Andre Lima
Recentemente recebi um email de uma leitora me relatando uma sentimento de medo por sentir um bem-estar. Vou explicar melhor.
Ela havia assistido uma aula on-line em vídeo eu ensinei a técinca da EFT (Emotional Freedom Techniques, técnica de autolimpeza emocional que remove emoções e pensamentos negativos) e relatou que ao fazer os exercícios ensinados começou a sentir uma leveza, um bem-estar.
O que ela escreveu foi mais o menos o seguinte (estou escrevendo conforme lembro de cabeça, pois não encontrei mais o email, no meio de tantos):
"André, assisti a sua aula, fiz os exercícios e comecei a me sentir muito bem, uma leveza, um bem-estar. mas aí fiquei com medo e parei. É assim mesmo?"
A propósito, você pode acessar a aula neste link.
Veja que coisa curiosa. Ela ficou com medo de estar se sentido bem, de estar sentindo leveza, paz interior.
Eu estava em uma viagem tomando café da manhã com amigos e li essa mensagem para eles, que ficaram intrigados.
Como alguém pode fazer algo que traz um bem-estar enorme e parar de fazer justamente por isso? Tem algum sentido? Não é paz interior e bem-estar que todos nós queremos?
Um colega da mesa ainda chegou a falar brincando que a leitora deve ter pensado: "é melhor eu parar, vai que eu fico normal...".
Mas é possível, sim, compreender o que aconteceu com a leitora. Já vi isso acontecer com outras pessoas, de forma parecida.
O que ocorre, é que, por incrível que pareça, nos acostumamos a nos sentirmos mal, a carregar ansiedade e desconforto. E quando isso começa a ir embora, pode surgir uma sensação de vazio de falta.
Criamos uma identificação tão grande com o sofrimento que ele parece fazer parte de quem nós somos. Identificar-se com o sofrimento significa se misturar com ele. Significa não estar presente para o fato de que você é o observador daquele sofrimento. O que você é, na verdade, é a paz interior que fica quando o sofrimento é removido.
Só que o desconforto tomou conta do seu espaço interno por muito tempo. Você já não sabe mais quem você é de verdade. Criamos, então, um apego inconsciente a essa estrutura de sofrimento que se instalou dentro de nós. Essa estrutura ganha vida própria. É uma entidade de energia de sofrimento que habita no nosso interior e que deseja crescer e se fortalecer.
Essa estrutura também é chamada de sombra. Eckhart Tolle, autor dos livros O Poder do Agora e Um Novo Mundo, o Despertar de Uma Nova Consciência, chama a sombra de "corpo de dor".
Por estarmos inconscientes de quem nós somos, o corpo de dor toma o nosso lugar. E quando tentamos fazer algo que vai ajudar a dissolvê-lo, ele reage, fica com medo e interfere em nosso comportamento e em nossas escolhas.
No caso da leitora, ela parou de fazer os exercícios com medo. Esse medo não era dela em si, e sim, era o medo do próprio corpo de dor de ser dissolvido. Ele quer permanecer por lá e vai fazer o possível pra isso, gerando processos de autossabotagem.
Quanto mais pesado for o corpo de dor, maior o nosso apego inconsciente a ele e mais irá interferir no nosso comportamento gerando autossabotagem.
Pessoas que sofrem de depressão tem uma sombra pesada e são conhecidas por sabotarem seus processos de cura. Elas dizem querer melhorar, mas acabam não fazendo tudo o que podem pra isso. São pessoas que muitas vezes não buscam ajuda, e quando buscam, costumam faltar ou desistir de ir em frente.
A energia de pessimismo, os pensamentos negativos são tantos que elas acabam não indo até o fim para que possam se curar.
E toda essa energia sabotadora vem do corpo de dor. Você, no fundo, quer sentir o bem-estar, porque na verdade essa é a essência de quem você verdadeiramente é.
Essa paz fica encoberta pela sombra e a nossa maior missão no caminho da evolução espiritual é nos curarmos dessa carga negativa que nós carregamos.
Essa carga é formada pelos sentimentos negativos que nós acumulamos ao longo da vida através das experiências que passamos, das coisas que ouvimos e testemunhamos.
E com a EFT é possível dissolver esses sentimentos. É por isso que essa técnica costuma trazer um grande alívio.
Postado no site Somos Todos Um