Minha homenagem ao Professor !





Republicando esta postagem de outubro de 2012,
rendo homenagem aos Professores, deste país, que sonha ser grande, mas que ainda não aprendeu a engrandecê-los, valorizando-os com salário digno e melhorias necessárias nas escolas.

Professor = Educação = Desenvolvimento 



Professor

Alguém um dia se propôs a trabalhar na construção de vidas, estudou psicologia, filosofia e as melhores técnicas de comunicação. Passou dias, horas e minutos, observando o comportamento de todas as faixas etárias do ser humano.

Alguém que se percebeu vocacionado e, atendendo aos apelos do coração, inscreveu-se na batalha de frente da luta milenar contra os analfabetismos. Armado de pouquíssimos recursos materiais,postou-se de peito aberto, levando flechadas federais, estaduais, municipais.

Alguém se especializou nas oficinas mecânicas do ser humano e candidatou-se a reformar conceitos e valores da educação mal orientada. 

Alguém se inscreveu no concurso da vida, não se importando de sacrificar o próprio corpo na concorrência desleal de convênios, convenções, tratados e dissídios. 

Alguém se fez alheio às dificuldades, tendo plena certeza delas, e saiu disposto a questionar leis, portarias, resoluções e regimentos. Nos desmaios da sobrevivência, impôs-se. 

Alguém foi nomeado, designado, empossado para o exercício do magistério, não se perdeu no labirinto do caminho nem se assustou com o fantasma da exigência impossível. Saiu a procurar o aluno perdido, nas balas perdidas da guerra civil. 

Alguém convive com a distância, com a fome, com a injustiça, com a carência e a canseira, contudo, ensina gerações a acreditar no futuro, a ter fé e não se deter. 

Para um ser assim tão especial, 
só um nome poderia identificá-lo:

P R O F E S S O R 



(Ivone Boechat)













A Terra Prometida e a identidade perdida da "América"





A história é bem conhecida em praticamente todos os cantos do mundo hoje. Funcionários de uma grande corporação são enviados a uma pequena cidade do interior, de base agrícola e em decadência econômica, para fazer uma proposta aparentemente irrecusável.

No caso do filme “A Terra Prometida” (Promised Land, EUA, 2012), dirigido por Gus van Sant, ela se passa no interior dos Estados Unidos.

Steve Butler e Sue Thomason (interpretados, respectivamente, por Matt Damon e Frances McDormand) são funcionários de uma grande corporação da área de energia e desembarcam em McKinley, uma pequena cidade rural dos grotões dos EUA, para tentar negociar com os moradores os direitos de perfuração de suas propriedades para a exploração de gás natural. Esse é o ponto de partida do filme.


A salvação oferecida pela grande corporação está baseada, porém, em um polêmico processo de extração de gás natural: a fratura hidráulica (“fracking”), processo que consiste na utilização de água sob altíssima pressão com produtos químicos para extração de gás xisto.

Esse método de extração de gás vem sendo muito combatido nos Estados Unidos por ambientalistas.

Um estudo divulgado em agosto deste ano pelo Serviço Geológico dos EUA e do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA adverte que fluidos derramados no meio ambiente por esse processo estão causando a morte de diversas espécies aquáticas na região de Acorn Fork, no estado de Kentucky. 

Esses resíduos, segundo o estudo, estariam provocando lesões nas guelras, fígado e baço dos peixes. Além disso, fizeram o pH da água cair de 7,5 para 5,6, tornando-a mais ácida.

Esse é o pano de fundo para Gus Van Sant falar de vários temas: as fontes energéticas e seus impactos ambientais, a relação de fidelidade dos vendedores com as suas empresas e a ausência de limites da manipulação corporativa.

Mas, na avaliação do diretor, o tema central do filme está ligado à identidade norte-americana e à progressiva dissolução de um modo de vida comunitária que ajudou a construir o país. 

As pequenas comunidades rurais empobrecidas são convidadas a ingressar no paraíso do capitalismo corporativo, que oferece ganhos milionários e uma nova vida. Mesmo assim, há quem resista e desconfie de propostas tão generosas. 

No filme, o personagem vivido por Matt Damon carrega consigo a experiência de ter saído de uma dessas comunidades empobrecidas e assume a postura do novo rico que luta desesperadamente contra seu passado.

Já Sue Thomason, interpretada pela extraordinária Frances McDormand, procura fazer seu trabalho do modo mais rápido e eficiente possível, e mostra um olhar que mistura cinismo e melancolia sobre os personagens da cidade, seu colega de trabalho e ela mesma. 

Ela está ali para cumprir uma missão e não economizará nenhum meio para isso, inclusive tentar corromper os adversários do projeto com alguma propina. Entre o idealismo corporativo de Steve e o cinismo melancólico de Sue, aparece um terceiro personagem que desempenhará um papel fundamental no filme.

Além da resistência de membros da comunidade, o projeto para a exploração de gás encontra a oposição de um militante ambientalista que desembarca na cidade com esse único propósito. 

Assim como as promessas de prosperidade da corporação não são o que parecem, outras fachadas da história terminarão desabando até o fim.

Ao apresentar o filme, no início deste ano, no Festival Internacional de Cinema de Berlim, Gus van Sant disse que o tema central da história é a identidade dos Estados Unidos e de sua população. A problemática ambiental, em si mesma, é secundária. “Quis fazer um filme sobre a identidade americana. Quis mostrar como podemos tomar decisões difíceis em determinadas alturas e como os Estados Unidos estão se afastando de um tradicional sentido de comunidade”. 

A destruição de modos e formas de vida e de economia comunitária pelo avanço do capitalismo global e seus empreendimentos não chega a ser novidade. A destruição ambiental que muitas vezes acompanha esse processo também não. Mas o filme não parece interessado em contar novidades, e sim colocar uma lupa sobre uma pequena comunidade para tentar ver com mais clareza como se dá essa dissolução de identidades.

Uma dissolução marcada por um paradoxo significativo: na terra do capitalismo, o desaparecimento de formas de vida comunitárias, próximas da natureza e adeptas de um modo de vida mais simples, é apresentado como uma ameaça à própria ideia de uma “América” como terra da liberdade e da felicidade. 

Em um determinado momento do filme, o personagem de Matt Damon faz um discurso irritado em um bar para moradores locais que estavam provocando-o. Diz o quanto eles são estúpidos e atrasados por não quererem ganhar muito dinheiro com o negócio da exploração do gás. Recebe como resposta um soco na cara.

O encontro da “América decadente” com a “América corporativa” coloca a perspectiva da Terra Prometida como um projeto a ser resgatado contra o capitalismo.

O que é a Terra Prometida, afinal de contas? É o aceno de uma nova vida, com dinheiro, feito pela grande corporação da área de energia? Ou é a terra que já se perdeu pelo modo de desenvolvimento do próprio capitalismo que não concede lugar para formas de vida idílicas e comunitárias, especialmente se elas estiverem assentadas sobre alguma grande fonte de energia.

Como assinala Gus van Sant, o debate ambiental aí é secundário, não no sentido de ser menos importante, mas sim no de ser derivado de uma premissa anterior, a qual estabelece uma relação direta entre modo de vida e escolhas econômicas. 

A vida nos bosques, experimentada por Thoreau, há algum tempo soa inocente, ingênua e impraticável aos olhos da máquina ideológica do capitalismo que funciona 24 horas por dia.

Co-autor do roteiro, Matt Damon reserva um final generoso para o seu personagem que vive um processo catártico em relação ao seu próprio passado de morador de uma dessas comunidades que ele queria agora destruir. 

Há uma paixão no meio que o ajuda nesta travessia de rompimento com a lógica corporativa e o reaproxima da terra prometida, uma ideia que está presente na “América” desde a chegada dos primeiros peregrinos vindos da Europa. É sintomático que ela ainda tenha força e seja confrontada com o atual estágio do capitalismo norte-americano.

Visões idílicas de comunidades vivendo em harmonia com a natureza são cada vez mais incompatíveis com esse capitalismo hegemônico hoje em todo o planeta. 

Por outro lado, quando o modo de vida engendrado por esse modelo começa a se tornar incompatível com a sobrevivência do próprio planeta, a ideia de uma terra prometida parece ganhar atualidade em um duplo sentido: em um sentido negativo, pelas promessas não realizadas do capitalismo, e em um sentido positivo como a necessidade de libertação de um sistema opressor e inimigo da vida.



Postado no site Carta Maior em 13/10/2013
Ilustrações anexadas ao texto por mim
Trecho do texto grifado por mim





Uma história do homem, do neandertal ao neoliberal


Arando a terra, pintura de Sennedjem. Tumba egípcia, c. 1200 a.C., Tebas
A humanidade de hoje é predominantemente descendente dos grupos que inovaram a agricultura

Uma análise da evolução do planeta observa que as decisões políticas em benefício de uma elite não são inexoráveis. Sempre há, como agora, possibilidades que levem em conta a vida das maiorias.


Renato Pompeu

Até hoje, apesar de a globalização e de o entrelaçamento de todos os povos do mundo numa interdependência recíproca já datarem de décadas, a história do mundo, ou história geral, na maioria das escolas e universidades e na quase totalidade dos livros, é narrada e interpretada como se a Europa Ocidental tivesse sido sempre o centro mais importante do mundo, com destaque para Grécia, Roma, a Idade Média e a Revolução Industrial. 

Só nos últimos poucos anos é que têm surgido no Ocidente livros de história de um ponto de vista mais global, que mostram notadamente que, diante de impérios como a China, a Índia e a Pérsia e da expansão do Islã, a Europa Ocidental foi na maior parte dos séculos e milênios uma península isolada e atrasada.

Agora que a Ásia está ressurgindo como protagonista mundial, podemos ver mais claramente que o período de ascendência do Ocidente sobre o mundo durou pouco mais de um século, desde os fins do século 18 até recentemente. Fora desse período, a China e a Índia foram sempre muito mais ricas e muito mais poderosas. 

Até mesmo os melhores pensadores europeus, como Hegel, Marx e Engels, foram dominados pelo eurocentrismo, embora procurassem se informar sobre outros povos.

Essa tradição ocidentocêntrica continuou entre os historiadores marxistas – por exemplo, o famoso livro do marxista americano Leo Huberman, História da Riqueza do Homem, mal menciona regiões­ não ocidentais.

Agora, porém, surgiu na Inglaterra e nos Estados Unidos a primeira história globalizada do mundo escrita por um marxista. Trata-se de A Marxist History of the World: From Neanderthals to Neoliberals, do arqueólogo e historiador inglês Neil Faulkner, autor anteriormente de estudos sobre sítios arqueológicos britânicos, as Olimpíadas gregas e a Roma antiga. 

A obra foi editada pela Pluto Press e o título pode ser traduzido por “Uma história marxista do mundo, dos neandertais aos neoliberais”, numa manifestação do típico humor sarcástico inglês.

Questão de escolha

Como obra marxista, a de Faulkner restabelece a visão de processo dinâmico cultivada mais por Marx que por Engels e pelos marxistas tradicionais. 

Não defende teses de que os desenvolvimentos históricos estiveram sempre predeterminados por estruturas econômicas que aprisionam o destino humano em rumos inexoráveis. 

Ele tenta mostrar, a cada passo, como as estruturas econômicas permitiam uma série de saídas e de evoluções, e não apenas as que efetivamente ocorreram, procura estabelecer que, em cada situação histórica, os seres humanos sempre podem escolher que saída adotar.

Como obra de história, a de Faulkner se destaca por não parar no tempo. 

A maior parte dos livros contemporâneos de história do mundo se detém num ponto do passado, em geral a Segunda Guerra Mundial ou, na melhor das hipóteses, o colapso dos países socialistas.

Mas o autor chega até os dias de hoje, e isso é particularmente importante porque ele considera a atual crise estrutural do capitalismo mundial o maior desafio que a humanidade teve de enfrentar em todos os tempos.

Faulkner reforça sua tese de que nosso destino não está traçado inexoravelmente pelas estruturas econômicas vigentes, pois dentro dessas estruturas há forças que permitem diferentes saídas, das que beneficiem uma elite da população às que beneficiem a maioria.

Como bom marxista não ortodoxo, defende a tese de que nada está predeterminado, tudo depende da luta, tudo depende do empenho de cada um e de todos em mudar o seu destino.

Não era obrigatório, por exemplo, que os antigos primatas hominídeos se transformassem em seres humanos socialmente cooperativos, nem era inevitável que no Paleolítico Superior houvesse uma revolução tecnológica no uso de instrumentos de pedra. Tudo isso foi objeto de escolhas conscientes.

Já no Neolítico, havia pelo menos duas saídas para alimentar a crescente população de sociedades comunísticas: ou a guerra global por recursos escassos, ou a intensificação da agricultura.

Na verdade, conforme a região, as duas situações ocorreram, sendo a humanidade de hoje predominantemente descendente dos grupos que inovaram na agricultura, na proteção militar, no controle da irrigação, na coleta de impostos, no controle da distribuição da produção, enquanto a maioria continuava no cultivo. 

Tudo isso decorreu da criatividade humana, do mesmo modo que a saída da crise atual vai depender da criatividade de bilhões de pessoas.

No Egito e no Grande Zimbábue (na África), na Suméria (na Ásia) e no México (na América do Norte), a intensificação da agricultura permitiu que houvesse um superávit alimentar que sustentava enormes populações de governantes, soldados e sacerdotes, que não precisavam produzir a própria comida. 

Que isso foi objeto de escolhas conscientes, e não de reflexos sociais inexoráveis a partir das condições econômicas, fica provado pelas enormes diferenças estruturais, sociais e culturais entre as sociedades egípcia, zimbabuana, suméria e mexicana. A única coisa em comum são seus artefatos de cobre.

Quando se adotam instrumentos de bronze, se sucedem, principalmente na Mesopotâmia e no Egito, impérios que nascem, ascendem, chegam ao auge, decaem e desaparecem, sempre em meio a crises e guerras, num processo que se replica várias vezes.

Aqui Faulkner, que está longe de ser um historiador “objetivo” e sempre toma partido da maioria, se insurge como um profeta bíblico contra as vitórias das minorias, que segundo ele transformaram a Idade do Bronze numa sucessão de desperdício de recursos e de violências e guerras intermináveis.

Ele vai notar, mais adiante, que hoje estamos diante de escolhas semelhantes.

O próximo grande passo da história não foi dado no Egito, no Grande Zimbábue, na Suméria ou no México, mas em pontos periféricos (na época), como a Pérsia, onde se passou a adotar instrumentos agrícolas e de artesanato e armas de ferro, não mais de bronze.

O excedente de alimentos aumentou enormemente em relação à Idade do Bronze: a Idade do Ferro se consolidou mais ou menos 1.300 anos antes de Cristo.

Surgem os impérios Indiano e Chinês. Aqui Faulkner vai observar que, com a instauração da propriedade privada, as mulheres passaram a perder seu papel central e crucial na sociedade para ficar em posições subordinadas.

Em outro capítulo bem interessante, demonstrará que o advento do judaísmo, do cristianismo e do islamismo foi em grande parte produzido pelos mitos vigentes entre as camadas oprimidas e pelas suas aspirações.

A globalização triunfa de novo no livro do arqueólogo com a descrição dos esplendores dos impérios Bizantino, Islâmico, Indiano e Chinês, enquanto a Europa sofria a invasão dos bárbaros e permanecia em isolamento atrasado até o início das grandes navegações e até começar a se consolidar o capitalismo, a partir da exploração das colônias. Embora o autor não deixe de mencionar as civilizações da África, da Mesoamérica e dos Andes, aqui já estamos caminhando em terrenos mais familiares.

Mas Faulkner inova mais uma vez no final: ele chega até 2012.

Diz que a crise financeira de 2008 representa a passagem de “uma bolha para um buraco negro” e que, quatro anos depois, a elite neoliberal está emaranhada nas contradições que seu próprio domínio envolve.

E adverte: a saída dessa situação não está de modo algum predeterminada pelas condições econômicas; depende da ação consciente de todos os seres humanos em relação às situações concretas em que nos encontramos. 

Trata-se de um apelo à luta em favor das maiorias oprimidas.





Seja uma grande pessoa...




Hoje, quero provocar você a pensar sobre ser uma grande pessoa. Não precisa ser nada heroico. E, você já vai entender o que quero dizer com isso!

Ser uma grande pessoa quer dizer, que você pode ou deve, manter o seu modo de pensar independentemente da opinião dos outros.

Que você é uma pessoa tranquila, calma, paciente, não grita e nem se desespera com as situações.

Uma pessoa grande procura sempre pensar com clareza, falar com inteligência, viver com simplicidade.

Não despreza nenhum ser humano.

Como não anda em busca do aplauso a qualquer custo jamais se ofende.

Possui sempre mais do que julga merecer e por isso compartilha, tem compaixão.

Está sempre disposta a aprender, mesmo com uma criança.

Para grandes pessoas, não importam: posses, posição social. Importa sim quem você é na essência.

Ah, lembrando que mesmo tendo opinião própria, ela despreza sua opinião  tão depressa verifica que está errada.

Se ainda não se conhece, está em constante busca do autoconhecimento.

O que você acha desta ideia ?
Eu acredito que não é difícil ser uma grande pessoa.

Pense Nisso...

Sigmar Sabin
Professor e Aprendiz da vida


Realmente precisamos tomar dois litros de água por dia?



Chris van Tulleken*

Você já viu anúncios afirmando que uma pequena queda na hidratação pode afetar muito a performance e, por isso, você tem que se manter hidratado com aquele marca de bebida isotônica especial que eles estão vendendo?

Eles parecem muito científicos. Homens em aventais, atletas com eletrodos presos ao corpo e muito mais. E não é algo difícil de se vender, pois beber líquidos faz a pessoa se sentir bem – então se você está com calor e suando, repor os fluidos deve ser benéfico.

Mais cedo neste ano, cientistas australianos fizeram uma experiência que não havia sido realizada antes e que foi descrita na edição de setembro da revista especializada British Journal of Sports Medicine.

O grupo de pesquisadores queria descobrir o que acontece com a performance depois da desidratação. Eles pegaram um grupo de ciclistas e os submeteram a exercícios até que eles perdessem 3% de seu peso total em suor.

O desempenho deles então foi medido após três formas de reidratação: 1) nenhuma, 2) líquido suficiente para voltar ao nível de 2% da perda de peso ou 3) reidratação total.

Até aí nada de mais. A diferença em relação a estudos anteriores é que os ciclistas aqui não eram capazes de saber seu grau de reidratação, pois o fluido foi recebido de maneira intravenosa.

Isso era vital porque todos nós, e especialmente os atletas, temos uma relação psicológica íntima com o consumo de água.

O resultado foi a inexistência de qualquer diferença na performance dos ciclistas completamente reidratados daqueles que não receberam nenhum líquido.

Esse estudo fez parte de um movimento crescente conhecido como “beba quando tiver sede”, que espera persuadir atletas para não se hidratar de forma exagerada para evitar o risco de diluir seu nível de sódio.

Sem surpresas

Talvez o resultado não devesse ser tão surpreendente. O ser humano evoluiu fazendo exercícios em ambientes de extremo calor e baixa umidade.

Somos capazes de tolerar a perda de água relativamente bem, mas a hidratação demasiada pode ser muito mais perigosa. Em termos simples: ter água em excesso no corpo é tão ruim como o oposto.

Mas e como fica o resto de nós que não estamos andando de bicicleta em um deserto na Austrália?

Há uma ideia muito bem aceita de que devemos beber cerca de oito copos de água por dia (dois ou três litros) além da comida e das outras bebidas que já consumimos normalmente.

Estamos inundados com mensagens positivas sobre as propriedades de cura da água e como ela é boa para praticamente todas as partes do corpo, desde o cérebro até os intestinos.

Daí a pensar que uma falta de água é ruim para você não é nada mais que um passo lógico – assim como a ideia de que a hidratação deve ser boa, purificando, limpando seus órgãos, desintoxicando. 

Ela certamente melhora sua pele, te ajuda a pensar, reduz o disco de desenvolvimento de pedras nos rins, torna sua urina com cor límpida de champanhe se comparada à calda cor de laranja fétida que produzimos em um longo dia, quando não foi possível tomar uma quantidade suficiente de líquido.

Então eu encontrei um artigo dizendo tudo isso e muito mais. Foi escrito por um grupo de médicos respeitados de hospitais americanos e franceses e apoia claramente a crença de que você deve beber dois a três litros de água por dia.

Afirma que as pessoas com um elevado volume urinário têm uma menor taxa pedra nos rins, que a ação de lavagem da água pode reduzir o risco de infecção do trato urinário (especialmente em mulheres após o sexo).

Talvez o mais importante, os autores fazem referência a um estudo surpreendente que mostrou que, paradoxalmente, o aumento da ingestão de água eleva o risco de câncer de bexiga. Mas só se for água da torneira. Mas há um porém ainda mais importante.

Uma nota de rodapé no final do artigo explica que o que você pensou que era um texto científico em uma revista científica é na verdade um suplemento patrocinado por um grande fabricante de água mineral. Todos os autores receberam honorários desta empresa, que também prestou assistência teórica. Portanto, esta não é uma pesquisa, mas uma peça de marketing.

E essa é uma das razões pelas quais nós ainda estamos discutindo isso – porque cada vez mais a água potável não vem gratuitamente de nossas torneiras. É vendida pelas mesmas pessoas inteligentes que nos vendem iogurtes com bactérias que provavelmente não nos fazem tão bem assim. E estas empresas são bastante consistentes em recomendar dois a três litros de água por dia.

Origem do número

Então, de onde é que esse número vem e qual a razão para pensar que é correto?

Bem, o grão de verdade é que as pessoas que vivem em climas temperados e que não estão fazendo exercício físico precisam de cerca de seis a oito copos por dia, que podem estar contidos nos alimentos, bebidas alcoólicas ou bebidas com cafeína.

Sim, cerveja e café não desidratam em qualquer medida visível (há uma boa pesquisa na qual alguns estudantes de medicina beberam um monte de cerveja e depois tiveram sua urina estudada). 

Não há provas de que a adição de oito copos de água a tudo o que você bebe vai fazer algum bem.

Mas a grande vantagem é que, assim como um atleta de alto nível, você não precisa se preocupar com essa exigência sobre o total de água diário, porque seu corpo vai resolver tudo isso por você.

Se você beber demais, vai fazer xixi demais. Se você beber muito pouco, vai ficar com sede e urinar menos. É tudo extraordinariamente bem controlado, da mesma forma que o consumo de oxigênio é bem controlado.

Dizer que você deve beber mais água do que seu corpo pede é como dizer que você deve conscientemente respirar mais frequentemente do que você respira naturalmente, porque se um pouco de oxigênio é bom, então, mais deve ser melhor.

Como a maioria das coisas na vida há um ponto de equilíbrio, uma quantidade não muito pequena nem muito grande.

* Médico britânico


Postado no blog Cidadão do Mundo em 13/10/2013




Sorrir faz bem !


Dia das Crianças

Dia das crianças moderno

Dia das crianças

Erro Médico

Dieta Forçada

Nerds Descolados

Poluição no Interior!