Postado no Blog do Miro em 17/03/2015
As semelhanças nestas capas do jornal O Globo não são meras coincidências !
Em Março de 1964, Jango, como Dilma, tinha ainda o frescor da legitimidade eleitoral, embora já se aproximando do último ano de seu mandato, porque havia sido, um ano antes, restituído de seus poderes pelo plebiscito de janeiro de 1963, que venceu com incríveis 82% dos votos.
Soubemos bem, porém, o que veio depois que São Paulo pôs-se “de pé pela democracia”.
A ditadura. As cassações, as perseguições, as torturas, as mortes, os livros queimados, as pessoas caladas.
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Como quebrar essa corrente de ignorância?
Carlos Motta
A ditadura militar não apenas prendeu, torturou e matou seus opositores.
Seus crimes foram muito além disso, mas dois deles deixaram sequelas que até hoje desgraçam o Brasil: o primeiro foi entregar à Rede Globo praticamente o monopólio das telecomunicações, e o segundo foi acabar com a educação - em todos os níveis.
Três décadas se passaram do fim da ditadura militar, mas seus efeitos aí estão, escancarados, à vista de qualquer um.
O show de horrores que foram as manifestações anti-Dilma, anti-PT, anti-Lula, "anticorrupção", a favor da volta dos ditadores, antipobres, etc etc, com cartazes que pareciam saído dos nove círculos do Inferno de Dante, é a prova mais eloquente de que o maior problema do país é a completa falta de educação de grande parte de seu povo.
Este segundo governo Dilma, pelo menos no discurso, adotou a educação como sua prioridade, aproveitando o dinheiro que virá do pré-sal.
Educação, porém, não é apenas a formal, das escolas, das salas de aula.
Ela tem de começar em casa, pelos pais, que deveriam passar aos filhos o que aprenderam da geração anterior.
Mas como isso é possível, se essas gerações têm se formado em lares que cultivam valores nascidos em novelas da Globo, programas de auditório sem nenhuma substância, telejornais sem nenhum compromisso com o jornalismo?
Como esperar tal milagre de pessoas que passam a vida chafurdando no lixo cultural imposto por uma indústria cujo único objetivo é aumentar seus lucros, que não têm nenhum compromisso social?
Como quebrar essa correia de preconceitos, ódio e ignorância profunda, que liga as gerações?
O que esperar de crianças que assistem a seus pais xingarem, com os olhos esbugalhados pelo ódio, as principais autoridades do país com os mais indecentes palavrões?
O que esperar de uma geração que aprende em casa a cultuar o individualismo como o mais importante valor da civilização?
Com escolas destroçadas, professores tratados como seres inferiores, lares bestificados pela televisão, qual será o futuro deste país?
Uma passada de olhos pelos cartazes e faixas das "manifestações" deste domingo, 15 de março de 2015, dá bons indícios do que nos aguarda.
A esperança, dizem, é a última que morre.
Pobre dela, pobre de nós, pobre Brasil.
Postado no blog Crônicas do Motta em 15/03/2015
O dia da infâmia golpista
Miguel do Rosário
Hoje todos os golpistas se reúnem.
As primeiras imagens que chegam mostram que a coisa vai ser tão feia como sempre. As fotos nesse post são todas de hoje.
“Pena de morte!”, “Minha esperança está nos militares de direita!”, “Intervenção militar já!”, “Chega de Paulo Freire!”.
O exército de zumbis criado pela mídia.
Além de um bocado de inocentes, marchando confusamente ao lado daquelas bestas-feras.
Será um dia de histeria midiática, excitada com a possibilidade de repetir o que fizeram ao final de março de 1964, quando a imprensa, agindo igualzinho hoje, convocou manifestações que tomaram conta de São Paulo e Rio de Janeiro.
A direita botou milhões de pessoas na rua naquele fatídico março.
Muita gente foi iludida, enganada.
O grande Sobral Pinto estava lá, nas manifestações golpistas de março de 1964.
Ulisses Guimarães também.
Alberto Dines.
Depois, todos esses perceberam o erro que cometeram.
Não é assim que funciona a democracia.
Não se pode eleger um presidente e depois, só porque não se gosta dele, exigir-lhe a saída.
Não gosta da Dilma?
Façam reuniões políticas, unam-se a partidos, e trabalhem para elegerem mais pessoas de seu partido em 2016, quando haverá eleições municipais, e em 2018, quanto teremos novas eleições para presidente da república.
Esperemos, porém, que as marchas de hoje sirvam ao menos para acordar o governo de sua apatia política.
O governo precisa recuperar a sua iniciativa.
Precisa reconhecer que tem adversários na mídia, e apontá-los publicamente, esclarecendo a população.
Domingo sombrio, cheio de reverberações de um passado que achávamos morto e enterrado.
Não está morto, nem enterrado. Sobretudo porque os que patrocinaram as marchas de março de 1964, são os mesmos que as patrocinam agora.
Postado no site Tijolaço em 15/03/2015
Do mal do " inocente útil "
Eduardo Ramos
O inocente útil, na grande maioria das vezes, é só isso mesmo... inocente, e útil a uma causa, que na verdade não sabe qual é (a verdadeira, a que está oculta, ele desconhece...), mas como lhe é apresentada com toda uma roupagem costurada com os valores e princípios que lhes são mais caros, ele a incorpora, integralmente, como uma esponja viva, não só na mente, acreditando nos símbolos e signos daquela ideologia, mas emocionalmente, passando então a "se sentir parte" daquele grupo, ou rebanho, as pessoas que juntamente com ela, passam a sentir intensamente como verdade, como "O BEM", todos os mantras que lhe são passados pelos verdadeiros donos do poder, os que movimentam os cordéis da manipulação social, e guiam essas dóceis pessoas, para cada movimento social que lhes interessa, no grande jogo de xadrez que é o jogo pelo poder.
Não são "pessoas más", ou desprovidas de inteligência, ou caráter, ou mesmo vontade...
O inocente útil, como todos nós, anseia por verdades, alvos de vida, coisas para acreditar e seguir, e se um determinado grupo ou ideologia lhe é apresentado, sistematicamente, como uma espécie de "satanás", um signo do mal absoluto, algo ou alguém capaz de destruir sua vida, seus valores, sua liberdade, temos a junção perfeita para uma catarse pessoal e social, a formação de um rebanho: o medo e as crenças das pessoas nos seus valores ameaçados.
É quase impossível, aos que não estão habituados a um estudo crítico da realidade, profundo, racional, baseado na História, resistir a essa pressão, quando entre os donos dos cordéis manipulatórios, estão toda a grande mídia de um país, e representantes políticos que pertencem ao grupo social que, no inconsciente coletivo, parece ser o grupo do bem.
Aécio, Serra, Fernando Henrique Cardoso, Alckimin, pertencem a esse grupo. No inconsciente coletivo da sociedade brasileira, homens brancos, bem sucedidos, com "famílias bonitas", discursos moralistas, negação de qualquer envolvimento em corrupção, e a defesa "dos valores morais da família e da liberdade", soam aos ouvidos da conservadora sociedade brasileira, como um "canto de sereia", tão fortemente, tanto quanto soa esquisito, nojento mesmo, o discurso, a aparência, o passado, a origem, de um ex-operário nordestino, que fala errado, e uma "ex-guerrilheira, ladra de bancos".
Temos aí, somados aos medos ("comunistas, vão tomar nossas casas"), a repulsa que sentem "dessa gente ordinária, sem tradição", os ruídos brutais emitidos pela grande mídia, que taxa os petistas de ladrões, incompetentes, pessoas malignas, sujas, dia e noite, dia e noite, dia e noite, e, sim, temos tudo criado, minuciosamente, para a construção de um ambiente pesado, de HISTERIA COLETIVA, e essa "verdade" ("esses canalhas são o MAL") passa a ser uma "verdade pessoal-social absoluta" para a parcela da sociedade que assume na alma, essas "verdades".
O perigo disso? Manadas são incontroláveis! No meio desses rebanhos sociais, repletos de gente do bem, pessoas boas, todos os conhecemos entre nossos amigos e parentes, existem os que se permitem facilmente, muitas vezes sem perceber, atingir a paroxismos de sentimentos, super intensos, quando então explodem exacerbados, o ódio, a agressividade, o nojo, o medo.
Alguém conhece mistura mais explosiva do que essa?
Por isso sinto e penso desespero, nos últimos anos, há todo um movimento social perverso, doentio, cruel, sujo, no Brasil, de manipulação dos inocentes úteis, tudo travestido de dignidade, travestido de justiça, travestido de "amor à liberdade...", um fundamentalismo à la talibãs, um fascismo que o inocente útil nem percebe, perdido que está, "em seus bons sentimentos", perdido que está, na crença absoluta de estar ao lado do bem".
Quando uma parcela considerável da sociedade atinge esse estado deplorável, pouco há que se fazer, até porque os antídotos existentes, só agem no longo prazo, décadas, às vezes, EDUCAÇÃO, e a construção do hábito do pensamento crítico e independente.
Sem falar na renovação dos valores, de uma sociedade onde a classe alta e média, está repleta de gente amesquinhada, no sentido de, literalmente, não se sentirem bem com a subida de nível social de milhões de pobres, porque isso implica, necessariamente, em ver nos seus shoppings, aeroportos, excluídos, que "não eram para estar aqui comigo..." - como o preconceito que têm, o nojo, de "gente como Lula e Dilma", a coisa do "quem eles pensam que são, para estarem no poder...?"
Portanto, isso não vai mudar, na verdade, esperem pioras, em tudo, literalmente. Haverá aumento no tamanho do rebanho, haverá exacerbamentos, mais agressividade, mais ódio ao PT, mais tentativas de golpe, mais intolerância.
Tenhamos em conta, que o inocente útil não é o inimigo, no máximo, adversários no sentido político, de pensarem diferente, portanto, a serem confrontados, civilizadamente, e apenas no campo das ideias.
O verdadeiro inimigo, é o de sempre: os detentores do grande capital, os fascistas, os que não admitem representantes do povo no poder, os que vivem da corrupção, da especulação financeira, e estão se lixando para o povo, para emprego, saúde, educação, para essa gente, os pobres nem são algo bom ou ruim, não são nada, absolutamente nada, são invisíveis.
Os donos do poder só querem continuar enriquecendo, e mantendo o poder, e apenas isso.
O mal do inocente útil, é só esse mesmo, engordar um rebanho inconsciente de si mesmo, e ser massa de manobra de quem deve até rir muito, da facilidade com que o manipula.
Penso que Aécio, cinicamente, deve se perguntar, quando se olha no espelho: "Que graça! Será que esse povo todo que me adora, que me aplaude, acredita mesmo em meu discurso tão cínico?" - e deve rir muito, perplexo, ao descobrir que sim, acreditam!
Que cada brasileiro consciente, seja de direita ou esquerda, que todo aquele que ama e busca valores concretos, como democracia, justiça, verdade, lute pelo que pode libertar a sociedade dessa tristeza, desse mal, dessa pobreza que representa a existência de tantos inocente úteis: EDUCAÇÃO, INFORMAÇÃO PLURAL, PENSAMENTO INDEPENDENTE E CRÍTICO!
Quando formos fortes nisso, o inocente útil será apenas uma coisa folclórica, em extinção.
Hoje, infelizmente, esses queridos, são uma ameaça (inconsciente, o que é mais triste) à própria democracia, que paradoxalmente, ao seu modo, eles acreditam e amam.
Postado no site Luis Nassif Online em 15/03/2015
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