Enquanto houver Marietas Severo, Faustões não passarão




Eduardo Guimarães



O último domingo foi um dia de efervescência política – como de costume, a partir de São Paulo. Em um improvável dia para tantas emoções, em geral reservado ao descanso ante a semana “útil” que recomeça, demonstrações públicas de civismo e de intolerância.

Por onde começar? Talvez pelo mais importante. O que seja, que nem tudo está perdido.

O título deste texto alude a episódio ocorrido na última edição do programa Domingão do Faustão. O assunto está “bombando” nas redes sociais por conta de uma cena rara, nos últimos tempos. Uma mulher de feições serenas, fala firme, porém suave, se contrapôs a um discurso absurdamente derrotista e deprimente, vertido por um importante comunicador de massas em uma concessão pública de rádio e tevê, transformada em palanque eleitoral de forma absolutamente ilegal e incompatível com a coisa pública.

Antes de prosseguir, um lembrete: a faixa do espectro radioelétrico por onde é transmitida a programação da Rede Globo é como que uma via pública, pertence a todos e não pode ser usada por grupos políticos ou seus representantes, ao menos não sem que grupos políticos de todos os matizes possam se manifestar em igualdade de condições.

Todos sabem que há décadas que as famílias que detêm concessões de rádio e televisão neste país usam essas concessões para difundirem suas opiniões político-ideológicas, mas, no último domingo, essa lógica sofreu um abalo.

Apesar da iniciativa lamentável do apresentador Fausto Silva de formular um discurso derrotista e partidarizado contra o grupo político que ocupa o poder, o que se torna lamentável por ele ter achado lícito fazer esse discurso, ocorreu uma surpresa. Ao contrário do que costuma acontecer, quando a discordância de posições tão polêmicas costuma ser reprimida pelas Redes Globo da vida, convidada do “programa do Faustão” enfrentou, com rara elegância, a estupidez que acabara de ser proferida por seu anfitrião.

O vídeo abaixo mostra como a atriz Marieta Severo, ex-mulher do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, respondeu a afirmação absurda de Faustão, de que o Brasil seria “o país da corrupção”, “da crise”, enfim, de toda sorte de desgraças por conta de uma situação econômica que não é boa, mas que está longe de ser tão ruim quanto as que viveu em passado não tão distante e que superou com grande sucesso, até há alguns meses.




O grande gol de Marieta foi dizer, com clareza, que viver uma crise econômica não é novidade. Para quem tem memória – e cérebro –, basta lembrar do que o Brasil viveu há pouco mais de uma década, quando políticos que hoje se apresentam como “salvação” para o país pilotaram crise que causou danos muito piores ao emprego, à renda e ao social como um todo, sem falar no estado de miséria em que deixaram a economia do país, ajoelhada aos pés do FMI e sem reservas internacionais.

E só para que não restem dúvidas de que Marieta sabe do que está falando, aí vão alguns dados sobre quanto o país melhorou nos últimos anos, apesar das dificuldades momentâneas.

Produto Interno Bruto:

2002 – R$ 1,48 trilhões

2013 – R$ 4,84 trilhões

PIB per capita:

2002 – R$ 7,6 mil

2013 – R$ 24,1 mil

Dívida líquida do setor público:

2002 – 60% do PIB

2013 – 34% do PIB

Lucro do BNDES:

2002 – R$ 550 milhões

2013 – R$ 8,15 bilhões

Lucro do Banco do Brasil:

2002 – R$ 2 bilhões

2013 – R$ 15,8 bilhões

Lucro da Caixa Econômica Federal:

2002 – R$ 1,1 bilhões

2013 – R$ 6,7 bilhões

Produção de veículos:

2002 – 1,8 milhões

2013 – 3,7 milhões

Investimento Estrangeiro Direto:

2002 – 16,6 bilhões de dólares

2013 – 64 bilhões de dólares

Reservas Internacionais:

2002 – 37 bilhões de dólares

2013 – 375,8 bilhões de dólares

Índice Bovespa:

2002 – 11.268 pontos

2013 – 51.507 pontos

Empregos Gerados:

Governo FHC – 627 mil/ano

Governos Lula e Dilma – 1,79 milhões/ano

Taxa de Desemprego:

2002 – 12,2%

2013 – 5,4%

Valor de Mercado da Petrobras:

2002 – R$ 15,5 bilhões

2014 – R$ 104,9 bilhões

Lucro médio da Petrobras:

Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano

Governos Lula e Dilma – R$ 25,6 bilhões/ano

Falências Requeridas em Média/ano:

Governo FHC – 25.587

Governos Lula e Dilma – 5.795

Salário Mínimo:

2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)

2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

Dívida Externa em Relação às Reservas:

2002 – 557%

2014 – 81%

Posição entre as Economias do Mundo:

2002 – 13ª

2014 – 7ª

Passagens Aéreas Vendidas:

2002 – 33 milhões

2013 – 100 milhões

Exportações:

2002 – 60,3 bilhões de dólares

2013 – 242 bilhões de dólares

Desigualdade Social:

Governo FHC – Queda de 2,2%

Governo PT – Queda de 11,4%

Taxa de Pobreza:

2002 – 34%

2012 – 15%

Taxa de Extrema Pobreza:

2003 – 15%

2012 – 5,2%

Mortalidade Infantil:

2002 – 25,3 em 1000 nascidos vivos

2012 – 12,9 em 1000 nascidos vivos

Estudantes no Ensino Superior:

2003 – 583.800

2012 – 1.087.400

Risco Brasil (IPEA):

2002 – 1.446

2013 – 224

Operações da Polícia Federal:

Governo FHC – 48

Governo PT – 1.273 (15 mil presos)

FONTES:

47/48 – http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas

39/40 – http://www.washingtonpost.com

42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU

37 – índice de GINI: http://www.ipeadata.gov.br

45 – Ministério da Educação

13 – IBGE

26 – Banco Mundial

Notícias, Informações e Debates sobre o Desenvolvimento do Brasil: http://www.desenvolvimentistas.com.br

Como se vê, país avançou muito em pouco mais de uma década. Alguns números pioraram do fim do ano passado para cá, mas ainda são muito superiores ao passado e a piora é recente.

Desconhecer tudo isso, como fez Faustão, e difundir o derrotismo, o pessimismo a partir de opiniões tão pouco embasadas, baseadas em mera conjuntura – que, como demonstra o retrospecto acima, pode ser revertida como foi a situação dramática do fim do governo Fernando Henrique Cardoso –, é triste.

Mas Marieta salvou o dia.

No mesmo domingo, porém, outros fatos políticos opuseram lucidez e estupidez.

O ex-ministro Guido Mantega voltou a ser agredido publicamente. Desta vez, com virulência ainda maior. As cenas impressionantes sugerem que a agressão poderia ter sido até física, se ocorresse em local que facilita a violência, como a rua.







Apesar de, nesta vez, o restaurante ter tomado providências ao retirar os agressores, infelizmente eles puderam dar seu showzinho.

Porém, mais uma vez, após a tempestade vem a bonança. O Blog do Luis Nassif publicou breve reflexão de lucidez que mostra que há muita gente, por aí, que sabe que não se pode deixar o fascismo proliferar dessa maneira e que a forma de impedir é divulgar evidências do perigo desse tipo de comportamento.

A histeria nazista


O clima de histeria fascista, inteiramente criado pela mídia que abandonou o jornalismo para fazer política, em breve produzirá vítimas fatais. Os argumentos racionais se tornaram inúteis, já que muitas pessoas – incrivelmente mal informadas – pensam com o fígado.

No filme Cabaret, de Bob Fosse, Brian (Michael York) fica muito impressionado com a atitude beligerante dos jovens nazistas que agridem um judeu. O nobre Maximiliam (Helmut Griem) diz que ele não se preocupe. “Vamos deixar que eles acabem com os comunistas, depois nós acabamos com eles”.

O tempo passa e, num almoço campestre, Brian e Maximilian assistem um jovem nazista cantar uma linda canção patriótica (O futuro me pertence) que contamina a todos, homens e mulheres se emocionam em louvor cívico. Briam comenta: “Você ainda acha que eles podem ser controlados?”.

Todos sabem quem tinha razão.




Como se vê, o pior veneno pode vir em uma bela embalagem, muitas vezes em mensagens supostamente patrióticas, mas que contém nada além de ódio.

O fascismo (que permeou o surgimento do nazismo) inspirou-se no nacionalismo e na demonização de grupos acusados de ser responsáveis por todas as agruras do passado, do presente e do futuro. Algo como o que se vê na cena abaixo, o nacionalismo verde-amarelo e os demonizados de plantão.




Felizmente ou infelizmente – depende do ponto de vista –, não foi só. Um ínfimo grupo de representantes do Movimento Brasil Livre foi à inauguração da ciclovia da Paulista fazer provocação político-partidária, por a bela obra ter sido executada por uma prefeitura do PT. Contudo, todos os vídeos disponíveis mostram que foram manifestações isoladas de pessoas que querem impor seus pontos de vista a um direito da cidade de São Paulo de comemorar uma obra de seu interesse.





O grupo, de cinco pessoas, chegou a levantar faixas na altura da Praça do Ciclista, já nas imediações da Paulista com a rua da Consolação, mas a iniciativa foi considerada “afronta” e “provocação” por ciclistas e cicloativistas presentes – que devolveram com gritos de “fascistas, golpistas!” e “A Petrobras é nossa!”.

Nas camisetas usadas pelo grupo provocador havia o nome do movimento “Brasil Livre”, e, nas costas, a frase “Estatais gastaram mais que o previsto”.

Felizmente, assim como nos outros atos de intolerância, este último também foi enfrentado por um belo clima de festa, de congraçamento ante medida de interesse público que promete civilizar a cidade e que está sendo bem avaliada por especialistas e por expressiva parcela dos paulistanos, como mostra o vídeo abaixo, do insuspeito Estadão.



Enfim, foi um domingo intenso. Um domingo que resumiu o momento pelo qual passa o país, em que estupidez e lucidez disputam espaço.

Dirão que a estupidez está vencendo, mas não é bem assim. Os grupos que querem o quanto pior, melhor, podem estar se aproveitando da comoção episódica diante de ajustes pontuais na economia, mas este país tem potencial de sobra para superar essa conjuntura e voltar ao prumo em que vinha até há algum tempo e que acabará sendo retomado, que ninguém duvide.


Postado no Blog da Cidadania em 29/06/2015


O que é “ equilíbrio ” ?





Sthephanie Gomes
Equilíbrio é a chave. Em tudo o que você faz. Dance a noite inteira e pratique yoga no dia seguinte. Beba vinho mas não esqueça seu suco verde. Coma chocolate quando seu coração pedir e salada quando seu corpo precisar. Vista salto alto no sábado e ande descalço no domingo. – Rachel Brathen
Vou ser bem sincera: eu não sei se equilíbrio é a resposta para tudo. Acho que às vezes precisamos nos “desequilibrar” um pouco para irmos atrás de nossos sonhos, fazermos mudanças importantes, aceitarmos nossos sentimentos… Mas acredito que o equilíbrio é a chave quando se trata de bem-estar, tanto em relação à saúde do corpo como à saúde da mente.

Até pouco tempo eu tinha dificuldade de entender o significado da palavra “equilíbrio” quando lia ou ouvia alguém falar sobre isso. O que é exatamente ser equilibrado? Não dá pra medir, não dá pra dizer “eu sou equilibrado” com toda a certeza. Continuo sem saber dar uma definição exata, mas acho que, no fundo, entendo o que quer dizer.

Entendo que é equilibrado não se privar das coisas boas da vida, mas ao mesmo tempo ter cuidado para não se prejudicar. 

Que cuidar da beleza exterior não é futilidade quando você se preocupa também com a beleza interior. 

Que ler livros ou ver filmes só por diversão é tão importante quanto buscar conhecimento nessas fontes.

Que se sentir triste é tão importante quanto se sentir feliz, e é preciso aceitar as duas coisas.

Que faz parte do equilíbrio investir todas as suas forças em um sonho mas também parar para descansar de vez em quando.

Que não é preciso deletar todas as redes sociais, mas é equilibrado tirar um tempo para ficar offline de vez em quando.

Que é equilibrado fazer exercícios físicos mas também se permitir passar um dia na cama tomando sorvete.

Essa mistura de atitudes diferentes – às vezes até opostas – é o que nos coloca em estado de paz e bem-estar. Porque você simplesmente se permite, sem neura, sem crise, sem conflito.

Você se permite cuidar de si mas não esquece de também ser feliz e aproveitar a vida do jeito que gosta. Não se proíbe de nada, mas fica consciente do que está fazendo. Não se limita e ainda se abre para todas as possibilidades.
javascript:;
Você não precisa escolher um lado e nunca mais sair dele. Não precisa comer só salada e recusar a sobremesa para sempre. Não precisa se envolver única e exclusivamente com o que é super culto e útil, e esquecer-se das bobeiras e coisas simples que te divertem.

Não precisa ficar o tempo inteiro se esforçando, de vez em quando você pode deixar tudo de lado e simplesmente não pensar em nada.

Equilibre o que te faz bem com aquilo que você gosta e também com o que faz parte da vida. 

Coma frutas com chocolate. Passeie no shopping e passeie na natureza. Assista Meninas Malvadas e Velozes e Furiosos, mas não deixe de conhecer os filmes do Woody Allen. Saia com os amigos mas não se esqueça da família. Aceite o choro tão bem quanto aceita o riso.


Postado no Desassossegada em 29/06/2015


Aceitar os fatos é um passo essencial para a felicidade




Paulo Nogueira


Epicteto, nascido escravo e só liberto depois de adulto, foi uma das vozes mais influentes da filosofia da Antiguidade. Ele viveu nos primórdios da Era Cristã, de 40 a 125. 


Não escreveu um único livro. Seu pensamento é conhecido graças a um discípulo, o historiador Arriamo. Ele teve o cuidado de anotar as ideias de seu mestre, uma ação pela qual a humanidade lhe será eternamente grata, e depois transformá-las em dois livros, Entretenimentos e Manual. 

Seu tamanho intelectual é tal que o imperador-filósofo Marco Aurélio, o último grande comandante do Império Romano, escreveu que um dos acontecimentos capitais de sua vida foi ter tido acesso às obras de Epicteto.

Para ele, o passo básico da vida feliz é aceitar as coisas como elas são. Revoltar-se contra os fatos não altera os fatos, e ainda traz uma dose de tormento desnecessária.

“Não se deve pedir que os acontecimentos ocorram como você quer, mas deve-se querê-los como ocorrem: assim sua vida será feliz”, disse Epicteto. 

Séculos depois, o pensador francês Descartes escreveu uma frase que é como um tributo à escola de Epicteto: “É mais fácil mudar seus desejos do que mudar a ordem do mundo”. 

Não adianta se agastar contra as circunstâncias: ela não se importam. Isso se vê nas pequenas coisas da vida. Você está no meio de um congestionamento? Exasperar-se não vai dissolver os carros à sua frente. Relaxe, respire fundo. Caiu uma chuva na hora em que você ia jogar tênis com seu amigo? Amaldiçoar as nuvens não vai secar o piso. Que tal uma sessão de cinema em vez do tênis?

Outro ensinamento seu lembrado até hoje em livros de administração é que só devemos nos ocupar efetivamente daquilo que está sob nosso controle. Você cruza uma manhã com seu chefe no elevador e ele é efusivo. Você ganha o dia. Você o encontra de novo e ele é frio. Você fica arrasado. Daquela vez ele estava bem-humorado, daí o cumprimento caloroso, agora não. Ora, o estado de espírito de seu chefe não está sob seu controle. Você não deve nem se entusiasmar com tapas amáveis que ele dê em suas costas e nem se deprimir com um gesto de frieza. 

Você, em suma, não pode entregar aos outros o comando de seu estado de espírito.

“Não é aquele que lhe diz injúrias quem ultraja você, mas sim a opinião que você tem dele”, disse Epicteto. 

Se você ignora quem o insulta, você lhe tira o poder de chateá-lo, seja no trânsito, na arquibancada de um estádio de futebol ou numa reunião corporativa. 

Não são exatamente os fatos que moldam nosso estado de espírito, pregou Epicteto, mas sim a maneira como os encaramos.

Um dos desafios perenes da humanidade, e as palavras de Epicteto são uma lembrança eterna disso, é evitar que nossa opinião sobre as coisas seja tão ruim como costuma ser. A mente humana parece sempre optar pela infelicidade. E foi contra isso, e não os grilhões, que o escravo genial se rebelou, para sorte de todos nós.


Postado no Diário do Centro do Mundo em 28/06/2015


Ciclovia da Avenida Paulista : inauguração foi neste domingo dia 28 de junho




INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), durante a inauguração da ciclovia na Avenida Paulista.


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA






Alguns ciclistas também carregaram balões brancos  em homenagem às vítimas da violência no trânsito


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA


INAUGURAÇÃO DA CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA






Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade


Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade


Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade











Novidade atrai uma multidão de ciclistas na avenida mais famosa da cidade










A Paulista de hoje como símbolo da cidades das gentes

Renato Rovai

Há tempos a Avenida Paulista não ficava tão bonita. Tão sorridente. Tão inclusiva. Tão festiva. Tão charmosa. Tão ativista. Tão avenida Paulista que encanta gente de todos os cantos do Brasil e do mundo.

Nas disputas de cartão postal, os paulistanos sempre a elegem.

Preferem uma avenida a um monumento como o seu sonho feliz de cidade.

Gostam daquele amontoado de rostos diferentes, daquele prédios envidraçados, dos cinemas, dos bares com mesas na calçada, das vitrines e agora dos artistas de ruas e dos ambulantes com seus food trucks, que ampliaram ainda mais a afetividade das grandes calçadas.

Mas agora, no meio da Avenida símbolo tem uma ciclovia. Que a corta inteira, como uma flecha. Que lhe apresenta uma nova veia, uma nova artéria, no coração da cidade.

É um símbolo. É simbólico.

As disputas são simbólicas e aglutinam ou separam as pessoas a partir de valores.

Quem quer a cidade dos carros, pode ficar do lado de lá.

Quem quer a cidade das gentes, por favor, venha paulistear.

Foi assim hoje.

A Paulista ficou linda, como há muito não ficava.

Tinha senhoras e senhoras,bebês, moços e moças. Tinha mesa de pingue-pongue, skatistas, patinadores e corredores. Tinha grupo de cadeirantes, palhaços, músicos e vendedores. E tinha muitos cicloativistas também.

A Paulista ficou azul, vermelha, amarela, cor de anil.

E até teve gente daquele tal MBL que foi lá pra vaiar a Paulista do jeito que ela estava. Porque a felicidade dos outros tem o potencial de irritação muito alto para alguns.

Mas é essa a disputa que vale a pena.

É a disputa por cada pedaço de uma cidade que é de concreto, mas que tem poesia.

E que precisa ser encarada.

Sem meias-palavras. Sem tantas concessões. Sem fazer de conta que não há disputa.

A Paulista não é a rua de alguns. É o símbolo sempre eleito pelos paulistanos.

Disputá-la e transformá-la é um caminho para a reconstrução desse sonho feliz de cidade.



Advogada da Odebrecht denuncia juiz-justiceiro




Miguel do Rosário

Dora Cavalcanti, advogada de Marcelo Odebrecht, o mais recente empresário enviado para a Guantanamo de Moro, deu uma excelente entrevista ao Globo, que pode ser lida neste link.

Eu reproduzo um trecho, que considero uma denúncia gravíssima às fragilidades da delação premiada.

Na verdade, nem considero apenas uma denúncia: a advogada destrói completamente a credibilidade das delações, com uma lógica simples. Elas estão sendo montadas, ajustadas, corrigidas pelos delatores, ao longo de um processo, com a cumplicidade criminosa de procuradores.
“Globo: As denúncias estariam baseadas só em depoimentos de delatores?
Dora: A Operação Lava-Jato vai entrar para o “Guinness” (o livro dos recordes) como a investigação que mais teve delatores. E o interessante é que cada delator vai ajustando o próprio relato para salvar a sua delação. Temos longa cadeia de delatores que vão refrescando a memória gradualmente, vão lembrando pouco a pouco das coisas.
E temos o delator que, em face do que o outro disse, tem que reajustar o que disse inicialmente. E tem ainda um terceiro tipo de delator, que inclui na delação dele o que ele ouviu dizer de outro delator. A meu ver, a delação criminal, da forma que está acontecendo na Lava-Jato, é um verdadeiro incentivo à mentira.”
Em outro trecho da entrevista, Dora nos dá uma informação estarrecedora:
“É uma defesa serena e dentro das regras do jogo. O juiz disse no despacho sobre a prisão do Alexandrino também que a empresa se recusou a fazer acordo de leniência e que o ideal para resguardar o juízo seria a interrupção de todos os contratos e de todas as atividades da empresa.”
Moro quer que a Odebrecht paralise todas as suas atividades?

Ora, isso embutiria, além de um desemprego em massa, num prejuízo muito superior, para o Estado, para a Odebrecht, para a sociedade, a qualquer suposto desvio de verba que Moro suspeite que tenha ocorrido!

Moro regula bem?

A Odebrecht é quase um país!

Como você pretende que um país inteiro paralise todas as suas atividades?

Não é a tôa que eu chamo a Lava Jato de conspiração midiático-judicial. É isso que ela é: uma conspiração, uma operação bandida e perigosíssima, que usa técnicas de narrativa e manipula a psicologia das massas (prender empresário rico), além de dar um cheque mate político na esquerda (que fica paralisada, pois como defenderá empresários ricos?).

É algo parecido ao que Marx descreve no 18 de Brumário de Luis Bonaparte. Os capitalistas apóiam Luis Bonaparte, o sobrinho farsante e golpista de Napoleão, mesmo sacrificando seus próprios parlamentares e a própria estabilidade econômica da França, porque entendiam que Bonaparte cumpriria o papel de destruir todo um campo de ideias.

Assim como a Lava Jato, Luis Bonaparte contou com o apoio do populacho e com a indiferença da classe trabalhadora organizada, que não viu o perigo que corria.

O grande capital apoia a Lava Jato, mesmo observando a destruição de grandes empresas nacionais, porque a vê como oportunidade para criar uma atmosfera favorável à destruição da esquerda e, com ela, as leis trabalhistas e o monopólio da Petrobrás – o que já começaram a fazer, com a lei da terceirização e o projeto de José Serra.

O aumento do desemprego também interessa ao capital, porque ele força os trabalhadores a se ajoelharem.

Além disso, o grande capital tem sua matriz nos EUA, e interessa a ele destruir empresas nacionais que mantinham o país fechado à entrada das empresas norte-americanas; mais importante, interessa a ele destruir empresas brasileiras que vinham fazendo concorrência às empresas norte-americanas, como a Odebrecht, que ousou construir uma parte importante do aeroporto de Miami.


Postado no Tijolaço em 28/06/2015


Grandes mudanças acontecem a partir de pequenos detalhes







Soraya Rodrigues de Aragão

Grandes mudanças acontecem a partir de pequenos detalhes, principalmente aqueles a que não damos tanta importância.

Você já parou pra refletir sobre a importância dos detalhes como um diferencial relevante em qualquer situação ou contexto?

Geralmente, a maioria das pessoas julgam os pormenores como sendo de pouca valia, mas eles são decisivos na avaliação final de qualquer circunstância, seja no aspecto pessoal, nas relações familiares e lavorativas. A questão do detalhe é primordial e traz resultados significativos, se aplicados de forma inteligente.

Acho muito interessante a frase do indiano Mahatma Ghandi: ” Seja a mudança que você quer ver no mundo”, pois Ghandi teve a capacidade de resumir em poucas palavras, acerca da nossa responsabilidade precípua diante dos acontecimentos e desdobramentos de nossas ações no mundo em que vivemos. Estão implícitos neste contexto: não vitimização, inconformismo e boa vontade em construir um mundo melhor com atitudes transformadoras.

A mudança é uma dinâmica que começa em nós e a partir de nós. Uma atitude, por menor que seja, cria força e a partir daí, dá-se início a um processo de novas interações e consequências que muitas vezes não podemos prever. Lei de ação e reação? Efeito borboleta? Fractal? Você pode defini-la como quiser. 

O que nos interessa é que a construção do mundo que desejamos se encontra em nosso poder, em nossas mãos, a partir de pequenas contribuições, de pequenas “gotas” de ações generosas e transformadoras.

Como disse Madre Teresa de Calcutá: ” Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”.

A estorinha a seguir nos leva a refletir como uma pequena atitude pode se desdobrar em mudanças inesperadas. Através de um simples gesto de amor, de preocupação, todo um contexto foi transformado. O mesmo vale para atitudes de ódio, indiferença e preconceito. Estas atitudes também trarão consequências. 

Sabemos exatamente como vai se desdobrar uma atitude desumana para com o outro? Onde isso vai parar exatamente? Nós não estamos “de fora” de tudo isso, e por este motivo não podemos estar indiferentes as atitudes desumanas que ocorrem à nossa volta, seja com as pessoas, os animais e o planeta. Somos intrinsicamente responsáveis e coniventes por tudo o que nos acontece.

O que você vai escolher para iniciar uma cadeia de acontecimentos? Uma flor? Um sorriso? Uma ação generosa? Isto depende do mundo em que você quer viver. 

Precisamos de um mundo regenerado e o momento é agora. Para este fim, devemos enfraquecer o próprio “ego” e abraçar a proposta de que somos todos interligados e que a postura mais inteligente é a consciência e percepção de nossa responsabilidade coletiva na construção de um mundo mais digno e humano.

Para ilustrar a questão das ações e seus desdobramentos, é muito interessante a estória O vestido azul  (autor desconhecido).


Conta uma estória, que em um vilarejo vivia uma menina pobre que sempre frequentava a escola muito suja. Seu professor, comovido com a situação da menina, e apesar dos esforços financeiros, comprou-lhe um vestido.
A partir de então, sua mãe passou a cuidar melhor do asseio da criança, visto que não seria coerente que a menina vestisse o vestido novo tão suja. Por outro lado, seu pai, vendo que a filha estava bem cuidada, decidiu que a menina merecia uma casa bonita e teve a atitude de realizar alguns reparos, tornando-a mais agradável de viver.
A esposa, ao ver que a casa estava mais bonita, teve a ideia de fazer um lindo jardim, pois uma casa reestruturada precisava de flores para dar vida ao lar. Os vizinhos, assim que notaram as mudanças, também começaram a pintar suas casas e a criarem seus jardins. E dessa forma a vila inteira foi toda transformada.

O vestido foi um mero detalhe ou o gatilho para mudanças significativas?

O mundo é o reflexo do somatório de atitudes de cada um de nós. Um mundo melhor beneficia a mim e a você também, pois estamos todos interligados. No entanto, não estamos agindo de maneira coerente, pois se assim o fosse, o mundo não estaria vivenciando uma crise de valores imensa. 

“O cada um por si e Deus por todos” que o diga. O individualismo e o egoísmo prepondera, e os efeitos são nefastos, mas continuamos com as mesmas atitudes, não nos convencemos que estamos vivendo sem qualquer qualidade de vida e principalmente sem amor. 

Não pode existir qualidade de vida levando-se em conta somente os próprios interesses em detrimento do outro e do planeta em que vivemos. Pequenas atitudes diárias podem ajudar a reverter o quadro. Esta atitude é um pequeno detalhe.

Para refletir:

Muitas vezes é no detalhe que se encontra a alma de um projeto, de uma proposta. Portanto, precisamos aprender a valorizar os pequenos detalhes, pois são eles que fazem todo o diferencial. 

Normalmente queremos grandes coisas, grandes resultados e acreditamos que somente as grandes atitudes são as únicas que importam e que geram resultados. Não é bem assim.

Nunca se esqueça: grandes resultados são o produto de pequenas atitudes e ações somadas em um contínuo processo de construção. Muitas vezes, a solução daquele problema que parece tão difícil de resolver se encontra em um pequeno detalhe que passou despercebido porque não foi julgado como interessante.

O mesmo vale para a criação e manutenção de relacionamentos interpessoais saudáveis. Um pequeno gesto, uma palavra de conforto, uma atitude gentil geram resultados maravilhosos na autoestima de quem as recebe.

O detalhe é o toque de magia em qualquer contexto e é o açúcar da alma nos relacionamentos.

Portanto, o momento é de conscientização, lucidez e reflexão de como estamos vivendo nos dias atuais. 

Precisamos ter atitudes diferenciadas conosco, com nossa família e em nossa comunidade, pois é nosso dever como pessoas de bem, contribuir através de nossas atitudes, a construção de modelos comportamentais dignos de uma boa convivência. 

A edificação de um melhor mundo, este que todos vivemos, também é responsabilidade nossa. Não espere que o governo mude, que a cultura mude, que as pessoas mudem.

O momento è de regeneração de valores, conceitos e paradigmas. A partir do nosso exemplo, promovamos a transformação de um mundo de amor, paz, benevolência, igualdade e parcimônia. Façamos a nossa parte, façamos a diferença.

Vamos começar com atitudes simples geradoras de bem estar para nosso mundo.

Afinal de contas, é só um pequeno detalhe…
“Ontem foi embora. Amanhã ainda não veio. Temos somente hoje, comecemos! Qualquer ato de amor, por menor que seja, é um trabalho pela paz” ( Madre Teresa de Calcutá )


 Soraya Rodrigues de Aragão Psicologa, Registro Profissional CRP11- 06853. Realizou seus estudos acadêmicos na Unifor e Lumsa (Roma). Apresenta formação em Dinâmica de Grupos (LDG), capacitação em Prevenção ao uso de Drogas pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), é Sócia da Sociedade Italiana de Neuropsicofarmacologia e membro da Sociedade Italiana de Neuropsicologia. Desenvolveu o projeto intitulado: “Consultoria Estratégica em Avaliação Emocional”  Site: www.consultoriapsi.net


Postado no Conti Outra