Um blogueiro brasileiro em Cuba







Não existe botox para o vazio existencial


Não existe Botox para o vazio existencial


Karen Curi

Não somos nada nem ninguém sem consumir. Você já parou para pensar nisso? Vivemos numa sociedade de consumo, disso todos nós sabemos. Acontece que a nossa ânsia por obtenção palpável se estendeu até os desejos mais íntimos. Não adquirimos por ímpeto apenas roupas, sapatos, objetos. Nós consumimos sentimento, gente, sexo, prazeres, tempo. Tudo. Parece que sem consumo não existe vida. Nem bem estar. Nem alegria. Nem amor. Nem nada.

As pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com elas mesmas e com o mundo. Querem preencher a qualquer custo os seus buracos. Consomem tudo e todos ao mesmo tempo, na ânsia desesperada de abarrotar os espaços vazios que levam por dentro. 

Começam se enchendo de coisas, mas logo o tangível passa a não bastar. Então, encontram nos outros a possibilidade da sensação de plenitude, de prazer e satisfação. É uma perseguição efêmera atrás da saciedade.

Aí vem a primordialidade de ter e sentir, a carestia da posse, que comanda os sentidos e determina as ações. Objetos já não suprem a ausência física de uma companhia, o desamor que maltratou o coração, o desejo carnal irrefreável. É preciso sentir que alguém lhe pertence, nem que seja por algumas horas, até atingir um nível de contentamento. A ideia da posse acalma. 

O problema é que depois que o refém é liberado, um rombo maior se abre por dentro, e você vai precisar preenchê-lo outra vez. E mais outra. E assim, sucessivamente. Até que uma sombra equilibre a sua e, juntos, consigam fechar todos os rasgos.

Enquanto isso não acontece a busca pelo prazer e pela companhia entra em um círculo vicioso. É preciso se sentir querida, desejada, amada, reverenciada. Se consome amizade, se consome sexo, se consome o tempo dos outros, a atenção.

Aliás, o tempo é uma coisa curiosa. Tem gente que só se sente vivo, de fato, se estiver abusando de todo e qualquer sopro de segundo. Perder tempo ou sentir que não está fazendo nada com ele é infelicidade na certa, é causa mortis. Abusam do tempo, o tempo todo, a fim de afirmar-se vivo.

A busca por sexo também é uma forma de consumo, porque se associa o prazer ao amor, confunde-se a proximidade com a companhia, a carência com a presença. Depois a solidão chega e toma o seu lugar. É quando o consumista, novamente, persegue quem possa lhe preencher, para suprir o vazio e a necessidade de afirmação.

E assim, o consumo se expande junto das vontades cada vez mais ansiosas e caprichosas. O eu grita mais e mais alto, faz as suas birras, é exigente. Você cede. Até porque a sensação é de que uma vida sem consumo é chata, vazia e sem nenhum propósito. O pensamento é que só é possível ser feliz quando se adquire, seja lá o que for.

As pessoas gastam dinheiro, gastam tempo, investem os seus planos e sonhos, se desgastam em expectativas e frustrações. Tudo em busca de um sentimento de verdade. Não precisa ser imenso, não, mas que seja inteiro.

A verdade é que enquanto faltar amor aqui dentro nós continuaremos procurando lá fora por alguém que nos baste. Miraremos alvos incertos, consumiremos o mundo freneticamente, expostos ao tiroteio dos corações caçadores. 

A esperança é que, no meio da artilharia, em lados opostos, nos reconheceremos dentre tantos atiradores; nós e o nosso amor próprio. Só quando nos encontrarmos deixaremos de ser ávidos consumidores de gente.


Postado no Bula


Os palestinos nos livros escolares de Israel : como se faz a desumanização de um povo




 


Neste documentário, Nurit Peled-Elhanan fala de sua pesquisa relacionada com o conteúdo dos livros didáticos de Israel.

Ela expõe em detalhes como estes livros são elaborados com o objetivo de desumanizar o povo palestino e fomentar nos jovens estudantes israelenses a base de preconceitos que lhes permitirá atuar de forma cruel e insensível com o mesmo durante o serviço militar.


Postado no Docverdade em 19/06/2015


Sagu de Suco de Uva ( da Rosa )





Ingredientes


1 xícara e ½ de sagu

3 xícaras de suco de uva concentrado

3 xícaras 
 e 1/2 de água

2 xícaras de açúcar (ou menos se quiser menos doce)

Cravo e canela a gosto



Preparo



Colocar o sagu de molho, com pouca água, apenas o suficiente para cobri-lo, por 10 minutos.



Colocar o sagu em uma panela com as 3 xícaras e 1/2 de água e deixar cozinhar por 15 minutos em fogo médio ou baixo. Começar a contar o tempo quando a água começar a ferver.



Após o sagu cozinhar na água por 15 minutos, colocar o suco de uva quente e o açúcar, misturando bem. Após começar a ferver baixe o fogo para médio e deixe por  15 minutos, mexendo de vez em quando. 

5 minutos antes de retirar do fogo, coloque 6 a 8 cravinhos e 2 pedacinhos de canela em pau.


Deve se desligar o fogo com o sagu ainda bem mole, nem todas as bolinhas ficarão transparentes. Depois de frio, o sagu engrossa mais um pouco.

Após desligar, mexer lentamente e deixar na panela com a tampa até esfriar. Não precisa de geladeira.


Observações



A xícara-medida tem 240 ml.



Já fiz com várias marcas de sagu, a melhor é a Yoki.


O suco de uva concentrado é de garrafinhas das melhores marcas.

Faço um molho de baunilha para acompanhar o sagu.

Molho

½ pacotinho de pó para pudim Royal de baunilha

2 xícaras de leite

1 colher chá de açúcar de baunilha ou de essência de baunilha

5 colheres sopa de leite condensado, mais ou menos ( colocar aos poucos e provar para ficar a seu gosto, ou substituir por açúcar )

1 colher chá de margarina

Preparo

Misturar tudo, menos a margarina.

Deixar ferver e baixar o fogo, mexendo até engrossar.

Tirar do fogo e colocar a margarina misturando bem, batendo de leve com uma colher de pau.

Fica ótimo, também, só com claras em neve, ou com tudo junto, isto é, o sagu com claras e por cima um pouco de molho de baunilha.



Direita prefere destruir o país a aceitar justiça social





Eduardo Guimarães

O biênio 2013 – 2015 ficará registrado na história como um período em que uma das maiores nações do mundo cometeu um literal suicídio. Com requintes de crueldade, tomada por um surto autodestrutivo que talvez jamais seja explicado.

Há míseros dois anos, o Brasil despontava como potência emergente – finalmente o país do futuro estava se tornando o país do presente.

A economia crescia pouco, mas crescia continuamente; a inflação estava alta por conta da forte demanda, mas estava controlada; a taxa de investimento privado vinha subindo; o desemprego caía mês a mês.

Enquanto o resto do mundo se contorcia em uma crise internacional interminável, então no quinto ano, com europeus e americanos à beira da convulsão social, o Brasil parecia uma ilha de prosperidade e estabilidade.

A nova classe média vivia um sonho dourado. Famílias viam seus filhos e netos se tornarem os primeiros universitários da linhagem, o sonho da casa própria se materializava, os salários tinham cada vez mais poder de compra.

Eis que surge, na maior metrópole, um movimento inexplicável. Com a renda em ascensão e o desemprego despencando, partidos de esquerda, professores universitários e estudantes desencadeiam uma guerra contra aumentos de passagens no transporte público.

As passagens de ônibus e metrô iriam subir 20 centavos. Em um momento de valorização dos salários e queda do desemprego, não era para tanto. Mas esses grupos radicalizados tinham uma proposta tentadora – para os incautos: em vez de aumentar o preço do transporte público, a endividada capital paulista deveria fornecer transporte de graça para todos.

Décadas de problemas no transporte público foram jogados no colo do recém-empossado prefeito paulistano, Fernando Haddad.

Um prefeito que mal tomara pé da situação escabrosa da administração herdada de José Serra e Gilberto Kassab, obviamente que não tinha meios de atender à demanda surpreendente de, do nada, oferecer transporte público de graça para todos ou ao menos transferir para os cofres públicos, já combalidos, o custo dos reajustes contratuais com as empresas de ônibus.

Os grupos de ultraesquerda, porém, tinham um plano para pôr de joelhos o novo prefeito. Importaram uma tática de protestos conhecida como “bloco negro” que se valia da destruição do patrimônio público e privado, com uso até de bombas incendiárias, para parar a cidade, impedindo o trânsito nas principais vias de acesso e desesperando a população que tem que ir trabalhar e retornar para casa todos os dias.

A influência de “pensadores” de ultraesquerda sobre as mídias, sobretudo as mídias alternativas, romanceou aquele processo. Sem alguma razão lógica em um país que vinha se desenvolvendo a passos largos e distribuindo renda, aquele processo foi visto como positivo.

Eis que o governo paulista, controlado pela direita fundamentalista religiosa, opta pela violência como forma de conter os abusos contra o povo paulistano em vez de buscar diálogo. Da violência policial, brota, então, um fortalecimento do movimento radical.

Incrivelmente, os grupos radicalizados ditos “de esquerda” se voltam contra o prefeito em vez de culparem o governador e o partido de Fernando Haddad vira a Geni das manifestações. Às dezenas de milhares, entre bandeiras de partidos como PSOL, PSTU, da Rede de Marina Silva e outros, os brados de “fora, PT!” ecoam pelos quatro cantos do país.

Agora, após a violência da ditadura tucana em São Paulo, as ruas de todo país são tomadas por centenas de milhares de congêneres dos bichos-grilos paulistas aos brados de “Fora, PT!”. Vendo aquelas marés humanas bradando contra o partido que governa o país, Dilma Rousseff torna-se depositária de uma revolta por vinte centavos.

Nesse momento, a extrema direita vê oportunidade que não encontrava havia mais de uma década. E sai à rua.

Todo lixo social do pais invade as ruas, agora transformadas em uma gigantesca rave em que cabiam de radicais de esquerda a neonazistas. A mídia corporativa vê a oportunidade que tanto ansiava e minimiza a insensatez que se apossa do país. E até a incentiva.

Eis que em meados de junho de 2013 os autores esquerdistas daqueles protestos se dão conta de que pavimentaram as ruas para a ultradireita e se recolhem, após dobrarem os governos do Estado de São Paulo e da capital na questão dos aumentos das passagens.

Chega 2014 e a ultraesquerda tem outra ideia de jerico. Decide que a Copa do mundo era a culpada por todos os males nacionais e volta às ruas quebrando e incendiando, tentando impedir a realização do evento. O país perde a oportunidade de obter lucros altíssimos, pois o fluxo de turistas acaba sendo muito menor do que poderia.

Nas redes sociais, grupos organizados de extrema-direita e extrema-esquerda tratam de compor vídeos e memes em inglês para assustar os turistas estrangeiros, chegando a dizer que se viessem ao país correriam risco de vida devido à radicalização dos protestos contra a Copa.

Chega a eleição presidencial e Dilma Rousseff parece ter poucas chances de se reeleger. A economia já se combalia diante dos ataques pela esquerda e pela direita, que assustaram investidores e ensejaram uma progressiva paralização da economia.

Enquanto isso, os dois candidatos de oposição mais competitivos ameaçam o país com reformas ultraliberais como privatização de bancos públicos, desvalorização do salário mínimo, independência do Banco Central.

A esquerda radical percebe que não poderia implantar o socialismo e, pior, que estava para ver surgir um regime ultraliberal que resultaria em graves retrocessos, sobretudo no que diz respeito ao processo de distribuição de renda que fez o índice de Gini brasileiro melhorar como jamais ocorrera desde que fora criado para medir a concentração de renda das nações.

Por pouco, muito pouco, Dilma se reelege. Porém, o custo de quase dois anos de sabotagens da economia, com redução drástica de investimentos devido à insegurança gerada pela política, impõe que as políticas anticíclicas sejam abandonadas.

Não dá mais para renunciar a impostos para manter o ritmo da economia, do crescimento, dos salários e da queda do desemprego. Há que fazer um ajuste fiscal. Muito mais brando do que seria feito pelos principais candidatos a presidente derrotados por Dilma, mas, ainda assim, um ajuste duro, pois implicaria em um freio de arrumação na economia.

Sem novas sabotagens, porém, em alguns meses estaria tudo resolvido. A economia daria uma parada, mas, no segundo semestre – agora com os investidores mais confiantes devido ao equilíbrio entre receita e despesa –, o país recomeçaria a crescer, o emprego voltaria a subir, os salários a se valorizar e a desigualdade a cair.

Eis que a extrema-direita se recusa a aceitar o processo de soerguimento do país. Unindo-se à centro-direita tucano-midiática e a grupos radicais conservadores incrustados na Polícia Federal e no Ministério Público, desencadeia uma ofensiva “contra a corrupção” que paralisaria a economia ao emitir sentenças condenatórias contra grandes empresas antes do devido processo legal.

Já não é mais polêmico dizer que a política está destruindo a economia. Todos já reconhecem que a política está afundando o país.

Os grupos de ultradireita fazem a festa. Pouco lhes importa o futuro. Só a destruição da esquerda – inclusive daquela que tanto os ajudou – interessa. Saem à rua, agora sem pudor, e pedem nada mais, nada menos do que um golpe militar. A esquerda a tudo assiste impassível, em seu mimimi contra medidas econômicas sem as quais o país afundaria muito mais.

Esse é o resumo da ópera. A direita radical ataca por um lado, a esquerda radical ataca por outro e o país mergulha em um buraco político, econômico e institucional cujo fundo ainda não é possível vislumbrar.

Em breve, os próximos capítulos do suicídio do Brasil.


Postado no Blog da Cidadania em 21/06/2015



NOTA

Ótima análise do triste momento do nosso país. Estamos vendo o Governo Federal refém de grupos radicais que querem tirar a Presidenta Dilma e voltar aos governos neoliberais e entreguistas de antes de 2003.

Se nada for feito para barrar os excessos de poder do juiz Moro, de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, o PT será destruído e o país sofrerá grave retrocesso em várias áreas.

E o pior de tudo, perderemos o Pré-Sal que é nosso principal passaporte para o desenvolvimento e para a vida que sempre sonhamos e merecemos.

E é claro que não podemos esquecer que todo este quadro se pinta e continuará sendo pintado com as pinceladas de TERROR MIDIÁTICO dos donos da mídia corporativa brasileira e internacional, que querem um Brasil subalterno aos seus próprios interesses e aos interesses dos Estados Unidos.

A Presidenta Dilma precisa sair de seu gabinete, entrar em contato mais direto com o povo, dialogar mais com o Congresso, usar mais os rádios e tvs, sentar na mesa para dialogar e fazer acordos com os trabalhadores em greve, entre outras coisas.

( Rosa Maria - editora do blog )



Aécio sabota vendas para a Venezuela




Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

Se já é irritante ver senadores brasileiros, liderados por Aécio Neves (PSDB-MG), gastarem dinheiro público requisitando um jatinho da FAB para ir à Venezuela fazer intrigas e dar um vexame, em cima de assuntos completamente alheios aos interesses do povo brasileiro, pior é sabotar a economia brasileira criando arruaças diplomáticas completamente desnecessárias e impróprias com o país que foi o nono maior importador de bens e serviços brasileiros no ano passado.

Em 2014, a Venezuela importou cerca de R$ 14 bilhões do Brasil (US$ 4,6 bilhões), gerando um saldo positivo na balança comercial de R$ 13,4 bilhões. Isto em um ano que o país vizinho enfrenta uma crise econômica, sobretudo pela queda do preço do petróleo, responsável por cerca de um terço do PIB deles.

As ações do Aécio de hoje são tão desastradas que desmentem e rasgam seu próprio discurso da campanha eleitoral. Há nove meses o tucano falava na televisão para todo mundo ouvir que, se vencesse, sua política externa seria "comércio", pragmática, defendendo o interesse comercial acima de ideologias.

Pois olhando hoje, Aécio só não mentiu se ele estivesse se referindo a defender o interesse comercial de outros países que concorrem com o Brasil no comércio mundial.

Sabotar R$ 14 bilhões em vendas de empresas e produtores brasileiros a um país estrangeiro, além de lesar a macroeconomia nacional, sabota também milhares de empregos e a renda de trabalhadores e produtores daqui.




A Venezuela tem seus problemas internos, tem um ambiente político radicalizado, mas é uma democracia inquestionável, com eleições livres, disputadas pela oposição com regras iguais, que tem parlamentares eleitos, que governa alguns estados e municípios. É uma democracia com plena liberdade de expressão, de manifestação, de organização partidária plural e a imprensa é livre, sem nenhuma censura. Os poderes Legislativo e Judiciário funcionam plenamente de acordo com a Constituição que foi inclusive referendada pelo voto popular, coisa que a nossa democracia não fez.

A defesa dos três líderes da oposição venezuelana que respondem a ações judiciais pode argumentar que as prisões tenham conotação política, mas o fato é que eles são acusados pelo Ministério Público não por emitirem opiniões, nem por atividades partidárias, nem por ativismo pacífico, mas por promoverem manifestações violentas que levaram à morte e lesões de civis e policiais, e ao incêndio de prédios públicos. São acusados também de atentados contra a Constituição na forma de golpe de estado. Violência contra a vida e a integridade física das pessoas, destruição de prédios em país com liberdades democráticas são crimes comuns e não políticos. Golpe de estado também é crime em qualquer país que tenha uma Constituição democrática. 

O Ministério Público de lá os responsabiliza de incitarem e promoverem propositalmente a violência de forma premeditada. Cabe aos advogados de defesa rebaterem a acusação, seja provando a inocência ou a ausência de provas de dolo, apesar de discursos gravados daqueles líderes pesarem contra a defesa. Todos os outros líderes políticos venezuelanos de oposição, que não são acusados de crimes comuns e disputam suas ideias nas urnas não sofrem qualquer perseguição.

A política externa do Brasil, e não é só nos governos petistas, tem tradição clara de defesa dos direitos humanos universais desde a redemocratização, como tem posição muito clara de respeito à autodeterminação dos povos, não ingerindo na política interna dos países. Nas questões de direitos humanos, o Brasil exerce esta defesa nos órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU), Organização dos Estados Americanos (OEA) e outros. Em geral, só países imperialistas interferem diretamente na política interna de outras nações soberanas.

Entre as nações que mais violam os direitos humanos e liberdades fundamentais, a Venezuela passa longe; nem por isso, o Brasil interfere na política interna dos outros países bem mais problemáticos. Também é curioso o senador tucano nunca se preocupar com violações de direitos e liberdades em outros países.

Aécio, como qualquer pessoa, pode ter seu juízo de valor sobre os políticos venezuelanos presos, se tem ou não responsabilidade pelos crimes comuns. Pode se posicionar como político, mas o assunto está mais na sua esfera da política partidária e de grupos de interesse do que do interesse geral da nação brasileira. Por isso, é questionável o uso de recursos públicos brasileiros, como o avião da FAB, para fazer atividades que têm mais a ver com atividade política privada.

Para a visita perder o caráter de ingerência na política partidária de outros países, inclusive flertando com golpistas de estado, a comitiva de senadores deveria oferecer um papel de mediação, com uma agenda mais ampla, dialogando com os dois lados das forças políticas e com amplos setores da sociedade venezuelana.

Em vez disso, Aécio já criou confusão antes mesmo da viagem ao acusar, três dias antes, de um veto ao voo da FAB que não houve. Emitiu declarações belicosas contra o governo venezuelano e contra a maioria do povo daquele país que fez suas escolhas nas urnas. Flertou com golpistas de estado e agiu como lobista de uma geopolítica imperialista com histórico de saquear a riqueza do povo venezuelano.

Daí, se Aécio foi convidado a fazer uma visita de apoio à oposição venezuelana, e quisesse fazer nesta condição, deveria ser representando o PSDB, ou a Chevron ou sabe-se lá mais quem, contanto que não envolvesse as instituições de Estado brasileiras.

Se o tucano foi a convite da oposição venezuelana, não é o povo brasileiro quem deveria pagar sua viagem, e sim quem o convidou. Ou o senador que pagasse de seu próprio bolso para saciar seus interesses políticos e midiáticos pessoais.

Como se não bastasse, o tucano deu o vexame de mal passar seis horas em território venezuelano. No primeiro engarrafamento que encontrou ao sair do aeroporto, aproveitado por um pequeno grupo de manifestantes populares para protestarem contra sua comitiva, o fez bater em retirada sem cumprir a missão a que se propôs.

Poderia persistir, até mesmo reclamar junto às autoridades venezuelanas, à embaixada brasileira, à oposição venezuelana, alugar ou pedir um helicóptero à elite de extrema-direita de lá, para seu deslocamento. Preferiu voltar sem cumprir o que propôs. Talvez acreditando que uns gatos pingados de manifestantes inofensivos que deram alguns tapas no ônibus – coisa que não deveriam fazer, mas também não chegaram a representar ameaça – era o factoide suficiente para não esticar o vexame. A bolinha de papel de José Serra (PSDB-SP) em 2010 faz escola.

Mas se a despesa com avião da FAB, com a mobilização de funcionários do Itamaraty e do Senado, só para fazer intrigas já é tudo o que o cidadão não quer como atuação de seus parlamentares, muito pior é a sabotagem contra a economia brasileira no valor de R$ 14 bilhões ao ano.


Postado no Blog do Miro em 21/06/2015