Resgatando a criança interior



"Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus".

 Mateus 18:3 
Paulo Tavarez


O que fizemos com a nossa criança interior? Onde foi parar aquela alegria de viver? Por que tornei-me um adulto chato, rancoroso, exigente e preocupado? 

A sociedade se orienta pela disciplina, premia com elogios aquela criança comportada, quieta e introvertida enquanto pune a curiosa, alegre, extrovertida e bagunceira, com isso, estimula ações pedagógicas repressoras, voltadas para uma padronização. 

O discurso de seriedade e obediência foi amplamente aceito, transformou-se em um modelo a ser seguido e hoje faz parte do senso comum. Tudo isso por que ninguém quer lidar com a leveza, a descontração e o desprendimento que são tão comuns na infância. 

Quando não estamos atuando de forma coercitiva com nossos filhos, criamos espaços para que eles não nos incomodem, pois raramente nos damos o trabalho de entrar em seus territórios, preferimos esperar que cresçam dentro desse isolamento e não percebemos que isso cria abismos que culminam em conflitos de gerações. 

Ao nos confrontarmos, portanto, com as crianças, queremos agir de forma repressora, impulsionados por esses modelos estabelecidos - os mesmos que nos ensinaram - dessa forma, queremos que se comportem como nós, adultos, e esse é maior equívoco, pois criamos mecanismos que atuam na desconstrução de comportamentos que julgamos inadequados no convívio com eles e o resultado é que desde a mais tenra idade a criança sofre com proibições e freios de toda espécie. 

Todo esse conjunto de procedimentos acabou criando uma sociedade de androides, uniformizada, que vive totalmente dissociada da própria natureza; uma espécie de ser humano que perdeu a completa conexão com a própria alma e vive sob os comandos de um programa que desconhece, cumprindo funções programadas, buscando o seu lugar dentro de um quadro social de controle, consequentemente, grande parte da humanidade vive totalmente inconsciente desta condição de servidão. 

O filósofo Jean Paul Sartre errou ao postular que a existência precede a essência; é exatamente o contrário, nossa essência se perdeu, foi completamente subjugada por um existência escrava de regras e modelos impostos, que nos ajustam de forma perversa aos imperativos do mundo. 

Poucos consideram a possibilidade de entrar no universo infantil e buscar uma interação mais profunda com a realidade enxergada e vivida por eles, poucos julgam relevante o estado de perfeita harmonia com o Todo que expressam, preferem pensar a criança como um estágio de inocência, sem perceberem que ostentam uma inocência (ou ignorância) muito maior do próprio Ser. 

Na verdade, todos nós, em algum momento, fomos violentados por preceitos educacionais, tirados à força de um mundo onde éramos felizes e estávamos descobrindo, de forma natural e gradativa, qual era o nosso papel nesse espetáculo da existência. 

A nota triste, de toda essa história, é que continuamos, como adultos, reproduzindo o mesmo comportamento de nossos pais e mestres, seguindo uma cartilha que teima em não se renovar e com isso a roda-viva permanece dentro da mesma dinâmica distorcida. 

Resgatar o nosso espírito brincalhão, alegre e descomprometido, é algo que passa pela libertação de uma criança interior que vive presa por condicionamentos impostos pela educação. 

Não podemos culpar os pais ou o mundo externo pelo estrago feito em nossa consciência, cada um ofereceu aquilo que acreditava ser o melhor, é preciso capitular, sair da condição de vítima e buscar um novo encontro consigo mesmo. 

É preciso nascer de novo, olhar o mundo sem as complicações criadas pelo medo, deixar de julgar, classificar, separar, agir no automático, não encarar a vida como uma luta, sair desse combate e simplesmente voltar a brincar. 

Jesus nos convida a agirmos como crianças, pois sabe que esse mundo é uma ilusão, deveria ser tratado com um gigantesco playground, pois nada daquilo que podemos conceber como realidade deve ser levado muito a sério. No hinduísmo, existe uma palavra que traduz de forma extraordinária esse conceito: Leela. 

Leela significa brincadeira, representa teatro da existência, simplesmente, porque trata a vida como uma encenação, algo que somos coagidos a participar. 

A vida deveria ser tratada com menos seriedade, nada daquilo que tanto valorizamos é real, trata-se de uma simples experiência, uma ilusão, a realidade está muito além dos fenômenos materiais, a realidade está na essência não na existência. 

A realidade é uma criança que vive a nossa espera, querendo brincar. 



Postado no site Somos Todos Um


Falem do SUS… Turista dá à luz por acaso nos EUA e recebe a conta: R$ 2,4 milhões




Fernando Brito


A classe média deslumbrada, que quer comprar enxoval de bebê nos EUA – como os juízes que reclamam de não poder comprar ternos em Miami – deveria prestar atenção na terrível matéria publicada hoje em O Globo e ver aonde a gula da medicina privada pode chegar.


A turista canadense Jennifer Huculak-Kimmel, grávida, viajou com o marido para passear no Havaí. Prudente, fez um seguro-saúde com a empresa Blue Cross.

Por acaso – e possivelmente por uma infecção urinária contraída durante a gravidez – ocorreu um inesperado estouro de bolsa e ela teve de fazer um parto prematuro.

Até aí, algo infelizmente não muito raro e perigoso para mãe e bebê.

Mas o “original” veio depois, quando recebeu a conta da internação que, como é comum quando o prematuro tem muitos problemas, durou dois meses.

A “notinha” era de “apenas” US$ 950 mil, ou R$ 2,4 milhões.

E, claro, o tal seguro saúde não a cobriu, alegando que não fez seguro para a criança.

Deixando de lado o drama pessoal da mãe e de sua criança, é o caso de perguntar que tipo de sistema de saúde é este?

Mercantilismo total. Extorsão sobre uma criança e uma mãe fragilizados.

É isso o que queremos para o Brasil?

Mesmo para quem pode pagar – e paga, bem caro – por um parto, ainda mais numa situação de emergência, será que podemos deixar que a saúde e a vida das pessoas sejam submetidas a isso?

Claro que uma UTI neonatal é cara, mas chegar-se ao ponto de cobrar R$ 40 mil por diária?

Pesquisem e vejam como a coisa anda por aqui. Não chega a isso, claro, mas não vai ser difícil achar preços de R$ 4 ou 5 mil por dia, sem contar a equipe de médicos…

Um sistema de saúde que chega a isso não é de saúde, mas de completa doença social.

Será que isso não escandaliza os nossos médicos, que sabem que estes valores são subsidiados pelos contribuintes, pois despesas médicas são dedutíveis no Imposto de Renda?

É fácil chamar de escravos os médicos cubanos que vêm trabalhar por salários modestos. Difícil é chamar de mercenários quem faz coisas como estas com um criança recém-nascida, prematura, em sério risco de morte.

Podem achar que são deuses. Mas só podem mesmo ser demônios, os que fazem isso.



Postado no blog Tijolaço em 20/11/2014


Esquilo esperto leva câmara GoPro e ...









Interestelar já tem um lugar garantido nas listas de melhores filmes do ano




Interestelar é possivelmente um daqueles filmes especiais que irão amadurecer bastante após as revisões, e especialmente com o passar do tempo. 

E justamente por isso, desde já, é preciso reforçar que é uma completa perda de tempo entrar em discussões sobre “qual sci-fi é o melhor”, assim como aconteceu no ano passado com o lançamento do badalado Gravidade, de Alfonso Cuáron.

Em Interestelar, o planeta Terra foi vítima de uma praga que atingiu a agricultura e causou fome e miséria ao redor do planeta. A sobrevivência se torna uma luta contra o relógio e não existe esperança do governo solucionar o problema. Prova disso é que as crianças são educadas para acreditarem que o homem nunca pisou na lua e que a NASA é uma fábrica de mentiras tão como Hollywood.

Cooper (McConaughey) é um ex-piloto que mora com seu sogro (John Lithgow) e seus dois filhos, mas tem pesadelos diários que o fazem ter certeza que ainda há algo no mundo para ele fazer. Um senso de urgência o que o cega para as coisas realmente importantes. Sua oportunidade surge num belo dia, e ele se descobre no meio de uma expedição para procurar um novo planeta para assegurar a sobrevivência da humanidade.

Originalmente, o plano era que Steven Spielberg dirigisse o longa-metragem. Tanto que existem muitos detalhes comuns para o universo “Spielbergiano”, como uma relação conflituosa entre pai-filhos (provavelmente, na versão original o conflito era todo entre pai e filho, e não com pai e filha), além do desejo de se encontrar e fazer algo pelo mundo. 

No entanto, Jonathan Nolan e seu irmão reescreveram o projeto após a desistência do Midas da indústria e deram início a um projeto ambicioso sobre questões relacionadas à ciência e fé. Já que citei Gravidade (que realmente se apoia muito na reconquista da fé pela sua protagonista) em Interestelar existe uma motivação constante em desvendar os “fantasmas”, em encontrar as respostas.

Em diversas cenas, Nolan faz questão de nos situar sobre nossa verdadeira importância no universo: diante a grandeza da nossa galáxia, até mesmo uma enorme nave espacial se torna um mosquito. Somos insignificantes e predestinados a sofrer pelas consequências de nossos excessos ou apenas pela nossa incompetência diante as decisões da natureza, do destino, da vida.

Por mais de uma vez, a câmera apresenta uma nave sendo representada praticamente por um pontinho que parece como uma formiguinha passeando num Cebolitos avantajado (no caso, o planeta Saturno). Para todos que costumam dizer que o cinema de Nolan peca pela frieza de seus personagens, eis uma boa resposta: não há motivos para ser diferente. Assim como acontece em Contatos Imediatos de Terceiro Grau, o roteiro apresenta um pai que abandona seus filhos por imaginar que possui uma “missão” maior do que o amor e questões familiares.

A insignificância humana fica ainda mais explícita na melhor parte do filme. Após discutirem sobre as consequências de seguirem determinada rota para investigar um sinal vindo de um planeta aquático, a equipe de cientistas descobre o que é um tsunami de verdade. 

Com um trabalho excepcional da equipe de som e efeitos visuais, essa sequência apresenta um enorme paradoxo: como pode um lugar tão tranquilo ser tão perigoso? A última cena nesse planeta responde a pergunta com o mesmo fato óbvio que o roteiro tenta nos dizer o tempo inteiro: estamos fadados à extinção.

Matthew McConaughey continua aproveitando o melhor momento de sua carreira. Depois do Oscar por Clube de Compras Dallas, uma participação genial em O Lobo de Wall Street, e protagonizar a série True Detective, o ator volta a trabalhar com ficção-científica depois de quase 20 anos do lançamento de Contato. Cooper é um personagem destinado a lidar com suas próprias insatisfações, ainda que isso signifique passar por cima do amor de seus filhos.

Para ele, o importante é se sentir útil. Poder fazer alguma coisa prática para o bem do mundo. McConaughey entende isso muito bem e dá intensidade para Coop nos momentos certos. É o bastante para dizer que temos mais uma atuação inesquecível de um dos atores mais requisitados dos últimos dois anos, e podemos até fazer pensamento positivo para possíveis indicações a prêmios.

Acompanhando o ator temos Anne Hathaway (numa espécie de sósia de Sandra Bullock em Gravidade, inclusive com um corte de cabelo semelhante), Michael Caine (que mesmo se mantendo na sua zona de conforto é capaz de nos emocionar e surpreender), Casey Affleck (apesar do curto tempo em cena, o seu personagem é um dos mais interessantes do filme. O seu olhar de rancor, de medo, de quem está simplesmente puto por ser incapaz de fazer algo pela sua família, é arrepiante), e Jessica Chastain (com leveza e naturalidade, ela é outra que se destaca positivamente nesse elenco. E nem parece se esforçar para isso).

Mais do que criar uma das principais obras cinematográficas de 2014, Christopher Nolan criou um daqueles filmes básicos para se conhecer um gênero.

Sem querer entrar na inevitável zona de comparações e cometer equívocos imperdoáveis classificando em ordem de importância, Interestelar garantiu o seu lugar num hall de obras como 2001, Solaris, Contato, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, dentre outros clássicos indispensáveis da história da ficção-científica.

Ao invés de perdermos tempo erguendo bandeiras e/ou revelando nossos fetiches por determinado diretor, é preferível somar todas essas referências e observar cada uma delas com outro olhar para compreender melhor as homenagens prestadas em Interestelar. 

Recomendo que todos vejam o filme com os olhos de quem está apenas prestes a embarcar numa jornada espacial, e que ao chegar em casa depois dessa viagem, você certamente terá muito o que refletir sobre sua própria vida, suas escolhas e sua família.





Postado no site Diário do Centro do Mundo em 17/11/2014


Tipos de crianças sob a ótica reencarnacionista



Mauro Kwitko


A noção da Reencarnação traz um entendimento a respeito da personalidade, características e tendências observadas nas crianças, completamente diferente do que a Psicologia tradicional, não-reencarnacionista, aborda e utiliza.

Sob a ótica da Reencarnação, uma criança é um Espírito que reencarnou e que é, simplesmente, a continuação de si mesma da encarnação anterior, e esta, das anteriores. 

Podemos, então, a partir desse pressuposto, iniciar um estudo dos tipos de crianças do ponto de vista reencarnacionista, que, certamente, expande enormemente a compreensão a respeito do assunto. Por que cada criança é diferente das outras? Por que irmãos são, muitas vezes, tão diferentes entre si? 

A Psicologia tradicional, herdeira da crença não-reencarnacionista advinda da decisão católica do II Concílio de Constantinopla de 553 d. C., atribui essa circunstância a fatores genéticos, hereditários e ambientais, quando a explicação para isso é muito simples ao entendermos um dos pilares básicos da Psicoterapia Reencarnacionista, a Personalidade Congênita, que diz simplesmente que "Somos como somos pois nascemos assim", e aí, então, podemos pretender entender, até onde é possível, os diversos tipos de crianças e suas características de personalidade. 

Vamos analisar alguns tipos de meninos e de meninas à luz da Reencarnação:

1. Meninos que foram homens na encarnação anterior

a) E tinham características de "macho", baseadas na força física. Esses meninos que nasceram masculinos, provavelmente, foram desse gênero sexual em várias vidas passadas e trazem esse hábito, uma tendência a serem autoritários, dogmáticos, fortes fisicamente, apreciarem esportes em que esses valores tenham importância, aventuras, correr riscos, competições egoicas, vencer os demais, exibicionismo, machismo, hipersexualidade. 

Do ponto de vista evolutivo espiritual, talvez venham reencarnando para minimizarem essas características e tornarem-se mais femininos, mais gentis, mais sensíveis, mais delicados, e os pais que eles escolheram para essa atual encarnação podem auxiliá-los nesse objetivo. 

Dependendo das Leis Divinas que regem a aproximação entre Espíritos ao reencarnar, que recebem então os rótulos de "pai", "mãe" e "filho", as características dos eleitos pais podem facilitar ou retardar esse objetivo.

b) E tinham características mais intelectuais do que físicas. Esses meninos tendem a ser mais estudiosos, compenetrados, reservados, apreciarem esportes e atividades mais mentais do que corporais, destacarem-se nos estudos e optarem por atividades e, mais tarde, por profissões que priorizem o intelecto. 

Talvez tenham reencarnado para libertarem-se um pouco do jugo do intelecto sobre as emoções e seus pais podem colaborar nesse projeto, dependendo de sua própria Personalidade Congênita.

c) E tinham uma vida solitária, ensimesmada, mais espiritual. Esses meninos tendem a se isolar, gostarem do silêncio, terem poucos amigos, serem mais calados, com frequência são respeitosos e formais.

Por uma sensibilidade exacerbada em relação à vida terrena, podem confundir paz com isolamento e seus pais podem ajudá-los a encontrar um ponto de equilíbrio, em que a paz que buscam seja encontrada também na convivência com as pessoas.

Os ambientes espirituais, as práticas meditativas, os estudos mediúnicos, a Yoga, podem fazer com que esses meninos percebam que podem encontrar a paz interior em meio à agitação e ao ruído externos.

d) E tinham hábitos autodestrutivos, como entregarem-se para a depressão, tendência suicida, alcoolismo, tabagismo, uso de substâncias. Como, de uma encarnação para outra, só mudamos de "casca", os eleitos pais desses Espíritos podem detectar essas tendências precocemente e ajudá-los a curar-se delas. Se um dos pais também tiver essas tendências, o seu exemplo poderá servir para aflorar ainda mais o que seu filho traz de tendências negativas consigo do passado.

e) E tinham hábitos excessivamente terrenos, materialistas. Esses meninos, desde pequenos, demonstram que dão preferência aos bens materiais, à aparência, à busca de excessivo conforto ou luxo, o prazer pessoal, muitas vezes, atitudes desonestas, de levar vantagem sobre as outras crianças, podendo demonstrar até tendências psicopáticas.

A classe social da família que escolheram para reencarnar pode determinar a atitude que escolherão para atingir seus objetivos egoicos.

2. Meninos que foram mulheres na encarnação anterior

a) E tinham características de sensibilidade, gentileza, criatividade. Esses meninos muito provavelmente terão uma enorme dificuldade de adaptação ao gênero masculino e, desde pequenos, serão mais femininos do que masculinos (segundo os padrões estabelecidos pela nossa sociedade machista), terão preferência pela companhia das meninas, gostariam de ser com elas, sofrerão bullying, e poderão, até, optar, inconscientemente, pela homossexualidade, procurando um "marido macho". 

Os seus pais, se forem reencarnacionistas, poderão minimizar um provável sofrimento desse filho que não consegue entender o que acontece com ele, porque olha-se no espelho e não sente afinidade com aquele corpo masculino.

b) E tinham características de rebeldia contra a discriminação e prepotência masculina contra as mulheres naquela época. Esses meninos poderão optar pelo mesmo modelo machista que tanto condenavam quando eram mulheres no passado ou tornarem-se defensores da causa feminista pela igualdade de direitos. 

Os seus pais, sendo reencarnacionistas, poderão ajudá-los a encontrar a maneira correta de lidar com essa mudança de gênero sexual da encarnação anterior para a atual, entendendo essa dificuldade como natural pela mudança de gênero sexual de uma encarnação para outra.

c) E tinham características masculinas. Esses meninos terão fácil adaptação ao gênero masculino atual, pois eram mulheres yang na vida anterior. Provavelmente não serão trazidos a tratamento psicoterápico, estarão sentindo-se bem como meninos.

3. Meninas que foram mulheres na encarnação anterior

a) E tinham características femininas de maternidade, suavidade, doçura. Essas meninas, desde bem pequenas, revelarão essas características, adorarão brincar de boneca, e suspirarão ao imaginarem-se casadas com o príncipe encantado. 

Se na vida anterior foram casadas com um homem "príncipe encantado", ansiarão em encontrá-lo novamente, em uma busca que pode ou não concretizar-se, e com isso elas realizarem seu sonho ou passarem toda essa encarnação sentindo um vazio, uma frustração, uma busca de algo que não entendem mas que lhes faz sofrer e sentir uma melancolia e uma saudade indecifrável. 

Se na vida anterior foram casadas com um homem "sapo", nascerão tristes e magoadas, candidatas à magoa e à depressão.

b) E tinham características masculinas de autoritarismo e força física. Quase certamente não se sentirão confortáveis novamente em um corpo feminino e desde pequenas irão preferir a companhia dos meninos, esportes e atividades masculinas, querer ser com eles e até melhores, e não gostarão de olharem-se no espelho e não terem pinto. 

Talvez optem pela homossexualidade, escolham uma menina que foi uma mulher feminina na encarnação anterior, na qual sentia-se magoada com os homens daquela época.

c) E tinham uma tendência à religiosidade. Como algumas religiões confundem castidade com pureza e acreditam que essa está no hímen ou no pênis, as meninas que foram, por exemplo, freiras na vida passada, podem trazer consigo, dentro de seu Inconsciente, um conflito a esse respeito, um bloqueio na sexualidade, como se fosse uma coisa "suja" e, talvez, uma culpa por seus pensamentos "pecaminosos" naquela vida. 

Os pais reencarnacionistas, percebendo esse conflito trazido do passado, podem ajudar sua filha a encontrar a pureza em seus pensamentos e estudar o que levou certas religiões a determinarem o que era castidade e a finalidade escusa disso.

4. Meninas que foram homens na encarnação anterior

a) E tinham características de homem "macho". É praticamente o mesmo caso das meninas que foram mulheres "masculinas", mas talvez ainda mais radical. Desde pequenas querem ser como o papai, vestir as suas roupas, jogar futebol, arrotar, beber cerveja, enfrentar os costumes machistas da nossa sociedade, depreciar sua mãe, inconscientemente queriam continuar sendo como aquele homem, mas vieram mulher. 

Os pais reencarnacionistas podem entender o caráter de transição da atual encarnação e ajudar essas meninas a adaptarem-se, gradativamente, a essa nova realidade, mas não será fácil. Com alguma frequência, elas podem optar pelo lesbianismo e procurarem uma esposa dócil e submissa.

b) E tinham características femininas. A mudança de gênero sexual será bem fácil pois já vêm femininas, e provavelmente se sentirão até bem mais confortáveis nesse papel de mulher do que na vida anterior quando eram homem. Se foram um homem "feminino" que achava-se menos que os outros, terão de lidar com certas caracteristicas como sensação de inferioridade, dificuldade de impor sua vontade, submissão, etc.

c) E tinham uma tendência de isolamento, solidão. Essas meninas, além da dificuldade inerente à mudança de gênero sexual da encarnação anterior para essa, terão de lidar com essa tendência, o que será prejudicado pelo ensimesmamento, pela introversão, guardar suas coisas apenas para si. Necessitarão aprender a abrir-se e, concomitantemente a isso, a adaptarem-se ao gênero feminino, o que não será fácil.

Evidentemente, um estudo a esse respeito, como estamos propondo aqui, sob a ótica reencarnacionista, é bem mais profundo do que uma mera tentativa de classificar alguns tipos de crianças em algumas opções e sub-opções. 

Cada menino e cada menina tem uma história kármica própria, vidas passadas inteiramente diversas uns dos outros, traumas, dores psíquicas, sofrimentos, alegrias, prazeres, vitórias, derrotas, conquistas, perdas, absolutamente individuais, e que jazem adormecidas, ou não, dentro do seu Inconsciente, e que a originalidade de alguns pesquisadores do passado, o Dr. Freud como o mais conhecido deles aqui no Ocidente, anteviu como um material de pesquisa e busca de entendimento da maior importância a respeito das características demonstradas pelas crianças, incluindo a sexualidade infantil.

Esses pesquisadores que, por limitações próprias, limitaram seu campo de pesquisa à crença religiosa vigente na época, não-reencarnacionista, chegaram a conclusões superficiais, muitas vezes travestidas de uma aparente profundidade, baseadas na genética, em hipotéticas causas inconscientes como o "Complexo de Édipo" e "O Complexo de Electra" e, frequentemente, e que continua até os dias de hoje, atribuindo a responsabilidade ou a "culpa" disso aos pais e outros coadjuvantes da infância de crianças com características difíceis de entender, pela ótica psicológica oficial não-reencarnacionista.

A grande colaboração que a noção da Reencarnação traz para a compreensão a respeito dessas crianças e, principalmente, o seu braço psicoterapêutico, a Psicoterapia Reencarnacionista e a recordação de vidas passadas, chamada, por força do hábito, de "regressão" a vidas passadas, é a possibilidade, acessando o registro de algumas encarnações anteriores dessas crianças, como se fosse o Telão no período intervidas, termos a possibilidade, nós e seus pais, de entendermos o que jaz submerso em um baú fechado dentro do subsolo de sua Consciência e, com isso, podermos lidar bem melhor com essa questão, no sentido de estabelecermos uma orientação em relação a essas crianças, sem preconceito, sem crítica, sem condenação, sem nenhuma postura ou procedimento que infrinjam a Ética do Amor e do Respeito.

Esse pequeno esboço aqui apresentado é uma sinalização de algo muito maior, um campo infinito de pesquisa, entendimento e ajuda.

Mas para que essa investigação seja coerente com a Ética espiritual e não infrinja a Lei Divina do Esquecimento, é obrigatório que seja dirigida, comandada, por Seres superiores, seguindo a orientação de Kardec, no "Livro dos Espíritos", na questão 399, a respeito do Esquecimento do passado. 

Somente assim, teremos a garantia de que o acesso ao passado dessas crianças lhes será de utilidade evolutiva e um benefício para elas e, muitas vezes, para seus pais e, somente assim, o terapeuta terá a garantia de que a sua boa intenção não será um fator de agravamento para si próprio, que ficará registrado no Grande Livro do Karma, plasmado no Universo, e que atende fielmente a Lei do Retorno para quem macula suas páginas.


Postado no site Somos Todos Um


Adultizar, erotizar … vender !


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Ao suspender publicação da “Vogue Kids”, Justiça aponta:
 publicidade contemporânea tira proveito da vulnerabilidade infantil para sugerir consumo alienado e fútil


Lais Fontenelle

Mês passado, um ensaio fotográfico intitulado “Sombra e água Fresca”, de um editorial de moda da Vogue Kids envolvendo meninas em poses sensuais, foi alvo de contundentes críticas de pais, mães, pediatras, especialistas em infância, estudantes e instituições que trabalham em prol da garantia dos direitos das crianças. 


O repúdio e as denúncias a diversos órgãos competentes foram tamanhos, que acabaram acarretando denúncia formal ao Ministério Público do Trabalho. A Justiça determinou que as fotos fossem retiradas, em 48 h, de todas as mídias digitais, da revista Vogue Kids e consequentemente da Vogue (edição de setembro), na qual Vogue Kids é encartada como suplemento.

É claro que é linda a cena de uma filha se equilibrando nos saltos da mãe, passando o batom vermelho da avó ou brincando com outros elementos que permeiam o universo feminino materno e fazendo de conta que é gente grande. Brincar de faz de conta com roupas e objetos do universo adulto e experimentar trejeitos maduros é importante para o desenvolvimento e faz parte do exercício de comportamentos futuros.

Mas o que vimos nas fotos do ensaio da revista Vogue estava longe de ser brincadeira. 

As imagens veiculadas rompiam nitidamente com o limiar entre crianças e adultos, meninas e mulheres – um limiar já bastante tênue, hoje, na sociedade de consumo. 

O ensaio fotográfico trazia fotos de meninas entre sete e dez anos em poses mais que sensuais, fazendo caras e bocas costumeiras às modelos adultas mas incompatíveis com essa faixa etária. O cenário era praiano, mas as fotos não retratavam crianças brincando ou correndo felizes. Aliás, nem sorrindo estavam. Com expressões lânguidas, as meninas posaram em posições adultas, mas com expressão de fragilidade, tirando a blusa e olhando por cima do ombro ou com o corpo deitado e as pernas entreabertas.

Cabe então a pergunta: qual a real intenção do ensaio? A meus olhos, nada mais do que chamar atenção de adultos e crianças para os produtos ali “anunciados veladamente” – o que, por si só, já ataca a vulnerabilidade infantil, posto que a maioria das crianças ainda não têm, como nós, adultos, capacidade crítica e abstração de pensamento necessárias para lidar com os apelos sedutores do consumo. 

Sem falar das consequências emocionais que imagens como essas provocam no imaginário feminino infantil, levando as pequenas moças a acreditar que roupa sensual e pose erótica serão peças fundamentais para a expressão de sua identidade e aceitação social.

Não é de hoje que que as crianças são insistentemente convidadas a amadurecer precocemente e passar, num clique, de menina a mulher aos olhos da sociedade. 

Isso, num país que mapeou 1.820 pontos de exploração sexual infantil nas rodovias federais, 241 rotas de tráfico de crianças e adolescentes para fins de exploração sexual, além de 13.472 denúncias de pornografia infantil na internet e de 3.600 denúncias telefônicas de abuso e exploração sexual infanto-juvenil, apenas no primeiro semestre de 2010.

Diante desses dados, fica clara a gravidade de convidar nossas meninas à adultização e erotização precoces. 

Recente pesquisa da World Childhood Foudation (WCF) revela que 65% das meninas exploradas sexualmente declaram usar o dinheiro da exploração sexual para comprar celular, tênis ou roupas. Isso demonstra que a vulnerabilidade econômica não é mais o único fator a despertar esse tipo de violência, dividindo a cena com apelos de consumo de indumentária e aparelhos eletrônicos.

Assim, não restam dúvidas de que imagens como as do ensaio fotográfico são uma violação ao direito das crianças a ter infância – fase essencial do desenvolvimento físico, cognitivo e de valores. 

Meninas precocemente erotizadas não estão preparadas para os olhares adultos que receberão – e o mercado tem o dever e responsabilidade compartilhada de construir um olhar mais cuidadoso sobre estas crianças.

Sem esquecer o fato de que essas meninas trabalharam, ao participar do ensaio, e a legislação brasileira veda o trabalho infantil até os 14 anos, e permite trabalho artístico desde que com caráter de aprendizagem e com as devidas autorizações, de modo a garantir-se o direito da criança de ter seus interesses preservados.

Não é de hoje que fatos como esse chamam atenção da sociedade civil e de profissionais que trabalham pelos direitos das crianças. 

Em 2008, o Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana denunciou a marca de roupas infantis Lilica Ripilica, da empresa Marisol, pela veiculação de outdoor com foto erotizando uma criança, em Londrina. Depois de muitas idas e vindas, nova representação foi endereçada ao Ministério Público de Santa Catarina, sede da empresa. Em março de 2009 foi celebrado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Marisol S.A., em que a empresa comprometeu-se a não mais veicular publicidade com imagens desse tipo e a pagar multa de 20 mil reais – evidência de que, com a devida pressão, os abusos começam a ser coibidos.

Não há dúvidas quanto à importância de as crianças serem representadas na mídia, até para serem enxergadas na sociedade como sujeitos de direitos. No entanto, as produções culturais devem contribuir para o desenvolvimento infantil ou, ao menos, não prejudicá-lo. Crianças são sujeitos de direitos, e o principal deles é ter infância. 

Não façamos o convite para que as crianças, meninas especialmente, amadureçam antes do tempo. Elas precisam ser preservadas para que possam florescer no seu próprio tempo. 

Façamos valer o preceito legal de que elas são prioridade absoluta em nosso país. Será nosso maior presente no mês das crianças.


Lais Fontenelle Pereira, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio e autora de livros infantis, é especialista no tema Criança, Consumo e Mídia. Ativista pelos direitos da criança frente às relações de consumo, é consultora do Instituto Alana, onde coordenou durante 6 anos as áreas de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo.

Postado no site Outras Palavras em 14/10/2014