Você é do tipo que não leva desaforo pra casa? Você reage impetuosamente quando se sente desrespeitado ou ofendido? Certamente você conhece a lei mosaica, que diz “olho por olho, dente por dente”. Muitas pessoas seguem à risca esse princípio. Devolvem tudo na mesma moeda.
Esse é o comportamento ditado pelo orgulho. O grande mal da humanidade, o defeito por excelência, que nos mantém presos à Terra, purgando reencarnação após reencarnação os males provocados por sua prática. A prática do orgulho é que nos faz agir impetuosamente quando nos sentimos atingidos em nosso ego.
Por nosso grau evolutivo, pelos costumes arraigados em nossa sociedade, a mansidão de comportamento é confundida com ingenuidade. No entanto, a mansidão é uma das bem-aventuranças citadas por Jesus no Sermão da Montanha. É que o mau observador pensa que o manso é fraco, sem atitude.
Você já viu um cavalo xucro, que não foi domado? É a imagem viva da bravura, da intrepidez. É uma força desgovernada. Depois de domado, o cavalo fica manso. Perde ele suas qualidades de força, vigor, bravura, agilidade, coragem? Não! Só que então essas qualidades podem ser direcionadas. Sua força está sob o controle do cavaleiro. Isso é a qualidade de ser manso. Aliás, a palavra mansidão vem do latim e quer dizer exatamente isso: estar acostumado à mão; se referindo aos animais domesticados pela mão do homem.
Isso é ser manso. Ter o domínio da sua própria força. Ter o controle das suas emoções. Quem é manso tem suas reações plenamente controladas diante das pessoas. Quem é manso tem a capacidade de escolher a reação mais adequada para cada circunstância. Você conhece qualidade mais forte? Conhece prova mais evidente de grandeza interior, de autodomínio? Você acha que pode confundir mansidão com fraqueza ou ingenuidade?
Como qualquer outro traço de caráter, só vamos interiorizar a mansidão depois de muito praticá-la. E podemos fazer isso no dia-a-dia. Cada vez que você perde a paciência com uma injustiça, real ou imaginária, você está agindo por impulso. É o seu orgulho animal que está no comando. Ser manso não é sofrer injustiças calado. É ter frieza de ânimo para buscar a melhor solução. Se você calcular o custo/benefício de todas as vezes em que você se vê confrontado com situações antagônicas, vai chegar à conclusão de que quase sempre vale mais a pena ficar calado.
É o mau atendimento no restaurante, é alguém furando a fila no banco, é o preço errado no produto do supermercado, é o motorista que fecha a sua frente, é o colega preguiçoso, é o vizinho barulhento, é o filho, marido, mãe, cunhada, que interpreta mal alguma coisa que você fez ou disse. Tudo isso são coisas que fazem com que você se sinta injustiçado e queira colocar as coisas no seu lugar. Você quer ter os seus direitos respeitados.
Você pode discordar disso tudo sem se exasperar, sem cometer mais injustiças, sem tomar atitudes precipitadas que o levem a se arrepender depois. Se amanse! Aprenda a dominar sua força, aprenda a controlar suas emoções!
Espere três ou quatro segundos antes de reagir a uma situação que o desagrada, antes de responder a alguma coisa que não soou bem aos seus ouvidos. Não se precipite!
Você vai passar por bobo algumas vezes, vão pensar que você é ingênuo, ou fraco de caráter, ou que raciocina devagar. Mas você cometerá menos injustiças, magoará menos pessoas, comprará menos brigas, arranjará menos confusões.
E o principal: Você vai se acostumando, pouco a pouco, a ter atitudes mais equilibradas, a discordar agradavelmente, a ter disposição para aprender.
Jesus era manso. No entanto, era enérgico, forte, falava o que era preciso falar e fazia o que devia ser feito. Nunca foi bobo de ninguém. Mas não perdia a paciência, não perdia o domínio de si mesmo, não ficava histérico. Você é espírito imortal, como Jesus.
A reforma íntima consiste em interiorizarmos essas qualidades tão evidentes na figura de Jesus. Só existe um modo de conseguir isso: através da tentativa. Sem tentar, você não consegue nada.
“Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra…”
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