Jornalistas, eu os acuso!



Marcio Valley

A responsabilidade da imprensa pelo acirramento de ânimo entre petistas e anti-petistas é evidente. Estão fabricando um fosso que vai se aprofundando. Um dia será impossível a construção de pontes para o retorno à confraternização.

Ontem (18/10) publiquei um twit com a seguinte mensagem: "O antipetismo cego está se radicalizando e dividindo o país. Um dia ainda conseguem a guerra civil.”. É o que penso de verdade, mas esse pensamento não cabe em somente cento e quarenta caracteres, por isso a razão desse texto.

Estamos entrando num caminho extremamente perigoso, a partir do qual a percepção de uma parcela da população quanto à dificuldade de solução política pela via democrática começa a criar, em mentes menos tolerantes, perigosas ideias de dominação a qualquer preço, a qualquer custo.

A paz social sempre nos caracterizou, ao ponto de sermos inclusive considerados pusilânimes. Enquanto o povo argentino ou o chileno não deram trégua às respectivas ditaduras, os militares brasileiros sentiram-se totalmente confortáveis na cadeira do poder, praticamente sem resistência da população, sem contar uns poucos “chatos” que não chegaram a causar incômodo relevante.

Sempre fomos assim, um povo pacífico. Os que hoje arriscam perturbar essa paz brincam de forma irresponsável com o monstro do sonho totalitário. Fazem isso porque, ou pensam tolamente que o barulho ainda é incapaz de acordá-lo, ou são idiotas imaginado que lograrão controlá-lo.

O abismo que estão criando é capaz de engolir os dois lados.

É sábia a comparação feita pelo juiz paulista Marcelo Semer do jogo praticado pela imprensa real com aquele retratado no excelente filme “V de Vigança”, no qual, dada a ordem para a disseminação do medo pela imprensa, esta imediatamente passa a publicar somente manchetes negativas.

O objetivo? Causar medo na população, disseminar o pânico, para facilitar o caminho daquilo que apropriadamente Semer denomina de “populismo legal”, com estabelecimento de medidas apresentadas como de “segurança” e de “benefício social”, que, porém, invariavelmente envolvem severa redução das liberdades e dos direitos individuais. 

Em todo lugar, em toda a história, a escalada do medo é seguida da ascensão do canto do radicalismo conservador, com o discurso do ódio, da segregação, do preconceito, do endurecimento criminal, do conservadorismo moral, da eterna sensação conspiratória causada pela vigilância de todos por todos. Sempre envolve imensas perdas e grave retrocesso civilizatório.

Se isso ocorrer, parcela substancial da culpa deve ser atribuída a quem a merece: os jornalistas.

As empresas jornalísticas praticam a política que interessa às corporações que são suas donas, pretendem a subida de um governo mais palatável ao financismo, mais aberto ao capital especulativo. Elas apelidaram isso de “mercado”. 

Porém, embora com culpa inarredável, não teriam a facilidade que têm não fosse a extrema leniência, subserviência mesmo, que os jornalistas empregados nesses veículos inacreditavelmente demonstram. Falta honra, falta vergonha na cara para os jornalistas.

Claro que todos temos medo de perder emprego, lógico que precisamos do ganha-pão. Existem momentos, contudo, em que valores mais elevados do que a mera superação da incerteza se impõem. Não se imagina que possa um médico empregado realizar uma cirurgia com bisturi enferrujado sob o descabido argumento de que seu patrão mandou.

Da mesma forma, não poderiam os jornalistas contratados estar compactuando, como em grande parcela estão, com uma ação confessadamente orquestrada pela grande imprensa no papel de oposição, o que violenta os mais elementares princípios da informação que deveriam pautar o jornalismo.

São cúmplices desse desvario político e serão, junto com seus patrões, culpados por toda e qualquer ruptura institucional ou social que eventualmente ocorrer. São co-autores desse crime de imprensa que está dirigindo a nação para conflitos impensados há poucos anos.

No mínimo, repúdios diários das associações e dos sindicatos de jornalistas deveriam ser publicados, a cada manchete nitidamente tendenciosa.

Os professores e estudantes das faculdades de jornalismo deveriam mobilizar-se maciçamente em eventos públicos que demonstrassem, de forma inequívoca, que a classe não compactua com os objetivos das empresas jornalísticas.

Todavia, afora exemplos admiráveis de jornalistas desvinculados das grandes empresas, muitos atuando no que orgulhosamente chamam de “blogs sujos”, o que se vê é timidez, é silêncio da classe. Isso tem nome: trata-se de compactuar por omissão.

E e a partir dessa omissão, o Brasil, um país historicamente pacífico e reconhecido por essa natureza de tranquilidade social, aos poucos vai se metamorfoseando numa espécie de Bósnia da década de 1990 ou com outros países cujos profundos conflitos sociais resultaram em facções da população se auto-digladiando em busca do poder ao preço da própria destruição e da ruína do próprio país. Aos vencedores, os escombros.

Hoje, ainda nos encontramos num estágio mais brando. O que vemos é um indivíduo se achar no direito de vociferar agressões verbais a um ator que, na condição de pessoa comum e acompanhado de sua mulher, tentava fazer uma refeição num restaurante, somente porque esse ator declarou apoio a candidatura petista.

Nesse momento, a violência física chegou “apenas” à inacreditável agressão de um cadeirante que, nas ruas, exercia o seu direito constitucional de militar politicamente, sendo jogado ao chão por um descerebrado por usar um broche do partido no peito e uma bandeira na mão.

Ainda estamos num estágio incipiente (e insipiente) em que um artista, mais famoso por ter passagens na polícia do que pela arte que exerce, ao invés de simplesmente pedir votos para o candidato que apoia, entende-se no direito de atacar um colega de profissão, denominando-o de “marginal” e “acéfalo”, simplesmente por discordar da opção eleitoral do artista que agride.

Esse é o nível em que estamos atualmente. Amanhã, porém, petistas e anti-petistas poderão ser obrigados a se entricheirar em condomínios e quarteirões onde viverão livres da presença incômoda da democrática voz dissonante, mas presos no próprio espaço em que se confinaram.

Felizmente, ainda estamos longe disso. Por ora os conflitos ocorrem mais pesadamente em ambiente eleitoral. Porém, se lembrarmos que até pouco não era assim e que a escalada da violência vem progressivamente aumentando, já extrapolando do limite verbal para o físico, não há porque imaginar que um conflito interno mais grave não possa ocorrer no futuro.

Hoje agridem petistas, amanhã os petistas revidarão e isso conduzirá ao caos. Novamente invocando Marcelo Semer, o namoro com o estado policial pode ser entendido no presente como uma opção eleitoral, porém, sair dele no futuro, nunca será. Desse namoro resulta inescapável casamento compulsório do qual não se pode libertar sem muita dor, sem muito sofrimento, sem muita perda.

Essa é a responsabilidade que imputo à imprensa e, principalmente, aos jornalistas.

O abismo que está se aprofundando não resultou da queda de um imprevisível meteoro social. Ela é fruto inevitável do incansável trabalho da impensa na prática da escandalização de um lado só, das distorções da realidade, da manipulação da verdade, da ocultação criminosa de tudo que seja entendido como positivo, da disseminação da falsa ideia de que todos os problemas do Brasil possuem apenas um só nome e uma só coloração.

Enfim, o acirramento político e a escalada de violência que se testemunha é o filho degenerado de um posicionamento orgulhosamente assumido pela imprensa na voz da presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, da Folha de São Paulo, que, em entrevista ao jornal O Globo, não teve qualquer pudor em confessar que, ante a fragilização da oposição no Brasil, cabia aos meios de comunicação ocupar a posição oposicionista no país.

É preciso que os ânimos sejam serenados e que os eleitores que não desejam o PT governando entendam, de uma vez por todas, que esse partido foi alçado e vem sendo mantido no poder através de eleições realizadas de forma absolutamente democrática e que, se tiver que sair do poder, e não tenham dúvidas de que sairá um dia, esse caminho necessariamente deve passar pelo mesmo itinerário do convencimento pacífico e democrático, necessariamente pela sufragação nas urnas.

Creiam, a opção é muito pior.

Os eleitores do PT já deram demonstrações sobejas de que são mais orgânicos e militantes do que os simpatizantes dos outros grandes partidos. Eles são milhões e representam uma parcela significativa do país, quase um terço, e não podem, simplesmente, ser calados, manietados ou impedidos de escolher pelo voto os mandatários da nação. Não cabe a pretensão elitista de silenciar os nordestinos ou os cidadãos que recebem benefícios sociais.

O regime político brasileiro ainda não é, e espero que nunca seja, totalitário, ditatorial, embora aparentemente muitos assim desejem.

A cada cidadão um voto e que prevaleça a democracia. Essa é a única maneira de evitar uma convulsão social.

Esse deve ser o objetivo de cada jornalista brasileiro que entenda o poder que a manchete possui na estruturação do tecido social, no direcionamento da pauta de discussões públicas, na determinação dos sentimentos sociais capazes de conduzir para um lado, pacífico e desejado, ou para o outro, radicalizado e trágico.

Até aqui, a irresponsabilidade dos jornalistas, entendidos como classe, imperou.

É por isso, jornalistas, que eu os acuso!


Postado no site GGN Luis Nassif Online em 19/10/2014


Culpa que aprisiona



Hellen Mourão

A culpa é um sentimento básico da humanidade. Um sentimento denso, pesado e tóxico, que pode se manifestar de duas formas: uma é projetando nossos infortúnios em algum bode expiatório, ou se voltando contra nós mesmos.

A culpa é uma frustração causada pela distância entre o que não fomos e uma imagem criada pelo ego daquilo que achamos que deveríamos ter sido.

Ela aprisiona o indivíduo, que se mantém voltado para o passado e a um papel de vítima dos outros e das circunstâncias. E ficar preso dessa forma significa nunca progredir, mantendo-se atados a sentimentos de raiva, angústia e vingança, chegando até a depressão.

Além disso, a culpa é um sentimento de extrema arrogância. Ele se baseia em princípios egoicos de uma moral preestabelecida. Onde nos achamos donos da verdade, a ponto de querer definir o que é certo e errado. 

A culpa faz com que o indivíduo se submeta a uma punição para tentar se esquivar de sofrer uma punição ainda mais severa por causa do erro que cometeu, mantendo o indivíduo preso. 

Na culpa, há uma resistência em aceitar a realidade das coisas e da situação. E infelizmente as religiões judaico-cristãs reforçam o sentimento de culpa com seus dogmas aprisionantes. 

Entretanto, nos ensinamentos de Cristo vemos algo completamente diferente. E neles pode estar a chave para transformar a culpa paralisante em algo produtivo, pois Cristo não fala em culpa, mas sim em arrependimento. E esses dois termos possuem uma diferença significativa.

A palavra arrependimento é de origem grega (μετάνοια, metanoia) e significa conversão (tanto espiritual, como intelectual).

No arrependimento, há uma mudança de direção. O indivíduo agora resolve ter uma atitude oposta à anterior. 

Ou seja, no arrependimento está contida uma ação baseada em uma reflexão anterior. É uma ampliação de consciência que leva o individuo a buscar novos caminhos e aprendizados.

Além disso, a culpa sempre sucede uma transgressão. 

Transgressão significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar as noções que pressupõem a existência de uma norma que estabelece e demarca limites.

Em toda atividade criativa humana há transgressão. Psicologicamente, o indivíduo que transgride busca a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Aquilo que não serve mais, que aprisiona que mantém infantilizado deve ser transgredido.

Ao longo da história, temos vários exemplos de transgressão de normas vigentes em sua época. Exemplos revolucionários como Galileu Galilei e o próprio Cristo.

Cada um, ao buscar, ao inventar, ao tentar o novo, incorre em transgressão. E com ela vem a culpa.

Portanto, devemos transgredir a própria culpa se não quisermos ficar paralisados. Não que a partir de hoje não devamos mais distinguir o que é certo e errado. Na verdade, devemos criar uma ética interna baseada na experiência, provinda de uma reflexão profunda. 

Aceitar que vamos falhar e errar, que nada é perfeito. Que bem e mal podem ser relativos, pois para o inconsciente não há certo e errado, ele é totalidade.

Aceitar que todas as situações que experienciamos em nossa vida são aprendizados. Devemos perder o medo do fracasso, pois sem ele não há a vitória. 

Só assim podemos transmutar a culpa aprisionante em uma experiência de arrependimento que amplie a nossa consciência e nos traga uma ética que transcende normas externas.

Psicanalista formada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa. Analista Junguiana formada pela Facis - Ibehe. Especialista em Mitologia e Contos de Fada


Postado no site Somos Todos Um


É a gravidade ou os saltos?!







Macacão e macaquinho : Primavera 2014 / Verão 2015


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Macacão Ideias para usar a peça chave do momento 1 800x800 Macacão é a nova tendência – saiba como usar a peça
















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 Macacões Estampados Verão 2015

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A franqueza é você dizer tudo baseado em fatos



Marco Aurélio Mello

1. Dizer que determinado sujeito quando jovem, por apreço à vida fácil, descolou um cargo público na praia e foi curtir a vida.

2. Dizer que abuso de álcool e drogas, como a cocaína, sempre foram frequentes, a ponto de determinado sujeito ser flagrado dirigindo alcoolizado, com habilitação vencida e se recusado a fazer o teste do bafômetro.

3. Dizer que, quando contrariado numa festa, não teve o menor pudor em agredir a namorada em público.

4. Dizer que, eleito homem público, trouxe a família para "governar" com ele, aumentou tarifas e fez programas sociais cujos resultados foram pífios.

5. Dizer que apesar de reduzir seu salário à metade, aumentou enormemente seu patrimônio com verbas publicitárias oficiais em empresas de radiodifusão de sua propriedade.

6. Dizer que, durante sua gestão, a dívida do Estado que governou aumentou 200%.

7. Dizer que construiu aeroportos em áreas sem o menor interesse para a aviação civil, salvo o fato de estar perto de suas propriedades rurais e de seus familiares.

8. Dizer que teve o nome associado a políticos num episódio nebuloso de apreensão pela Polícia Federal de um helicóptero com meia tonelada de cocaína.

9. Dizer que os maiores interessados em seu sucesso político são duas das maiores e mais importantes multinacionais de petróleo, ambas de olho na maior riqueza energética do planeta do momento: o Pré-sal.

10. Dizer que seu futuro ministro da Fazenda, caso eleito, defende salários menores para os trabalhadores e promete um choque para "trazer a inflação até a meta".

Ainda assim, apesar de tudo estar fartamente documentado, há os ingênuos, crédulos e incautos que vão chamá-lo de mentiroso.

Aí, cabe apenas lamentar, porque o pior cego é aquele que tem olhos, mas não vê.

Postado no blog Contraponto em 16/10/2014


Desigualdade e pobreza nos Estados Unidos : neoliberalismo e ausência de políticas sociais



Park Avenue : Dinheiro, Poder e o Sonho Americano

(EUA, 2012, Direção Alex Gibney) 

O documentário mostra o resultado de anos consecutivos de políticas da direita conservadora que se entregou às leis do mercado, do Estado Mínimo e suas consequências na vida do cidadão americano, que hoje está cada dia mais pobre. (docverdade)

Sinopse tirada do Youtube: O número 640 da Park Avenue é o endereço dos apartamentos mais luxuosos de Manhattan, residência de gerações da nata de Wall Street, dos barões das falcatruas e dos controladores de fundos de investimentos. 


O interior dos apartamentos desse prédio é simplesmente palaciano. Dois quilômetros ao norte, no entanto, está a outra Park Avenue, ao sul do Bronx, onde as perspectivas de vida não são tão boas para aqueles que estão presos na base da pirâmide americana. 

Alex Gibney examina a desigualdade nos Estados Unidos sob o prisma desses dois locais próximos e antagônicos. Em duas décadas, a desigualdade aumentou consideravelmente nos Estados Unidos e muitos sentem que o antigo ideal de que esse é o país das oportunidades, está morrendo.

Mas, como isso aconteceu? Quem são os novos ricos e os novos pobres?


Postado no blog Docverdade em 03/10/2014