam comenta: “Você ainda acha que eles podem ser controlados?”.

Todos sabem quem tinha razão.




Como se vê, o pior veneno pode vir em uma bela embalagem, muitas vezes em mensagens supostamente patrióticas, mas que contém nada além de ódio.

O fascismo (que permeou o surgimento do nazismo) inspirou-se no nacionalismo e na demonização de grupos acusados de ser responsáveis por todas as agruras do passado, do presente e do futuro. Algo como o que se vê na cena abaixo, o nacionalismo verde-amarelo e os demonizados de plantão.




Felizmente ou infelizmente – depende do ponto de vista –, não foi só. Um ínfimo grupo de representantes do Movimento Brasil Livre foi à inauguração da ciclovia da Paulista fazer provocação político-partidária, por a bela obra ter sido executada por uma prefeitura do PT. Contudo, todos os vídeos disponíveis mostram que foram manifestações isoladas de pessoas que querem impor seus pontos de vista a um direito da cidade de São Paulo de comemorar uma obra de seu interesse.





O grupo, de cinco pessoas, chegou a levantar faixas na altura da Praça do Ciclista, já nas imediações da Paulista com a rua da Consolação, mas a iniciativa foi considerada “afronta” e “provocação” por ciclistas e cicloativistas presentes – que devolveram com gritos de “fascistas, golpistas!” e “A Petrobras é nossa!”.

Nas camisetas usadas pelo grupo provocador havia o nome do movimento “Brasil Livre”, e, nas costas, a frase “Estatais gastaram mais que o previsto”.

Felizmente, assim como nos outros atos de intolerância, este último também foi enfrentado por um belo clima de festa, de congraçamento ante medida de interesse público que promete civilizar a cidade e que está sendo bem avaliada por especialistas e por expressiva parcela dos paulistanos, como mostra o vídeo abaixo, do insuspeito Estadão.



Enfim, foi um domingo intenso. Um domingo que resumiu o momento pelo qual passa o país, em que estupidez e lucidez disputam espaço.

Dirão que a estupidez está vencendo, mas não é bem assim. Os grupos que querem o quanto pior, melhor, podem estar se aproveitando da comoção episódica diante de ajustes pontuais na economia, mas este país tem potencial de sobra para superar essa conjuntura e voltar ao prumo em que vinha até há algum tempo e que acabará sendo retomado, que ninguém duvide.


Postado no Blog da Cidadania em 29/06/2015


O que é “ equilíbrio ” ?





Sthephanie Gomes
Equilíbrio é a chave. Em tudo o que você faz. Dance a noite inteira e pratique yoga no dia seguinte. Beba vinho mas não esqueça seu suco verde. Coma chocolate quando seu coração pedir e salada quando seu corpo precisar. Vista salto alto no sábado e ande descalço no domingo. – Rachel Brathen
Vou ser bem sincera: eu não sei se equilíbrio é a resposta para tudo. Acho que às vezes precisamos nos “desequilibrar” um pouco para irmos atrás de nossos sonhos, fazermos mudanças importantes, aceitarmos nossos sentimentos… Mas acredito que o equilíbrio é a chave quando se trata de bem-estar, tanto em relação à saúde do corpo como à saúde da mente.

Até pouco tempo eu tinha dificuldade de entender o significado da palavra “equilíbrio” quando lia ou ouvia alguém falar sobre isso. O que é exatamente ser equilibrado? Não dá pra medir, não dá pra dizer “eu sou equilibrado” com toda a certeza. Continuo sem saber dar uma definição exata, mas acho que, no fundo, entendo o que quer dizer.

Entendo que é equilibrado não se privar das coisas boas da vida, mas ao mesmo tempo ter cuidado para não se prejudicar. 

Que cuidar da beleza exterior não é futilidade quando você se preocupa também com a beleza interior. 

Que ler livros ou ver filmes só por diversão é tão importante quanto buscar conhecimento nessas fontes.

Que se sentir triste é tão importante quanto se sentir feliz, e é preciso aceitar as duas coisas.

Que faz parte do equilíbrio investir todas as suas forças em um sonho mas também parar para descansar de vez em quando.

Que não é preciso deletar todas as redes sociais, mas é equilibrado tirar um tempo para ficar offline de vez em quando.

Que é equilibrado fazer exercícios físicos mas também se permitir passar um dia na cama tomando sorvete.

Essa mistura de atitudes diferentes – às vezes até opostas – é o que nos coloca em estado de paz e bem-estar. Porque você simplesmente se permite, sem neura, sem crise, sem conflito.

Você se permite cuidar de si mas não esquece de também ser feliz e aproveitar a vida do jeito que gosta. Não se proíbe de nada, mas fica consciente do que está fazendo. Não se limita e ainda se abre para todas as possibilidades.
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Você não precisa escolher um lado e nunca mais sair dele. Não precisa comer só salada e recusar a sobremesa para sempre. Não precisa se envolver única e exclusivamente com o que é super culto e útil, e esquecer-se das bobeiras e coisas simples que te divertem.

Não precisa ficar o tempo inteiro se esforçando, de vez em quando você pode deixar tudo de lado e simplesmente não pensar em nada.

Equilibre o que te faz bem com aquilo que você gosta e também com o que faz parte da vida. 

Coma frutas com chocolate. Passeie no shopping e passeie na natureza. Assista Meninas Malvadas e Velozes e Furiosos, mas não deixe de conhecer os filmes do Woody Allen. Saia com os amigos mas não se esqueça da família. Aceite o choro tão bem quanto aceita o riso.


Postado no Desassossegada em 29/06/2015


Aceitar os fatos é um passo essencial para a felicidade




Paulo Nogueira


Epicteto, nascido escravo e só liberto depois de adulto, foi uma das vozes mais influentes da filosofia da Antiguidade. Ele viveu nos primórdios da Era Cristã, de 40 a 125. 


Não escreveu um único livro. Seu pensamento é conhecido graças a um discípulo, o historiador Arriamo. Ele teve o cuidado de anotar as ideias de seu mestre, uma ação pela qual a humanidade lhe será eternamente grata, e depois transformá-las em dois livros, Entretenimentos e Manual. 

Seu tamanho intelectual é tal que o imperador-filósofo Marco Aurélio, o último grande comandante do Império Romano, escreveu que um dos acontecimentos capitais de sua vida foi ter tido acesso às obras de Epicteto.

Para ele, o passo básico da vida feliz é aceitar as coisas como elas são. Revoltar-se contra os fatos não altera os fatos, e ainda traz uma dose de tormento desnecessária.

“Não se deve pedir que os acontecimentos ocorram como você quer, mas deve-se querê-los como ocorrem: assim sua vida será feliz”, disse Epicteto. 

Séculos depois, o pensador francês Descartes escreveu uma frase que é como um tributo à escola de Epicteto: “É mais fácil mudar seus desejos do que mudar a ordem do mundo”. 

Não adianta se agastar contra as circunstâncias: ela não se importam. Isso se vê nas pequenas coisas da vida. Você está no meio de um congestionamento? Exasperar-se não vai dissolver os carros à sua frente. Relaxe, respire fundo. Caiu uma chuva na hora em que você ia jogar tênis com seu amigo? Amaldiçoar as nuvens não vai secar o piso. Que tal uma sessão de cinema em vez do tênis?

Outro ensinamento seu lembrado até hoje em livros de administração é que só devemos nos ocupar efetivamente daquilo que está sob nosso controle. Você cruza uma manhã com seu chefe no elevador e ele é efusivo. Você ganha o dia. Você o encontra de novo e ele é frio. Você fica arrasado. Daquela vez ele estava bem-humorado, daí o cumprimento caloroso, agora não. Ora, o estado de espírito de seu chefe não está sob seu controle. Você não deve nem se entusiasmar com tapas amáveis que ele dê em suas costas e nem se deprimir com um gesto de frieza. 

Você, em suma, não pode entregar aos outros o comando de seu estado de espírito.

“Não é aquele que lhe diz injúrias quem ultraja você, mas sim a opinião que você tem dele”, disse Epicteto. 

Se você ignora quem o insulta, você lhe tira o poder de chateá-lo, seja no trânsito, na arquibancada de um estádio de futebol ou numa reunião corporativa. 

Não são exatamente os fatos que moldam nosso estado de espírito, pregou Epicteto, mas sim a maneira como os encaramos.

Um dos desafios perenes da humanidade, e as palavras de Epicteto são uma lembrança eterna disso, é evitar que nossa opinião sobre as coisas seja tão ruim como costuma ser. A mente humana parece sempre optar pela infelicidade. E foi contra isso, e não os grilhões, que o escravo genial se rebelou, para sorte de todos nós.


Postado no Diário do Centro do Mundo em 28/06/2015


Ciclovia da Avenida Paulista : inauguração foi neste domingo dia 28 de junho




INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), durante a inauguração da ciclovia na Avenida Paulista.


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA






Alguns ciclistas também carregaram balões brancos  em homenagem às vítimas da violência no trânsito


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA






Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade


Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade


Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade











Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade










A Paulista de hoje como símbolo da cidades das gentes

Renato Rovai

Há tempos a Avenida Paulista não ficava tão bonita. Tão sorridente. Tão inclusiva. Tão festiva. Tão charmosa. Tão ativista. Tão avenida Paulista que encanta gente de todos os cantos do Brasil e do mundo.

Nas disputas de cartão postal, os paulistanos sempre a elegem.

Preferem uma avenida a um monumento como o seu sonho feliz de cidade.

Gostam daquele amontoado de rostos diferentes, daquele prédios envidraçados, dos cinemas, dos bares com mesas na calçada, das vitrines e agora dos artistas de ruas e dos ambulantes com seus food trucks, que ampliaram ainda mais a afetividade das grandes calçadas.

Mas agora, no meio da Avenida símbolo tem uma ciclovia. Que a corta inteira, como uma flecha. Que lhe apresenta uma nova veia, uma nova artéria, no coração da cidade.

É um símbolo. É simbólico.

As disputas são simbólicas e aglutinam ou separam as pessoas a partir de valores.

Quem quer a cidade dos carros, pode ficar do lado de lá.

Quem quer a cidade das gentes, por favor, venha paulistear.

Foi assim hoje.

A Paulista ficou linda, como há muito não ficava.

Tinha senhoras e senhoras,bebês, moços e moças. Tinha mesa de pingue-pongue, skatistas, patinadores e corredores. Tinha grupo de cadeirantes, palhaços, músicos e vendedores. E tinha muitos cicloativistas também.

A Paulista ficou azul, vermelha, amarela, cor de anil.

E até teve gente daquele tal MBL que foi lá pra vaiar a Paulista do jeito que ela estava. Porque a felicidade dos outros tem o potencial de irritação muito alto para alguns.

Mas é essa a disputa que vale a pena.

É a disputa por cada pedaço de uma cidade que é de concreto, mas que tem poesia.

E que precisa ser encarada.

Sem meias-palavras. Sem tantas concessões. Sem fazer de conta que não há disputa.

A Paulista não é a rua de alguns. É o símbolo sempre eleito pelos paulistanos.

Disputá-la e transformá-la é um caminho para a reconstrução desse sonho feliz de cidade.