Um livro cuja história sempre se passa na cidade onde você está – é o Trip Book Smiles




O Smiles está lançando hoje seu Trip Book, um livro em que a história muda de acordo com o lugar do mundo onde o leitor está. O Trip Book Smiles é o motivo nº 239 da campanha “365 motivos para sorrir”, que celebra o aniversário de 20 anos do programa. 

Para essa ação, a FCB Brasil desenvolveu um equipamento que identifica onde o leitor está por meio de geolocalização.

A história do livro sempre se passa na cidade em que o leitor está, e se ele viajar durante a leitura, o enredo muda e os personagens vivenciam as experiências nestes lugares.

A 1ª edição do Trip Book foi escrita por Marcelo Rubens Paiva – conta as aventuras de viagem de Theo e Maria Manoela, casal na faixa dos 40 anos que mora em São Paulo e decide dar um tempo nas obrigações fazendo uma viagem para a mesma cidade onde passaram a 1ª lua-de-mel, décadas antes.

A partir daí o destino do romance muda para onde o leitor estiver. A história é a mesma, o casal é o mesmo, a trama é a mesma – apenas as referências dos lugares em que a história se passa mudam, como lojas, parques, ruas, museus e pontos turísticos. 

Por enquanto estão disponíveis as versões para Nova Iorque, Paris, Rio de Janeiro, Lisboa, Roma e Buenos Aires. O aplicativo do Trip Book Smiles pode ser baixado aqui para Android e em breve também para iOS.





Postado no Blue Bus em 27/04/2015


Terceirização ...




Quando o Batman resolve levar uma vida de patrão...


A terceirização pode ser uma oportunidade de trabalho para o mosquito da dengue













Lalo Leal : “Globo bloqueia a democracia e quer monopólio total”


Laurindo Lalo Leal Filho



Rafael Tatemoto, no Brasil de Fato

Laurindo Lalo Leal Filho é professor aposentado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Seu principal objeto de estudo tem sido a análise de políticas públicas de comunicação, em especial para a televisão. Publicou, entre outros, os livros “Atrás das Câmeras: relações entre Estado, Cultura e Televisão” e “A melhor TV do mundo: o modelo britânico de televisão”. Hoje, apresenta o programa VerTv, exibido pela TV Brasil e é colunista do site Carta Maior.

Nessa entrevista para o Brasil de Fato, parte da cobertura especial “Globo 50 anos – O que comemorar?”, Laurindo falou sobre a história da emissora, os interesses que ela representa e como sua atuação se torna um obstáculo à ampliação da liberdade de expressão em nosso país.

Brasil de Fato: A Rede Globo está comemorando seu aniversário de 50 anos. Como ela serve de exemplo e nos ajuda a entender como os meios de comunicação foram estruturados no Brasil?

Laurindo Lalo Leal Filho: As Organizações Globo ocuparam um espaço que foi aberto na sociedade brasileira a partir da ideia de que não deve existir regulação para os meios de comunicação. A TV Globo é herdeira do jornal e da rádio Globo, que ocuparam, desde o início, sem nenhum tipo de controle, o espaço eletromagnético, as ondas de rádio e TV. Com isso, criaram uma estrutura que acabou se tornando praticamente monopolista. As concorrentes que surgiram acabaram por adotar o seu modelo, mas nunca conseguiram atingir os mesmos graus e índices de cobertura.

Ela conseguiu isso graças, primeiro, à total falta de regulação e, segundo, às relações que ela sempre buscou ter com os membros do poder, particularmente, aqueles mais conservadores.

A forte presença da Globo no cenário brasileiro é fruto da conjugação de vários fatores que acabaram determinando essa posição, que lhe deu a condição de pautar o debate político no Brasil.

Hoje, é a Globo que determina o que as pessoas vão conversar: é sobre novela, futebol ou escândalo político. São esses três eixos de conteúdo que ela oferece, de forma quase monopolista, sem que haja qualquer tipo de alternativa a esse debate.

A Globo se tornou um poder que impede uma maior circulação de ideias e a ampliação da liberdade de expressão. Hoje, o debate público é controlado pela Globo.

Como se deu esse processo em que a Globo se torna a maior empresa de comunicação do país?

O início foi o jornal O Globo. Depois veio a construção de canais para o rádio, entre os anos de 1930 e 1940. Em 1950, quando a televisão entra no Brasil, demora um pouco para as organizações Globo perceberem a importância desse novo veículo, mas, quando percebem, passam a fazer uma articulação, primeiro, para conseguir a concessão para um canal e, depois, obter benesses para tornar esse canal equipado.

O jornal e a rádio Globo obtiveram, através do seus presidente, Roberto Marinho, o canal que era pensado originalmente para ser a primeira emissora pública brasileira, que seria a TV Nacional, no Rio de Janeiro, durante a década de 50, no governo de Getúlio Vargas. Naquela época, o monopólio das comunicações estava nas mãos do Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados. Ele impediu, após a morte do Vargas, a criação dessa televisão pública.

As Organizações Globo se beneficiaram dessa ação do Chateaubriand contra o então presidente Juscelino Kubitschek. O Juscelino não criou a TV Nacional, mas acabou entregando o canal para a Globo. Esse foi o processo de outorga, que era uma forma de [o Juscelino] conquistar o apoio desse grupo que era economicamente mais bem organizado do ponto de vista empresarial que os Diários Associados, que já enfrentava uma crise. Esse foi o apoio político, mas houve também o apoio econômico.

Esse apoio a Globo foi buscar fora do Brasil, fazendo o famoso acordo com a [empresa estadunidense] Time-Life, garantindo, na época, 5 milhões de dólares para levantar as Organizações Globo. Esse processo foi considerado inconstitucional por uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] na Câmara dos Deputados, porque era uma empresa estrangeira investindo em uma empresa de comunicação brasileira. Entretanto, na ditadura militar essa decisão não foi levada em conta pelo governo federal e aí a Globo decolou. Teve, portanto, primeiro o apoio do Juscelino e depois dos militares.

Nesse processo, os Diários Associados foram à bancarrota, a Globo ocupou esse vácuo, emergindo como a grande empresa de comunicação do Brasil.

Você falou das relações com os setores conservadores. Especificamente em relação à ditadura, qual foi o papel da Globo?

O início da história golpista da Globo, ainda com a rádio e o jornal, pode ser localizada na tentativa de golpe contra o governo Vargas. Ali se tentou um golpe que foi adiado por dez anos: de 1954, com a morte de Vargas, para 1964, com a deposição do Jango [como era conhecido o ex-presidente João Goulart]. Houve uma campanha sistemática contra ele – como a que fazem hoje contra a presidente Dilma –, dando todo o apoio ao golpe militar e, depois, fazendo a sustentação política da ditadura, em troca de favores e vantagens.

Nesse sentido, qual o saldo da atuação da Globo na política brasileira?

A Globo é a responsável pelo não aprofundamento da democracia no Brasil. Ela faz isso através de dois mecanismos. O primeiro é a questão cultural, mantendo a população alienada, afastada do processo político através de uma programação que faz com que as pessoas deixem de prestar atenção a aquilo que é essencial à vida delas enquanto cidadãs, distraindo com a superficialidade da programação. A Globo é responsável pela despolitização do brasileiro.

De outro lado, está a defesa de interesses antipopulares. Nesses 50 anos, do governo Vargas até hoje, [a Globo] esteve comprometida com as classes dominantes do Brasil, todas as bandeiras populares que aprofundariam a democratização do país são demonizadas.

Quais bandeiras, por exemplo?

Podemos citar o caso das eleições diretas [processo de mobilização da sociedade civil conhecido como “Diretas Já”, ocorrido entre os anos de 1983 e 1984]. Naquele momento, por exemplo, era muito interessante manter as eleições indiretas, sobre as quais ela mantinha um controle muito maior. As diretas poderiam levar à eleição de um líder popular que não atenderia aos interesses da Globo.

A rede Globo usou todos os recursos para impedir a eleição do Leonel Brizola para o governo do Rio de Janeiro em 1982. Ela se colocou ao lado daqueles que queriam fraudar o pleito. Depois, quando ele ganhou, se tornou persona non grata na emissora.

Outra ação nefasta da Globo é perseguir políticos com posições não conservadoras, com posições mais voltadas para os interesses populares, tratando de maneira negativa. Excluiu Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Trata de forma pejorativa líderes populares, como o [dirigente do MST, João Pedro] Stedile. Ou nem abre espaço para essas figuras. O próprio [ex-presidente] Lula sempre foi tratado de uma forma menor, subalterna. Há uma política editorial antipopular que é a marca dos 50 anos da rede Globo.

Pode-se dizer que é uma linha editorial de manipulação?

Uma política editorial de manipulação contra os interesses populares, sempre a favor das elites.

Do ponto de vista da estrutura da Globo, como ela consegue pautar o debate nacional?

Ela acaba pautando os temas e discussões no país. Ela tem enraizamento graças a um processo de afiliação por todo o Brasil que frauda a legislação, que não permite o oligopólio. É um enraizamento de cima para baixo, vindo do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, que se espalha para todo o país. Há uma aliança com as elites locais, que reproduzem em seus estados a mesma linha político-ideológico da Rede Globo. Esse controle sobre todo o país faz com que questões importantes, de interesse do povo, que deveriam estar sendo debatidas, acabam não tendo espaço.

O Roberto Marinho deixou isso muito claro. Quando ele defendia a “TV Escola” [televisão pública do Ministério da Educação], o argumento que ele usava é de que se você tem todo o conteúdo produzido em um local central, você tem muito mais facilidade de controle sobre esse conteúdo. Isso ele disse para a “TV Escola”, mas vale para também o conteúdo jornalístico. Com a centralização da informação, tem-se uma capacidade muito grande de impor a pauta no país todo.

Há quem diga que, hoje, a imprensa é o grande partido de oposição. Você concorda?

Ela é. Não sou eu quem digo. A própria ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais disse isso há alguns anos. “Como a oposição está muito frágil, a imprensa tem que assumir seu papel”. Então, nos governos Lula e Dilma a oposição está centrada nos grandes meios de comunicação que, inclusive, pautam os partidos de oposição. São inúmeros os casos em que a mídia levanta um problema e os partidos de oposição vão atrás, quando, em uma democracia consolidada, seria exatamente o oposto: seriam os partidos que deveriam levantar as questões antigoverno e a mídia iria cobrir. Hoje, a mídia é o grande partido de oposição e a Rede Globo é o principal agente desse partido.

Você falou como a Globo impede o avanço da democracia brasileira. Toda vez que se fala, por exemplo, em democratização dos meios de comunicação, a Globo fala em “censura”. Como responder a isso?

Na verdade, eles são os censores. Eles é que fazem a censura de inúmeros assuntos, temas e angústias da sociedade brasileira, que não têm espaço na sua programação.

Apesar de estarmos há mais de 30 anos sem censura oficial, eles usam um conceito de fácil assimilação pela população, e que ainda tem reverberação por aquilo que ocorreu durante o regime militar, para taxar aqueles que querem justamente o contrário, aqueles que querem o fim da censura estabelecida por esses meios e a ampliação da liberdade de expressão.

A batalha pela liberdade de expressão é uma batalha difícil, porque nós temos que contrapor um conceito de fácil assimilação, um conceito que tem de ser explicado em seus detalhes, que é o da liberdade de expressão. Quando se quer a regulação dos meios de comunicação, se quer que mais vozes possam se expressar na sociedade brasileira.

A Rede Globo quer o monopólio total, o controle absoluto das ideias, informações e valores que circulam no país e, por isso, utilizam todos os recursos para que a liberdade de expressão seja uma liberdade controlada por eles.


Postado no Escrevinhador em 24/04/2015

























Redondo ou quadrado ? Se eles pudessem falar ! Tadinhos ...


cachorros-geométrico-3



“Prefere redondo ou quadrado?” | Em Taiwan, a geometria invadiu os pet shops e o resultado é hilário


Cães mais peludos requerem um cuidado especial, pois os pelos crescem demais e acabam atrapalhando a visão do animal. Porém, em termos de estética, esqueça tudo que você sabe sobre tosa canina, pois a geometria invadiu os pet shops de Taiwan e a nova moda é o penteado quadrado ou perfeitamente redondo!

Se essa febre se espalhar pelo mundo, logo veremos poodles e companhia com um estilo bem diferente do que estamos acostumados. A novidade tem dividido opiniões – enquanto uns acham bem fofo, outros preferem a tosa convencional.

Todos sabemos que os pets são adoráveis de qualquer jeito, mas temos que confessar que esse novo corte deixam-os simplesmente hilários.

Square Face


Round Poodle


Square Red


Round Tongue


Square Cut Poodle





Postado no Tudo Interessante



Sobre a maturidade



Gustl Rosenkran

Alguém me perguntou uma vez o que seria o mais importante para mim em relacionamentos com outras pessoas. Respondi que seria a MATURIDADE. A pessoa perguntou então: “Como assim maturidade? Quer dizer então que você prefere se relacionar com gente velha?”. 

Não gostei do termo “gente velha” (não existe gente “velha”; o que existe é gente em fases diferentes da vida) e percebi mais uma vez que é esse o conceito de maturidade de muita gente, o que não está errado de todo, pois a própria palavra passa a noção de “MATURA + IDADE”, ou seja, idade madura. Mas não é só isso.

Ligar a maturidade à idade da pessoa é um conceito limitado, pois maturidade é bem mais que isso e, num sentido mais profundo, não está necessariamente vinculada à idade cronológica. Todos nós conhecemos crianças que nos surpreendem pelo seu nível de maturidade e também pessoas de idade mais avançada que nos assustam pelo seu nível de imaturidade.

Maturidade tem para mim uma ligação muito maior com o grau de desenvolvimento da pessoa. Vou até mais longe e digo: com o desenvolvimento da alma – o que explica para mim a maturidade “precoce” de alguns.

É claro que experiência de vida faz (ou deveria fazer) amadurecer, porém, isso nem sempre é verdadeiro. Como já dito, há crianças maduras e adultos imaturos, o que mostra claramente o que digo. Vou tentar a seguir aprofundar um pouco o conceito de maturidade, apontando aquilo que a caracteriza.

Maturidade é independência

Uma pessoa madura é independente, em seus atos, em sua forma de pensar, em sua forma de ver o mundo. Uma pessoa madura não se prende à opinião dos outros, não age para agradar (ou deixar de agradar) ninguém e é fiel a si mesma.

Maturidade é responsabilidade

Uma pessoa madura assume a responsabilidade por sua vida, pelo seu caminho, tem senso de responsabilidade sobre si mesma, assumindo as rédeas, o controle de sua realidade e de seu crescimento, com disciplina e nitidez. 

Enquanto uma pessoa imatura sempre busca a “culpa” nos outros, tentando transferir a responsabilidade por sua vida, pelas coisas que faz ou deixa de fazer, pelos problemas que surgem, o ser maduro compreende que não são os outros os responsáveis pela sua felicidade, pelo seu bem-estar, mas também pela sua infelicidade e pelo seu desconforto neste mundo. Ele assume também sua responsabilidade no meio onde vive, pela sua família, pelos que dependem dela, pelo seu papel moral e social.

Maturidade é respeito

Quem não respeita, não é maduro. E quem é maduro respeita. Ter maturidade é entender que todos nós somos iguais em nosso direito de existir. É ter consciência de que não há seres humanos superiores e inferiores e que qualquer um, por mais que não gostemos da pessoa, por mais que ela seja diferente de nós, por mais que não compreendamos e não concordemos com ela, merece o mesmo respeito, sempre, sem exceções. 

Assim, a pessoa madura respeita a qualquer um, também (e principalmente!) a si mesma. E ela respeita também a vida, com todas suas nuanças, com tudo que dela faz parte.

Maturidade é coragem

Maturidade é coragem de ver as coisas como são, sem enfeitá-las, sem se perder em ilusões. É coragem de ser lúcido, de ser verdadeiro, de enfrentar a vida com seus altos e baixos, sem fugir, sem enfiar a cabeça no buraco, de caminhar com os próprios pés. E ser maduro é ter coragem de ser sincero, não se corrompendo por medo de dizer o que realmente pensa ou sente.

Todos nós temos medos, como o de fracassar, por exemplo. Mas uma pessoa madura não se deixa levar por esse medo. Ela o enfrenta e busca realizar seus projetos. Ela não se deixa frear pelo medo de cair, pois sabe que aprende com os tombos, tendo a chance de reconhecer onde errou e prosseguindo com otimismo e mais forte, ao contrário dos imaturos, que temem caminhar para não errar, que têm medo de sofrer, e assim não correm riscos e terminam parados no mesmo lugar.

Maturidade é tolerância

Ser maduro significa também ser tolerante com os outros, é aceitar que somos todos imperfeitos e limitados, que ninguém pode desmerecer o direito de alguém existir e ser como ele é, independente de gostar ou não de sua forma de vida.

Maturidade é complacência para consigo mesmo

Ser maduro é ser complacente consigo mesmo, aceitando as próprias limitações, com as frustrações e contrariedades inevitáveis desta vida. Pessoas maduras normalmente não se aborrecem quando erram e, quando se aborrecem, nunca mais do que o tempo necessário, não se maltratando por isso, não sendo duras consigo. Ser maduro é dar carinho e atenção a si mesmo, aceitando seus defeitos e limites, tentando sempre melhorar e crescer, entendendo que todo mundo tem seus defeitos e erra. Também eu, também você.

Maturidade é aceitação da dor

Ninguém neste mundo está livre de dor e sofrimento. Ser maduro é aceitar esse fato, ao invés de tentar evitar o que nos machuca. Aceitar as dores da vida significa ter certa resiliência, desenvolvendo uma capacidade de absorver o sofrimento, compreendendo que também ele faz parte da vida, mas sem se entregar à tristeza e ao ressentimento, sem transformar o sofrimento em um monstro imbatível. 

É aceitar a dor sem se ver como vítima, é aceitá-la como aquilo que ela é: uma parte de nós. Maturidade não é buscar ser feliz o tempo todo, mas saber que a tristeza também é importante para o crescimento, aceitando-a com dignidade.

Maturidade é diferenciação

Ser maduro é entender que o mundo não é preto e branco, que não há sempre um “certo” e um “errado”, que há várias verdades neste mundo e que a própria verdade não é necessariamente a única que tem validade e que ela às vezes não tem validade alguma. É compreender que as coisas nem sempre são como parecem, que tudo na vida tem, no mínimo, dois lados e que ver sem diferenciar limita muito nossa visão.

Maturidade é coerência

Uma das coisas que mais tenho visto na internet nos últimos tempos é a incoerência de posturas. Vejo muita gente se contradizendo, com uma capacidade extrema de dizer uma coisa e negá-la na mesma frase. É gente que diz: “Não sou racista, mas acho que todo negro é isso ou aquilo”, “Nada tenho contra homossexuais, mas não aceito dois homens se beijando perto de mim”, “Não discrimino religião alguma, mas acho que todo muçulmano é terrorista”, e assim por diante. Quem se posiciona assim, mostra incoerência. E isso é um forte sinal de imaturidade.

Sim, maturidade requer coerência. Não adianta falar de amor ao próximo apenas na teoria e, na prática, discriminar outras pessoas, desejando-lhes o mal, propagando preconceitos e coisas negativas sobre elas.

Maturidade é capacidade de reflexão

Uma pessoa madura reflete antes de se expressar, pois ela sabe que aquele pensamento que veio em primeiro lugar, principalmente em situações carregadas emocionalmente, pode estar totalmente errado, distorcido. Ela sabe que seus sentimentos e mais ainda a forma como os interpreta podem estar completamente equivocados e precisam, portanto, de reflexão, ou melhor, introspecção, antes de serem exteriorizados.

É importante o controle racional das emoções e de sentimentos negativos como desprezo, inveja, ciúme, vingança, raiva e agressividade, o que não significa reprimir e muito menos ignorar essas emoções. Significa apenas que elas devem ser refletidas e filtradas pela razão, analisando uma situação antes de abordá-la.

Maturidade é humildade

Você é uma pessoa especial, sem dúvida. Mas não somente você. Todos somos especiais: você, eu, mas também o carteiro, a mulher da padaria, o vizinho, enfim, todo mundo! Não reconhecer isso e se achar mais especial que outras pessoas é ser arrogante, prepotente e imaturo.

Uma pessoa madura compreende que ela é uma pequena parte de um todo, um grão de areia numa duna, uma única letra em um livro, uma estrela no firmamento. Ser maduro é ser humilde, é reconhecer que sua “especialidade” aumenta quando não é realçada, é ter consciência das próprias limitações, é viver com modéstia e simplicidade.

Maturidade é justiça

Somos imaturos quando somos injustos. Por exemplo, quando estamos frustrados e descarregamos nossa frustração em alguém. Pessoas maduras também se aborrecem com suas frustrações, mas não descarregam sua raiva nos outros, sem que eles nada tenham a ver com o que ocorreu. 

Também somos injustos quando julgamos alguém precipitadamente, quando o atacamos sem ter esse direito, quando não reconhecemos que eles têm os mesmos direitos que nós, quando praticamos o princípio de “dois pesos e duas medidas”, quando julgamos e condenamos alguém sem provas de sua culpa, quando cobramos mais dos outros do que de nós mesmos. A pessoa madura busca agir de modo justo, atribuindo a si e aos outros direitos e deveres iguais.

Maturidade é equilíbrio e sabedoria

Uma pessoa madura tem competência para se relacionar com pessoas em qualquer ambiente e habilidade para evitar conflitos desnecessários e improdutivos. Ela busca o equilíbrio e a paz social, na sociedade, dentro de sua casa, entre os amigos e em qualquer ambiente que frequenta, agindo com sabedoria e buscando somar e não dividir, partilhando o que sabe, buscando o que é bom para todos e não só para si próprio e tentando ajudar a construir um clima positivo e harmonioso, onde se constrói ao invés de destruir, sendo claro, sereno, humano, praticando o bem e almejando a evolução do todo.

A pessoa madura sabe se calar quando é melhor não dizer nada e não se cala quando falar é necessário. Ela busca a paz de espírito, o entendimento, o equilíbrio entre as energias, entre as pessoas, entre tudo, agindo com constância e não de acordo com seu humor. Ela sabe que diversão e distração são necessárias, mas também trabalho e engajamento, e que a balança só se equilibra quando os opostos se igualam.

Então, resumindo: amadurecer é aprender a viver de forma independente, com responsabilidade e respeito por você mesmo e pelo mundo à sua volta, com coragem de ver as coisas como são. É prosseguir apesar das incertezas e dos medos, sendo tolerante para com os demais e complacente consigo mesmo, aceitando a dor sem se entregar a ela, tendo uma visão diferenciada e coerente do mundo, refletindo com humildade, praticando a justiça e buscando sempre o equilíbrio e a sabedoria.

Talvez você, caro leitor, pense agora: “Puxa, é muita coisa! Assim ninguém nunca vai conseguir amadurecer!”. 

De fato, nenhum ser humano é perfeito. A maturidade, em sua plenitude, é uma meta, que nos serve como guia e nos ajuda a crescer, mas sem ansiar a perfeição. Se fôssemos perfeitos, seríamos anjos e não gente! 

É importante entender que nenhum de nós jamais conseguirá ser sempre e completamente maduro, mas que podemos fazer muito para nosso crescimento pessoal. E compreender isso nos ajuda a amadurecer.


Postado no Conti Outra









Fuja das almas mesquinhas. Viver é um exercício de grandeza




André J. Gomes

Está faltando grandeza na gente. Falta, sim. Em todo canto, falta. Vivemos à míngua de gestos generosos, intenções grandiosas, ações maiores. Como bichos tímidos, acanhados em nossos projetos, reduzimos nossas vidas aos cargos e postos e títulos e relações oficiosas e protocolares que aos poucos nos transformam em meros colecionadores de miniaturas, acumulando milhas de mesquinharias. Nós e nossas vidinhas habitadas por pessoinhas deslumbradas, sorrindo sem graça em jantarezinhos sem afeto, cozinhando pratinhos sem gosto, a partir das receitinhas de homenzinhos dos programinhas de tevê.

Falta grandeza na gente, sim. Insistimos em ser rasos, superficiais, rasteiros, trancafiados em nossas verdades minguadas, metralhando com o dedo quem passar perto. Rareiam amigos de coração aberto e mãos postas, estendidas. Falta quem se disponha a escutar mais e mostrar menos, perguntar mais do que responder, questionar mais que pontificar. Falta gente disposta a pagar a conta por pura e simples gentileza. Ah… como são raras as visitas que surpreendem quando chegam para o churrasco em casa alheia trazendo nos braços algo além do fardo de doze cervejas previamente combinadas. Um bolinho para a dona da casa, um presentinho para as crianças. Qualquer coisa para além de uma presença fria, mirrada, previsível, burocrática.

Pior. Nossa escassez de elevação vem sob a escolta das matilhas de gênios e suas teorias em defesa da mesquinhez. “É a crise!”; “não sobra dinheiro para isso”; “também, com o preço das coisas…”; “no mundo moderno cada um paga a sua, tá reclamando do quê?”; “É cada um por si” e outras desculpas esfarrapadas. Como se a falta de dinheiro fosse o único problema.

Será mesmo? Ou tanta evasiva não passa de nossa obtusa mania de pequeneza crescendo como verruga, aumentando como um buraco? Certo é que nos tornamos sovinas, ridículos, avarentos de emoção e entrega e disposição para nós e para os outros. Isso, minha gente, tem pouquíssimo a ver com dinheiro. Estar “no bico do urubu”, sem um tostão para nada, não faz de alguém um “mão de vaca”. Há muito mendigo por aí dividindo seu pedaço de cobertor, sua porção de comida fria e seu meio cigarro com quem necessita. Porque generosidade é coisa das almas elevadas, com ou sem fundos patrimoniais. E ela está em falta como a água que baixa nas represas e o dinheiro que some dos cofres.

Nosso tempo na vida é tão pequeno e a grandeza anda tão pouca! Quanto será que nos resta? Por quanto mais você e eu estaremos aqui? Quanta vida nos cabe ainda? Trinta anos? Quarenta? Duas horas, um minuto? Pergunto, pergunto e com franqueza me dou conta de que, no fundo, não importa. Não interessa porque no fim do caminho qualquer tempo terá sido pouco. Muito pouco tempo para o perdermos com pequenezas.

Sejamos francos. A vida anda mirrada demais. Reduzida contra vontade, coitada, à pequena experiência pessoal de cada um. Obrigada por nós mesmos a dar as costas à sua vocação essencial. Porque, você sabe, diferente do que querem os mesquinhos, viver é nada senão um tremendo e escandaloso exercício de grandeza. Sejamos francos. Está faltando grandeza na gente.


Postado no Bula