O golpe de Veja na eleição de 2014





Emiliano José, na revista Teoria e Debate:



“Nos últimos anos, a maioria dos brasileiros, sem desertar de suas convicções democráticas, mas, mesmo em razão delas, já construiu amplamente um diagnóstico crítico do modo de funcionamento do atual sistema político no Brasil e anseia por reformas políticas.Há muitas evidências de que já se está firmando em um número cada vez maior de brasileiros a consciência de que também o sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado a partir de princípios republicanos e pluralistas.” 


Em Defesa de uma Opinião Pública Democrática – Conceitos, Entraves e Desafios. Venício A. de Lima, Juarez Guimarães e Ana Paola Amorim (orgs.). 
São Paulo: Paulus, 2014. p. 9.) 


Golpes midiáticos na América Latina não constituem novidade, especialmente depois que golpes militares entraram em desuso. 

O mais espetacular deles ocorreu na Venezuela em 11 de abril de 2002, encabeçado pela RCTV. Durou poucas horas, devido à impressionante revolta popular contra a deposição do presidente Hugo Chávez

Este, desde sua chegada ao poder, em 1998, enfrentou sempre a ferocidade dos principais meios de comunicação do país, entre os quais as outras emissoras privadas de televisão – Venevisión, Globovisión, Televen e CMT – e nove dos dez maiores jornais impressos do país, como El Universal, El Nacional, Tal Cual, El Impulso, El Nuevo País e El Mundo. 

Os monopólios privados venezuelanos contrários ao presidente Chávez detinham 95% da audiência.

Esses monopólios midiáticos substituíam, na prática, os partidos políticos de oposição tradicionais, cuja força era pequena, e qualquer semelhança com o Brasil não será mera coincidência.

Foi com base nesse poderio, e na liberdade de imprensa existente, que a RCTV sentiu-se à vontade para dar o golpe.

Só não mediu a monumental reação popular, que frustrou a tentativa. Dia 13 de abril, Chávez estava de volta ao poder. 

A partir desse retorno no dia 13, cunhou-se uma expressão agora usual na Venezuela: “Cada 11 tem seu 13”. 

Os monopólios analisaram mal a correlação de forças, não mediram a popularidade, o carisma de Chávez, o enraizamento que seu programa político tinha entre as camadas exploradas da sociedade venezuelana. Golpes midiáticos, assim, não são inéditos na América Latina. 

O “odiojornalismo” de Veja

Veja sempre foi adversária do projeto político vitorioso em 2002 no Brasil. Nunca escondeu isso.

E seu jornalismo, vá lá, sempre se viu contaminado por essa visão. Sempre combateu ferozmente o PT, Lula, agora Dilma. 

Em todas as quatro eleições vencidas pelo PT e pelos partidos que apoiam o projeto político em curso, não poupou esforços para derrotar primeiro Lula, depois Dilma. 

O fato é que Veja tem um programa político, defende o projeto neoliberal, encampa as posições mais conservadoras do país. Faz um jornalismo obscenamente partidário, nunca teve o mínimo da isenção pensada pelo jornalismo liberal, distorce os fatos, inventa-os, se considerar necessário.

Na eleição de 2014, no entanto, se superou. Tentou, sem meios-termos, um golpe midiático, que fracassou.

Não se desconheça, no entanto: a iniciativa de Veja retirou alguns milhões de votos da presidenta Dilma. Se vitoriosa, teria fraudado uma eleição.

O que fez está a anos-luz do jornalismo, ao menos de um jornalismo que se paute na boa apuração, na credibilidade e diversidade das fontes, no respeito aos fatos. 

Não estamos nos referindo ao conjunto da cobertura de Veja durante as eleições de 2014, toda ela voltada ao combate sistemático e feroz à presidenta Dilma e a sua reeleição.

Feroz, tão feroz, a ponto de levar a professora Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a classificar o jornalismo de Veja como “odiojornalismo”, próprio também da “tropa de choque” conservadora da imprensa brasileira, da qual fazem parte, entre outros, Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi, Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo e Demétrio Magnoli.

É uma coisa só, expressão exacerbada da demonização da política, prática cotidiana, persistente, recorrente de toda a mídia hegemônica. Vale a pena citar Ivana Bentes:


“Essa demonização da política tornada cultura do ódio se expressa por clichês e por uma retórica de anunciação de uma catástrofe iminente a cada semana nas colunas dos jornais e que retroalimentam, com medo, insegurança, ressentimento, uma subjetividade francamente conservadora de leitores e telespectadores”.



Tais opiniões foram expostas pela professora em entrevista à revista IHU On-Line, postada em 5 de novembro. Para Ivana Bentes, “essa pedagogia para os microfascismos e a educação para a intolerância podem ser resumidos na retórica que desqualifica e aniquila o outro como sujeito de pensamento e sujeito político, o que fica explícito na fala de alguns colunistas”.

Um exemplo muito claro, inclusive no seu cinismo”, detalha a professora, “é este trecho de uma coluna do Arnaldo Jabor de 28/10/2014, pós-eleições. Com uma argumentação pueril e assujeitante que coloca eleitores, nordestinos e nortistas, pobres como ‘absolutamente ignorantes sobre os reais problemas brasileiros’ em um cenário pós-eleições em que ‘nosso futuro será pautado pelos burros espertos, manipulando os pobres ignorantes. Nosso futuro está sendo determinado pelos burros da elite intelectual numa fervorosa aliança com os analfabetos’.” Paremos aqui nossa breve e necessária digressão.

Cabeça de ponte do golpe 
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Para além, no entanto, da cobertura semanal de Veja absolutamente coerente no combate ao projeto político em curso desde 2003, quero aqui concentrar esforços na análise da cabeça de ponte do golpe midiático tentado pelo Grupo Abril contra a reeleição de Dilma Rousseff, a edição 2397 da revista Veja, datada de 29 de outubro de 2014, cuja capa e trecho inicial da reportagem “Eles sabiam de tudo” – eles são Dilma e Lula – foram postados no site da revista no dia 23 de outubro, quinta-feira, às 20h19. Às 21 horas, a coluna de Ricardo Setti, Política & Cia, do site de Veja, também reproduz capa e texto que abre a reportagem, mesmo procedimento adotado pelo blog de Reinaldo Azevedo, às 21h10, e pelo programa Aqui entre Nós, da TVeja, às 22h19. 



Não há equívoco em afirmar que o golpe iniciou-se na noite de quinta-feira, presumivelmente com a ideia de que, antecipando o lançamento da revista já na quinta, ao menos on-line, haveria tempo para reverter a vantagem de Dilma Rousseff, localizada pelas pesquisas daqueles últimos dias, e quem sabe possibilitar a vitória de Aécio Neves. 



Veja iria disparar a bala de prata da direita brasileira, e seria secundada pelo restante da mídia hegemônica, que ninguém se iluda quanto a isso nem queira tergiversar.

Esse mapeamento de postagens foi feito de modo meticuloso pela campanha da presidenta Dilma, logo que foram percebidos os primeiros movimentos da tentativa golpista. 

O levantamento foi denominado “Operação Abril”, e permitiu um monitoramento passo a passo. Esse passo a passo, devidamente sistematizado, serviu para os advogados da campanha pedirem providências à Procuradoria-Geral da República, de modo a que esta, considerando a propriedade das informações, pudesse produzir provas para a instauração de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije). Isso ainda está em curso.

Na mesma quinta, às 21h49, a coligação da candidatura Dilma entra com ação no TSE contra a divulgação da capa de Veja no Facebook. O Ministério Público dá parecer favorável, mas o ministro-relator, Admar Gonzaga, não concede a liminar, e o processo é arquivado.

Imediatamente é apresentada uma segunda ação “inibitória de publicidade”. O Ministério Público de novo se manifesta favoravelmente e o ministro-relator, então, concede a liminar, como concedeu liminarmente direito de resposta à coligação liderada por Dilma. Veja, por decisão do TSE, teria de suspender qualquer tipo de publicidade em torno da capa em outdoors, cartazes, banners e na internet, certamente uma das armas do golpe midiático.

A revista não cumpriu a decisão e, além disso, a campanha de Aécio, nos momentos seguintes, distribuiu milhares de reproduções da capa em manifestações, nas ruas, distribuição que o TSE não vetou. 

Os efeitos que o Grupo Abril pretendia estavam se fazendo sentir. O tanque midiático se colocou nas ruas, com toda a força que podia.

O intenso esforço jurídico da campanha de Dilma resultou em algum constrangimento para a revista, mas obviamente teve poucos efeitos práticos, seja pelo desrespeito de Veja, seja porque a eleição se daria dali a poucas horas. 

Luis Nassif mostra como os sucessivos pedidos de direito de resposta da coligação liderada pela presidenta foi “arquivado pelas Cortes” (“Como o direito de resposta de Dilma na Veja foi esvaziado”, Luis Nassif Online). Um golpe deflagrado pela internet na quinta-feira, a revista posta nas ruas na sexta, a eleição marcada para domingo. A ofensiva era poderosa demais, e a guerrilha jurídica podia pouco naquelas circunstâncias, embora necessária.

Há quem afirme ter havido alguma relutância de parte da mídia hegemônica em entrar imediatamente na “Operação Abril”, por sua natureza fantasiosa, sem a devida comprovação, sem base em fatos. Faltava-lhe um pretexto sólido que fizesse com que toda ela embarcasse na canoa golpista, com gosto, na primeira hora. E o pretexto apareceu. Divulgada como articulação de jovens da União da Juventude Socialista (UJS), vinculada ao PCdoB, a manifestação defronte da sede da Editora Abril, em São Paulo, na sexta, forneceu o argumento para que toda a mídia hegemônica fizesse coro com Veja. Se é que de fato ela necessitava disso.

Entre os que conhecem bem as famílias dominantes da mídia, há os que asseguram que elas não ficariam de fora dessa ofensiva de modo nenhum – se relutaram na sexta, embarcariam no sábado de todo jeito, com ou sem pretexto. 

A relutância não decorreria, portanto, da busca de pretexto algum. As famílias teriam resolvido esperar o sábado apenas porque isso não daria tempo à campanha da presidenta para qualquer medida jurídica.

Ao entrar o faziam como jogo da casadinha – fazer de conta que estavam simplesmente “repercutindo”. O argumento foi o ataque a um órgão de imprensa, que não podia deixar de ser noticiado, e, de complemento, vinha o mais importante, que era a repercussão da capa-matéria de Veja – “Eles sabiam de tudo”. 

Se houve acordo entre as famílias da mídia hegemônica, foi cumprido. Se não houve, a inegável convergência política garantiu a unidade, para além de quaisquer acordos prévios.

A Folha de S.Paulo, no sábado 25, estampa o título “Doleiro acusa Lula e Dilma, que fala em terror eleitoral”. Na linha de apoio, escreve “Ambos sabiam de desvios na Petrobras, diz delator; para Aécio, caso é ‘extremamente grave’”. 

Ou seja, assume o que Veja noticiara. Laconicamente, diz que “a afirmação foi publicada pela revista Veja e confirmada pela Folha”. Não oferece maiores explicações sobre como confirmou, com quem, nada. E cumpriu bem seu papel de se colocar sob a direção de Veja.

O jornalista Rodrigo Vianna (“O golpismo midiático segue em marcha: Veja e o JN”, postado em 25 de outubro) afirma que a Folha de S.Paulo, com tal matéria de endosso à Veja, deu base para que a Rede Globo entrasse de peito aberto no assunto: “virou fato jornalístico”.

No mesmo sábado, às 13 horas, a emissora abre o Jornal Hoje com o episódio da manifestação contra a Veja do dia anterior. Depois, segue a matéria na linha sempre do “segundo a Veja” para também acusar Lula e Dilma de saberem de tudo o que ocorria na Petrobras. 

À noite, o Jornal Nacional praticamente repete a matéria. A casadinha cumpria sua trajetória rotineira. Na opinião do jornalista, a Rede Globo não entrou pra valer na sexta por uma razão simples: havia o debate à noite nos estúdios da emissora, e Dilma poderia denunciá-la no ar, acusá-la de golpista, como fez com Veja

Melhor esperar que alguém a ajudasse, e a Folha apressou-se em fazê-lo. Vianna, que trabalhou na Globo, diz ter recebido a informação segura de um jornalista amigo, com mais de trinta anos de experiência: o roteiro está pronto, jogo combinado, da Veja para a Globo, com endosso da Folha. Tudo acertado, tudo feito de acordo com o script traçado. Veja nunca ficou solitária no esforço golpista. Casadinha combinada, casadinha cumprida.


Os 10 melhores momentos da direita brasileira em 2014






Remessas de dinheiro para a União Soviética, falta de liberdade de expressão, “Raio privatizador” e, claro, Lobão

Por Redação


Foi uma tarefa difícil. Não pela escassez de material, mas por ter que eleger apenas dez momentos em que um setor indignado da população demonstrou todo seu conhecimento histórico (como reclamar do Brasil enviando dinheiro para a União Soviética em pleno século 21) ou toda sua coerência (como gritar a plenos pulmões, no Largo da Batata, em São Paulo, que não tinha liberdade de expressão). Confira abaixo nossa seleção:

1. Remessas de dinheiro do Brasil para a União Soviética


Para um eleitor de Aécio Neves, o PT deveria parar de enviar dinheiro para a União Soviética,”Países unidos da Cuba” e toda a turma do “Xê” Guevara.





2. Grifes de direita


Eles podem não ter muito conhecimento sobre ditadura militar, nem ter estudado história (leia aqui), mas definitivamente sabem se vestir direito. Entre os adeptos da grife “Vista Direita”, estão dois Bolsonaros, um Ultraje a Rigor, um colunista da revista Veja e moças não-identificadas.


O modelo do estilista Sérgio Ka – aquele que criticou o Bolsa Família – também entrou para a lista.




3. Lobão diz que vai embora do Brasil se Dilma vencer eleições. Até uma festa foi marcada para celebrar o fato.



4. Depois da vitória, Lobão diz que fica





5. Lobão diz que está pagando de otário


Ao perceber que o tucano não compareceu à manifestação que ele mesmo convocou, Lobão se mostra decepcionado. “Cadê o Aécio, o Caiado?”, questionou. E reconheceu: “Estou pagando de otário”.




Pobre na Universidade? O humor inteligente de Paulo Henrique Amorim !







Postado no blog Conversa Afiada em 18/12/2014


Quando o metrô chega, os cabelos da modelo no anúncio se mexem




Com o uso de um efeito especial, a Apotek – rede de farmácias da Suécia – conseguiu fazer sua publicidade sair do lugar-comum. 

Nas plataformas do metrô de Estocolmo, instalou telas digitais equipadas com sensores ultrassônicos, que monitoram a chegada do trem.

 Quando o veículo se aproxima, os cabelos da modelo do anúncio balançam, como que impulsionados pelo vento. 

“Faça seu cabelo ganhar vida”, diz o slogan da campanha.




Postado no site Blue Bus em 15/12/2014


Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra





Morel Felipe Wilkon

Você é do tipo que não leva desaforo pra casa? Você reage impetuosamente quando se sente desrespeitado ou ofendido? Certamente você conhece a lei mosaica, que diz “olho por olho, dente por dente”. Muitas pessoas seguem à risca esse princípio. Devolvem tudo na mesma moeda.

Esse é o comportamento ditado pelo orgulho. O grande mal da humanidade, o defeito por excelência, que nos mantém presos à Terra, purgando reencarnação após reencarnação os males provocados por sua prática. A prática do orgulho é que nos faz agir impetuosamente quando nos sentimos atingidos em nosso ego.

Por nosso grau evolutivo, pelos costumes arraigados em nossa sociedade, a mansidão de comportamento é confundida com ingenuidade. No entanto, a mansidão é uma das bem-aventuranças citadas por Jesus no Sermão da Montanha. É que o mau observador pensa que o manso é fraco, sem atitude.

Você já viu um cavalo xucro, que não foi domado? É a imagem viva da bravura, da intrepidez. É uma força desgovernada. Depois de domado, o cavalo fica manso. Perde ele suas qualidades de força, vigor, bravura, agilidade, coragem? Não! Só que então essas qualidades podem ser direcionadas. Sua força está sob o controle do cavaleiro. Isso é a qualidade de ser manso. Aliás, a palavra mansidão vem do latim e quer dizer exatamente isso: estar acostumado à mão; se referindo aos animais domesticados pela mão do homem.

Isso é ser manso. Ter o domínio da sua própria força. Ter o controle das suas emoções. Quem é manso tem suas reações plenamente controladas diante das pessoas. Quem é manso tem a capacidade de escolher a reação mais adequada para cada circunstância. Você conhece qualidade mais forte? Conhece prova mais evidente de grandeza interior, de autodomínio? Você acha que pode confundir mansidão com fraqueza ou ingenuidade?

Como qualquer outro traço de caráter, só vamos interiorizar a mansidão depois de muito praticá-la. E podemos fazer isso no dia-a-dia. Cada vez que você perde a paciência com uma injustiça, real ou imaginária, você está agindo por impulso. É o seu orgulho animal que está no comando. Ser manso não é sofrer injustiças calado. É ter frieza de ânimo para buscar a melhor solução. Se você calcular o custo/benefício de todas as vezes em que você se vê confrontado com situações antagônicas, vai chegar à conclusão de que quase sempre vale mais a pena ficar calado.

É o mau atendimento no restaurante, é alguém furando a fila no banco, é o preço errado no produto do supermercado, é o motorista que fecha a sua frente, é o colega preguiçoso, é o vizinho barulhento, é o filho, marido, mãe, cunhada, que interpreta mal alguma coisa que você fez ou disse. Tudo isso são coisas que fazem com que você se sinta injustiçado e queira colocar as coisas no seu lugar. Você quer ter os seus direitos respeitados.

Você pode discordar disso tudo sem se exasperar, sem cometer mais injustiças, sem tomar atitudes precipitadas que o levem a se arrepender depois. Se amanse! Aprenda a dominar sua força, aprenda a controlar suas emoções! 


Espere três ou quatro segundos antes de reagir a uma situação que o desagrada, antes de responder a alguma coisa que não soou bem aos seus ouvidos. Não se precipite! 

Você vai passar por bobo algumas vezes, vão pensar que você é ingênuo, ou fraco de caráter, ou que raciocina devagar. Mas você cometerá menos injustiças, magoará menos pessoas, comprará menos brigas, arranjará menos confusões. 

E o principal: Você vai se acostumando, pouco a pouco, a ter atitudes mais equilibradas, a discordar agradavelmente, a ter disposição para aprender. 

Jesus era manso. No entanto, era enérgico, forte, falava o que era preciso falar e fazia o que devia ser feito. Nunca foi bobo de ninguém. Mas não perdia a paciência, não perdia o domínio de si mesmo, não ficava histérico. Você é espírito imortal, como Jesus. 

A reforma íntima consiste em interiorizarmos essas qualidades tão evidentes na figura de Jesus. Só existe um modo de conseguir isso: através da tentativa. Sem tentar, você não consegue nada. 

“Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra…”


Postado no site Espírito Imortal


Os caminhos da simplicidade




Existe tal coisa como uma vida simples? O que é a simplicidade? E como consegui-la?

Na realidade, os caminhos para a simplicidade são muitos e diferentes, dependendo do estilo de vida que pretende adotar, das coisas que quer fazer e que definitivamente não quer fazer.

Nenhuma das abordagens é certa ou errada e, muitas vezes, é preferível experimentá-las todas para ter a certeza que está realmente no caminho certo.

O que é uma vida simples?

Não existe uma definição única e exclusiva da simplicidade – significa coisas diferentes para pessoas diferentes e nenhuma delas pode ser descartada. 

Há quem viva uma vida simples numa cabana de madeira no Alasca, sem eletricidade ou água, sem televisão ou internet, recolhendo a madeira do exterior para queimar, ou seja, para cozinhar e aquecer; a água do rio próximo é mais do que suficiente para beber e tomar banho. O contato com o “resto do mundo” é feito na biblioteca local, aonde chegam depois de uma caminhada ou de bicicleta, e onde há jornais e acesso à Internet. Mais simples é impossível certo?

Por outro lado, há quem viva em casas luxuosas, com mobília cara, mas em ambientes de puro minimalismo. Também se trata de simplicidade. 

Há ainda quem viva de forma muito frugal – raramente compram coisas novas, utilizando o que têm o máximo tempo possível, reutilizam sacos plásticos e garrafas, cultivam os seus próprios legumes, compram coisas em segunda mão. A frugalidade também é uma forma de simplicidade. Aliás, todos estes cenários são simples, embora não o sejam para todos.

No fundo, apenas nós podemos dizer o que é, na nossa perspectiva, uma vida simples: ter tempo para fazer as coisas que mais gostamos ou estar com as pessoas que mais amamos; poupar para poder trabalhar menos ou então para poder fazer uma grande aquisição; deixar um trabalho monótono e correr atrás dos nossos sonhos. 

As possibilidades são infinitas e muito pessoais. O mais importante é criar espaço para aquilo que pensa ser essencial à sua existência e livrar-se de tudo aquilo que não é essencial.

Para encontrar o seu caminho da simplicidade, reflita sobre como gostaria que a sua vida fosse mais simples.

Os muitos caminhos da simplicidade

Uma vez que na busca de uma vida mais simples cada pessoa procura um destino diferente, como sabem encontrar o caminho até essa simplicidade? 

Não existe uma única resposta para essa questão. Cada um de nós terá de descobrir o seu próprio caminho, embora possamos aprender muito com os outros e com a nossa própria caminhada. 

O ideal é saber, em primeiro lugar, para onde quer ir e depois determinar como vai lá chegar. Segue-se o primeiro passo, depois o segundo, terceiro... um de cada vez. 

Pode acontecer seguir um caminho diferente daquele que idealizou inicialmente ou pode até acabar num destino completamente diferente. Para ajudá-lo nessa caminhada, reunimos algumas ideias – são todas diferentes e algumas até contraditórias, por isso, não devem ser encaradas como um todo... até porque cada uma representa um caminho diferente. São uma inspiração para o seu ponto de partida, viagem e chegada.

Devagar se vai longe. Não precisa de correr para conseguir uma vida mais simples. Inspire, expire e dê um passo de cada vez. Desfrute de todo o processo.

Mude, drasticamente. Por vezes, pode ser extremamente revitalizante dar uma enorme reviravolta à sua vida. Virar uma página, começar de novo. Ora, isso pode significar mudar-se para uma casa nova e levar apenas as coisas que para si têm mais valor. 

Pode também implicar mudar de emprego, para fazer um trabalho que realmente gosta. Pode simplesmente incluir uma limpeza a fundo da sua casa, com a remoção de tudo aquilo que está a mais. Pode ainda significar uma redução drástica de todos os seus compromissos, deixando apenas aqueles que mais o entusiasmam.

Lembre-se daquilo que é importante. Porque que motivo quer simplificar a sua vida? É para arranjar tempo ou espaço para as coisas que adora? Se sim, saiba identificar essas coisas e mantê-las bem presente durante todo este processo. 

Por outro lado, quer simplificar a sua vida para poder reduzir os seus níveis de stress e viver mais tranquilamente? Então, lembre-se que é este o seu caminho para a simplicidade.

Adote as mudanças gradualmente. Para evitar o medo e a ansiedade que estão muitas vezes associadas às grandes mudanças, é importante que adote um novo hábito ou introduza uma nova alteração na sua vida um de cada vez – assim será mais fácil atingir os seus objetivos a longo prazo. Embora cada passo possa parecer muito pequeno, com o tempo vão somar-se e o progresso vai ser notório e menos difícil de atingir.

Experimente diferentes tipos de simplicidade. Não precisa de se cingir a um único caminho. Experimente a frugalidade, o minimalismo, a cabana na floresta, esquecer todas as suas responsabilidades por um dia e passá-lo a passear na praia. Só assim poderá ver qual o melhor caminho para si.

Junte-se a uma comunidade. Existem milhares de comunidades online e até mesmo na sua cidade que se dedicam ao mesmo objetivo comum. Pode ser o saber poupar, viver com menos ou ser mais amigo do ambiente. Será, certamente, um apoio precioso.

Faça uma avaliação. É importante recuar e avaliar a sua vida em geral: está a viver a vida que sempre sonhou? Como gostaria de viver então? Que progressos tem feito nesse sentido? O que ainda falta fazer? Como vai fazê-lo? Quando? Este momento de reflexão é fundamental no início da busca do seu caminho de simplicidade, mas também à medida que o vai percorrer.


Postado no site Estado Zen