Mudanças que não fazemos
Mudanças que não fazemos no momento certo
se transformam em dolorosas provas.
São situações que nós mesmos criamos,
com o medo de assumir aquilo que já sabemos,
de terminar o que já terminou,
de enterrar quem já morreu,
de encerrar ciclos.
Para piorar, por vezes somos terroristas de nós mesmos,
fazendo cada “tempestade em meio a garoa fina”.
Nós nos boicotamos, fazemos papel de coitadinhos.
E se houver uma oportunidade, seremos as vítimas perfeitas.
Quem não gosta de ser consolado, confortado, receber “paparicos”?
Só tem um problema:
- A vida não olha para os nossos problemas, nem se compadece das nossas dores.
A vida simplesmente segue a sua trajetória,
vai movimentando forças e atropelando indecisões.
Ainda bem que é assim, pois quando percebemos,
lá estamos resolvendo o velho problema,
e por fim percebemos que nem doeu tanto assim.
Vai!
Se a vida te cobra uma mudança, comece pelo começo,
um bom pensamento, um pequeno gesto, uma atitude.
A estrada parece longa, mas depois dos primeiros passos,
ela vai ficando cada vez mais curta, mais conhecida,
e a sua estrada da vida, cada vez mais florida,
ainda que de vez em quando, os espinhos venham alertar,
que nem tudo são flores, mas pode ter cor, sabor
e muito, muito amor.
Mude!
Paulo Roberto Gaefke
Postado no blog Só Palavras
Os indignados de Porto Alegre
Juremir Machado da Silva
Tinha um personagem de tevê com este bordão: “Perguntar não ofende!” Será? É a primeira pergunta.
E se tivéssemos mais de aplaudir do que criticar esses jovens que tomaram as ruas de Porto Alegre em protesto contra o aumento das passagens de ônibus?
E se eles estiveram quebrando o clichê de que a juventude é despolitizada? E se eles tinham razão?
E se o argumento de que eram manipulados por partidos extremistas for equivalente aos usados pela direita quando outros jovens se manifestavam contra a repressão durante o período ditatorial?
E se esses jovem são, como os da Espanha, da Grécia e dos Estados Unidos, os indignados de Porto Alegre? E aí?
E se a violência explícita que praticaram, sempre condenável, sem entrar no mérito de quem começou, foi a consequência perversa de outra violência pouca condenada, mas talvez mais grave, a violência implícita de um aumento nas passagens que não convenceu ninguém, pareceu abusivo e contrariou indicação do Ministério Público de Contas de que a tarifa deveria baixar?
E se tudo isso foi a demonstração cabal de que os jovens não aguentam mais decisões de gabinete que parecem atender mais os interesses de empresas do que as necessidades do povo?
E se o aumento da passagem de ônibus devesse voltar a ser decidido pela Câmara de Vereadores?
E se as empresas de ônibus mostrassem quanto lucram por ano, mas não em porcentagem? Um milhão? Dois milhões? Dez milhões?
E se esses jovens, empurrados pela adrenalina da psicologia das massas, caíram na armadilha da violência justamente para se deslegitimarem?
E se eles aprenderem rápido a evitar qualquer provocação qual poderá ser a reação de quem possa desejar que uma decisão tomada seja engolida, assimilada e esquecida?
E se, por ter o Tribunal de Contas do Estado considerado inadequada a metodologia do cálculo que vinha sendo usada, as empresas fossem obrigadas a devolver o que ganharam inadequadamente? Ou a inadequação não é retroativa?
E se esses jovem representam a coragem e a politização que os adultos “sensatos” não têm mais? E se esses jovens são nossos últimos heróis?
E se esses jovens estiveram clamando por transparência com perguntas cruelmente juvenis contra um pragmatismo senil: por que as empresas precisavam mesmo desse aumento? O que o justificava? A justificativa era convincente?
E se esses jovens estiveram defendendo de peito aberto o interesse também dos mais velhos, as isenções para os idosos que já deram sangue e suor no trabalho e vivem com magras aposentadorias?
Não teria sido esse aumento uma astúcia para derrubar o que as empresas gananciosas mais detestam e enxovalham: pessoas, jovens ou velhas, podendo andar de ônibus sem pagar ou pagando menos?
E se tudo isso tiver sido uma estratégia para transformar os isentos em vilões das pobres empresas de ônibus da capital gaúcha?
E se, no outono, estivermos vivendo a primavera de Porto Alegre? A liminar da Justiça que restabeleceu a tarifa de R$ 2.85 dá muitas respostas.
Os indignados podem comemorar.
Postado no blog Juremir Machado da Silva em 05/04/2013
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