Coisas que você deve parar de fazer a si mesmo



Essa lista incrível, criada por escritores apaixonados e admiradores do espírito humano, contém conselhos sensacionais e inspiradores que todos nós deveríamos ler e seguir para alcançarmos uma melhoria pessoal e profissional.

Leia, releia, aprenda e não esqueça de compartilhar.


Pare de desperdiçar seu tempo com as pessoas erradas

A vida é curta e a melhor coisa que você pode dar a alguém é o seu tempo. Então nada de gastá-lo com aqueles que sugam sua felicidade. Lembre-se, não são as pessoas que estão ao seu lado quando você está no seu melhor, mas as que estão lá quando você está na pior; esses são os verdadeiros amigos.



Pare de fugir dos seus problemas

Ao invés disso, enfrente-os, mesmo sabendo que não é fácil. Não existe quem seja capaz de sempre lidar perfeitamente com todos os problemas e se livrar de imediato deles. Não fomos feitos assim, na verdade fomos feitos para ficarmos chateados, tristes, cair, mas também levantar. É encarando esses problemas que aprendemos e nos adaptamos para uma vida cheia deles. Isso é o que nos transforma na pessoa que somos.



Pare de mentir para si

Você pode mentir pra qualquer pessoa, mas não pode mentir pra si mesmo. Tudo fica mais fácil quando aceitamos a situação em que estamos, sem ilusões e sem acreditar que algo é de uma forma, quando você mesmo sabe que não é. Procure ser honesto consigo mesmo.



Pare de colocar suas necessidades em segundo plano

Às vezes, quando se ama alguém, você costuma atender todas as necessidades e priorizar essa pessoa em todas as situações. E acaba se esquecendo de que você também é especial. Já está na hora de você se preocupar com você e fazer aquilo que você gosta e deseja.



Pare de tentar ser quem você não é

Em um mundo de aparências, ser você mesmo pode ser um grande desafio. Alguém sempre será mais bonito, alguém sempre será mais inteligente, alguém sempre será mais jovem, mas eles nunca serão você. Não mude para que as pessoas gostem de você. Seja você mesmo e as pessoas certas vão adorar quem você é.



Pare de se apegar ao passado

Quando o passado te ligar, não atenda. Ele não tem nada de novo a dizer. Você não pode ter aquilo que realmente merece se ainda está ligado a coisas que deveriam ser esquecidas.

Você quer seguir em frente e ser feliz novamente, esquecer as mágoas e lembranças que te prendem ainda a esta pessoa? Alguns relacionamentos amorosos...


Pare de temer os erros

Todo sucesso tem uma trilha de falhas por trás. Se você deixa de fazer as coisas por medo de darem errado, você nunca aprenderá e nunca alcançará o sucesso. É muito mais fácil se arrepender daquilo que você não fez do que das coisas que você fez. Quebre a barreira, viva.



Pare de tentar comprar felicidade

Muitas das coisas que desejamos são caras, mas aquilo que realmente nos satisfaz é completamente gratuito – amor, sorrir e trabalhar em nossas paixões.



Pare de associar a sua felicidade aos outros

Antes de ser feliz com alguém, você deve ser feliz sozinho. Se você não está satisfeito com o que você é por dentro, com o que você tem e com o que você faz na sua vida, você não será capaz de ser feliz com outra pessoa. Crie uma estabilidade na vida e compartilhe a sua felicidade com outra pessoa, não busque isso exclusivamente nela.



Pare de pensar que você não está pronto

Ninguém se sente 100% pronto quando surge uma nova oportunidade, porque a maioria das oportunidades da vida nos fazem crescer e ir além de nossa zona de conforto. Se achar incapaz de abraçar essas oportunidades só faz você perder tempo na sua curta vida.



Pare de se envolver em relacionamentos pelos motivos errados

Antes só do que mal acompanhado. Relacionamentos devem ser escolhidos com muito cuidado. Não se apresse, se algo tiver que ser, será – na hora certa, com a pessoa certa, e pelo melhor motivo.



Pare de tentar competir com todas as pessoas

Algumas pessoas estão fazendo coisas melhores do que você, mas tudo o que você deve fazer é se concentrar em bater suas próprias metas. O sucesso é uma guerra entre você e você mesmo.



Pare de reclamar e de sentir pena de você mesmo

Você não vai entender tudo o que acontece com você de forma instantânea. Mesmo que algumas coisas pareçam sem explicações, não desanime, tudo fará sentido mais na frente. Apenas sorria e seja mais forte do que era ontem.



Pare de guardar rancor

Não viva sua vida com ódio no coração, pois você acabará se machucando mais do que as pessoas que você odeia. Liberte-se e não deixe que o que uma pessoa fez de errado para você, arruíne sua felicidade para sempre.



Pare de deixar com que os outros façam você descer ao nível deles

Recuse-se a baixar o nível diante daqueles que se recusam a subir o deles.



Pare de perder tempo tentando se explicar aos outros

Seus amigos não precisarão de explicações e seus inimigos não acreditarão mesmo… Então faça o que o seu coração diz que é certo.



Pare de fazer as mesmas coisas o tempo inteiro sem fazer uma pausa

O tempo para fazer uma pausa para respirar é exatamente quando você não tem tempo para isso. Se você continuar fazendo o que está fazendo, vai continuar recebendo o que você está recebendo. Às vezes você precisa se ​​distanciar para ver as coisas claramente.



Pare de negligenciar os pequenos momentos

Aproveite as pequenas coisas, pois um dia você pode olhar para trás e descobrir que eram grandes coisas. A melhor parte da vida será composta por pequenos momentos onde você passa sorrindo com alguém que é importante para você.



Pare de seguir o caminho mais fácil

A vida não é fácil para ninguém, especialmente quando você está pensando em conseguir algo de valor. Não escolha o caminho mais fácil, faça algo extraordinário. A recompensa será muito maior.



Pare de fingir que tudo está bem, quando não está

Nem sempre você tem que fingir ser forte, e não há necessidade de provar constantemente que tudo está indo bem. Você não deve se preocupar com o que as outras pessoas estão pensando. Chore, se precisar, é saudável e quanto mais cedo você fizer isso, mais cedo você será capaz de sorrir novamente.



Pare de culpar os outros por seus problemas

Quando algo acontece de errado, você tende a procurar culpados, como se isso fosse suavizar qualquer tipo de problema que tenha acontecido. Não negue sua responsabilidade culpando os outros, assuma e tome o controle.



Pare de tentar ser tudo para todos

Por mais que você tente, você não conseguirá e apenas se verá cada vez mais desgastado. Mas fazer uma pessoa sorrir pode mudar o mundo. Não o mundo como um todo, mas o mundo dessa pessoa.



Pare de se preocupar tanto

A preocupação não irá evitar um amanhã delicado, mas irá remover a sua alegria de hoje. Uma maneira de verificar se vale a pena ficar remoendo algo, é perguntar a si mesmo a seguinte pergunta: “Será que este assunto vai ser importante daqui a um ano? Três anos? Cinco anos?” Se não, então não vale a pena se preocupar.



Pare de se concentrar no que você não quer que aconteça

Concentre-se no que você quer que aconteça. O pensamento positivo está por trás de toda história de sucesso. Se você acordar todas as manhãs com o pensamento de que algo maravilhoso vai acontecer na sua vida hoje, e se prestar atenção, muitas vezes você vai ver que está certo.



Pare de ser ingrato

Não importa o quão bom ou ruim você esteja, acorde todos os dias grato pela sua vida. Pessoas em outros lugares estão lutando desesperadamente pela delas. Em vez de pensar no que você não tem, tente pensar no que você tem e que falta nos outros.


Creio que essa maravilhosa lista se encaixa na vida de todas as pessoas, ou na grande maioria delas. Compartilhe, passe isso adiante e contribua para uma melhoria pessoal na vida de alguém.


Postado no site Tudo Interessante em 05/06/2014


Vamos conversar... Senão eu choro... Só rindo !






Luther Vandross











Recados da sua alma



Nathalie Favaron

Quando foi a última vez que você parou pra se ouvir?

Muitos autores e terapeutas falam sobre a importância da meditação ou de silenciar a mente, mas será que é possível fazer isso?

Eu tenho uma experiência diferente e ao mesmo tempo desafiadora para vocês.

Ao invés de silenciar a mente ou tentar controlar os pensamentos e vozes incessantes, convido a uma nova abordagem.

Que tal darmos espaço para essas ideias, falas, comentários, através da Apreciação Gentil?

Apreciação Gentil é como podemos chamar a atitude de dar espaço e atenção às manifestações da nossa mente / corpo / alma. Pois os 3 estão ligados profundamente e não existe separação.

Nós temos registros de vivências gravadas em nossos músculos e pele, em sons e cheiros, em memórias e lembranças.

Dar atenção às mensagens não quer dizer acreditar e seguir um pensamento que limita sua evolução e vem se repetindo na sua cabeça há anos. 

Apreciação Gentil é, sim, dar ouvidos ao recado que está por trás daquele pensamento com uma atitude aberta e sem julgamento.

E como podemos fazer isso?

Vamos a um exercício bem simples:

Sente-se confortavelmente em um lugar silencioso onde você não será interrompido.

Você pode deixar seus olhos abertos ou fechados. Você pode estar tenso ou relaxado e, ainda assim, conseguirá fazer essa experiência com sucesso.

Nesse espaço, deixe que os pensamentos passem por sua cabeça livremente.

E diga a você mesmo, em voz alta ou silenciosamente: "o que em mim precisa da minha atenção agora?"

E aguarde curioso, ou curiosa por algo que começa a chamar sua atenção. Pode ser que imediatamente uma ideia, lembrança ou dúvida surjam pra você. Ou talvez leve um tempinho para que você perceba algo.

Aguarde e mantenha a curiosidade até que apareça alguma coisa.

Pode ser que o que surja seja uma sensação no seu corpo.

Fique atento e, quando algo aparecer, simplesmente sorria com gentileza e diga: "olá...., seja bem-vinda!..."

Caso suas mãos queiram se mover em direção a esta parte do seu corpo, deixe que elas façam isso naturalmente.

E aguarde mais um pouquinho, como se estivesse esperando por uma resposta. Pode ser que ela venha logo ou demore um pouco mais. Não tenha pressa.

Enquanto eu escrevo esse artigo com as instruções deste exercício, experimento passo a passo dele e vou dar a vocês meu exemplo para ilustrar.

Ontem levei o original de meu livro para uma renomada editora para avaliação.

Ao começar o exercício agora, sinto uma leve pressão no peito. Ao dar boas vindas e perguntar gentilmente o que precisa de minha atenção eu recebo uma pergunta:

"O que faremos se eles não quiserem publicar seu livro?" ou "o que eu vou fazer se eles não quiserem publicar meu livro?"

Neste ponto do exercício, resista à tentação de responder ou encontrar uma solução para a questão.

Apenas acolha a pergunta.

E você pode refletir de volta à dúvida utilizando a seguinte frase: " tem uma parte de mim que neste momento não sabe o que fazer, caso eles não publiquem meu livro".

Novamente, esse é apenas meu exemplo.

A estrutura da frase é: "Tem uma parte de mim que neste momento não sabe o que fazer sobre _____________".

Inclua a sua questão no espaço em branco. Faça a adaptação que for preciso para melhor encaixar na sua sensação.

Mas sempre inclua "Uma parte de mim, neste momento".

Você pode brincar com essa frase de diversas formas. Não precisa se fixar ou ficar rígido em nada.

Apenas dê Apreciação Gentil a qualquer pergunta, sensação ou pensamento que surja pra você.

E saiba que isso é apenas um reflexo de uma parte dentro de você.

Mas você é muito maior e mais amplo que apenas essa parte. E perceba que com isso eu não quero diminuir a importância da dúvida, mas, sim, dar um espaço adequado para ela.

Você tem esse pensamento, mas também tem muito outros.

Tentar banir, expulsar ou espantar uma parte sua que tem uma questão é a receita certa para manter essa dúvida presente, como um sinal em neon do tamanho de um outdoor.

Entretanto, ao aceitar e ouvir com Apreciação Gentil essa parte, ela naturalmente se acalma.

E você pode dizer pra você mesmo(a): "eu te ouço... obrigado(a)...eu percebo sua preocupação/dúvida" e sorria novamente.

E, em seguida, leve essa questão com carinho para dentro do seu coração e deixe que ela se dissolva lá.

À medida que você pratica a escuta e a atenção para seus pensamentos e sensações, de uma forma gentil, algo muito interessante passa a acontecer.

Além das dúvidas, você começará a acessar também sugestões e soluções internas para suas questões.

É como um diálogo que começa a tornar-se possível depois que adotamos uma postura de não julgar e nem tentar banir partes de nós que estão querendo se comunicar conosco.

Esse é um exercício que quanto mais você pratica, mais fácil ele se torna.

Seja gentil com você mesmo(a) e dê espaço para essa conversa acontecer e você será surpreendido com os mais lindos recados que sua Alma tem pra você!

E querem saber o que eu ouvi depois de acolher esse pensamento dentro de mim?

"Caso eles não aceitem seu livro é por que este não é o melhor caminho para ele. Apenas confie".

E, como mágica, um longo suspiro apareceu trazendo a sensação de alívio. E a dúvida se foi.


Postado no site Somos Todos Um


As ciclofaixas de SP e as ameaças de Marcelo Tas




 

As ilustrações acima são de Marcelo Tas apresentador da Tv Bandeirantes e um dia normal no trânsito da cidade de São Paulo



Alexey Dodsworth Magnavita  em seu perfil no Facebook

Recentemente, numa discussão tuiteira, o comediante Marcelo Tas criticou o programa eleitoral do candidato à presidência, Eduardo Jorge (PV). Em sua propaganda, Eduardo Jorge recomenda às pessoas que usem menos os carros.

Ao que parece, Tas entendeu que o candidato havia dito para as pessoas não usarem carros. Entendeu errado, e este tipo de coisa acontece. Após disparar uma ironia contra Eduardo Jorge, perguntando como fariam as pessoas que não têm “vida mansa” como a do candidato, Tas obteve como resposta um singelo soco com luva de pelica: ele, Eduardo Jorge, é médico sanitarista. E se move como a maioria das pessoas no Brasil: pega metrô, ônibus, anda a pé, usa bicicleta. 

Eduardo Jorge, elegantíssimo, nem sequer levantou a seguinte bola: teriam os brasileiros sem carro uma “vida mansa”? Fica subentendido, contudo, e a resposta todos nós sabemos: a última coisa que alguém que só pode andar de transporte público tem é uma “vida mansa”. 

Tas não se deu por satisfeito e acusou Eduardo Jorge de hipocrisia, ameaçando postar uma foto do Eduardo dentro de um carro. Convenhamos, ameaça ridícula, considerando que em momento algum o candidato negou andar de carro. Ele não disse “não andem de carro nunca”. Ele pediu o que qualquer pessoa minimamente saudável e razoável já sabe: use menos o carro.

O que significa este pedido? Este ano, por ocasião do Encontro Da Nova Consciência em Campina Grande [PB], tive a oportunidade de assistir a uma das palestras mais interessantes deste evento, considerando todas as que já vi desde que – muitos anos atrás – passei a frequentá-lo. O psicólogo Lucas Jerzy Portela deu uma conferência excelente sobre os problemas físicos e psíquicos desencadeados pela carrocracia.

Não pretendo detalhar, nem reproduzir perfeitamente o que Lucas disse. Vou sintetizar as coisas mais importantes, na minha opinião:

1. O uso excessivo de carros causa diversos males físicos e psicológicos.
2. O Brasil peca por se nortear em torno de uma veneração ao veículo automotivo por combustão: o carro.

Quais as soluções apontadas por Lucas? Sim, ele deu várias soluções práticas, e em nenhum momento estabeleceu um manual ou guia que devesse ser seguido, com fórmulas prontas ao estilo de imperativos categóricos kantianos.

O que ele solicita [na verdade, não ele apenas; o movimento pela libertação da carrocracia é muito mais amplo do que a existência do palestrante] é que as pessoas sejam razoáveis para o bem de sua própria saúde. E ser razoável significa pensar.

Por exemplo: se o lugar para onde você vai fica a dois quilômetros de onde você está, como você deveria se locomover? 

A não ser que você tenha restrições de movimento ou quaisquer outros problemas que justifiquem o carro, você deveria ir a pé. Não faz sentido ir de carro, ônibus ou táxi. Caminhar estes dois quilômetros vai fazer bem para sua saúde. Isso satisfaz inclusive outro ponto salientado por Lucas: a atividade física deveria ser processual, não pontual. Nós deveríamos estar em atividade física constante, ao invés de apenas dedicar uma hora por dia a isso.

Vamos a um exemplo prático e alguns contrastes: da minha casa até minha academia, são 800 metros. Eu vou a pé, todos os dias. Subo uma escadaria considerável e vou caminhando, já me aquecendo. Na volta, são mais 800 metros. 1,6 km de caminhada, sem contar o tempo na academia.

Eu conheço quem mora a 500 metros da minha mesma academia e vai até ela de carro. Além de ser mais um carro nas ruas [e um carro desnecessário, convenhamos], a pessoa ocupa uma vaga de estacionamento que poderia ser de outra pessoa que vem de um lugar mais distante.

Um argumento possível “ir de carro é mais seguro” simplesmente não cola, pelo menos não neste trajeto. Seria mais honesto se estas pessoas assumissem: “sou viciado(a) em meu carro”. E, claro, tentassem reformular a maneira de usar tal veículo.

Não se trata de instituir o Império da Bicicleta, a Tirania do Pedestre, ou algo assim. A depender da distância e do que se encontre no trajeto [ladeiras imensas, chuva torrencial etc], faz mais sentido usar outros veículos. 

Fazer valer a razoabilidade é algo ao alcance de qualquer pessoa com inteligência normal e que não esteja profundamente adoecida pelo transtorno compulsivo carrocrático. O que se pede, é: pense no seu movimento pela cidade.

Quando vou para a USP, três vezes na semana, considerando o aperto do horário, eu vou de táxi, 17 reais até onde devo ir. Volto de ônibus, já que na volta não há pressa, o ônibus não vai lotado, e me deixa bem perto de casa.

Fiz uma experiência considerando meu trajeto até a escola onde aperfeiçoo meu inglês. Medi três vezes cada possibilidade.

De táxi, da minha casa até a escola, eu pago 24 reais e levo 30 minutos, às vezes mais, em decorrência do tráfego. É uma loteria. De ônibus+metrô, eu pago 4,65 reais e levo redondos 20 minutos. O máximo que já levei foram 25 minutos.

Qual o sentido de pagar cinco vezes mais e ainda chegar 10 minutos depois? O conforto de estar sozinho num táxi? O glamour de ouvir o taxista derramando suas opiniões sobre a existência? Comigo quase sempre acontece, eu devo ter uma magnífica cara de machista pra ter que ouvir as piadas que eles contam e outros comentários, sendo que só eles riem até sucumbirem ao silêncio constrangedor que imponho.

Não faz sentido no meu caso, principalmente considerando que o ônibus e o metrô não estão lotados no horário que eu vou para a escola. Se eu vou num horário em que o ônibus está lotado, pego o táxi até o metrô: 12 reais até a estação. Com mais 3 reais, pego o metrô e corto todo o congestionamento, e ainda ajudo a tornar as ruas menos congestionadas. Em 4 estações, chego à escola.

Cada caso, evidentemente, é um caso. O fato é: temos carros, temos ônibus, podemos andar a pé, temos metrôs, há quem use bicicleta. Com tantos recursos à disposição, alguns bem razoáveis a depender do horário, ainda há quem use apenas o carro. Exclusivamente o carro, sempre.

E é nesta parte que alguém vai dizer “Pra você é fácil falar, eu moro na Zona Oeste e trabalho na Zona Leste! De transporte público minha vida seria uma merda!”. Se você pensou em usar este argumento, simplesmente pare e leia tudo novamente. Eu não estou dizendo que carro é proibido, mau e feio, não estou dizendo que carros são o demônio. Eduardo Jorge também não disse isso em momento algum. Se sua situação pede um carro, use-o.

Lucas, o psicólogo, chega a ser mais duro sobre isso. Em sua palestra, ele disse que não faz o menor sentido morar tão longe do trabalho. Sugere que, se for seu caso, mude de casa, ou de trabalho. Claro, falar é fácil e nem todo mundo pode se dar a este luxo. Mas faz sentido considerar isso. Sua qualidade de vida aumentará substancialmente, se você conseguir morar perto do trabalho. A diferença será percebida em seu corpo e sua mente.

20 centímetros, é o tamanho de nossas mãos espalmadas. Olhe pra sua mão. Abra-a. Vislumbre a distância do mindinho ao polegar.

Em recente projeto informado pela prefeitura de São Paulo, Haddad anunciou que irá transformar o canteiro central da Avenida Paulista numa ciclovia permanente. Exatamente: aquele canteiro inútil será um pouco mais elevado e será uma ciclovia permanente. Além disso, passará a fibra ótica por baixo da avenida, retirando da Alameda Santos aquele aspecto horroroso de varal de quinta categoria. Sim, porque até os de Nápoles são mais charmosos.

Esta nova ciclovia vai tomar algum pedaço do trajeto dos carros? Sim. Vinte centímetros de cada lado. Isso mesmo, a extensão de sua mão espalmada.

Desespero, agonia: Haddad quer destruir São Paulo. Os donos de carros estão sendo oprimidos, coitadinhos. Vi de tudo subir em meu feed de notícias, hoje, desde reclamações mais moderadas até as completamente loucas: matem Haddad. Odiei o projeto. Ele vai acabar com a Paulista. Haddad quer oprimir os donos de carros [risos].

Meus caros, ninguém precisa oprimir donos de carros. Eles fazem isso uns com os outros, mutuamente, sempre que agem de maneira louca.

É claro, toda essa reclamação não é pelos vinte centímetros. Só mesmo muita má vontade e ódio a priori pra achar que vinte centímetros a menos de cada lado irá piorar ainda mais o tráfego da Avenida Paulista. 

Aliás, é ódio a priori que parece funcionar contra Haddad e suas ideias: ele é do PT, odeiem-no. 

Queria eu que Kassab ou qualquer outro prefeito do PSDB tivesse feito isso que Haddad agora ousa fazer. Aquele canteiro ridículo no meio da Paulista, um espaço inutilizado, se converterá em nova opção de trajeto veicular. Eu acho é ótimo.

A castração dos 20 centímetros do espaço para carros, sendo tomada como uma castração simbólica dos pintos carrocráticos, reflete apenas a má vontade diante de uma coisa que não muda o já existente: há um canteiro central largo e inútil na Avenida Paulista.

O que piora o tráfego da Paulista não são estes 20 centímetros a menos de cada lado. São novos carros. O que piora o tráfego da Paulista é gente sem noção que anda de carro por ali, sendo que poderia caminhar, pegar o metrô, a linha verde é ótima. Ou passar a usar a ciclovia a ser inaugurada.

Pausa. Novo exemplo, pra ficar bem ilustradinho: uma das pessoas que estuda na mesma escola de inglês que eu, mora ao lado da estação Brigadeiro. Nossa escola fica pertinho da estação Consolação. Esta pessoa tem a minha idade. E vai de carro. Ela poderia ir a pé, ela poderia ir de metrô, mas não, ela vai de carro. Ela é viciada. Em carro. Ela é louca. E esnobe. Um dia, perguntei a ela: “mas por que você vem de carro?”. Ela respondeu: “porque eu posso”.

Porque eu posso. Então tá, né? Só existe a senhora no mundo. Maluca.

O argumento de que São Paulo não é uma cidade europeia para ter tantas ciclovias procede de algum modo. 

De fato, São Paulo não é Europa, parem de compará-la a Londres, isso ofende Londres. Ela foi feita para copiar Chicago e sua carrolândia. O relevo de altos e baixos não ajuda a quem quer andar a pé ou de bicicleta. Mas você não precisa andar de bicicleta por toda a cidade, ora!

Mas a principal diferença entre Sampa e as cidades europeias não está no relevo. Está na mentalidade. As Américas em geral, do norte ao sul, consideram o carro um símbolo de status e de poder. Europeus são diferentes, neste ponto. 

Europeus andam, e como andam! Mesmo com o metrô maravilhoso deles. Eles andam. A imagem de gente de 70 anos, magra e definida, andando de bicicleta, é banal em várias cidades europeias.

Desde que vim morar em Sampa, há quase dez anos, só ouço reclamações sobre o trânsito, dos próprios paulistas natos. 

Alternativas estão sendo dadas. A minha parte eu fiz: podendo ter carro, não o tenho. Não faz sentido em minha vida, não faz sentido em meus trajetos, se preciso de um, pego um táxi. Gasto menos do que gastaria se tivesse carro. 

Você precisa ter um? Então tenha. Mas reveja seus hábitos, verifique se você faz alguma coisa parecida com as que descrevi neste post enorme.

A Europa, que tantos admiram, precisa primeiro ser trazida para dentro de você. Se você fizer isso, talvez os 20 centímetros saiam não apenas da Avenida Paulista. Sairão, também, da sua cintura americana carrocrática.




Pessimildo e o pessimismo sem razão de ser !





O “Pessimildo” e os urubólogos da mídia

Altamiro Borges

O programa de rádio e tevê da campanha de Dilma Rousseff, agora mais politizado e aguerrido, criou um personagem que expressa bem o que é a mídia nativa. 

Ele se chama “Pessimildo”, um típico rabugento. Com seu cenho franzido e os olhos esbugalhados, ele acha que tudo está errado no Brasil. 

“Viu que os empregos continuam subindo?”, indaga o locutor.

“Tudo o que sobe desce”, responde o ranzinza. 

“O mundo está em crise, Pessimildo, e o Brasil está protegendo salários"; o boneco-catástrofe discorda. 

O marqueteiro João Santana, responsável pela peça, até poderia ser mais direto. Ao invés de “Pessimildo”, poderia chamar o personagem de Miriam Leitão ou de Carlos Alberto Sardenberg, os dois mais famosos urubólogos da TV Globo.

Nos últimos doze anos, eles e outros “analistas do mercado” – nome fictício dos porta-vozes dos agiotas financeiros – sempre esbravejaram que o país rumava para o caos por culpa das “incompetentes” gestões de Lula e Dilma.

Quase diariamente, eles usaram o espaço de uma concessão pública de televisão para garantir que a inflação iria explodir; que o Brasil ficaria isolado na economia internacional; que o desemprego dizimaria milhares de famílias; e que as contas públicas estavam à beira da falência. 

Os seus diagnósticos e prognósticos nunca deram certo. Mesmo assim, eles nunca fizeram qualquer autocrítica. A cada erro, os “Pessimildos” radicalizavam ainda mais o seu discurso.

Duas razões explicam esta ranzinze – um politico e outro econômico. Até por uma questão de classe social, os barões da mídia nunca aceitaram a chegada ao Palácio do Planalto de um operário, de um sindicalista. Para eles, trabalhador é para trabalhar e não para pensar – menos ainda para comandar o país. 

Na sua visão elitista, eles sempre torceram contra o que rotularam de “lulopetismo”. Na ditadura, os barões da mídia apoiaram os generais golpistas; na redemocratização, eles apostaram suas fichas em Collor de Mello; no reinado neoliberal, eles torceram por FHC, “o príncipe da Sorbonne”. Com a vitória de Lula, eles investiram tudo no pessimismo, seja para enquadrar o governante ou mesmo para derrubá-lo.

Além do motivo político, há as razões mais mundanas, econômicas. A mídia monopolista, parte dela totalmente endividada, hoje está associada ao capital financeiro. Para os banqueiros, a presidenta Dilma é um estorvo. No início do seu governo, ela reforçou os bancos públicos e adotou medidas de estímulo ao crédito. Já o Banco Central reduziu as taxas de juros.

Os rentistas, que adoram juros altos e o famoso superávit primário – nome fictício da reserva de caixa para pagar os bancos – não gostaram e fizeram terrorismo. O governo até recuou, mas não reconquistou a confiança.

Como disse Neca Setubal, a herdeira do Itaú que “educou” Marina Silva, “o mercado é contra Dilma”. A mídia amplifica esta visão.

O “Pessimildo” é realmente uma desgraça para o Brasil. Ele serve aos interesses mesquinhos da elite e prejudica a sociedade. 

Para derrotá-lo, porém, não basta vencer o pleito de outubro. Ele não é um personagem apenas do período das campanhas eleitorais. 

Ele manipula a informação e deforma os comportamentos no cotidiano – seja nos programas de TV e rádio ou nas “reporcagens” da mídia impressa. 

O novo governo deveria enfrentar este rabugento empedernido sem medo ou vacilações. 

O boneco-catástrofe ajuda a confirmar a urgência de uma regulação democrática da mídia no Brasil. Do contrário, o “Pessimildo” continuará a infernizar nossas vidas depois de outubro.


Postado no Blog do Miro em 17/09/2014