Quem é contra o Bolsa Família ou é mal-intencionado, ou está mal-informado
Sempre que a oportunidade aparece, ressuscita a campanha contra o Bolsa Família. Seu objetivo não é acabar com o benefício. É tão impossível quanto acabar com o salário mínimo, o Natal, o nascer do sol.
As metas são outras: manter o Bolsa Família com o menor valor possível, enxovalhar a reputação de quem o recebe, influenciar a opinião pública para que se torne politicamente difícil a criação de outros benefícios semelhantes, e bater no governo.
A quem interessa? Aos que têm outros destinos para o dinheiro dos nossos impostos.
Recentemente, a correria por conta dos boatos sobre o fim do Bolsa Família ressuscitou os zumbis de sempre. As questões habituais se arrastaram para fora da tumba: o Bolsa Família é bom? É justo? Não é um estímulo oficial à vagabundagem e à procriação destrambelhada? Não seria melhor deixar de lado essa política assistencialista, e focar na geração de empregos, verdadeira porta de saída dessa esmola?
Não tenha dúvida: na próxima oportunidade que pintar, os mesmos de sempre voltarão a atiçar com desinformação os mesmos preconceitos. É bom estar preparado para retrucar.
A revista britânica Lancet publicou semana passada estudo que relaciona de forma conclusiva o Bolsa Família com a queda da mortalidade infantil.
Dados de quase 3000 municípios brasileiros foram utilizados, no período entre 2004 e 2009.
A Lancet é a mais tradicional publicação científica na área de saúde do planeta - existe desde 1823. Nas cidades em que o programa tem alta cobertura, a queda geral na mortalidade infantil foi de 19,4%. Cruzando o Bolsa Família com causas específicas de morte, o impacto é ainda maior: queda de 65% nas mortes por desnutrição e 53% nas mortes por diarreia. A íntegra está aqui.
O Bolsa Família, portanto, salva vidas. Não é uma solução permanente. É uma operação de emergência, necessária hoje e todo dia.
Sua missão fundamental é salvar vidas em perigo, vidas que enfrentam uma calamidade permanente (o miserê nacional, desastre que de natural não tem nada).
Aí chegamos a outra crítica comum ao programa: mas pra quê tanta criança? Essa mulherada sem vergonha não está parindo um filho atrás do outro, só pra garantir uma renda fixa?
A resposta é um grande não. A taxa de fertilidade do Brasil vem caindo rápido. Hoje é de 1,8 filhos por mulher, a mesma que o Chile, menos que os Estados Unidos (1,9). Está abaixo do nível mínimo de reposição da população (que é 2,1%).
É evidente que se o mundo tivesse dois bilhões de pessoas, em vez de sete, estaríamos melhor na fita. Quanto menos pobre, menos pobreza... mas o fato inquestionável é que as brasileiras têm cada vez menos filhos. E cada vez mais tarde - 40% das nossas conterrâneas entre 25 e 29 anos ainda não têm filhos. Dados citados em um iluminador artigo da Economist desta semana.
A importância do Bolsa Família para essas famílias pobres ficou assustadoramente explícita nas reportagens de TV sobre o corre-corre. Pareciam cenas de refugiados na África, se batendo por um galão de água, um saco de ração.
Por que nossos compatriotas ficaram tão desesperados com a possibilidade de ficar sem o Bolsa Família? Porque eles não recebem um monte de outros benefícios simultaneamente.
Comparando com os países que tem a melhor qualidade de vida, o Brasil tem benefícios sociais minúsculos.
O sociólogo Alberto Carlos Almeida fez uma comparação chocante entre Brasil e Inglaterra, em artigo para o jornal Valor Econômico.
Os ingleses ganham salários muito mais altos que os brasileiros. E mesmo assim recebem muitos tipos de auxílio diferentes, que aqui não existem. Alguns:
- Bolsa funeral (R$ 2100 para ajudar no enterro de seu familiar, incluindo pagar flores, caixão, uma viagem de algum parente para o velório etc.)
- Bolsa aquecimento no inverno (média de R$ 2400 por mês para ajudar você a se aquecer no inverno)
- Bolsa necessidades especiais (para deficientes ou idosos, até R$ 1500 por mês)
- Bolsa cuidador de quem tem necessidades especiais (R$ 720 por mês)
- Bolsa aquecimento por painéis solares (até R$ 3600 por mês)
- Seguro desemprego (R$ 720 por mês)
E muitos outros de todo gênero. Almeida destaca o Bolsa Criança, que paga R$ 1350 por mês para a família que tem uma criança (e mais uns R$ 1200 para o segundo filho etc.).
Vale lembrar que a saúde pública inglesa é boa e gratuita, assim como a educação, em sua maior parte. Por isso tudo, os ingleses são mais saudáveis e educados que os brasileiros, vivem mais e melhor que nós, em um país sem violência.
Lá, os impostos são aplicados em benefícios que garantem uma vida mais saudável e segura.
Quando alguém criticar o Bolsa Família, faça-lhe um favor: jogue esses dados na cara do infeliz. Nós, brasileiros, precisamos ter consciência do que funciona bem em outros países, para cobrar as mesmas leis aqui.
Dou o link para a reprodução do texto de Almeida no site do Senado Federal, porque no site do Valor é só para assinantes.
Certo que o Brasil não é a Inglaterra. Certeza que há dinheiro suficiente para ajudarmos nossos deficientes, idosos, crianças, desempregados e defuntos.
Estão aí os estádios faraônicos pra Copa, molezas diversas para empresas próximas do poder, benesses variadas para apadrinhados etc. Somos a sexta maior economia do mundo. Nosso desafio não é gerar recursos, é forçar a aplicação desses recursos no que trará mais benefícios para nossa população.
O PT explora politicamente o Bolsa Família? Claro, é isso que governos fazem, e oposição idem.
Aécio Neves até já disse que quem criou o Bolsa Família foi o PSDB (não foi, mas criaram coisas parecidas. Lula, quando o Fome Zero não decolou, reempacotou os benefícios criados pelos tucanos, engordou um tanto o bolo, e marketou magistralmente).
Minha sugestão é que os governos estaduais e municipais da oposição criem seus próprios bolsa isso e bolsa aquilo.
Que bom se os políticos disputarem nosso voto nos dando dinheiro, em vez de tirar...
O questionamento do Bolsa Família mais furado de todos é o moral: é justo uma pessoa receber dinheiro, sem ter trabalhado por isso? Nem merece resposta. A questão não é de justiça, é de isonomia.
Os mais ricos já recebem bastante dinheiro sem trabalhar. Embolsam rendimentos de suas aplicações financeiras, aluguel de imóveis e tal. Acionistas de empresas recebem dinheiro sem trabalhar: os lucros. E herdeiros recebem dinheiro sem trabalhar, às vezes sem nunca ter trabalhado de verdade. Muitas crianças brasileiras felizardas já têm seus futuros assegurados, graças ao que construíram seus pais ou avós. Nunca precisarão pegar no batente (e mesmo assim, como sabemos, muita gente abonada continua trabalhando, porque assim se sente realizada, produtiva, estimulada, ganha mais dinheiro ainda etc. Dinheiro é 100%, mas não é tudo...).
Na próxima vez que a campanha contra o Bolsa Família mostrar sua cara feia, ajude a cravar uma estaca em seu coração.
O Bolsa Família não é nenhuma maravilha, mas é infinitamente melhor que nada.
Tem que ser aplaudido, imitado, diversificado e expandido para pessoas que não têm família. Tem que ter o seu valor aumentado, bastante e rápido.
Contra fatos, e vidas salvas, não há argumentos.
Postado no Blog André Forastieri no Portal R7 em 04/06/2013
Mandamentos intransferíveis
Washington Araújo
Para ajudarmos a construir a paz no mundo, existem algumas coisas que podemos fazer, que depende unicamente da gente. Vejamos alguns mandamentos da paz:
Saber colocar-se no lugar do outro; não responder à violência com violência; promover o diálogo; interessar-se pela comunidade; descobrir e valorizar o que há de positivo nas pessoas; fazer parceria, juntar forças; cuidar das causas dos problemas; conhecer e usar os recursos legais; não ficar em silêncio diante da injustiça; cultivar a espiritualidade da esperança e da reconciliação.
Algum tempo atrás a Unesco, um importante órgão consultivo das Nações Unidas afirmou em um documento que “se é nas mentes humanas que se criam as ideias das guerras é também nas mentes humanas que devem ser construídas as fortalezas da paz”.
Afinal, não precisa ser muito sábio para entender que tudo começa pelo pensamento.
Pensemos então na paz, em atitudes pacifistas e assim, terminaremos incluindo a paz em nossa rotina do dia a dia.
Postado no blog Cidadão do Mundo em 02/06/2013
A força da esperança
Maria Cristina Tanajura
Embora estejamos mergulhados numa atmosfera sombria e cheia de acontecimentos tristes, cheguei à compreensão de que nós que acreditamos na vitória da Luz e do Amor, não devemos nos envolver demasiadamente com todo este aparente caos.
Se ficarmos pensando nesses fatos dolorosos que são constantemente noticiados pela mídia, sem percebermos, iremos nos intoxicando com o medo e nos afastando da Fonte que é de onde emana toda a Paz que precisamos para sermos felizes, apesar dos acontecimentos.
O nosso pensamento é poderoso e através dele podemos auxiliar a instalação da Nova Era que está chegando ao nosso planeta.
É preciso que sempre busquemos uma forma positiva de olhar os acontecimentos, sejam eles quais forem. Não sugiro fiquemos alienados da realidade, mas que tenhamos sempre a convicção de que o que vemos não é exatamente tudo o que está ocorrendo. Há muito benefício, fruto do mau acontecimento, mesmo que não o vislumbremos no momento.
Para muitos de nós, o sofrimento ainda é necessário como um alerta, como um sinal bem forte de que a mudança em nossas vidas é imprescindível.
Vivemos num mundo em que convivemos com irmãos muito diferentes em capacidade de compreender e acreditar na existência de Deus, de uma ordem cósmica superior.
Se nos detemos pensando e falando sobre fatos desastrosos, estamos colaborando com as forças da involução que desejam o aumento e fortalecimento das sombras e do medo em todos nós.
Se, ao contrário, conseguirmos lembrar o exemplo do Cristo, o qual, embora envolto nas trevas terrenas, conseguiu semear sempre a luz da esperança e do Amor, reagiremos de outra maneira, elevando o pensamento até o Amor Maior e recordando que nada acontece por acaso, mas de acordo com a vontade de Deus.
Para ajudarmos realmente, precisamos nos manter firmes, fazendo crescer a nossa fé no Bem e vivendo a exemplificar isto, todo o tempo. Conscientes dos nossos pensamentos e sentimentos, buscando agir de forma amorosa e perdoando aqueles que não têm esta visão da vida, mas que um dia a terão. Isto também é meditação.
Nascemos e vivemos para sermos felizes! Não para sofrermos, envoltos em lágrimas e queixas, em tristeza.
Cabe a cada um de nós construirmos seu próprio mundo, alicerçado na fé na vitória do Bem que nos criou, que está em nós e em todos, apenas esperando para ser reconhecido.
Muitas crenças religiosas, de certa forma, cultivaram ao longo de toda a história o sofrimento, como se este fosse inerente ao viver. Penso que hoje já podemos compreender que temos a condição de transformar isto, através da vivência do Amor e do Perdão, aplainando os caminhos e não criando mais obstáculos.
Quantos exemplos de superação já conhecemos! Irmãos nossos que, apesar de todas as dificuldades, conseguiram caminhar de forma produtiva e na paz?
Cabe a cada um cuidar de seu mundo interior, não acasalando fatos tristes e evitando ir propagando a desesperança e o negativismo, pois se assim fazemos, viveremos nesta atmosfera, além de estarmos potencializando o mal que teima em se apropriar de nossa casa planetária e de nossas mentes.
Que as alegrias se multipliquem. Que o Amor se propague. Que o perdão nos liberte definitivamente do passado que não deu certo. Que a Paz finalmente reine em nosso mundo interior, para que vá se propagando, envolvendo toda a família humana, como a luz do sol que não escolhe onde brilhar!
Postado no site Somos Todos Um
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