Joaquim cai no caldeirão
Davis Sena Filho
Hoje, em Brasília, durante 15 minutos, o herói da direita brasileira, juiz Joaquim Barbosa, concedeu entrevista ao garoto-propaganda global e "bom moço" da burguesia e da classe média brasileira, o "saltimbanco" e empresário Luciano Huck.
Huck é o considerado pelos controladores do sistema de consumo e pelo cidadão mediano brasileiro um self made man. E o garoto da Globo sabe que se comunica com uma das classes médias mais complexada, pedante e preconceituosa do mundo, e que, por ignorância e arrogância, adere, sem raciocinar, aos valores e aos princípios de uma burguesia que sempre vai barrá-la em seus bailes.
Porém, esses pobres infelizes e vítimas de seus enganos jamais vão aprender que nunca vão ser ricos e muito menos serão convidados para frequentar os salões de nossa burguesia entreguista, subserviente, portadora de um gigantesco complexo de vira-lata, ao tempo que herdeira legítima da escravidão.
Joaquim Barbosa também tem esses valores fúteis, frugais, sedimentados em uma vaidade vã e em uma prepotência e arrogância que não dignificam o exercício do Direito e de seu cargo nomeado, que requer sabedoria e humildade, realidades que tal cidadão não as possui e nunca as vai possuir.
O condestável juiz se considera também um self made man, ou seja, aquele que se fez por si só, o que não é verdade. Huck, antes da fama, já era rico, e Joaquim teve todos os meios para ascender socialmente, principalmente com a ajuda do estado brasileiro, onde ele fez sua carreira e conseguiu chegar onde chegou ao ser nomeado pelo ex-presidente Lula, que queria um negro no STF.
Joaquim Barbosa é o legítimo filho do estado nacional, com a verve da UDN e o palavreado agressivo de Carlos Lacerda. Picado pela mosca azul, trilha por caminhos até então repletos de obstáculos, no que tange ao juiz ter as portas abertas pelos figurões da iniciativa privada.
Cientes da luta política que travam com os governos trabalhistas do PT, a imprensa privada e seus aliados do PSDB perceberam, rapidamente, que o juiz autoritário e sem educação no trato com as pessoas poderia se transformar em seu Batman midiático, um símbolo da luta contra a corrupção, e um instrumento de luta política contra aqueles que vencem, nas urnas, as eleições presidenciais há onze anos.
Tal juiz rasgou a Constituição, o Código penal e ignorou os autos dos processos relativos ao mentirão, mesmo com provas contundentes, a exemplo dos recibos apresentados pelos réus, que comprovaram que as transações eram regulares e legais. Um dia esse juiz vai ter de responder por seus atos e injustiças, constitucionalmente e na forma da lei.
Só que o juiz Joaquim Barbosa, criador contumaz de crises artificiais tal qual seu colega, juiz Gilmar Mendes, está resoluto em adiar propositalmente as questões sobre o mentirão para 2014, ano eleitoral, a fim de favorecer o campo da direita, como aconteceu com o julgamento do mentirão exatamente no decorrer das eleições de outubro do ano passado.
Foi uma estratégia açodada da direita para desgastar o PT e o Governo trabalhista, bem como uma "arma" para atingir o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma, e, consequentemente, quiçá, conquistar dividendo eleitoral, fato este que realmente não ocorreu, como comprova a eleição do petista, Fernando Haddad, para prefeito da cidade de São Paulo.
Eis que o Luciano Huck, o garoto-propaganda, o genro que os pais da classe média rancorosa, consumista e ignorante querem para casar com suas filhas, resolve fazer um "documentário" e um de seus personagens, ao que parece, é o global e midiático juiz picado pela mosca azul, o "senhor da razão", Joaquim Barbosa, o Batman encapuzado e o herói de uma classe média e de uma imprensa alienígena que há pouco tempo o odiava, pois ele teimava em discutir, e ferozmente, com até então ídolo dos reacionários brasileiros, o condestável juiz Gilmar Mendes.
Só que ninguém sabia ou imaginaria que as crises apopléticas, a falta de educação, a gritaria e a total ausência de compostura do juiz temperamental eram decorrentes, na verdade, de ciúmes, porque, ao que parece, Joaquim tinha inveja de Gilmar, pois queria também ser paparicado e "idolatrado" pelo sistema midiático de negócios privados pertencente à nossa burguesia herdeira e saudosa da escravidão e da ditadura militar.
Luciano Huck, um tucano alienado e que confunde seu programinha televisivo chamado de Caldeirão com a dura realidade dos brasileiros despossuídos pela sorte ou por décadas de abandono do estado burguês e patrimonialista, pensa, em sua “ingenuidade” e ignorância política que os governos trabalhistas estão a brincar com as realidades e as desigualdades brasileiras. Afinal, o dono do caldeirão se informa nos jornais da TV Globo e nas publicações da Veja, da Folha e do Estadão.
Por seu turno, sem sombra de dúvida, não são órgãos adequados e confiáveis para informar sobre o Brasil, porque simplesmente esses meios de comunicação se recusam a mostrar o País, bem como não repercutem as conquistas sociais e econômicas do povo brasileiro, que os ajuda a enriquecer, pois compra seus produtos de péssima qualidade editorial.
Contudo, torna-se imperativo que essa direita com cara de Miami entenda, definitivamente, que o PT e seus governos trabalhistas fazem política de estado, a exemplo da recuperação do salário mínino, das escolas técnicas, das universidades, do Enem, do Bolsa Família, do advento dos PAC 1 e 2 e da recuperação constante da infraestrutura do País, abandonada a décadas por políticas irresponsáveis efetivadas pelos militares e pelos tucanos, que venderam o Brasil e foram pedir esmolas três vezes ao FMI, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebraram o Brasil três vezes. Simples assim.
Luciano Huck, aquele "artista" que pensa, equivocadamente, que seu "caldeirão" de enganos e fantasias é exemplo de cooperação e solidariedade para com as pessoa necessitadas ou não, incorre em grave erro.
Tal capitalista, porta-voz de banqueiros por meio de comerciais, não passa de um embuste, que tenta lograr simpatias às causas políticas e econômicas da nossa "elite" perversa, que confunde o assistencialismo típico dos conservadores com os programas sociais efetivados por políticos e técnicos vinculados ao PT ou não.
Políticas sociais e econômicas que mexeram, de fato, com as estruturas de nossa sociedade, pois retirou da pobreza cerca de 30 milhões de pessoas e levou às classe C e D mais de 40 milhões de pessoas, a fortalecer, a partir dessa realidade, o mercado interno brasileiro, responsável maior pelo o Brasil não sentir com tanta força e ênfase a crise internacional, que, desde 2008, abala os países mais poderosos do mundo, tão apreciados e admirados pelos nossos burgueses colonizados e subservientes aos ditames dos interesses estrangeiros.
O neoliberalismo fracassou. As economias dos países desenvolvidos foram "derretidas", os órgãos de espoliação internacional como o FMI, o Bird, a OMC e a ONU estão, aos poucos, a mudar suas estratégias globais no que concerne à economia, ao rígido controle do sistema bancário e às receitas neoliberais que levaram à falência países de grande expressão como a Argentina e que deixou o Brasil e seu povo em condições pré-falimentares.
E a nossa direita, violenta, insensata e cínica, insiste em defender o que não deu certo, o que não se justifica e o que não se aplica por razões tão óbvias que não é necessário ser um economista genial para perceber que o neoliberalismo era um sistema de pirataria e rapinagem, que desregulamentou a economia, bem como foi um fracasso retumbante no que diz respeito ao que é humano, justo e honrado.
Luciano Huck é um playboy que está a "brincar" de ganhar dinheiro com a miséria, a dor alheia ou simplesmente desejo e sonho de consumo de quem o assiste e vai ser "premiado", por intermédio de seu assistencialismo barato que não mexe nas estruturas, pois é um paliativo.
Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes adoram esse mundo de fantasia, reprise dos parques de diversões de Orlando (EUA), pois valorizam o status quo e a vaidade de se considerarem acima dos mortais.
O juiz Joaquim alcançou o Olimpo e entrou nas graças da burguesia global. Esses juízes se transformaram em estrelas midiáticas, sem quaisquer preocupações com a discrição, a reclusão e o silêncio, postura obrigatória que qualquer juiz deveria ter.
Se Joaquim Barbosa quer ser político, candidato ou ator, ou qualquer coisa que o valha, que ele peça o boné e vai lutar pelo o que quer e deseja.
A sua atuação no mentirão foi lamentável, bem como as atividades "extracurriculares" do juiz Gilmar Mendes, que envergonham o Judiciário.
Não se deve também esquecer que o procurador-geral, Roberto Gurgel, "sentou" em processos que não interessavam ao campo da direita, pois deixariam muitos de seus membros em evidência, bem como, de forma antagônica, o PGR Gurgel fez questão de deixar público e notório os processos que envolviam os políticos do PT.
Para dar um único exemplo de tantos outros processos que povoam o imaginário da sociedade, os escaninhos do Judiciário e os noticiários da imprensa de mercado, até hoje o mensalão do PSDB não tem data para começar a ser julgado pelo STF.
E tão cedo não vai ser lembrado pelas manchetes dos jornais dos barões da imprensa corporativa.
Afinal, o Supremo é composto por muitos juízes conservadores e que adoram ser globais.
Joaquim é o Batman; Huck é o Robin. A direita seria capaz de lançá-los a uma candidatura presidencial. O problema é o caldeirão, um dia, pode entornar. É isso aí.
Postado no Blog do Saraiva e no blog Palavra Livre em 23/05/2013
Símbolo dos EUA no banco dos réus
Os Estados Unidos têm dois símbolos que remetem ao chamado american way of life: McDonald`s e a Coca-Cola, esta conhecida também como “acqua nera del imperialismo”.
Volta e meia, os dois símbolos têm sido questionados criminalmente em várias partes do mundo por violarem direitos trabalhistas.
É o caso aqui no Brasil, do MCDonald, que está sendo investigado pela Polícia Federal.
A acusação é a de que uma funcionária não recebeu salário durante oito meses, ou seja, uma brasileira foi submetida à condição análoga de trabalho escravo. O fato, praticamente desconhecido da população brasileira, é de responsabilidade da Arcos Dourado, a maior franqueadora do McDonald.
A Polícia Federal, que investiga a denúncia desde outubro do ano passado, ainda não concluiu o trabalho ou se concluiu não divulgou o resultado.
A alegação para o silêncio é a de que o inquérito corre em segredo de Justiça. Dois meses depois da abertura do inquérito, um delegado da Polícia Federal de nome Oscar Kouti pediu mais tempo para investigar o caso e alegou então que “há indícios suficientes da prática do crime de redução à condição análoga a de escravo” por parte da empresa de fast food.
É importante que os brasileiros sejam informados sobre este caso e de outros que correm na Justiça do Trabalho contra o McDonald, porque a empresa em sua propaganda (enganosa) se apresenta como defensora de muita coisa e tem como alvo principal as crianças.
Uma vez por ano, o McDonald faz até campanha de ajuda a pessoas doentes de câncer, quando se sabe que os seus produtos são responsáveis por uma série de doenças, coronarianas e até mesmo o próprio câncer.
A Justiça do Trabalho, depois de marchas e contramarchas deu ganho de causa a funcionários que entraram com ações trabalhistas, porque a empresa de fast food proibia que eles trouxessem de casa refeições, obrigando-os a ingerir apenas os seus produtos.
Postado no site Direto da Redação em 21/05/2013
Carapinha ( Amendoim Doce )
500g de amendoim cru
1 e 1/2 xícara de chá de açúcar refinado ou cristal
1 e 1/2 xícara de chá de água
2 colheres sobremesa de chocolate em pó ou nescau (opcional)
Preparo
Coloque a água com o açúcar para cozinhar.
Deixe formar uma calda não muito grossa.
Colocar o amendoim deixando o fogo médio.
Quando começar a engrossar baixe o fogo, se preferir coloque o chocolate, mexa devagar com a colher de pau.
Quando açucarar e quase secar desligue o fogo.
Continue mexendo devagar para separar os amendoins.
Angelina Jolie e as marionetes
Sylvia Debossan Moretzsohn, Observatório da Imprensa
Celebridades são notícia por sua própria condição de produto da indústria do entretenimento. Cumprem competentemente o script, lançam moda, divulgam padrões de beleza frequentemente inalcançáveis pelo comum dos mortais, eventualmente se tornam ícones de alguma causa humanitária.
Mas também podem servir a outros fins, não imediatamente visíveis.
A decisão de Angelina Jolie de retirar ambos os seios para prevenir um possível câncer de mama, anunciada em artigo no New York Times (terça, 14/5 – original aqui e a tradução, aqui), teve a previsível repercussão pela radicalidade da atitude, provocou entusiasmados elogios à “coragem” e “ousadia” da atriz e suscitou o inevitável debate sobre a utilidade, o alcance e a viabilidade da aplicação de testes genéticos com esse fim, além das providências mais adequadas no caso da confirmação de um diagnóstico preocupante.
A Folha de S.Paulo, por exemplo, enfatizou a polêmica em torno do tema, apresentou hipóteses de tratamentos menos radicais e, em editorial (16/5), lembrou que o avanço da medicina tende a proporcionar o aumento das possibilidades de que se conheça a doença, mas não a cura: “Cada um terá de escolher de quanta informação necessita”. O que, especialmente nos dias de hoje, não é bem uma escolha, uma vez que estamos bombardeados por “informação” – verdadeira ou não, quem saberá? – por todos os lados.
A sombra da dúvida
O problema é que, para o público em geral, importam menos os argumentos dos especialistas consultados – eles mesmos sujeitos a controvérsias – do que o exemplo da celebridade. Que, embora viva da publicidade de sua imagem, poderia preservar algo de sua intimidade. Jolie, entretanto, preferiu se expor:
“Decidi não deixar minha história em segredo porque há muitas mulheres que podem estar vivendo sob a ameaça de um câncer sem saber disso. Espero que também elas possam fazer o teste genético”.
É uma esperança remota, considerando que a própria atriz, no parágrafo anterior, reconhecia que o custo desse teste (de R$ 3 mil a R$ 9 mil no Brasil, segundo reportagem de O Globo, 15/4) “continua sendo um obstáculo para muitas mulheres”.
Se a maioria das pessoas não pode pagar por isso, e se esse exame – como ocorre no Brasil – não é oferecido pelo serviço público de saúde, que consequências poderá ter o exemplo da atriz, a não ser aumentar a angústia de quem comece a considerar esse teste ao mesmo tempo uma necessidade e uma impossibilidade? Quantas mulheres não passarão a viver com mais um fantasma a assombrar-lhe os dias?
É claro que a atitude de Jolie permite também algum comentário sobre a tentativa de predizer e prevenir o futuro, como se eliminar a possibilidade de uma doença fatal nos fornecesse algum consolo quanto às inúmeras outras hipóteses de morte pelas mais distintas causas e nos desse alguma sensação de controle sobre nossas vidas. Como se fosse possível, em suma, abolir o acaso.
Os interesses em jogo
Nenhuma dessas considerações é desprezível, mas talvez seja mais relevante apontar os interesses por trás da decisão da atriz, mesmo que ela própria possa ignorá-los, embora essa (in)consciência importe menos do que a consequência de suas ações.
Tais interesses apareceram dispersamente no meio do noticiário e foram sintetizados pela antropóloga Debora Diniz em artigo no Estado de S.Paulo(18/5 ):
“O teste sanguíneo para a identificação do gene defeituoso de Angelina [BRCA1] custa US$ 4 mil nos EUA.
É produzido por uma única empresa, a mesma que busca patentear o sequenciamento genético na Suprema Corte americana.
No Brasil, não está disponível na rede pública de saúde por duas razões. A primeira é que a genética clínica ainda não foi seriamente implementada como política pública do SUS. A segunda, e mais importante, é o custo exorbitante do exame, dado o controle econômico da patente e do sequenciamento do gene por uma única empresa. (...)
Angelina lançou-se como ativista de mais uma causa: a do teste preditivo para o câncer de mama e da mastectomia preventiva.
Suas boas intenções humanitárias favoreceram o crescente mercado genético. Em poucos dias, as ações comerciais da Myriad Genetics, a única que controla o teste preditivo para o BRCA1, cresceram nas bolsas de valores.”
Marionetes às vezes representam tão bem que parecem ter autonomia. Por isso mesmo é preciso estar atento para quem está por trás da cena, especialmente quando lidamos com temas tão delicados quanto os ligados à saúde, e às cifras milionárias movimentadas por quem a trata como mercadoria.
Postado no Blog do Miro em 22/05/2013
Trecho do texto grifado por mim
Assinar:
Postagens (Atom)