Carlos Motta
São várias as manifestações nas chamadas redes sociais e de políticos oposicionistas questionando a origem das contribuições que permitiram a José Genoino e Delúbio Soares quitarem a pesada dívida que a justiça (?) brasileira lhe impôs, além da pena de prisão, no processo da AP 470 - aquele simulacro de julgamento no qual a oligarquia brasileira se vingou das políticas trabalhistas que diminuíram um pouco a tremenda desigualdade do país, coisa que, para quem vive na Casa Grande, é inaceitável.
"De onde vem o dinheiro?", perguntam parlamentares que até outro dia nadavam de braçada nos cofres públicos e indivíduos que têm ódio patológico do Partido dos Trabalhadores e parece que vivem em meio às trevas da Guerra Fria dos anos 50 - ou no, para eles saudoso, interregno ditatorial com que os militares nos brindaram.
A resposta para tal questão aflitiva, se essas pessoas tivessem um mínimo das virtudes que diferenciam o ser humano das bestas, é muito simples.
O dinheiro vem da s-o-l-i-d-a-r-i-e-d-a-d-e, esse nobre sentimento que muitos carregam e que nos faz sentir como nossos os problemas dos outros.
As doações, todas com CPF identificado, foram e continuam sendo inúmeras e generosas.
Cada uma delas tem um significado que extrapola o entendimento dos pobres de espírito, dos sociopatas e de quem faz de sua vida um culto à futilidade do consumismo desenfreado do capitalismo.
A corrente de solidariedade que tem apoiado os presos políticos da AP 470 é uma prova inequívoca de que nem tudo está perdido nestes difíceis tempos nos quais a sociedade brasileira está frente a duas opções, uma que visa superar um passado ignominioso de vil exploração da imensa maioria por uma elite rapace, e outra que quer, por todos os meios, que esse passado nunca seja superado.
Quem ainda sonha com um Brasil quebrado, submisso a interesses alienígenas, dividido entre a Casa Grande e a Senzala, com um mercado consumidor raquítico, com dezenas de milhões de subcidadãos a passar fome, sem investimentos em infraestrutura, saúde, educação e moradia, fadado a pedir esmolas em organismos financeiros internacionais, não deve mesmo entender como existe gente que se condói com a injustiça e transforma o seu inconformismo em atos concretos.
A solidariedade é apenas um desses atos de grandeza.Outros certamente virão desses milhões de brasileiros.
Postado no blog Crônicas do Motta em 03/02/2014