Jango, o subversivo, e a traição militar
João Goulart Presidente do Brasil 1961-1964 deposto pelo golpe militar de 1º de Abril de 1964 (golpe apoiado pelos Estados Unidos, pelas Organizações Globo e pela elite brasileira)
Juremir Machado da Silva
Nesta segunda-feira, a partir das 13h30, tem seminário na Câmara de Vereadores sobre o golpe de 1964. Almino Afonso e Waldir Pires, colaboradores de primeiro escalão de Jango, participarão.
Depois de passar três anos estudando a vida de João Goulart e de ter lido mais de dez mil páginas de documentos sobre a sua ascensão, queda e morte no exílio, cheguei a uma conclusão devastadora: Jango era um subversivo.
Sim, os militares que o derrubaram, a serviço de civis conservadores e dos interesses dos Estados Unidos, traindo a a pátria, tinham razão: Jango era um perigoso subversivo.
A primeira subversão aconteceu quando ainda ele era ministro do Trabalho de Getúlio Vargas e convenceu o presidente a dar um aumento de 100% no salário mínimo. Pressionado por um manifesto de coronéis dotados de idealismo cívico e materialismo patronal, Getúlio demitiu Jango. Mas deu o aumento.
Nada mais subversivo do que um aumento desses em favor da ralé. Instalado no poder, Jango desandou a praticar ou a propor atos subversivos.
Um deles, dos mais perigosos e lesivos aos cofres dos patrões gananciosos, continua a melhorar os nossos fins de ano: em julho de 1962, o fazendeiro subversivo – guindado ao Planalto graças à loucura bem rasteira de Jânio Quadros – fez aprovar o décimo-terceiro salário.
Num país em que parlamentares ganhavam até poucos dias 15 salários por ano e continuam a inventar subterfúgios para mamar, Jango criou um décimo-terceiro salário para todo mundo.
Não é coisa de comunista? Não se deve ter ódio de um homem que defende cem por cento de aumento no salário mínimo e concebe um décimo-terceiro salário para os trabalhadores? Ô horror!
A veia subversiva de Jango acentuou-se com o passar do tempo.
Numa nação de altíssima concentração de terras e de uma massa de miseráveis parasitada por uma elite estúpida, voraz e impiedosa, decidiu fazer uma reforma agrária. Aí foi demais!
As forças “sensatas”, “produtivas” e “ordeiras” da nação trataram de armar-se contra tamanho despautério. De quebra, Jango resolveu que era também necessária uma reforma urbana, fazendo com que imóveis fechados pudessem ser habitados.
Não satisfeito, queria também defender a população da alta dos preços. Num dos seus arroubos subversivos, achou interessante estender a legislação trabalhista ao mundo rural que continuava a viver na Idade Média.
A tendência subversiva de Jango era tamanha que ele, feito um louco vermelho, influenciado por doidos subversivos como Darci Ribeiro, pretendeu que os pobres também deveriam chegar às universidades. Uma loucura.
Por fim, atolado na subversão, começou a achar natural que subalternos de certos setores das forças armadas pudessem casar-se.
O subversivo Jango chegou ao ponto de semear a indisciplina nos meios militares considerando normal que detentores de postos inferiores pudessem “contrair” matrimônio.
Melhor nem falar na questão de votar e ser votado.
Agora entendo melhor os golpistas de 1964 que atuaram patrioticamente em favor dos Estados Unidos da América.
Era preciso agir, derrubar o homem, afastá-lo do Brasil, impedi-lo de voltar, fazer tudo o que os EUA pedissem. Com ele no poder, o Brasil corria um risco terrível de ficar melhor.
Olhando para trás, penso que se pode perdoar Jango por quase tudo, menos pelo décimo-terceiro salário. Que ideia altamente subversiva!
Obrigar os pobres patrões a darem mais uma lasquinha dos seus modestos ganhos aos trabalhadores. Essa, com certeza, foi uma das ações mais subversivas de Jango. Só ela já justificaria o golpe.
Depois, viriam a reforma a agrária, a lei da remessa de lucros para o estrangeiro e outras reformas de base.
Nunca a traição à pátria foi tão justificada.
* Juremir Machado da Silva é historiador, escritor, professor universitário.
Postado no blog Juremir Machado da Silva em 31/03/2013
Imagem inserida por mim assim como sua legenda
O império contra-ataca
Eduardo Guimarães
A esta altura, você já deve estar sabendo – e, se não sabia, agora saberá – que Luiz Carlos Azenha, jornalista-repórter da TV Record e editor do site Viomundo, foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a indenizar o diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, em 30 mil reais. Segundo a sentença, por Azenha ter movido “campanha insultuosa” contra ele.
Kamel vem obtendo sucessivas – e esquisitíssimas – vitórias na Justiça do Rio, assim como a emissora que o emprega, ao lado de outros grandes veículos de comunicação, conseguiu condenar, no STF, inimigos dessa corrente política que congrega partidos de oposição e impérios de comunicação.
O império da direita midiática no Brasil já conseguiu muito mais. Conseguiu manter o país sob uma ditadura militar durante duas décadas. O império da direita brasileira já conseguiu derrubar um governo legitimamente eleito e, depois, sustentou um regime que, por falta de votos, impediu este povo de escolher seus dirigentes.
A direita midiática, porém, perdeu poder. Hoje, exercita-o investindo contra trabalhadores da indústria da comunicação, mas não consegue mais dar golpes e eleger os governos que quer.
Azenha, ao lado de tantos outros, ajudou a derrotar a Globo em 2006, em 2010 e em 2012 – neste último ano, foi possível impedir o campeão da direita, candidato duas vezes a presidente, de se eleger como prefeito de São Paulo.
A Globo e seus tentáculos, bem como o exército de militantes – quase todos anônimos – que mantêm na internet, dirão que é muita pretensão achar que a blogosfera derrotou o império destro-midiático. Entretanto, as investidas desse império contra blogueiros referenda a tese que tentarão desqualificar.
O diretor da Globo não investiria contra Azenha, Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna, Cloaca News e tantos outros blogueiros, ou um colunista da Veja não investiria contra este que escreve, entre tantos outros, se nós não os incomodássemos. Incomodamos, e muito.
O ex-ministro da Secom Franklin Martins explicou, no último encontro de blogueiros progressistas, em Salvador, que o que nossos blogs fazem é visto como um perigo e um incômodo imensos por esses impérios de comunicação.
Para entender como simples blogs podem incomodar tanto esse império midiático que mantém 90% da comunicação de massas na mão de meia dúzia de famílias bilionárias, uma analogia: você sabe, leitor, por que as ditaduras censuram até uma distribuição de panfletos na rua? Sabe por que censuram uma música ou uma peça de teatro?
A comunicação, seja de que forma for feita, é “viral”. A informação esgueira-se por qualquer fresta que deixarem aberta e se espalha em progressão geométrica, mesmo que de forma lenta.
Uma Globo tem o poder da instantaneidade na comunicação. O que sai no Jornal Nacional às 20:31 hs., em questão de minutos já é sabido e consabido em todo território nacional e até no exterior. Contudo, a informação em um simples blog vai circulando devagar, muito devagar, mas sempre, sem parar.
As pessoas recebem artigo que escrevo em seus e-mails, em seus perfis nas redes sociais ou recebem indicação daquele texto ou até daquele blog através de amigos. E os argumentos que eu uso, por exemplo, vão sendo contrapostos à informação instantânea que a Globo, também por exemplo, difundiu.
Quando não existia a internet, esse processo era milhões de vezes mais lento e, ainda assim, assustava os déspotas que precisam falar sozinhos para mentir com “sucesso”.
Em campanhas eleitorais, aliás, a internet é muito mais importante. Por que a audiência em blogs políticos sobe tanto em períodos eleitorais? Porque pessoas pouco ligadas em política vão buscar informações adicionais na internet, já que muita gente já se deu conta de que o noticiário tradicional não conta a história toda.
Entendo as razões que o Azenha alega para encerrar seu site. É um repórter de sucesso, tem uma carreira pela frente e uma família a sustentar. Seu sufocamento financeiro pelas seguidas ações que Ali Kamel move contra si – e nas quais a Globo tem muito interesse – pode fazê-lo perder boa parte de seus bens, amealhados com trabalho honesto.
Além disso, assim como todos os outros blogueiros, Azenha não recebe dinheiro público que o governo Dilma Rousseff despeja aos borbotões nos cofres de uma Globo, que, apesar de ter só 45% da audiência, recebe 60% de todas as verbas publicitárias do governo federal.
É revoltante? Claro. Azenha tem todas as razões plausíveis para desistir de enfrentar esse poder discricionário e antidemocrático? Tem. Mas deve? Aí é outra questão.
Ao contrário do que parece, o império destro-midiático está perdendo o embate. O esforço que vem fazendo desde meados do ano passado, quando iniciou a sua última investida contra o governo Dilma e contra o PT, custou-lhe centenas de milhões de dólares.
Que resultado a Globo obteve com edições inteiras do Jornal Nacional focadas em destruir a imagem do PT? Zero. O PT, em pesquisa recente, aparece com 29% de preferência dos brasileiros – um patamar histórico – e se tornou, em 2012, o partido mais votado do país. E, de quebra, ainda tomou São Paulo do PSDB.
Ainda cabe recurso a Azenha na ação que Ali Kamel venceu contra si em primeira instância. O caso pode chegar ao Supremo Tribunal Federal, que está mudando de perfil. Além disso, mesmo se vier a perder, não tenho a menor dúvida de que boa parte do público da blogosfera se cotizaria e pagaria a indenização por ele.
Não é fácil ser blogueiro. O próprio Azenha relatou, recentemente, os riscos de violência física que este blogueiro corre, já que não conseguirão tirar nada de mim porque não tenho o que tirarem, em termos financeiros.
Há o caso Falha de SP, site do jornalista Lino Bocchini, quem está ameaçado de ter que pagar uma indenização pesada à Folha de São Paulo. Blogueiros que incomodam a direita midiática são assassinados ou espancados por todo o país. É uma “profissão” perigo que requer muita resiliência e coragem.
Todavia, os blogueiros têm um papel histórico. Se não nos deixarmos intimidar, poderemos consolidar a democracia no Brasil minando um poder discricionário e antidemocrático que meia dúzia de famílias bilionárias ainda detêm, mas que diminuiu muito e continuará diminuindo.
Diante de tudo isso, exorto o jornalista – e amigo do peito – Luiz Carlos Azenha a não desistir. Não temos a opção de desistir. Sem dinheiro, sem patrocínio, sofrendo processos e até violência física, estamos ajudando (muito) a mudar o Brasil. A recompensa que receberemos será o agradecimento das gerações futuras, que viverão em um país melhor.
Postado no. Blog da Cidadania em 30/03/2013
Globo consegue o que a ditadura não conseguiu: calar imprensa alternativa
por Luiz Carlos Azenha
Meu advogado, Cesar Kloury, me proíbe de discutir especificidades sobre a sentença da Justiça carioca que me condenou a pagar 30 mil reais ao diretor de Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, supostamente por mover contra ele uma “campanha difamatória” em 28 posts do Viomundo, todos ligados a críticas políticas que fiz a Kamel em circunstâncias diretamente relacionadas à campanha presidencial de 2006, quando eu era repórter da Globo.
Lembro: eu não era um qualquer, na Globo, então. Era recém-chegado de ser correspondente da emissora em Nova York. Fui o repórter destacado para cobrir o candidato tucano Geraldo Alckmin durante a campanha de 2006. Ouvi, na redação de São Paulo, diretamente do então editor de economia do Jornal Nacional, Marco Aurélio Mello, que tinha sido determinado desde o Rio que as reportagens de economia deveriam ser “esquecidas”– tirar o pé, foi a frase — porque supostamente poderiam beneficiar a reeleição de Lula.
Vi colegas, como Mariana Kotscho e Cecília Negrão, reclamando que a cobertura da emissora nas eleições presidenciais não era imparcial.
Um importante repórter da emissora ligava para o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dizendo que a Globo pretendia entregar a eleição para o tucano Geraldo Alckmin. Ouvi o telefonema. Mais tarde, instado pelo próprio ministro, confirmei o que era também minha impressão.
Pessoalmente, tive uma reportagem potencialmente danosa para o então candidato a governador de São Paulo, José Serra, censurada. A reportagem dava conta de que Serra, enquanto ministro, tinha autorizado a maior parte das doações irregulares de ambulâncias a prefeituras.
Quando uma produtora localizou no interior de Minas Gerais o ex-assessor do ministro da Saúde Serra, Platão Fischer-Puller, que poderia esclarecer aspectos obscuros sobre a gestão do ministro no governo FHC, ela foi desencorajada a persegui-lo, enquanto todos os recursos da emissora foram destinados a denunciar o contador do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, este posteriormente absolvido de todas as acusações.
Tive reportagem sobre Carlinhos Cachoeira — muito mais tarde revelado como fonte da revista Veja para escândalos do governo Lula — ‘deslocada’ de telejornal mais nobre da emissora para o Bom Dia Brasil, como pode atestar o então editor Marco Aurélio Mello.
Num episódio específico, fui perseguido na redação por um feitor munido de um rádio de comunicação com o qual falava diretamente com o Rio de Janeiro: tratava-se de obter minha assinatura para um abaixo-assinado em apoio a Ali Kamel sobre a cobertura das eleições de 2006.
Considero que isso caracteriza assédio moral, já que o beneficiado pelo abaixo-assinado era chefe e poderia promover ou prejudicar subordinados de acordo com a adesão.
Argumentei, então, que o comentarista de política da Globo, Arnaldo Jabor, havia dito em plena campanha eleitoral que Lula era comparável ao ditador da Coréia do Norte, Kim Il-Sung, e que não acreditava ser essa postura compatível com a suposta imparcialidade da emissora. Resposta do editor, que hoje ocupa importante cargo na hierarquia da Globo: Jabor era o “palhaço” da casa, não deveria ser levado a sério.
No dia do primeiro turno das eleições, alertado por colega, ouvi uma gravação entre o delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno e um grupo de jornalistas, na qual eles combinavam como deveria ser feito o vazamento das fotos do dinheiro que teria sido usado pelo PT para comprar um dossiê contra o candidato Serra.
Achei o assunto relevante e reproduzi uma transcrição — confesso, defeituosa pela pressa – no Viomundo.
Fui advertido por telefone pelo atual chefão da Globo, Carlos Henrique Schroeder, de que não deveria ter revelado em meu blog pessoal, hospedado na Globo.com, informações levantadas durante meu trabalho como repórter da emissora.
Contestei: a gravação, em minha opinião, era jornalisticamente relevante para o entendimento de todo o contexto do vazamento, que se deu exatamente na véspera do primeiro turno.
Enojado com o que havia testemunhado ao longo de 2006, inclusive com a represália exercida contra colegas — dentre os quais Rodrigo Vianna, Marco Aurélio Mello e Carlos Dornelles — e interessado especialmente em conhecer o mundo da blogosfera — pedi antecipadamente a rescisão de meu contrato com a emissora, na qual ganhava salário de alto executivo, com mais de um ano de antecedência, assumindo o compromisso de não trabalhar para outra emissora antes do vencimento do contrato pelo qual já não recebia salário.
Ou seja, fiz isso apesar dos grandes danos para minha carreira profissional e meu sustento pessoal.
Apesar das mentiras, ilações e tentativas de assassinato de caráter, perpretradas pelo jornal O Globo* e colunistas associados de Veja, friso: sempre vivi de meu salário. Este site sempre foi mantido graças a meu próprio salário de jornalista-trabalhador.
O objetivo do Viomundo sempre foi o de defender o interesse público e os movimentos sociais, sub-representados na mídia corporativa. Declaramos oficialmente: não recebemos patrocínio de governos ou empresas públicas ou estatais, ao contrário da Folha, de O Globo ou do Estadão. Nem do governo federal, nem de governos estaduais ou municipais.
Porém, para tudo existe um limite. A ação que me foi movida pela TV Globo (nominalmente por Ali Kamel) me custou R$ 30 mil reais em honorários advocatícios.
Fora o que eventualmente terei de gastar para derrotá-la. Agora, pensem comigo: qual é o limite das Organizações Globo para gastar com advogados?
O objetivo da emissora, ainda que por vias tortas, é claro: intimidar e calar aqueles que são capazes de desvendar o que se passa nos bastidores dela, justamente por terem fontes e conhecimento das engrenagens globais.
Sou arrimo de família: sustento mãe, irmão, ajudo irmã, filhas e mantenho este site graças a dinheiro de meu próprio bolso e da valiosa colaboração gratuita de milhares de leitores.
Cheguei ao extremo de meu limite financeiro, o que obviamente não é o caso das Organizações Globo, que concentram pelo menos 50% de todas as verbas publicitárias do Brasil, com o equivalente poder político, midiático e lobístico.
Durante a ditadura militar, implantada com o apoio das Organizações Globo, da Folha e do Estadão — entre outros que teriam se beneficiado do regime de força — houve uma forte tentativa de sufocar os meios alternativos de informação, dentre os quais destaco os jornais Movimento e Pasquim.
Hoje, através da judicialização de debate político, de um confronto que leva para a Justiça uma disputa entre desiguais, estamos fadados ao sufoco lento e gradual.
E, por mais que isso me doa profundamente no coração e na alma, devo admitir que perdemos. Não no campo político, mas no financeiro. Perdi. Ali Kamel e a Globo venceram. Calaram, pelo bolso, o Viomundo.
Estou certo de que meus queridíssimos leitores e apoiadores encontrarão alternativas à altura. O certo é que as Organizações Globo, uma das maiores empresas de jornalismo do mundo, nominalmente representadas aqui por Ali Kamel, mais uma vez impuseram seu monopólio informativo ao Brasil.
Eu os vejo por aí.
PS do Viomundo: Vem aí um livro escrito por mim com Rodrigo Vianna, Marco Aurelio Mello e outras testemunhas — identificadas ou não — narrando os bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo, além de retratar tudo o que vocês testemunharam pessoalmente em 2010 e 2012.
PS do Viomundo 2: Descreverei detalhadamente, em breve, como O Globo e associados tentaram praticar comigo o tradicional assassinato de caráter da mídia corporativa brasileira.
Postado no site Carta Capital em 31/03/2013
Siga as dicas para correr na rua sem lesões e com melhores resultados
Carolina Gonçalves
Evitar o trânsito e prestar atenção nos obstáculos deixa o treino mais efetivo
Tênis calçados, fones nos ouvidos e muita disposição. É assim que a maioria dos corredores inicia o seu dia. Seja na rua ou na academia, a corrida é um dos esportes mais democráticos e fáceis de praticar, desde que os limites do atleta sejam respeitados.
Para aqueles que optaram por montar seu trajeto de corrida na rua, os especialistas afirmam que alguns pontos devem ser levados em conta. "Qualquer obstáculo ou escolha mal pensada no trajeto pode afetar o rendimento do treino e até aumentar o risco de lesões", afirma o personal trainer Guto Ferrari, coordenador de corrida da academia Velox Fitness, no Rio de Janeiro. Veja como correr na rua sem sofrer riscos:
Cuidado com pistas entre montanhas
Caminhos ou pistas localizadas entre montanha ou montes tem uma circulação de ar e umidade reduzida, o que inicialmente dificulta o rendimento do treino. "Por outro lado, isso estimula o aumento de hemácias, que são as células responsáveis por transportar oxigênio, o que aumentaria a eficiência do treino", diz o personal trainer Guto Ferrari, coordenador de corrida da academia Velox Fitness. "No entanto, essa é uma adaptação a médio e longo prazo, e treinar esporadicamente neste ambiente apenas dificultará a performance."
Leve em conta o trânsito
Não é a toa que é mais agradável treinar em áreas arborizadas. Afinal, em locais de trânsito intenso o ar é mais poluído, fator que pode dificultar a respiração e prejudicar o desempenho. ?Entretanto, é mais importante treinar nestas condições do que não treinar?, afirma Gurto Ferrari. Por isso, procure trajetos que tenham muitas árvores e evite ao máximo o trânsito, mas caso não seja possível fugir dos carros em determinados horários treine mesmo assim.
Analise o tipo de piso
Concreto, asfalto, grama ou areia são pisos muito distintos, que oferecem diferentes vantagens e desvantagens para o treino. Segundo o professor de corrida Carlos Santana, da Cia. Athletica de Brasília, a grama ou terra batida, por exemplo, absorvem o impacto e são indicados para treinos contínuos, já o asfalto é mais concentrado, ideal para treinos de tiro ou de ritmo. "O concreto é o piso menos recomendado, pois é muito sólido, prejudicando assim na absorção do impacto", afirma. "Outra opção é treinar na areia, que exige mais força e resistência, pelo fato de ela ser mais fofa que os outros terrenos", completa. Se você tiver dúvidas quanto ao melhor tipo de terreno para o seu treino, converse com um especialista.
Evite locais muito movimentados
"A intensidade e velocidade da corrida são a chave do treino, e correr em uma área movimentada pode atrapalhar bastante esse desenvolvimento", afirma Guto Ferrari. Além disso, desviar de pessoas ou até mesmo desacelerar bruscamente pode levar o corredor a se lesionar. "Quando o espaço está livre, você pode correr tranquilamente e manter o seu ritmo, sem ter que mudar de direção ou desacelerar", completa o professor Carlos.
Inclua subidas e descidas no trajeto
Ao escolher o seu trajeto para corrida, leve em conta a presença de subidas e descidas, como ladeiras ou até mesmo escadas no meio do caminho. "Quando se treina na ladeira, o corredor fica mais resistente, pois o gasto energético é maior, as pernas ficam mais fortes, as passadas mais firmes e a movimentação dos braços mais coordenada", diz o professor Carlos. No entanto, cuidado: inclinações excessivas devem ser evitadas, pois aumentam a sobrecarga e aumentam o risco de lesões. "Deve-se também evitar a corrida em descidas, porque o impacto sobre as articulações é maior."
Sinuosidade da pista
As curvas frequentes no trajeto fazem com que o corredor ganhe mais equilíbrio, já que as mudanças constantes no centro de gravidade exigem alterações posturais durante a corrida. "Este quadro pode ser benéfico para a propriocepção do corredor, além de recrutar musculaturas pouco solicitadas nas corridas em linha reta", diz o personal Guto.
Mapeie os obstáculos
Quando montar o seu trajeto de corrida, preste atenção na quantidade de postes, semáforos, rachaduras e buracos no solo e outros obstáculos urbanos que possam interferir no seu treino. "É fundamental levar esses empecilhos em conta, pois uma distração pode levar a uma queda, uma torção de tornozelo, dentre outras lesões", afirma Carlos Santana. "Por melhor que seja o treino e condicionamento no corredor, esse tipo de percurso pode interferir - e muito - no resultado do treino."
Postado no blog Minha Vida no Portal R7
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