Como se alimentar antes e depois dos exercícios



Alimentação é aliada para reparar danos musculares e proporcionam energia para realizar as atividades


Amanda Epifânio Pereira 


Muitas promessas do começo do ano, foram sim colocadas em prática. Ter um estilo de vida mais saudável, comer melhor e praticar atividade física faz parte do projeto do novo ano e tem muita gente realmente envolvida em levar adiante essas mudanças. 


Mas apesar da boa vontade muitos ainda não conseguiram bom resultados. A resposta pode estar na alimentação. Cuidados com a alimentação antes e depois do treino ajudam na busca do peso ideal e na performance do exercício. 

É muito importante saber que se o objetivo inicial é perder peso, a alimentação deverá ser hipocalórica, ou seja, o consumo alimentar deverá ser inferior ao gasto. 

Mesmo com o treino, se não houver redução do consumo alimentar, não haverá emagrecimento. Assim, o treino não deverá ser realizado por período superior a 60 minutos. Um corpo que recebe menos energia do que gasta, não terá estoques de energia para muito tempo. 

Adequar a alimentação, tempo e tipo de treino é muito mais eficiente do que ficar horas nas academias. 

A definição do que comer antes e depois costuma ser uma dúvida comum entre praticantes de academia e, frequentemente, encontramos erros que podem comprometer seriamente os resultados. 


Treinar em jejum, por exemplo, gera emagrecimento, mas não poupa massa muscular. O treinamento eficiente é aquele promove justamente o contrário, preserva massa muscular e queima a gordura localizada. 

Os carboidratos são os nutrientes essências antes dos treinos, principalmente aqueles de ação mais lenta ou carboidratos complexos. São eles os responsáveis por gerar energia para o corpo humano. 

Quando conseguimos fornecer a energia adequada para organismo ajustamos o metabolismo para melhorar e eficiência da queima de gordura. Assim, antes do treino seja pela manhã, tarde ou noite, o alimento mais indicado para o consumo são os derivados de carboidratos. Pode ser o pão, cereal ou a batata doce que ganhou um destaque extra nos últimos meses.


As frutas possuem carboidratos de ação rápida, por isso não são indicadas no pré-treino, principalmente quando realizado pela manhã. 

No pós treino a alimentação tem o papel de reparar os danos musculares causados pelo esforço do exercício. As proteínas sãos os únicos nutrientes capazes de fazer tal reparo. Mas não agem sozinhas. Elas precisam da energia vinda dos carboidratos, principalmente aqueles que agem imediatamente, como as frutas. 

Isso significa que deve existir a combinação entres os dois nutrientes. O horário de treino é o que definirá a melhor oferta proteica oferecida no pós-treino. 

A intenção é sempre manter as recomendações nutricionais próximas ao hábito alimentar de cada pessoa, e não somar uma refeição extra ao cardápio. 

No retorno do treino realizado pela manhã, o leite, preferencialmente magro, é a melhor proteína para restaurar os danos musculares. Se for batido com uma fruta, a combinação carboidrato e proteína ficam perfeitas. Quem tem alguma intolerância ou rejeição ao leite, pode consumir o ovo, que pode ser acompanhado por pão ou torradas. 

Treinos realizados no meio da manhã ou no final da tarde devem ser seguidos por refeições completas, almoço ou jantar. As proteínas provenientes dos animais (carne bovina, frango, peixe ou ovo) são as maiores aliadas do pós-treino. A oferta de carboidrato é fundamental, nesse caso pode ser arroz, batata, batata doce, mandioquinha, entre outros. O ajuste das porções é fundamental para alcançar os melhores resultados. 

O uso de suplementos nutricionais deve ser utilizado após análise adequada do treino e das recomendações alimentares diárias. A utilização sem recomendação pode trazer prejuízos à saúde e influenciar os resultados relacionados ao peso. Um profissional nutricionista deve sempre ser consultado antes do uso de suplementos. 

Não há dúvidas dos benefícios para saúde que atividade física traz. Aliada à boa nutrição o ganho é enorme. Peso normal, coração forte e longevidade garantida. Força para todos que resolveram mudar suas vidas e já estão nesse caminho há algum tempo. Que os bons resultados possam cativar aqueles que ainda não começaram! 




Amanda Epifânio Pereira - Nutricionista Especialista do Minha Vida


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A transição planetária




Morel Felipe Wilkon

Muitos conhecimentos difundidos pelo espiritismo já eram conhecidos antes da codificação de Allan Kardec, iniciada em 1857. Noções de reencarnação, imortalidade do espírito, poder do pensamento, tudo isso já era conhecido por alguns estudiosos privilegiados. Mas misturados com muita superstição.

Mas há um conceito inovador trazido pelo espiritismo. É o fato de que tudo o que há no mundo material é apenas cópia do que existe no mundo dos espíritos. Tudo começa no astral, somente depois é que vem pra cá. É assim com as invenções, com a tecnologia, com as grandes ideias. 

Todos os grandes movimentos políticos ou religiosos, todas as mudanças culturais, toda inovação nos costumes, tudo é antes planejado pela espiritualidade.

Trago essa reflexão pra abordar um tema muito comentado hoje em dia no meio espírita. A transição planetária. Muitos espíritos estão tendo sua última oportunidade de adaptação ao nosso planeta. Os que não conseguiram se ajustar à Terra estão sendo exilados em outros planetas. Para esses espíritos, o outro planeta será o mesmo que uma prisão.

Essa informação pode parecer estranha, por isso fiz questão de lembrar que a vida material na Terra imita o mundo dos espíritos. Se você acha estranho um espírito ser exilado num planeta distante, é porque pode parecer fantasiosa a existência de prisões no espaço. Mas só seria estranho se essa ideia fosse copiada da Terra. O que ocorre é o contrário; tudo na Terra é apenas um reflexo do que existe no mundo espiritual. Se há prisões aqui, é uma ideia copiada de lá.

A verdade é que a Terra se aproxima de dias melhores, há muito tempo esperados. Se compararmos com tempos atrás, já estamos muito melhores. Claro que não é essa a visão que a televisão passa. Televisão vive de vender tragédias e baixaria. Nós ainda temos algo de mórbido que se deixa atrair por desgraças e más notícias.

Ainda estamos longe do ideal, mas já é possível notar que nos encaminhamos para um mundo de menos preconceitos, menos injustiças, menos ódio; mais aceitação, mais compreensão, mais boa vontade. Perfeito não vai ficar; você sabe disso. A Terra está deixando de ser um planeta de expiações e provas para se tornar um planeta de regeneração. A dor vai continuar sendo uma das principais ferramentas de aprendizado.

Talvez seja mais animador se analisarmos como era a Terra quando chegamos aqui. Você e eu provavelmente chegamos à Terra antes do início da civilização. 

Nós fomos os responsáveis pela civilização, por tudo o que se fez, por tudo o que se construiu, por tudo o que se descobriu neste planeta. Estamos aqui há milênios. A cada reencarnação damos um passo na nossa escalada evolutiva, e a Terra nos abriga nesse processo.

Tudo o que há na Terra foi feito por nós. Levamos milênios para chegar aonde chegamos. Tudo indica que viemos pra cá como medida de reajuste. Alguns preferem dizer punição.

Esse mesmo reajuste é o que irão enfrentar os espíritos que serão exilados. Terão que recomeçar do zero num planeta inóspito. Do mesmo jeito que era a Terra quando viemos pra cá.

Imagine ter que descobrir o fogo de novo? Inventar a roda, a agricultura, as ferramentas, tudo de novo? 

Talvez você não dê o devido valor às torneiras da sua casa. Basta girar um pouco a mão para que saia água limpa e potável. Você já parou pra pensar quanto tempo foi necessário para chegarmos a esse ponto? Talvez você não perceba o quanto é cômodo apertar um botão, à noite, e ter luz dentro da sua casa. Quantos milênios foram precisos para que isso acontecesse? Estou citando apenas as comodidades mais básicas, que grande parte da população tem à sua disposição.

Quem for exilado terá que começar tudo de novo. Ao mesmo tempo em que serão punidos por suas faltas na Terra, servirão de instrumento de progresso para esses mundos e seus habitantes, muito mais atrasados do que os da nossa querida Terra. 

A vida por aqui ficará muito boa, e quando eu voltar na próxima encarnação muitos problemas que enfrentamos hoje não existirão mais; pertencerão ao passado. Espero encontrar você aqui, da próxima vez.



Morel Felipe Wilkon     Morel Felipe Wilkon

Os artigos escritos por mim expressam a minha opinião. Baseiam-se nos conhecimentos do Espiritismo, no Evangelho de Jesus e em meus próprios conhecimentos e experiências. Não aceite minha opinião sem se questionar. Reflita. Comente. Compartilhe.

Postado no site Espírito Imortal


Moda feminina : tendências para o Natal e Réveillon 2014 - 2015


Elisabetta Franchi.Spring-summer 2015.

Elisabetta Franchi.Spring-summer 2015.

Naeem Khan.Spring 2015.

Elisabetta Franchi.Spring-summer 2015.


Tendências de moda para réveillon 2015 – Veja quais são as tendências de moda para o réveillon 2015 (Foto: Divulgação)

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Crack : tudo o que sabíamos sobre ele estava errado




Denis Russo Burgierman e Cristine Kist, publicado originalmente na Super Interessante

“Por que eu estou aqui de jaleco branco, enquanto esse sujeito está fumando crack?”

Foi essa a pergunta que surgiu na cabeça do neurocientista Carl Hart, em 1998, enquanto ele tomava notas de suas observações para a pesquisa sobre efeitos do crack que estava realizando no Hospital da Universidade Columbia, em Nova York.

Hart era um cientista respeitável de Columbia, com três pós-doutorados, o primeiro negro a ser contratado como professor titular na área de ciências desta que é uma das melhores e mais tradicionais universidades americanas.

O homem à sua frente era negro também, também na quarta década de vida, embora sua expressão indicasse muito mais idade. Era um vendedor ambulante, que tinha o hábito frequente de fumar crack nas ruas de Nova York, e que tinha concordado em participar da pesquisa em troca de droga grátis e algum dinheiro.

Os dois não poderiam estar em situação mais diferente. Mas Hart sabia bem que, por pouco, ele próprio tinha escapado do destino do outro. É essa a história que ele conta no livro Um Preço Muito Alto, que demole vários mitos sobre o crack.

Como ele escapou

Nos anos 80, quando estava no ensino médio, num bairro pobre de Miami, o pai alcoólatra, a mãe desequilibrada, cada um numa casa, a vida sem perspectivas, Hart traficava maconha. Ele circulava com um fuzil no porta-malas, ameaçava brancos que se aventurassem pelo bairro, roubava baterias de lojas de autopeças e televisores da casa dos vizinhos.

Por sorte (e por ser jogador de basquete e futebol americano e, portanto, correr bem), nunca foi pego. Se fosse, a ficha suja acabaria com suas chances de sucesso. A maioria das pessoas à sua volta – amigos e família – saiu-se pior. Uns se afundaram no crack, outros mofaram na cadeia. Um morreu com um buraco de bala numa execução na rua.

Hart usou drogas e tomou todas as decisões erradas possíveis. Mas encontrou um caminho para uma vida produtiva, de pagador de impostos e educador da juventude. “Foi sorte”, admite. Mas não só sorte. Hart se salvou agarrando-se a oportunidades que apareceram.

Primeiro: ele tinha jeito com matemática – e descobriu ainda adolescente o prazer de ser bom em algo.

Segundo: teve na família algumas referências sólidas de valores. Uma avó ensinou-lhe a ética do trabalho duro, outra transmitiu-lhe a importância de obter uma educação. Graças a isso, quando terminou o ensino médio e se deu conta de que o sonho de ser atleta profissional não passava de ilusão, ele teve forças para entrar na Força Aérea. No quartel, pôde começar uma faculdade, viajar o mundo e conhecer algumas referências de negros de sucesso, algo que não existia em seu bairro.

Terceiro: ele teve chances. Havia vagas em universidades de primeiro time para gente talentosa que viesse de uma vida miserável. Hart foi estudar na prestigiosa (e caríssima) Yale, com bolsa. Encontrou mentores que o guiaram e descobriu que, além do talento matemático, ele tinha capacidade de observação e habilidade para fazer cirurgia cerebral em ratos de laboratório. E aí uma carreira acadêmica se abriu para ele.

Ele decidiu tornar-se especialista nos efeitos do crack, para entender como a droga tinha destruído sua comunidade. E virou um neurocientista improvável, com seus dreadlocks e os três dentes de ouro, lembranças dos tempos de pobreza.

Enquanto Hart avançava na carreira, um incômodo crescia. Ao mesmo tempo em que se aprofundava nos dados científicos, ele acompanhava o debate público sobre a droga. 

Todo mundo dizia que o crack transformava pessoas em zumbis. Que era uma epidemia se alastrando. Que viciava logo na primeira vez que alguém experimentasse. Que matava em poucos anos e que transformava gente comum em criminosos.

O problema é que nenhuma dessas certezas tão repetidas estava de acordo com o que ele observava no laboratório.

“Procuram-se crackeiros”

“Procuram-se usuários de crack que não estejam dispostos a parar de fumar.” Era esse o texto do anúncio que Hart publicou num jornal gratuito de Nova York, em setembro de 1998.

Sua ideia era ousada: dar crack a pessoas que já eram usuárias e pretendiam continuar (não seria ético fornecer droga a um não-usuário ou a alguém que estivesse tentando parar). 

Dessa forma, ele poderia observar os efeitos de maneira científica, controlada, objetiva. Não foi fácil aprovar o estudo, dadas as complicações éticas e a dificuldade de financiamento para um projeto tão polêmico. Mas Hart conseguiu porque já tinha uma reputação na área e o apoio de uma universidade respeitada.

Foi assim que começou seu projeto de registrar cientificamente os efeitos do crack, em vez de acreditar no que se dizia na TV. Por meses, ele deu doses de crack ou placebo (para comparação) a vários sujeitos. Eles então eram convidados a escolher entre mais crack ou outra coisa (dinheiro, por exemplo). 

Hart percebeu que os usuários são sim capazes de tomar decisões. Se a alternativa era boa, eles abriam mão do crack.

“Como qualquer um de nós, dependentes não são sensíveis a só um tipo de prazer”, escreveu. O vício realmente “estreita o foco” – um “crackeiro” tem mais dificuldade de achar graça em outras coisas, assim como um faminto prioriza comida. “Mas o vício grave não transforma a pessoa num ser incapaz de reagir a outro tipo de incentivo”, diz. 

Mesmo na fissura, um dependente é capaz de tomar decisões racionais, quando a alternativa compensa. Ele não se transforma num zumbi criminoso.

Essa descoberta está de acordo com pesquisas feitas com ratos pelo canadense Bruce Alexander. Ratos mantidos sozinhos em gaiolas apertadas, quando recebem crack, drogam-se tanto que às vezes se esquecem de comer e morrem. Mas, se a gaiola tiver diversão, interação social e um cantinho para ficar a sós com as ratinhas, eles acabam escolhendo os prazeres alternativos e deixam a droga de lado.

O problema é que, em muitos lugares, como no bairro onde Hart cresceu, não há muitas alternativas que compensem. Dependentes de crack não são irracionais: são pessoas que não enxergam saída na vida e que optam por fugir do estado consciente, ainda que isso lhes faça muito mal e possa matá-los.

O próprio Hart escapou das drogas não porque ficou longe delas, mas porque encontrou outros interesses, que o motivaram a trabalhar duro.

“Crack não vicia muito”

Em maio último, Hart veio ao Brasil para lançar o livro. Uma noite ele participou de um debate com o médico Drauzio Varella, numa livraria de São Paulo. 

Drauzio, que passou décadas trabalhando em cadeias, deu um depoimento que chocou o público: “uma coisa que eu percebi olhando os presos é que o crack na realidade não vicia muito”.

Mas como? Não se diz que o crack vicia automaticamente, logo na primeira vez? 

Pois, segundo os dados, isso é outro mito: simplesmente não é verdade. “Oitenta por cento dos que experimentam não se viciam”, diz Hart. “Largar o cigarro é mais difícil que largar o crack”, concordou Drauzio.

Mas, para conseguir largar, é preciso ter o que Hart chama de “reforço alternativo” – uma outra opção, que seja atraente o suficiente. Por exemplo: família, uma carreira interessante, uma paixão, algo que motive a largar a fumaça inebriante.

Para as pessoas que estão na rua, sem perspectiva, não há reforço alternativo. Ficar sem crack, para eles, é pior, porque obriga-os a conviver de cara limpa com a sujeira, a desesperança, a violência.

Por isso que, embora crack seja usado por gente de todas as classes e etnias, os brancos e os de classe média geralmente não se viciam, porque têm algo a mais a esperar da vida. Quase sempre quem se dá mal são os mais pobres, os que vêm de famílias desestruturadas e os membros de minorias raciais.

Hart sabe disso não só pelas suas pesquisas, mas por sua história. “É impossível crescer num mundo que despreza pessoas que têm a sua aparência e não sucumbir secretamente à insegurança”, escreveu. 

Ele próprio acreditou que, por ser negro num bairro pobre, jamais poderia aspirar muito. Mas, à medida que portas foram se abrindo e ele foi entrando, Hart recebeu “reforços positivos”, que foram condicionando-o a continuar tentando. É psicologia básica.

Os dados ajudam a enxergar a desigualdade racial dos danos ligados ao crack. Nos EUA, 52% dos usuários são brancos, enquanto só 15% são negros. Mas, entre os que acabam sendo presos, 79% são negros e só 10% são brancos.

No Brasil também, a imensa maioria de quem chega ao fundo do poço é negra ou mestiça. Segundo uma pesquisa recente da Fiocruz, 80% da população das chamadas cracolândias tem pele escura.

“Acho ofensivo vocês brasileiros chamarem as cenas de uso de cracolândia”, disse Hart na livraria. “Passa a ideia de que tudo o que acontece lá é por culpa do crack. E não é. O que está acontecendo lá é desespero, é racismo, é pobreza. O crack não cria a pobreza.” Na realidade, o uso excessivo é consequência, não causa, das cenas degradantes.

Outra ideia disseminada é a de que há uma “epidemia” de crack. Segundo Hart, trata-se de outro mito. 

Os números da Fiocruz mostram que há 370 mil usuários de crack nas capitais do País. Se extrapolarmos esse número para todas as cidades do Brasil, chegaríamos a 700 mil usuários – número provavelmente exagerado porque o crack ataca mais as cidades grandes. É muito, mas longe de ser uma epidemia – não chega a 0,4% da população. E não está crescendo de maneira explosiva.

Há sim um alastramento do vício em crack entre os mais pobres, desestruturados e desesperados. Mas isso não vira epidemia porque o vício não se alastra para fora desses grupos.

Como vencer?

O Brasil tentou vencer o crack com repressão. A polícia prendia os usuários que viviam na rua, queimava seus barracos improvisados, levava-os algemados a um tratamento compulsório. O resultado foi que as cenas de uso, antes concentradas, se espalharam por toda parte. As pessoas que eram forçadas a se tratar podiam até parar por algum tempo, mas, sem “reforço alternativo”, acabavam voltando para a rua. 

Afinal, sempre haverá um beco escuro para se drogar. E sempre haverá uma pedra de crack para comprar, já que é impossível vigiar toda a imensa fronteira entre a Amazônia brasileira e os países produtores de cocaína – Bolívia, Colômbia e Peru.

Como todo mundo diz que crackeiros são “zumbis”, eles próprios acabam muitas vezes acreditando nessa visão, e se julgando incapazes de escapar- aí não têm motivação nem para tentar. Assim, as cracolândias vão ficando maiores e mais comuns. Foi o que aconteceu nos últimos 15 anos no Brasil.

Ultimamente, algumas cidades começam a se dar conta disso, inspiradas por experiências de outros países.

Em São Paulo, 2014 começou com uma nova estratégia na região da Luz, a primeira cracolândia brasileira. A ideia central do programa Braços Abertos é tratar as pessoas vivendo na rua como gente. A prefeitura disponibilizou chuveiros, passou a oferecer atendimento médico, cedeu quartos em pequenos hotéis da região a 400 dependentes que queriam melhorar de vida, e agora está ajudando-os a regularizar seus documentos.

Vários dos ex-moradores da rua passaram a trabalhar na varrição das vias, com remuneração. O resultado é um ambiente um pouco menos degradante. Cento e vinte dos usuários já têm carteira de trabalho. Quarenta deles estão prestes a conquistar um emprego, fora dali. Reforço positivo.

Numa segunda de manhã, vou passear pela região. Entro em alguns dos hotéis: simples, mas dignos. Ando pelas ruas e vejo, aqui e ali, alguma beleza. Converso com as pessoas. Há muitos problemas ainda – desconfiança mútua entre usuários e governo, rivalidade entre a prefeitura (do PT) e o Estado (do PSDB), dúvidas quanto à qualificação de quem trabalha no programa. Mas o número de usuários na rua diminuiu, a sensação de segurança aumentou. Há alguma esperança no ar.

Mundo real

Quando chegou ao Brasil, Hart avisou que não veio para cá apenas para conversar com médicos. Queria ver o mundo real. Foi visitar uma das cenas de uso de crack mais terríveis do Brasil: a cracolândia da favela de Manguinhos, no Rio, um canto que a própria favela segrega.

No última dia dele em São Paulo, ofereço uma carona até o aeroporto. Foi o único horário que consegui em sua agenda, em meio a reuniões, debates em livrarias e visitas a cracolândias. Pergunto se ele se chocou com o que viu. Ele não parecia surpreso. “É a mesma cena de pobreza no mundo todo”, diz.

Pergunto se ele não tem medo de que a exposição de sua vida pessoal prejudique a carreira que ele construiu com tanto esforço. “Eu costumava ter esse medo, sim”, ele responde. “Mas já tenho 47 anos e é minha obrigação contar o que eu sei. Se eu não fizesse isso, minha consciência não me deixaria olhar no espelho.” Ele acha que boa parte de seus colegas é omissa. “A ciência já compreende há 20 anos a farmacologia do crack, mas as pessoas que sabem permanecem em silêncio.”

Hart chama a ciência de “clube de elite”, sem muito interesse pelos problemas dos negros e dos mais pobres. “Além disso, muitos cientistas se beneficiam dessa perspectiva errada, porque o governo gasta uma fortuna combatendo as drogas e esse dinheiro acaba financiando suas pesquisas.”

Assim, gasta-se muito, não resolve-se nada. Afinal, não é o exército, nem o governo, nem a polícia que vão vencer o crack. É cada usuário, cada dependente, tendo como arma apenas a vontade que encontrar dentro de si. Só o que o resto da sociedade pode fazer é oferecer incentivos que sirvam de reforço, e informação confiável que aumente sua capacidade racional de decidir melhor.

***

Mito número 1 – Há uma epidemia de crack, que transforma uma multidão de pessoas em zumbis sem vontade própria.

A verdade – Não é uma epidemia, já que ela não se alastra. E usuários não são zumbis – se têm oportunidades, são capazes de largar a droga.

Mito número 2 – O crack transforma as pessoas em criminosas, incapazes de refletir sobre a consequência de seus atos.

A verdade - O vício aumenta sim a taxa de roubos, mas metade dos dependentes tem emprego fixo e não comete crimes.

Mito número 3 - Crackeiros tornam-se incapazes de encontrar prazer fora do crack. Escravos da droga, não têm motivação para mais nada.

A verdade – Pesquisas mostram que dependentes de crack são capazes de responder a outros estímulos, se houver uma alternativa atraente.




Postado no site Outras Palavras 





Conselho Tutelar : Record se destaca com um dos mais belos trabalhos já exibidos na história da TV brasileira




Conselho Tutelar capta o espírito do tempo e ganha 2ª temporada

Bruno Viterbo

Foram cinco episódios para mostrar, mais uma vez, que a Record larga na frente na produção seriada na TV aberta. 

A Record se aproveita daquilo que sua maior concorrente não conseguiu captar: o espírito do tempo e, com isso, garantindo muito mais qualidade do que quantidade.








Com Conselho Tutelar, a Record lançou luz a um tema que é jogado para escanteio no noticiário. 


Em cinco episódios, o drama de crianças que sofrem maus tratos foram desmembrados de maneira tocante, sem ser piegas, além de expandir o tema para outros males da sociedade. 

Assim como Plano Alto, que não foi uma só uma série sobre política (leia aqui), Conselho Tutelar não foi uma série somente sobre os dramas vividos pelas crianças.


Os casos envolveram todas as camadas da sociedade: pobres, brancos, ricos, pretos, médicos, viciados, mostrando que não importa a origem social.

O drama dos viciados em crack e a falta de condições para criar os pequenos em um ambiente insalubre, a mulher que vende a própria filha, a mãe que cria a filha como um animal… 

Casos inspirados na vida real, que acontecem cotidianamente. Para ir às lágrimas foi um pulo.

Dentre todas as qualidades de Conselho Tutelar, a maior delas é, sem dúvida, o trabalho dramatúrgico realizado com aquelas crianças. Foi de uma realidade pouco vista em trabalhos desse tipo no Brasil, seja no cinema ou na TV.





A série teve fluidez e manteve a atenção até o fim. Seus episódios, densos, poderiam afugentar o telespectador. Porém, a estrutura dos episódios não davam brechas para fuga. 

Escolher dois casos por episódio deu uma outra cara a esse tipo de série (procedural). Ligadas ao gênero policial/investigativo, essas séries geralmente tratam um caso por episódio, e seus desdobramentos (a investigação, suspeitos, conclusão). 

Em Conselho Tutelar, os dois casos por dia eram intercalados com os dramas pessoais dos conselheiros Sereno (Roberto Bomtempo) e César (Paulo Vilela). O primeiro, o dilema entre proteger crianças e se dedicar à família e ao filho. O segundo, impulsivo, quer solucionar os casos para por uma pedra no passado, quando sofreu abuso sexual na infância. 

O arco dramático da série foi exposto de maneira como poucos na TV brasileira.
Não gosto muito de falar sobre a história: ela tem que ser vista em sua íntegra.

É um trabalho dos mais importantes na história da TV brasileira.

O último episódio e suas cenas finais me deixaram apreensivo. Sereno na sala do juiz Brito (Paulo Gorgulho) e César prestes a por uma pedra (literalmente) no seu passado. A tela fica preta e, aí, é anunciada a segunda temporada da melhor série já exibida na TV.




Com isso, é provável que Plano Alto não tenha uma segunda temporada, pelo menos no primeiro semestre. Gorgulho, do jeito que Plano Alto acabou, teria grande destaque. Em Conselho Tutelar, também tem um papel importante.

A série merece todos os elogios e prêmios não somente por sua qualidade de produção, mas por prestar um relevante serviço para a sociedade brasileira ao abordar um tema tão delicado e que deve ser posto em debate. Considerando que a audiência correspondeu — a série deu mais de 7 pontos —, um detalhe mais importante que isso: a #ConselhoTutelar esteve, sempre, entre os assuntos mais comentados do twitter. Uma surpresa. Uma grata e bem vinda surpresa.

No mais, fica a já aguardadíssima segunda temporada de Conselho Tutelar, e espero também que a Record olhe com carinho para uma próxima de Plano Alto. 

A emissora merece todo o reconhecimento pelo esforço em entregar produtos de qualidade e muito mais próximos de nossa realidade, e o público merece se ver na tela.


Postado no site Medium em 06/12/2014